segunda-feira, 25 de maio de 2009

O perigo ronda General Severiano


Há poucos dias, escrevi aqui neste alvinegro blog, duas coisas que irritaram os botafoguenses que me acompanham (e que sempre me deram a maior força). Disse que o Botafogo só voltou à primeira divisão graças a ajuda gratuita do Palmeiras – que manteve o time principal mesmo classificado – e que, este ano, agora de 2009, está novamente a caminho de ser rebaixado. Foi uma espécie de briga de foice no escuro. Recebi raivosos e-mails, (creio que de jovens botafoguenses), mas não dei importância.

Pois muito que bem – como diria meu eterno amigo Marcos de Castro: eis que o Glorioso já está na zona de rebaixamento (ocupa a 17ª colocação) e, mais do que isso, recebi de Pedro Varanda – a maior autoridade em matéria de estatísticas botafoguenses – e do leitor que se assina Chico da Kombi a confirmação do auxílio do Verdão na volta do Botafogo à primeira divisão. O Palmeiras, com sua equipe titular, fuzilou Sport Recife e Marília que andavam caçando o Botafogo para pular para a divisão principal.

Modéstia à parte, conheço meu clube na palma da mão.

Agora, através da amiga e companheira Malu Cabral, fiquei sabendo que Victor Simões já está criticando Ney Franco (foto) por escalá-lo numa posição que não é a sua. Em poucas e resumidas palavras, a bronca já desembarcou em General Severiano e só uma vitória sobre o Sport trará mais calma ao futebol do clube. Mas aqui mesmo e agora faço a mais fechada e absoluta questão de absolver o novo presidente Maurício Assumpção, que já pegou o clube aos frangalhos, após a administração (?) Bebeto de Freitas, aquele que queria se atirar da ponte.

O Botafogo, verdade seja dita, não tem elenco. A saída de Maicosuel e a contusão de Reinaldo – que não se cura nunca – escancararam essa realidade. Na decisão do Campeonato Carioca, diante do Clube de Regatas do Urubu, eles, os da Beira da Lagoa, tinham nada menos do que sete jogadores que conquistaram o bicampeonato justamente sobre o alvinegro. Pior: agora, em 2009, o técnico deles era simplesmente Cuca, banido do Botafogo por não impedir que os urubus conquistassem o bicampeonato.

E vou lhes confessar uma coisa: domingo, já antevendo uma derrota, nem assisti ao jogo contra o Grêmio. Preferi refrescar a cabeça numa festa de aniversário e não estou nem um pouco arrependido. E agora, com o time caindo pelas tabelas, quero ver quem vai se aventurar a ir ao Engenhão assistir a Botafogo x Sport?

Quem leva público a estádio é clube ganhador, com jogadores de valor e que encantam a todos com suas manobras. Pode ser, mas duvido muito, que eu vá queimar a minha língua. Mas esse Botafogo que aí está tem é que lutar – e muito – para não despencar de novo para a série B, como aconteceu com o Vasco.

E não me venham dizer que sou pessimista porque não sou. Com seis décadas de Botafogo no meu currículo, conheço muito bem meu clube do coração. Não foi à toa que o Botafogo passou 20 anos sem ser campeão – ganhou na 21ª disputa – justamente por ser uma casa de negócios. Se os outros também são, estou me lixando para eles. Eu quero o meu Botafogo vitorioso de volta. Só isso.
*Botafogo 24 x 0. Maior goleada do futebol brasileiro completa 100 anos dia 30

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Torci para o Inter. Tem explicação?


Todos os meus companheiros de jornalismo, rádio e televisão estão cansados de saber que sou um ‘cronista neutro’, na mais pura expressão da palavra. Trabalhei com José Carlos Araújo, na Rádio Nacional, com Luiz Penido, na Rádio Tupi, e com Haroldo de Andrade, na Rádio Globo.
Todos (a não ser Haroldo que já se foi) podem atestar a minha absoluta isenção. Essa história de que sou fervoroso torcedor do Botafogo é o que chamo de ‘intriga da oposição’. Sempre torço para Flamengo, Fluminense e Vasco quando estes três gloriosos clubes enfrentam adversários não cariocas.


O fato de ter sido amigo íntimo de João Saldanha, Sandro Moreyra, Oldemário Touguinhó e Luiz Mendes – para citar apenas estes quatro – não significa que seja adepto das cores alvinegras.
Certa vez, Nélson Rodrigues, que ficou meu amigo quando de minha passagem por O Globo, queria que eu assumisse um clube do coração, mas me neguei peremptoriamente. E Celso Itiberê, o editor de esportes na época, é uma de minhas mais abalizadas testemunhas, assim como Fernando Calazans e Renato Maurício Prado. A rigor, torço sempre pela vitoriosa Seleção Brasileira.


Outro dia, liguei a televisão para assistir ao duelo entre Internacional e Flamengo. E, confesso, queria que o ‘Mais Querido’ superasse o seu rival do Rio Guaíba. Foi então que de repente, não mais do que de repente, me recordei da beleza da Lagoa dos Patos e de uns longínquos parentes que ainda vivem em Porto Alegre, inclusive uma senhora que é amiga de uma amiga de minha tia Philomena. Aí não houve jeito. Passei a torcer pelo Inter, não por raiva do Flamengo, coitado, mas por uma lógica familiar. E vibrei quando Juanito das Candongas errou e permitiu o primeiro gol gaúcho.


A essa altura, eu já estava embrulhado numa toalha vermelha, cantando a música do Inter que imita o ‘Pelados em Santos’, dos infelizmente mortos ‘Mamonas Assassinas’. E quando o Inter marcou o gol da vitória, numa falta muito bem cobrada, dei um berro medonho que assustou todo o edifício onde moro. Vibrei pelos parentes, pela amiga da amiga de minha tia e de todos os colorados que conheço.


Foi uma reação estapafúrdia, bem sei, mas fui dormir feliz da vida com a eliminação do ‘Mais Querido’ da Copa do Brasil. Hoje estou com pena dos rubro-negros, principalmente de Juanito, sujeito disciplinado, que não xinga ninguém quando é driblado.


Confesso que foi a primeira vez que desprezei um clube do Rio, justamente o mais popular e o mais marrento de todos. Mas as coisas vão melhorar. Petkovic, aos 36 anos, já deixou a cadeira de rodas e vai dar um novo tchan ao Mengão.


E o Imperador? Se conseguirem tirá-lo da comunidade onde vive, será um sucesso total. Fiquei apenas com pena de Obina, um craque desprezado até pela torcida do clube. Obina me lembra Berico, que Jorge Cury queria levar para a Seleção Brasileira...


Mas dias melhores virão. Enxuguem as lágrimas, rubro-negros...

Casa de negócios (parte II)



Quando terminou o Campeonato Carioca de 1956, o Bangu, por razões que desconheço, decidiu vender seu maior astro, Zizinho. Amigo de Zizinho desde tempos remotos, Nílton Santos – que completou dia 16 deste mês 84 anos (foto) – procurou o dirigente Adhemar Bebiano e lhe fez a proposta:

- Doutor Bebiano, por que o senhor não compra logo o passe de Zizinho? Já imaginou o ataque do Botafogo com Garrincha, Didi, Paulo Valentim, Zizinho e Quarentinha (Zagallo ainda era do Flamengo).
Adhemar Bebiano olhou Nílton Santos de alto a baixo e respondeu:

- Olha, Nílton, Zizinho jamais vestirá a camisa do Botafogo...
Nílton Santos quis saber a razão e Bebiano lhe deu uma resposta digna de figurar na história – longa e gloriosa história – do Botafogo:

- Num jogo aqui em General Severiano, em 1948, ele tentou chutar o Biriba (diga-se que o Botafogo venceu o Flamengo por 5 a 3 num jogo emocionante, pois chegou a estar perdendo de 3 a 1).

Quer queiram ou não, principalmente os torcedores mais jovens, essa é a imagem típica do Botafogo, uma bela casa de negócios. Não estou preocupado se Zizinho foi vendido ao São Paulo (pelo qual foi campeão de 1957) ou outros desfalques em clubes do Rio. O Flamengo, por exemplo, expulsou Jair Rosa Pinto, vendeu Zizinho ao Bangu e Pirillo ao Botafogo. O Vasco negociou Vavá (Atlético de Madri) e Orlando (Boca Juniors), além do craque Válter Marciano para os espanhóis. O Fluminense comprou e vendeu Ademir, perdeu Didi e vendeu Valdo para a Espanha. Tudo isso faz parte do jogo, mas como disse aquele ‘político’ de Brasília, estou me lixando para o que nossos adversários fazem com seus craques.

Meu negócio é o Botafogo, clube de minha irrefreável paixão. Não posso me queixar da ida do temperamental Heleno para o Boca Juniors pois era um garoto de calças curtas. Mas depois, ah, depois, sofri com Gato, Casnock, Arlindo Baiaco, Orlando Pingo de Ouro, Rodrigues Tatu, além de Joel, ponta-esquerda do Fluminense. O Botafogo vendeu Dino, Vinícius, Amarildo, Gérson, Luisinho Quintanilha, Paulo Catimba Valentim e só não negociou Garrincha com o Juventus, da Itália, porque o médico Nélson Senise (pai do músico Mauro Senise e avô de meu casal de filhos) vetou. Após um sério diagnóstico, na Clínica Pio XII, disse que Mané tinha artroses irreversíveis. O Juventus já acertara o preço: Cr$ 2 milhões.

E quais foram as maiores contratações? Didi (feita por João Sem Medo), Gérson e Zagallo. Mas Didi cismou e foi embora para o Real Madri e Gérson brigou com um dirigente, ao final de 1969, e foi ser campeão no São Paulo. Ficou Zagallo, que sempre direi que deu forma ao time, fixando um 4-3-3 revolucionário para a época. Mas e Jairzinho e Paulo César Lima? Para onde foram? Para o Marselha, da França. E Roberto Guerreiro Miranda? Simplesmente para o Flamengo. E Túlio Maravilha? Para o Timão, no dia da posse de José Luiz Rolim. Assim, queiram ou não meus jovens leitores, teremos que ficar com nossos 19 títulos, atrás de todos os outros grandes do Rio. E boto banca porque sofri os diabos. Como sofri...

Até a sede de General Severiano nós vendemos...Fomos parar em Marechal, Caio Martins e na Ilha do Governador.
Só faço questão fechada e absoluta de isentar o atual presidente, Maurício Assumpção, que nada teve a ver com a saída do ex-futuro ídolo Maicosuel. Por isso, não me cobrem otimismo.
E para terminar por hoje, só por hoje, para onde foram Mauro Galvão, Gottardo e Paulo Criciúma? Reclamem, chorem, mas essa é a mais pura das verdades: é uma casa de negócios com certeza, é com certeza uma casa de negócios (tomando emprestado a canção ‘Casa Portuguesa’.)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Uma casa de bons negócios



Um dos meus leitores, que vive na Bahia e é botafoguense apaixonado, me passou um e-mail desesperado após a terceira derrota consecutiva do alvinegro numa decisão contra o Flamengo. Respondi a ele que o Botafogo – não o atual, de Maurício Assumpção – sempre foi uma casa de negócios, alienando seus melhores atletas, principalmente artilheiros.
E a foto que ilustra este blog é uma prova disso. Lá estão Djalma Bezerra, Zizinho, Heleno de Freitas, Ademir e Nívio, vestindo a camisa da Seleção Carioca, no tempo do Campeonato Brasileiro de Seleções, extinto faz tempo.

E desde que me entendo como torcedor do Botafogo, a venda de ídolos começou na gestão de Carlos Martins da Rocha (1894-1981) que mandou embora para o Boca Juniors o maior ídolo do clube, Heleno de Freitas, no início da temporada de 1948.
Depois, quase que seguidamente, foram negociados Dino da Costa (Roma), Luiz Vinícius de Menezes (Nápoles), Paulo Catimba Valentim (Boca Juniors), Amarildo da Silveira (Milan), Didi (Real Madri), Gérson (São Paulo), Jair Ventura Filho e Paulo César Lima (Marselha), Wilson Gottardo (Flamengo), Mauro Galvão (Vasco), isso para não contar o desmonte do time perpetrado (bela expressão, não?) por Emil Pinheiro (1923-1001), e, logo após a posse de José Luiz Rolim, o ídolo Túlio Maravilha (Corinthians), além de Donizete (Vasco) e muitos outros.

O desmonte efetuado antes de Maurício Assumpção foi terrível. Foram embora os dois zagueiros (não me recordo do nome deles), Diguinho, Túlio, Wellington Paulista, Dodô, Zé Roberto, Lúcio Flávio e, a rigor, só ficou o heróico Leandro Guerreiro.
Basta dizer que o Flamengo, que nos derrotou três vezes seguidas em finalíssimas (duas por pênaltis) colocou em campo, agora em 2009, nada menos do que sete tricampeões pela terceira vez.
O que poderia fazer Assumpção diante da fuga de quase todo o elenco? Nada, rigorosamente nada. Assim como nada poderá fazer contra a saída de Maicosuel, diante da proposta miliardária recebida do exterior pela Traffic?
O Botafogo, que me perdoem os mais fanáticos, é uma casa de negócios, tanto é que até a sede já vendeu para a Vale do Rio Doce e só a recuperou por manobras políticas feitas por Carlos Augusto Montenegro e o ex-presidente Fernando Collor de Mello. Caso contrário, ainda estaria escafedido para Marechal Hermes, na gestão Charles Borer (1929-2001), que ainda fez o favor de mandar para o Fluminense Marinho Chagas numa troca para lá de mal sucedida. Ou então Caio Martins.
O resultado? Todos sabem, o famoso e temido ‘Time do Camburão’, assim batizado por meu amigo Deni Menezes, formado na época de Charles Macedo Borer.

O que esperar agora nesse imenso Campeonato Brasileiro – que só dá lucro à CBF e às companhias de aviação? Eu, por mim, confesso, só torço para que o Botafogo não caia como o Vasco para a segunda divisão. Pois se cair, de lá não mais sairá.
Saiu daquela vez com a ajuda do Palmeiras. Mas e agora? Com esse time que aí está? Duvido.
E os que discordarem de mim o espaço está aberto para debater a famosa Casa de Negócios.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Vida que segue’ (João Saldanha)



Se João Saldanha (1917-1990) estivesse vivo, comentando os jogos pelo rádio, não ficaria abalado com a terceira perda consecutiva do título estadual para o Flamengo (dois deles decididos nos pênaltis). Diria, simplesmente, uma de suas frases favoritas: “Vida que segue...” João realmente teria razão.
Nas cinco decisões do velho Campeonato Carioca, o Botafogo venceu duas (1962-1989) e perdeu três (2007-2008-2009). Uma coisa, porém, é absolutamente certa: jogando com um time mais do que improvisado, o Botafogo fez muito mais do que eu mesmo esperava. Sem dois de seus três tenores – Maicosuel e Reinaldo – o time por pouco na ganha a final, não fosse o tenor presente chutar tão mal o pênalti cometido pelo Flamengo.

Dei a mim mesmo um período de repouso, no blog, para não escrever algo que não fosse a verdade, somente a verdade, não mais do que a verdade. E a verdade, absoluta e irretocável, é que o Botafogo não tem banco, embora tenha feito um segundo tempo praticamente irretocável. Pena que as cobranças de pênaltis tenham sido tão bisonhas, lembrando a decisão do Fluminense contra a LDU, com Washington, Conca e Thiago Neves. Juninho e Leandro Guerreiro – o melhor jogador do Botafogo na competição – foram simplesmente ridículos na hora de decidir a partida.

Uma coisa faço a mais absoluta questão de ressaltar: em nenhum momento os jogadores do Botafogo provocaram o lateral rubro-negro Juan, que, além de cometer uma falta grosseira em Maicosuel, no jogo anterior, ainda o ameaçou verbalmente sem que o juiz, além do cartão amarelo, não lhe aplicasse um vermelho pelo gesto. Do início ao fim o Botafogo jogou lealmente e saiu de campo derrotado sem um único e escasso gesto de vingança contra Juan, o que certamente provocaria um conflito generalizado no gramado do Maracanã.
O Botafogo perdeu? Vida que segue. Outros campeonatos virão e as possibilidades de êxito serão rigorosamente iguais.

Faço, aqui, a mais absoluta questão de registrar o elegante e-mail que recebi do rubro-negro José Luiz – um dos raros a não se esconder sobre o pseudônimo de ‘anônimo’. Gostaria de dizer a José Luiz que os termos que utilizo em meu blog não representam exatamente o que sinto. São provocações que faço desde a década de 90 em minha coluna ‘Preto no Branco’ no praticamente falecido Jornal dos Sports.

Como filho de rubro-negro – que sempre respeitou minha escolha – escrevo frases e adjetivos para dar, digamos assim, uma espécie de polêmica no blog. Mas como lhe prometi, faço aqui o registro de seu e-mail educado e bem escrito. Aliás, diga-se de passagem, foi o único que se identificou e escreveu de maneira ponderada, explicando seu amor pelas cores rubro-negras.

Quanto à sequência de vice-campeonatos, o Flamengo tem quatro, a saber 22-23-24, 36-37-38, 82,83-84 e, por fim, 87-88-89, este último com o astro Zico em campo e dirigido pelo técnico Telê Santana da Silva (1931-2006), no jogo do gol de Maurício.

E para terminar por hoje, só por hoje, de acordo com Federação Internacional de História e Estatísticas de Futebol, o Botafogo aparece no 84º lugar, enquanto o Flamengo surge no 144º.
O primeiro clube brasileiro na lista é o São Paulo Futebol Clube.

Mas vem mais comentários por aí. Eu estava de férias forçadas.

sábado, 2 de maio de 2009

Botafogo desde 1904


Minha frase é: O BOTAFOGO, MINHA MAIOR PAIXÃO IMATERIAL.

Ele é que mantém vivo.


Vou então falar na totalidade de jogos do Botafogo de 1904 até 2008.


Só tenho estes números graças à dedicação de Pedro Varanda a quem chamo de Marechal Varanda e a quem considero a maior autoridade sobre o Botafogo – depois de Alceu Mendes de Oliveira Castro, autor do livro “O Futebol no Botafogo – 1904-1950”.


De 1904 até Novembro do ano passado, o Botafogo de Futebol e Regatas (nome que o clube adotou a oito de dezembro de 1942, ao fundirem-se o Club de Regatas Botafogo e o Botafogo Futebol Clube) disputou 4.869 partidas no Brasil e no mundo. E seu aproveitamento, em percentuais, é o seguinte:

vitórias – 50,40%

empates – 24,17%

derrotas – 25,42%

Estatisticamente, o Botafogo sempre entra em campo com chances (de não perder) de

74,57%!

Vamos em frente?

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Deuses do futebol com a palavra final

por Roberto Porto para o ESPN

Neste domingo, finalmente, o Rio de Janeiro ficará sabendo quem é o campeão estadual de 2009:

Flamengo ou Botafogo?

O Flamengo, apesar do bisonho empate de meio de semana com o Fortaleza, em Volta Redonda, é o favorito da crônica esportiva. Além de lutar pelo seu quinto tricampeonato estadual – superando o Fluminense na conquista de títulos no Rio – tem um time mais bem definido e uma coisa que o adversário não tem: banco. Além disso, sua equipe vem jogando junta há algum tempo e tem conjunto.

Já o Botafogo vive um drama: seu melhor jogador, Maicosuel, sofreu uma lesão muscular e está vetado. Outra dúvida é Reinaldo, que torceu o tornozelo no primeiro jogo da final (empate de 2 a 2) e se entrar em campo certamente atuará à meia-bomba – como se diz na gíria esportiva.

O técnico Ney Franco, como diria Nélson Rodrigues (1912-1980) vive um drama em 10 atos e 30 apoteoses. E mais: em 2007 e 2008 o alvinegro perdeu a final para o rubro-negro.

Só os deuses do futebol sabem quem será campeão.

O jogo terá uma espécie de faísca que poderá colocar fogo em tudo: a atitude irresponsável do lateral rubro-negro Juan, que depois de tomar um drible desconcertante de Maicosuel, cometeu uma falta desleal e o ameaçou verbalmente como provam fotos e teipes de televisão.

Se os jogadores do Botafogo mantiverem a cabeça no lugar, é possível que nada ocorra. Mas se o Flamengo estiver na frente do placar e a um passo do título, Juan poderá ser agredido e não haverá juiz que consiga interromper o tumulto.

Um detalhe surpreende os demais torcedores: por que Fluminense e Vasco estão como cartas fora do baralho há três anos? Difícil responder.

O Fluminense tem um excelente patrocinador e o Vasco, hoje de Roberto Dinamite – Eurico foi finalmente defenestrado – conseguiu cumprir uma boa campanha até ser goleado (4 a 0) pelo Botafogo numa das semifinais.

Apenas do ponto de vista de decisões do Campeonato Estadual, Botafogo e Flamengo estão empatados: o Botafogo venceu duas (1962 e 1989) e o Flamengo a mesma coisa (2007-2008).

Mas levando-se em consideração de outras competições, o Flamengo leva larga vantagem, desde 1991. É um jogo à feição para aqueles que gostam de apostas. Particularmente, porém, torço para que não haja expulsões e agressões.E torço, também, para que haja uma arbitragem limpa, sem favorecimentos para este ou aquele time.

Mas aí, como já frisei, a resposta estará nas mãos dos irrequietos e volúveis deuses do futebol.

Botafogo x Flamengo não é o clássico das multidões (Vasco x Flamengo) nem o de maior charme (Flamengo x Fluminense). Mas é, sem sombra de dúvida, o clássico de maior rivalidade no atual futebol do Rio de Janeiro.

Que o público possa apreciar um espetáculo para figurar na história.