terça-feira, 29 de junho de 2010

Maicosuel está de volta ao Glorioso


Por essa foto do Globo Esporte, batida ontem na Granja Comary, em Teresópolis, os leitores alvinegros percebem que o Botafogo não está brincando em serviço: Maicosuel já se apresentou ao técnico Papai Joel para começar seus treinamentos no Glorioso. Agora é que os problemas começaram, para o próprio Botafogo, campeão carioca de 2010, e para seus futuros adversários, principalmente o Tinhoso. Como o Botafogo armará sua equipe depois da Copa do Mundo, com a chegada do Mago Maicosuel e de Jobson? Sei muito bem que o problema é de Joel, que é pago para resolver esse tipo de problema. Mas que vai ser dureza, isso vai. Podem apostar.

Isso me faz lembrar o tempo em que General Severiano – o velho e saudoso estadinho demolido – em dias de treino. Era um desfile de craques e de jovens jogadores que iam surgindo, como Jairzinho, Roberto e Arlindo, para citar apenas os três, campeões da categoria de juvenis, e mais os cobras veteranos, como Nílton Santos, Garrincha, Didi, Amarildo, Zagallo, Gérson (chegou em 1963) e Paulo Catimba Valentim. Era uma festa e às vezes, quando Sandro Moreyra estava de folga, Oldemário Touguinhó, sabendo da minha paixão pelo clube, me escalava para cobrir o extraordinário Botafogo para nosso velho e querido Jornal do Brasil.

Outro dia mesmo, revirando meu arquivo de fotos do Botafogo, fiquei surpreso com a formação de um ataque da Seleção Brasileira no Sul-Americano de 1959. Lá estavam, com as camisas de titulares, Garrincha, Didi, Paulo Valentim, Pelé e Zagallo. Mas a foto, que guardo com carinho, não supera a da Seleção Brasileira bicampeã mundial no Chile, em 1962, com Nílton Santos na defesa e um ataque com Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagallo, na final contra a então Tchecoslováquia. Mas não foi esse Botafogo que me fez um torcedor enlouquecido. Eu já era antes.

Mas a chegada de Maicosuel e de Jobson, somadas as permanências de Loco Abreu e Herrera, mais Caio Talismã, sem esquecer Lúcio Flávio – que está voltando à forma – me deixam ainda mais abestalhado com meu clube do coração. Só faço, a rigor, uma única observação: mesmo sem ser técnico, acho que Somália, com o fôlego e a audácia que tem, deveria ser titular da lateral direita. Mas estou certo, por outro lado, que Papai Joel terá um grave problema pela frente: como escalar o time todo?

Antes assim. Poderemos mudar a feição de uma partida assim que quisermos. Mandou bem a diretoria com o esforço terrível para trazer Maicosuel de volta. Ele é o talento que faltava, a inteligência que o Botafogo precisava. Hoje vou ficar por aqui, às voltas com a cobertura, pela TV, da Seleção Brasileira para a ESPN Brasil. Mas confesso: o Botafogo me perturba, talvez mais do que a Seleção. Por quê? Porque o Botafogo é mais ou menos meu. Já a Seleção é de todos os brasileiros.

Vamos à luta nas duas frentes...

sábado, 26 de junho de 2010

Botafogo lança revista


Foi lançada na noite da última quinta-feira, na sala de troféus de General Severiano, a revista oficial do Botafogo, que estará à disposição dos torcedores nas bancas a partir do dia 1º de julho. Bimestral e impressa em papel de alta qualidade, a revista é interativa e tem como objetivo principal o estreitamento dos laços entre clube e torcida. No coquetel que deu o pontapé inicial a este novo produto de marketing do clube, estiveram presentes o presidente Mauricio Assumpção, o vice-presidente Geral, Antônio Carlos Mantuano, o vice-presidente de Esportes Gerais, Caio Calumby, o vice-presidente de Patrimônio Francisco José S. Fonseca Filho e o Diretor-Executivo Sérgio Landau.

O vídeo que mostrou os bastidores da final do Campeonato Carioca abriu a solenidade, emocionando os convidados presentes. Em seguida, o presidente Mauricio Assumpção fez o uso da palavra e comentou a importância de abrir esse novo canal de contato com os alvinegros de norte a sul do país.

" Com a revista, queremos reforçar os laços entre clube e torcida. O botafoguense terá o prazer de ter o Botafogo dentro de casa. Vamos divulgar as melhorias, as novidades, contar a história dos ídolos e dar também um destaque aos esportes olímpicos. Queremos informar o torcedor que não pode vivenciar o cotidiano do clube. A primeira edição é sobre o título do Carioca 2010. É um projeto que já nasce campeão", afirmou o presidente.

(*) Este é o comunicado oficial do clube. De minha parte, espero que a revista tenha as informações precisas do velho boletim do clube, confeccionado com esmero e dedicação pela figura histórica de Alceu Mendes de Oliveira Castro.

(**) Quando o jogador de vôlei Bebeto de Freitas assumiu a presidência do Botafogo, sua primeira providência foi demitir o ainda jovem estatístico alvinegro apaixonado Pedro Varanda, meu amigo até hoje. Em seu lugar contratou a tricolor Mariúcha Moneró, jornalista de experiência zero, para chefiar o site oficial. Fui chamado por Jefferson Mello para ajudá-la. Trabalhei três meses e fui demitido pelos três. Mariúcha não entende lhufas de jornalismo. Vetou, de estalo, todas as idéia que lhe passei para revigorar o site do meu amado clube. Recebi apenas dois míseros salários. O terceiro, mandei que ela recebesse em meu nome e o destinasse aos humildes funcionários do clube com salários atrasados. Não sei se ela fez o que mandei. Ou se deu outro destino aos três mil reais de meu acordo verbal com o BFR, como PJ, jamais como funcionário do clube. O Botafogo jamais me deverá nada. Só a sua existência é para mim um amor incondicional e incomensurável.

(***) Agora temos Maurício na presidência e pergunto: Será que temos novas ‘mariúchas’ fazendo o site? Não sei responder. E fica a pergunta que não quer calar: Será que os confeccionadores da nova (e bonita revista) são alvinegros? Também não sei responder. Amanhã, eles poderão estar noutro clube, assim como Mariúcha sentou-se na chefia do site oficial do Fluminense. E detalhe: em certas ocasiões, Mariúcha – e sua companheira Márcia Loureiro – cantavam o hino do Botafogo. Toma atenção, Maurício. Ódio ao Botafogo é o que não falta. Cuidados com os gols contra que Mariúcha perpetrou ao longo de sua carreira no BFR, como protegida do jogador de vôlei.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O caso Rede Globo x Dunga


Blog da Leila Cordeiro (Miami)

O episódio Dunga versus TV Globo parece definitivamente explicado: A Globo resolveu atacar o técnico quando se sentiu prejudicada em seu negócio. A queda de braço entre o treinador e a emissora vem rolando há algum tempo. Dunga prioriza os treinamentos e a disputa do Mundial, enquanto a Globo quer preencher seus programas de jornalismo e variedades com reportagens e entrevistas exclusivas com os craques da seleção.

Para isso, pediu até a interferência de Ricardo Teixeira, o presidente da CBF, a quem Dunga está subordinado, mas o treinador foi inflexível: ”eu sei o que é melhor para os jogadores, por isso eu faço as regras”. E colocou a Globo em seu devido lugar, com os mesmos direitos dos demais repórteres de outras emissoras.

As regras de Dunga desagradaram a emissora que se julga dona de seleção, pelo fato de ter os direitos de transmissão. Seus 300 profissionais na África do Sul ficaram perdidos, tudo que planejaram ruiu depois da linha dura adotada por Dunga. O incidente de domingo, na coletiva de imprensa, foi a gota d’água, quando Dunga interpelou o repórter Escobar que falava ao telefone movimentando a cabeça de forma negativa. O repórter do UOL, Mauricio Stycer, estava próximo de Alex Escobar e ouviu o que ele falava ao telefone:

“Insuportável, bicho, insuportável. O Rodrigo (Paiva) foi revoltado lá falar comigo, cara. O Dunga não deixou. Ninguém. Caraca, nem o Luís Fabiano. Infelizmente. Valeu, Tadeuzão”.

Alguém tem mais alguma dúvida sobre o episódio? Qualquer que seja o resultado do Brasil na Copa, Dunga está com seus dias contados à frente da seleção. Ele ousou desafiar o império e o império vai triturá-lo.

sábado, 19 de junho de 2010

Túlio Maravilha era o Botafogo


Em meu último blog, propositalmente, deixei de falar em Túlio Humberto Pereira da Costa, mais conhecido pelos torcedores como Túlio Maravilha (foto). Campeão brasileiro pelo Botafogo, em 1995, tenho a mais concreta e absoluta certeza de que ele foi o maior ídolo alvinegro dos últimos tempos. Irreverente, provocador, Túlio, em poucas temporadas com a camisa da estrela solitária, transformou-se no oitavo maior artilheiro da história do clube de General Severiano, com nada menos do que 155 gols, superado, claro, por jogadores como Quarentinha (308), o líder absoluto até os dias de hoje, e atrás, também, de Carvalho Leite, Garrincha, Heleno de Freitas, Jairzinho, Nilo Murtinho Braga e Otávio Sérgio de Moraes, que atuaram mais vezes.

Pode ser – vejam que escrevi pode ser – que Loco Abreu, Herrera ou Caio Talismã o superem em popularidade. Mas eu, como botafoguense apaixonado, acho difícil, muito difícil. Túlio Maravilha, no auge de sua primeira passagem pelo Botafogo, de 1994 a 1996, foi certamente responsável pelo surgimento de novos torcedores do Botafogo, que hoje, segundo o Ibope, é o 12º clube na preferência de todos os brasileiros (93 milhões de habitantes, segundo o último censo), superando, inclusive o Fluminense. Mas Túlio, apesar de ter todo o Botafogo na mão, decidiu tentar a sorte no Corinthians e, depois, no Tricolor das Laranjeiras. E lá se foi o ídolo.

Depois de Túlio, como maiores artilheiros, aparecem Roberto Miranda, Dino da Costa, Amarildo, Paulo Catimba Valentim, Nílson Dias, Mendonça, Geninho, Didi, Moisés Ferreira Alves, o Zezinho, Paschoal, Patesko e Gérson Canhotinha de Ouro. Orgulhosamente, posso dizer que só não vi envergar a gloriosa Carvalho Leite, Nilo, Paschoal e Patesko – que não foram do meu tempo. É verdade, também, que só vi Heleno de Freitas jogar duas vezes, contra América (Botafogo 3 a 2) e Fluminense (Botafogo 2 a 1), no distantíssimo Campeonato Carioca de 1947. Mas tive a sorte de assistir a todos os demais e gostava muitíssimo de Paulo Catimba Valentim.

Confesso que guardo por isso – pelo fato de deixar o Botafogo no dia da posse de José Luís Rolim – tentado por proposta do Banco Excel Econômico, certa mágoa de Túlio Maravilha. Sei que ele é (ainda joga atrás do milésimo gol, quase aos 40 anos) profissional e viu uma oportunidade de ouro pela frente. Mas o Botafogo perdeu o charme que tinha com ele em campo. Túlio era o Botafogo personificado, acreditem ou não meus leitores. A tal ponto que na Taça Guanabara de 1995, o Tinhoso escalou um zagueiro, um tal Aguinaldo, com o único intuito de provocar sua expulsão. O Glorioso perdeu o jogo (aquele da falha de Márcio Theodoro) e o árbitro, Léo Feldman, não percebeu a armação e expulsou Túlio e o idiota do Tinhoso.

A meu favor, tenho o depoimento do excelente radialista Waldir Luiz – ex-companheiro na Rádio Nacional – e que sabe tudo de Botafogo. Waldir concorda comigo que Túlio conquistou milhares de torcedores para o Glorioso, mas trocou a idolatria alvinegra pelo dinheiro do Excel Econômico e pela reserva no Corinthians.

Por isso, por tudo isso, não o incluí no blog onde falo na volta de Jobson. Mas não posso negar, de modo algum, que Túlio Maravilha foi, repito, o grande ídolo do Botafogo nos últimos tempos, mesmo comparando-o aos heróis da conquista de 1989, quando o alvinegro quebrou um jejum de 21 anos.

Por causa desses heróis, Casé e Paulo Marcelo escreveram um livro sensacional com o título ‘21 depois de 21’. Mas eu não podia, de maneira alguma, deixar de falar em Túlio e na importância que ele teve no Botafogo. Mesmo guardando certa mágoa em meu alvinegro coração.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Esse é o Botafogo que eu mereço


O atacante Jobson (foto Agência Estado) está de volta ao Botafogo. Ele fez sucesso nas últimas rodadas do Brasileiro de 2009 e pode ser apontado como um dos responsáveis pela manutenção do Glorioso no Brasileiro de 2010. Sem dúvida alguma é um belo reforço para Papai Joel. Mas fica uma dúvida: como o técnico armará o ataque alvinegro depois da Copa do Mundo? Herrera e Loco Abreu? Ou recuará Herrera e colocará Jobson e Loco Abreu na frente? E mais uma dúvida: e Caio, o Talismã Alvinegro? E mais outra: e se Maicosuel vier da Alemanha como quer o presidente Maurício Assumpção? De qualquer maneira é bom ter essas dúvidas.

Tudo isso, felizmente, me faz lembrar o Botafogo dos velhos tempos, quando os treinos em General Severiano eram uma atração à parte com tantos craques em campo. Já publiquei aqui em meu blog fotos de Garrincha jogando com Gérson e de Didi no mesmo ataque que o Canhotinha de Ouro. E mais: estavam surgindo, a todo vapor, com bola cheia, Jairzinho, Roberto e Arlindo, e ainda tínhamos, como reservas, Ronald, Paulistinha, Neivaldo e Édson Praça Mauá. E não se esqueçam de que pouco antes de 1959 lá estava com a camisa oito (não gostava da nove) Paulo ‘Catimba’ Valentim, para não falar em Quarentinha, o maior artilheiro da história do clube.

Não sou botafoguense apenas dessa época. Muito antes da Era Garrincha eu já me apaixonara pelo clube, na época de Heleno e de Paraguaio, Geninho, Pirillo, Otávio e Braguinha. Vivi também os melhores momentos de Dino da Costa e Vinícius – vendidos para o futebol italiano – mas a compra do passe de Didi, em 1956, foi uma cartada decisiva. Basta dizer que em 1962, na Copa do Mundo do Chile, o Botafogo tinha na equipe titular nada menos do que cinco jogadores: Nílton Santos, Garrincha, Didi, Amarildo e Zagallo, este último contratado ao Tinhoso logo após a Copa de 58.

Se tudo der certo – e já está dando – Maurício Assumpção trará de volta o Botafogo velho de guerra que se transformou, na época, no 12º maior clube do Século XX. Faço questão de não desmerecer outras equipes, como as das conquistas do bicampeonato de 1989-90 e do belo esquadrão de 1997, com jogadores como Paulo Criciúma, Mauro Galvão, Wilson Gottardo, Maurício, Carlos Alberto Santos, Carlos Alberto Dias e tantos outros que só fizeram aumentar ainda mais a minha paixão por esse clube tão diferente, que conseguia reunir torcedores como Sandro Moreyra, João Saldanha, Luiz Mendes, Vinícius de Moraes, Fernando Sabino e Otto Lara Resende.

Meu amor pelo Botafogo é tão grande que cheguei a torcer para o Uruguai por causa do Loco Abreu na partida em que ele entrou na Copa do Mundo da África. E fiquei frustrado porque ficou no banco no segundo jogo. Que me perdoe Herrera, mas torcer para a Argentina, mesmo ele não estando lá, não dá. Com Maradona dizendo o que diz, afivelando uma máscara gigantesca (como diria o tricolor Nélson Rodrigues), é impossível. Mas mesmo numa Copa do Mundo, mesmo querendo o hexa, não consigo deixar de pensar no Botafogo, no título carioca de 2010 e na faixa de campeão que ilumina o meu escritório aqui no Recreio dos Bandeirantes. O Botafogo é quase meu. A Seleção Brasileira é de todos. Em poucas e resumidas palavras, como diria o jornalista Hélio Fernandes, da Tribuna da Imprensa, repito que torço pelo hexa. Mas o meu amado Botafogo de Futebol e Regatas não me sai da cabeça. O que posso fazer?

(*) Não se esqueçam: na próxima segunda-feira será lançado, na sede de Venceslau Brás, o livro “21 de 21’, dos meus amigos Casé e Paulo Marcelo. Eu lá estarei, comemorando com eles e todos vocês, alvinegros, a vitória sobre o Tinhoso naquele dia 21 de junho de 1989. Infelizmente não fui ao Maracanã. Estava trabalhando, editando o esporte da Tribuna da Imprensa. Mas meu filho, Roby Porto, da Sportv, me representou. Eu só pude acompanhar a partida histórica pela TV.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Uma Seleção Brasileira azarada


Sei muito bem que serei contestado – inclusive pelo meu amigo Roberto Assaf – mas considero a Seleção Brasileira de 1982, dirigida por Telê Santana (1931-2006) uma das melhores que o país formou em campeonatos mundiais. Repleta de craques, à exceção de Valdir Peres e Serginho, o Brasil foi eliminado pela Itália, no Estádio Sarriá, na Copa da Espanha, mas esteve perto de entrar para a história do futebol brasileiro, que hoje não perseguiria o hexa e sim o hepta. Vejam a que escalação o inteligente (meu falecido amigo, apesar de tricolor apaixonado) Telê Santana montou: Valdir Peres, Leandro, Oscar, Luisinho e Júnior Capacete; Toninho Cerezzo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho e Éder Aleixo, este último em grande forma na época.

Como minha memória não é de ferro – assim como a do amigo José Inácio Werneck, hoje naturalizado americano – não me recordo onde trabalhava. Sei que aceitei de imediato o convite da CBF, para ser o assessor de imprensa do presidente Giulite Coutinho (1922-2009). Na época, ainda na Rua da Alfândega, a CBF vivia um momento agitado. A Seleção Brasileira perdera a Copa do Mundo e, pior, a Taça Jules Rimet havia sido roubada da vitrine do oitavo andar do prédio. Quando assumi o cargo, lá encontrei um ambiente quase fúnebre, mas fui em frente assim mesmo.

Como assessor de imprensa, coordenei o trabalho da Kodak alemã, que ofereceu à CBF uma réplica perfeita da Jules Rimet, inclusive com a base no mármore lápis-lazuli, só encontrado em montanhas do Chile. Os alemães, precavidos, haviam feito uma cópia do troféu, quando o conquistaram em 1954, na Suíça, e não lhes foi difícil arranjar uma réplica para o Brasil. Onde está guardada essa taça, não sei. Disseram, na época, que fora enclausurada num cofre forte do Banco do Estado da Guanabara, mas não posso ter certeza. A que existe na CBF de hoje – na Barra da Tijuca – é apenas uma cópia da cópia. A original fora derretida e vendida em tabletes de ouro pelos marginais que a roubaram. Uma tristeza para os heróis de 1970, no México.

Se Valdir Peres não era o goleiro ideal – tomou um frangaço diante da URSS – a defesa era ótima, com quatro zagueiros de categoria. E o meio de campo, em minha opinião, não poderia ser melhor, com destaque para Sócrates, Falcão e Zico. Infelizmente Paolo Rossi, com três gols estragou nossa festa, colocando um 3 a 2 no marcador final. Nossa única vingança é que o Estádio Sarriá, em Barcelona, foi demolido e dele não restou uma única e escassa recordação. Apenas a frustração brasileira, que caminhava a passos largos para a conquista da nova Taça FIFA.

Toda vez que me encontrava a sós com Giulite – uma pessoa de grande caráter – ele lamentava a derrota. E, diante de uma galeria de fotos nos corredores da CBF, comparava a Seleção de 82 com as que chegaram ao título em 1958, 1962 e 1970. Por uma questão de educação, não discordava dele. Mas as três equipes citadas também eram uma gigantesca força do futebol brasileiro. Hoje, com Dunga, já não posso dizer o mesmo. Não sou pessimista – e sim realista – e vejo com desconfiança o time de 2010, que está começando a participar da barulhenta Copa do Mundo da África. E, outro dia, ouvi de Sócrates a mesma opinião – ou seja, não estou sozinho nessa desconfiança. Sócrates pode ser um frustrado, pois perdeu em 1982 e 1986, no México, na cobrança de pênaltis diante da França. Mas que foi um grande jogador, isso não pode ser discutido. Vamos ver quem tem razão agora em 2010.

(*) O time de 1982, da foto, está assim identificado: de pé, Valdir Peres, Leandro, Oscar, Falcão, Luisinho e Júnior; agachados, Sócrates, Toninho Cerezzo, Serginho Chulapa, Zico e Éder Aleixo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Um time que sabia o que fazer


Minha máquina do tempo é infalível. E é a bordo dela, nesses tempos de um Botafogo que toma gols incríveis, que desembarco no Maracanã (145 mil pagantes), na tarde de 15 de dezembro de 1962, para assistir à final do Campeonato Carioca daquele ano entre Botafogo e Flamengo. Para os mais jovens, que não têm a obrigação de conhecer todos os jogadores do Glorioso – que precisava da vitória porque estava um ponto atrás do Tinhoso, também chamado de clube da beira da Lagoa – vamos à tradicional identificação, explicando, que o time, nessa tarde, tinha três desfalques.

Então vamos lá: da esquerda para a direita, de pé, Paulistinha (no lugar do titular Joel Martins), Manguinha, Jadir (no lugar de Zé Maria), Nílton dos Santos, Aírton Povil e Rildo da Costa Menezes; agachados, na mesma ordem, Manoel (Garrincha) dos Santos, Edson (Praça Mauá) de Assis Pinto (nos lugares de Didi ou Arlindo), Valdir (Quarentinha) Cardoso Lebrego, Amarildo Tavares da Silveira e Mário Jorge Lobo Zagallo. Apenas para começar nosso aquecimento, diria que esse era um time que sabia o que fazer para matar a pau seus adversários – principalmente o Tinhoso.

Como jogava essa equipe, mesmo desfalcada de jogadores como Joel Martins (lateral direito), Zé Maria e Didi ou Arlindo? Em campo, o técnico Marinho Rodrigues, que não inventava e que anos atrás fora um dos campeões de 1948, escalava Manguinha, Paulistinha, Jadir, Nílton dos Santos e Rildo (um verdadeiro carrapato); Aírton, Édson e Zagallo; Garrincha, Quarentinha e Amarildo. Em minha opinião, faço questão de dizer, nesse dia 15 de dezembro de 1962, Garrincha fez sua última exibição extraordinária, marcando dois gols e provocando o terceiro dos 3 a 0.

A estratégia de jogo era simples e foi aplicada inúmeras vezes. O Botafogo começava a atacar pela esquerda, trocando bolas entre Zagallo, Nílton Santos e Amarildo quando, de repente, invertia o jogo para o pivô Aírton. Este, sempre de meias arriadas, invertia o ataque para a direita, pegando Garrincha com um único e escasso marcador, no caso Jordan, ou Gérson Nunes. Aí, amigos, era o caos completo e absoluto. Mané engolia os dois, fez um gol logo de saída, obrigou Vanderlei a meter o nariz na bola e fazer o segundo e fechou o caixão rubro-negro no segundo tempo.

A jogada do terceiro gol foi fascinante. Como sempre atacando pela esquerda, Zagallo tocou para Amarildo (que estava atuando sem condições físicas, com início de distensão) e recebeu de volta. Fugindo às suas características, Zagallo foi até a linha de fundo e cruzou alto sobre a área, na altura da marca do pênalti. Foi aí que Quarentinha aplicou uma tesoura voadora avassaladora, fazendo a bola estourar no peito do goleiro Fernando. E aí, Garrincha, livre, quase em cima da linha do gol, só fez empurrar a bola para as redes. Botafogo bicampeão carioca de futebol.

E para os aficcionados, aí vão detalhes da partida: Botafogo – Manga, Paulistinha (já falecido), Jadir, Nílton Santos e Rildo; Aírton, Édson e Zagallo; Garrincha, Quarentinha e Amarildo; Flamengo – Fernando, Joubert, Vanderlei, Décio Crespo e Jordan; Carlinhos, Nelsinho e Gérson; Espanhol, Dida e Henrique. Juiz: Armandinho Marques, que expulsou de campo, no finalzinho, Paulistinha e Dida.

(*) Será que vale a pena cantar para o time atual do Botafogo o sucesso do conjunto ‘Calcinha Preta’? ‘Você não vale nada mas eu gosto de você...’

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Esse Botafogo não me engana

                 

Perpetrando um quase inacreditável esforço de memória, concluo que fui a General Severiano (foto) pela primeira vez no início da década de 40. Não era para futebol, que nem sabia do que se tratava. Foi para um baile de carnaval infantil. Mas era fevereiro, fazia um calor dos diabos no salão principal do clube e minha mãe achou por bem me conduzir ao terraço do clube, onde fiquei até terminar o forno que havia lá embaixo. Depois, lendo o livro de Alceu Mendes de Oliveira Castro, descobri que já era torcedor do futebol do Glorioso Botafogo em 1946 (botem tempo nisso). Foi uma época em que Braguinha sempre brilhava com uma marchinha de sucesso.

No dia 22 de setembro daquele ano, um domingo, em General Severiano, o Botafogo derrotou o Madureira por 7 a 1 (Heleno marcou três vezes na goleada) e ouvi o jogo pelo rádio, no apartamento onde minha família morava, em Laranjeiras. A cada gol do alvinegro, eu dava uma cambalhota na sala e saía correndo para dar o placar para nossa empregada, Isaura, que, pelo que me recordo, era torcedora do Tinhoso. Contei essa duas histórias para provar aos possíveis leitores do meu blog que conheço o Botafogo na palma da mão. Bem mais do que qualquer dirigente do clube.

Por isso, não me surpreendi – embora ficasse uma vez mais puto da vida – quando o Corinthians empatou em 2 a 2, no Engenhão, quando faltavam apenas 30 míseros segundos para terminar a partida. O Botafogo, com raríssimas e honrosíssimas exceções, é useiro e vezeiro em entregar o ouro ao bandido no finalzinho das partidas. Pior: o gol de empate surgiu de um escanteio. Será possível que o time – que não jogou bem – não pudesse ficar todo dentro de pequena área, talvez até em cima da linha fatal, para evitar o empate? É por isso que os inimigos dizem, rindo, que ‘há coisas que só acontecem ao Botafogo’. E tenho que aceitar.

Sem querer cometer qualquer injustiça até com outros times que vestiram a gloriosa, creio que só a equipe que conquistou o Campeonato Carioca de 1989 lutava até a última gota de suor – por isso terminou campeã invicta. Tem razão Papai Joel, que jogou sua prancheta no chão, tem razão Lúcio Flávio que custou mas teve uma boa atuação e, por fim, teve razão Leandro Guerreiro, que deixou o gramado como se tivesse perdido um título. Infelizmente, através de décadas, sou obrigado a aceitar esses resultados absurdos. Honestamente, o Botafogo me tirou o sono e o humor. Tomara que com essa parada no Brasileiro, o clube volte com mais disposição.

Hoje vou terminar por aqui. O Botafogo me colocou a nocaute.

(*) O time da Tanzânia, que perdeu do Brasil por 5 a 1, na África, apesar dos desfalques alvinegros, é melhor que o do Botafogo. Podem apostar.

(**) Não é possível que o Botafogo ignore a difícil situação de saúde em que se encontra o nosso herói Juvenal Francisco Dias, campeão carioca de 1948.

sábado, 5 de junho de 2010

Mais sete morros para Adriano

                                    Créditos O Dia

Todos sabem que o Rio de Janeiro é uma cidade cercada de morros por todos os lados. Num deles, o Morro da Providência – bem atrás da Rádio Tupi – foi instalada a primeira favela da então capital do Brasil, com soldados pobres que vieram da Guerra do Paraguai e, também, com os desabrigados pela abertura da Avenida Central (hoje Avenida Rio Branco). O então prefeito Pereira Passos não tomou conhecimento de nada. Mandou demolir tudo o que atrapalharia a grande avenida, que se tornaria um marco na história da cidade. Nessa época, 1904, o Botafogo Football Club estava nascendo. E Osvaldo Cruz tornou obrigatória a vacinação contra a varíola.

O tempo passou e outras dezenas – talvez quase uma centena – de favelas rodearam o Rio. A da Rocinha e do Vidigal, só como exemplo, são umas das maiores e mais famosas. Pois muito que bem. De repente, não mais do que de repente, surgiu um benfeitor dos desfavorecidos pela fortuna: o jogador do Urubu, Adriano da Chatuba (foto). Envolvido em inquéritos policiais, Adriano provocou, inclusive, um certo atrito entre o Ministério Público (que o denunciou) e a polícia (que o inocentou). Ele é acusado de dar 60 mil reais a um traficante, mas viajará assim mesmo para Roma, onde jogará pelo clube da capital italiana. Adriano argumentou que a grana foi doada para cestas básicas e não para um sujeito procuradíssmo pela polícia.

Ao tomar conhecimento da história, decidi verificar como Adriano da Chatuba poderá seguir com suas contribuições para os pobres justamente em Roma. E consultando meus velhos compêndios de latim, relembrei que Roma tem apenas suas sete famosas colinas (ou morros): Aventino, Campidoglio, Célio, Esquilino, Palatino, Quirinal e Viminal. E aí eu pergunto: será que Adriano da Chatuba encontrará uma simpática favela em Roma, para contribuir com alguma coisa? Acho difícil. Mas, no país da Máfia e da Camorra – meio desgastadas nos dias de hoje – tudo é possível. E será, também, que ele levará sua temperamental namorada loura para lá? Não sei.

De volta a assuntos mais sérios, baseado no blogspot da companheira e amiga Malu Cabral, fiquei sabendo que o cidadão Washington Sebastián Gallo, mais conhecido como Loco Abreu, é o jogador com mais gols marcados entre os 736 jogadores inscritos para a Copa do Mundo da África. Loco Abreu, uruguaio e jogador do Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas, marcou 305 gols em sua carreira, mais do que qualquer outro dos 31 países restantes. É verdade que o Uruguai não está entre os favoritos para a conquista do título, mas já teremos uma prova disso quando a Celeste enfrentará a França (campeã mundial de 1998) no próximo dia 11 deste mês.

Loco Abreu, como de costume, usará a camisa 13, que ficou famosa no Botafogo, não porque Zagallo a usasse, mas pela cisma que ele tem com o número. E ninguém esquecerá a categoria com que Loco Abreu marcou, de pênalti – de forma inusitada – o gol que deu ao Botafogo o título de campeão carioca de 2010. Que ele está fazendo falta ao alvinegro, está. Ou alguém duvida?

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Botafogo é o 12º no amor da torcida


Logo após a publicação do Datafolha sobre o número de torcedores de cada clube no Brasil, o Ibope, de Carlos Augusto Montenegro, revelou outra – com pequena margem de diferença – que aponta o Glorioso Botafogo de Futebol e Regatas com quase seis milhões de adeptos no universo de 193 milhões de habitantes do Brasil. Com este resultado, o Alvinegro é o 12º colocado (olha o número 12 aí outra vez), com 5 milhões 983 mil torcedores, de norte a sul do país. O curioso, pelo menos para este apaixonado botafoguense, é que o clube de General Severiano surge à frente do Esporte Clube Bahia e do Fluminense, que ocupam empatados a 13ª posição.

O Ibope ouviu a opinião de 7.109 pessoas em 141 cidades do Brasil e, evidentemente – não é rigorosamente novidade – apontou o Clube de Fragatas da Beira da Lagoa em primeiro lugar, seguido do Corinthians e, logo depois, do São Paulo Futebol Clube. Palmeiras e Vasco aparecem logo a seguir e, surpresa das surpresas, o Sport Club do Recife surge à frente do Botafogo, na 11ª posição. Quanto a posição do clube pernambucano tenho lá minhas dúvidas, e explico, baseando-me no fato de experiência pessoal com a própria família Porto, originária de Pernambuco.

Sem a menor criatividade, o Sport usa o mesmíssimo uniforme do Urubu, desde tempos imemoriais. Meu pai, por exemplo (já não conta, pois já se foi) era torcedor do Sport e do Urubu. Mas os Porto que restaram – e são inúmeros – são adeptos do Sport e do Beira da Lagoa. Em resumo, quem é Sport é também Urubu, pois ninguém vai me convencer que disputando com Santa Cruz e Náutico o Sport tenha tantos torcedores pelo Brasil afora. Quem tinha o mesmo uniforme medonho era o Atlético Paranaense – que ontem derrotou o Botafogo de virada – e, hoje, tem sua primeira camisa igual à do Milan, da Itália. Mas há outros rubro-negros, como o Vitória (BA).

Quero que meus leitores saibam que não contesto a liderança insofismável do Urubu velho de guerra. Na época do Rio de Janeiro capital do Brasil, os que aqui chegavam adotavam logo um Urubu para colocar na mesa de cabeceira. Querem um exemplo típico? Pois lá vai: Ary Barroso, nascido em Ubá (MG) era Fluminense. Quando desembarcou no Rio, virou a casaca. São raros os exemplos dos que vieram do Nordeste, como os Rodrigues (todos tricolores), que, pernambucanos, mantiveram o tricolor no coração, como meu saudoso amigo Nélson Falcão Rodrigues.

A 12ª colocação do Botafogo não me aborrece. Conheço o clube na palma da mão e sei muito bem que, mesmo com 12° Clube do Século XX da FIFA, recordista em convocações para a Seleção Brasileira (46 jogadores), o Glorioso tropeça em suas próprias pernas. Com o timaço que teve na década de 60, não aproveitou a força que tinha, embora tenha conquistado campeonatos, torneios e ficado famoso. E os 20 anos sem título – venceu na 21ª oportunidade – o afetaram bastante. Sem sede (vendida à Vale) e com times tipo do Camburão (invenção do tricolor Deni Menezes em 1977), o Botafogo custou a levantar a cabeça, o que ocorreu no título brasileiro de 1995.

Já o Fluminense empata com o Bahia, na 13ª posição, mesmo com o impulso dado por Francisco Horta, na época da Máquina. E já ía me esquecendo: em Salvador, o Vitória, com o uniforme do Tinhoso, também ajuda na força do Urubu.

Já Atlético Mineiro e Ceará dão uma força longínqua ao Botafogo, por causa da camisa listrada de preto e branco. Em Minas, em BH e no interior, o Glorioso tem uma grande e apaixonada torcida. E um exemplo é o finado Tarzã, atleticano doente e que no Rio transformou-se em chefe de torcida do Botafogo.