sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Alguns gringos do Botafogo

Como minha memória não é de ferro – como costuma dizer sabiamente meu amigo José Inácio Werneck – o primeiro estrangeiro que me vem à cabeça quando escrevo sobre o Botafogo é o do português Rogério Lantres, que jogou com Heleno de Freitas em 1947. Mas Heleno era tão mal humorado em campo que disparava sobre o humilde Rogério toda a sua tradicional raiva após uma jogada errada. E Rogério, agindo com sabedoria, tirou seu time de campo e voltou a Portugal assim que a temporada terminou. Era difícil suportar a doentia ira de Heleno de Freitas.

Pouco depois, chegou ao Botafogo – também por apenas a temporada de 1950 – o zagueiro-central argentino Oscar Basso, apontado por Nílton dos Santos como o melhor companheiro de zaga com quem jogou. Pode ser que Nílton esteja fazendo injustiça com o mineiro Gérson dos Santos (1922-2002), que foi com ele, Nílton, campeão de 1948. Mas a opinião é de Nílton e não pretendo discuti-la.

Pouco depois, em 1952, desembarcou no Rio o hermano Rubem Bravo (meio careca) que tentou dar um mínimo de organização no meio-campo alvinegro mas logo desistiu. Veio então o goleiro argentino Hector Lugano (1955) que não era lá essas coisas. Lugano, por sinal, foi encontrado como mendigo, morando nas pedras da Urca, pelo companheiro Antônio Maria Filho. Levado a um hospital, com tuberculose avançada, Lugano logo morreu (tenho foto dele no time do Botafogo da época).

O próximo gringo a vestir a Gloriosa foi o paraguaio Juan León Cañete, ponteiro-esquerdo, em 1956-1957. Cañete entrou para a história do Botafogo em 1956, ao marcar, contra o Simpaticíssimo, o gol da vitória (1 a 0) que deu por antecipação o título carioca ao Vasco e matou a pretensão do Flamengo de ser tetracampeão carioca.
Curiosamente, Botafogo e Vasco estavam de relações cortadas, por suspeita, por parte do Botafogo, de suborno a jogadores alvinegros na derrota por 3 a 2, pouco antes da partida citada. O injustamente punido foi Robert James Neil, o Bob, interrogado pelo dirigente-policial Brandão Filho, com um revólver em cima de sua mesa.

Depois de Cañete, pelo que me recordo, o próximo gringo foi o argentino Rodolfo Fischer, de 72 a 76. Fischer participou da goleada de 6 a 0 sobre o Flamengo, em 72, mas, segundo fontes seguras de General Severiano, garantiram-me que ele não se dava com Jairzinho, cheio de máscara depois da conquista do tricampeonato mundial do Brasil no México.
Fischer fez as malas e foi mostrar sua categoria de atacante no Vitória da Bahia. Sem contar, recentemente, já no período do Engenhão, a vinda dos bolas murchas Escalada (um cara mais gordo que o Ronalducho) e Zárate, ambos argentinos, que nada jogaram por pouco tempo – mas endoidaram a torcida.

Ia me esquecendo do goleiro uruguaio Castillo, que enganou enquanto pôde.

Agora, sob as bênçãos de Mário Jorge Lobo Zagallo, chegou (foto) o uruguaio El Loco Abreu, outro cismado com a camisa 13, e, logo depois, outro hermano, Gustavo Herrera. Pessoalmente, nada tenho contra uruguaios e argentinos, desde, é óbvio, que estejam vestindo a mais bela camisa do mundo. E vou torcer muito por eles.
Só espero que o boato da vinda de Ronaldinho Gaúcho, em meio à temporada, não se concretize. Ronaldinho hoje não quer nada com a bola e sim se exibir para os espanhóis. Além, é claro, do salário que vai pedir para jogar pelo Glorioso. Vai dar crise com os outros.

(*) Uma historinha para os curiosos. Em 1938, o Vasco (não é só o Botafogo que faz algumas besteiras, contratou o gringo Bernardo Gandulla. Como Gandulla não jogava nunca, ganhou dos torcedores cruzmaltinos o apelido de gandula. Daí a origem do nome dos garotos e rapazes que ficam à margem do campo devolvendo as bolas.
(**) (**) O leitor Eduardo (não colocou sobrenome) fez uma colocação que me parece procedente em relação ao apelido de gandulas, para os apanhadores de bola que saem de campo. Fui atrás de confirmação e fiquei sabendo que o argentino Bernardo Gandulla (1916-1999) jogou como titular na meia-esquerda do Vasco da Gama, no Campeonato Carioca de 1939 (conquistado pelo Flamengo). É possível, e aí entra a tese de Eduardo, que Gandulla tivesse, digamos assim, uma espécie de fair play e fosse sempre buscar as bolas que saíssem de campo. Daí o apelido.

15 comentários:

Rinaldo disse...

Boa tarde Porto, saudações alvinegras!
Só para a correção do belo post, Loco Abreu é uruguaio!
Abraço.
Rinaldo - Vitória/ES.

Eduardo disse...

Robertao, a historia que li, quando o Gandulla morreu, e' um pouco diferente. Ele jogou sim, pelo Vasco, e era titular. E, nas partidas, tinha o habito de ir pegar as bolas que saiam de cargo, acelerando o reinicio das partidas, pois nao havia ninguém para pega-las. As torcidas, entao, passou a dizer que, quem pegava as bolas e trazia de volta para o campo, "fazia como o Gandulla". E assim teria surgido o apelido dos apanhadores de bolas, que so existe no Brasil. Nas esqueça que, na época, nao havia substituição de jogadores e nem banco de reservas. Um abraço do discípulo.

Chico da Kombi disse...

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FORÇA FOGÃO!

Loco 13
neles!

Gloriosas Saudações Alvinegras.

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Elielder disse...

Sobre o Ronaldinho Gaúcho, é mais um ex-jogador em atividade. Nunca agregou nada a lugar algum. Mesmo para o Barcelona de onde saiu vaiado. È um enganador da bola.

Estanislau de Carvalho, de Além Paraíba - MG disse...

Caro Porto,
Bela retrospectiva. Acrescentaria ainda na sua lista, o Alves, goleiro uruguaio que defendeu a Celeste na Copa de 90 na Itália, e o De Lima, centroavante que matava a gente de raiva.O cara era pior que o André Lima. Opa, sobrenome iguais, seriam parentes?
Saudações alvinegras,
Stan

Blog do Vascão disse...

Hehehehe legau essa história do Gandulla, já tinha ouvido antes mas sempre é bom recordar, acho sinceramente, que o botafogo é favorito ao esatadual, sobre a tutela do Velho lobo zagalo e os extrangeiros do clube.

Será um grande estadual com grandes clássicos.

Abraço e um feliz 2010.
Jeferson

Igor Sausmikat disse...

Roberto Porto,acho que você esqueceu do gringo Raul Pipa Estevez e também do peruano Ciurlizza como outros gringo que até em recente momento esteve no fogão!
mas a lembrança é válida!
abraços roberto porto!
o blog segue muito bom!

Luis disse...

Foi esquecido também Hugo De Leon que teve uma passagem bisonha no Botafogo

CLÉTO MARTINS disse...

Ronaldinho Gaúcho é eleito o melhor jogador da década pela revista inglesa World Soccer. Após a éra Péle, no Brasil, nada mais genial no futebol apareceu que o Ronaldinho Gaúcho. A nível mundial, só a genialidade do futebol de Diego Armando Maradona.
Falar em período após a éra Péle, no Brasil, também não dá p/ não reverenciar a genialidade do Reinaldo do Atlético Mineiro e a Seleção do Telê de 1982.

Ronaldinho Gaúcho no BFR/2010 seria uma jogada de classe no mandato do Maurício Assunção. Classe essa que esta diretoria ainda não nos revelou. É uma empreitada p/ gente grande. Será que o Maurício Assunção tem algo a nos revelar.

Saudações Alvinegras.

Cléto Martins

Unknown disse...

Talvez tenhamos que ressuscitar um novo
Senhor, Paulo Antônio Azevedo
TORCER PELO BOTAFOGO...?
Ser BOTAFOGUENSE - é ter - ALMA CORAÇÃO E PULMÃO PRETO E BRANCO...
Ser BOTAFOGUENSE – é ser - GLORIOSO É TORCER SEM CONSEÇÃO PELO SIM E PELO NÃO...
Ser BOTAFOGUENSE – é saber - QUE QUANDO BOTAFOGO FOI CRIADO TUDO FOI PENSADO... Ser BOTAFOGUENSE - é saber – QUE DESDE AS CORES QUE SÃO ÚNICAS ATÉ NO SÍMBOLO,
QUE É ESTRELA MAIOR...
Ser BOTAFOGUENSE – é saber - QUE NOSSOS ÌDOLOS DE OUTRORA, QUANDO MORRERAM.
VIRARAM ESTRELAS NUM CÉU DE CONSTELAÇÃO...
Sé BOTAFOGUENSE – é saber - QUE BASTA CHEGAR E JOGAR VIRA ÍDOLO NO BRASIL A FORA ATRAVÉS DO MUNDO DO FUTEBOOOL...
SÃO POR CAUSA DE PESSOAS, QUE SE DIZ... TORCEDOR E PREFERE FICAR EM CASA TORCENDO PELA TV E PELOS JORNAIS AO INVEZ DE IR AO CAMPO COMPARTILHAR TRISTESAS E ALEGRIAS E NOS ESTADIUS QUE ESTAMOS CADA VEZ FICANDO UM TIME PEQUENO, E ABSOLVIDO POR PESSOAS QUE PENÇÃO PEQUENO E AMADORAMENTE NOSSA LOGO NÃO VENDE E SE NÃO VENDE NÃO TEM PATROCINADOR QUE QUEIRA INVESTIR EM UMA MARCA QUE NÃO TRASMITI COMPATIBILIDADE E FIDELIDADE DE PUBLICO PARA VENDA DE SEUS PRODUTOS, INDEPENDE DE DIRIGENTES JOGADORES MAIS SIM O TERMOMETRO, DE UM TIME SE MEDE NOS CAMPOS COM SUAS TORCIDAS
SÃO ESTES TORCEDORES CASEIROS E DE JORNAIS,
QUE ESTAMOS ONDE ESTAMOS. SE FOSSE TORCEDOR E TIVESSE ALMA BOTAFOGUENSE
COM CORAÇÃO E PULMÃO, E NÃO COLOCASSE CULPA EM DIRETORIA OU JOGADORES E
COBRACE NOS CAMPOS COM UMA TORCIDA FIRME E COESA TALVES VOLTARIAMOS SER
CADA VEZ MAIOR DO QUE SOMOS, PERDEMOS TITULOS, POR NÃO TER JOGADOR COM ALMA
BOTAFOGUENSE, (NÃO ADIANTA SER UM BOM COMPOSITOR DE UMA MUSICA OU UM ARTISTA SE NO TEATRO NÃO TEM PÚLICOS).
O Botafogo nunca foi o clube medíocre do Rio de Janeiro que fica esperando tudo dos outros e não exige a si ganhar por mérito próprio, isto é, nunca ficou à espera de títulos fundados nos erros elementares e grosseiros das arbitragens ou nos pesos e medidas diferentes nos tribunais – isso é ser um vencedor medíocre. O Botafogo só pode exigir tudo de si próprio porque é um clube de bem e não um clube medíocre.
Grandes atos. Pessoas ousadas com pensamento de vencedor sem perder de vista as cautelas de um discernimento próximo daquilo que foi e é o meu o nosso Botafogo,
Muitos Dirigentes comportam-se como amadores, mas os botafoguenses são filhos do Infinito. Por isso precisamos de pessoas que nos devolvam um Botafogo restituído da sua alma gloriosa. Pessoas com espírito ganhador que saibam vencer com galhardia e que, no momento de perder, o saibam fazer com fidalguia. sem culpar arbitragens.
Mas para isso precisa de pessoas capazes de rejeitar determinados tipos de compromissos e de conluios que coloquem em causa o discernimento necessário aos grandes atos. Pessoas ousadas com pensamento de vencedor sem perder de vista as cautelas de um discernimento próximo daquilo que foi e é o meu o nosso Botafogo,


SÓ PARA SUA ILUSTRÇÃO... AI VAI
Preto é a primeira cor no universo, também conhecida como escura, ou nada, ou simplesmente... Preto é a única cor que não tem cor, (POR ISSO SOMOS UNICOS)
Branco é o catalisador... ou também conhecido como cor neutra de todas as cores
Simplesmente... Branco é a única cor que amenizam outras cores...
Estrela é a primara e única, foi usada por muitos para navegação é grandiosa singular
Simplesmente... Gloriosa...
Por isso somos o que somos do céu ao inferno, no mar, na terra, da cabeça ao pulmão, passando pelo coração, somos todos gloriosos por ter neste time uma razão para sofre sorrir e torcer com
Coração, pois só quem ama sofre chora com coração (somos apelidados de chorões)
Digo A Todos que tem Duvidas.
Conheça melhor, Vá ao campo e abra seu coração não viva de mídia ou desconfiança ou medo ou duvida...
Se achares que ser botafoguense é sofre e viver no azar então não ama esta estrela, pois não merece estar com ela em seu peito

CORAÇÃO ALMA E PULMÃO

Luis disse...

Faltou também o zagueiro Belacosa que se não me engano jogou com Gerson antes do Nilton Santos

Anônimo disse...

Roberto Porto,

Continue sempre assim dando aulas de história do nosso Glorioso, para nós que ainda somos jovens e estamos muito interessados em aprender tudo sobre nossos eternos idolos.

Todos os artigos são muito impagaveis.
Comprei e já li o seu livro dos 101 anos do Botafogo. Agora to lendo essa nova biografia do João Saldanha que é espetacular.

se tiver alguma sugestao de leitura.
hugojpinheiro@gmail.com

Saudaçoes alvinegras, Hugo

Anônimo disse...

Amigo Roberto valeu por compartilhar essas incrpiveis histórias botafoguenses.
Sds Alvinegras.
Alexandro

Paulo Pimentel disse...

É caro Mestre, o Bota nunca deu muita sorte com os gringos. Será que agora vai? Abs e parabéns pelo blog.

Anônimo disse...

Bom dia,

OS GRINGOS QUE ATUARAM PELO ALVINEGRO DE GENERAL SEVERIANO

JOGADOR PAÍS POSIÇÃO ÉPOCA
Alarcón Argentina Meia-esquerda 1955
Alvez Uruguai Goleiro 1987
Beheregaray* Argentina-Uruguai Atacante 1918
Basso Argentina Zagueiro 1950
Bravo Argentina Atacante 1952
Chemp Rússia Atacante 1937
Cid Espanha Médio-esquerdo 1944
Carvallo Paraguai Zagueiro 1947
Cañete Paraguai Ponta-esquerda 1956
Ciurlizza Peru Meio-campo 2001
Castillo Uruguai Goleiro 2008
Díaz Argentina Atacante 1943
De Lima Uruguai Atacante 1987
De León Uruguai Zagueiro 1991
Engel Alemanha Meia-direita 1938
Escalada Argentina Atacante 2008
Franquito Uruguai Ponta-esquerda 1944
Fischer ‘El Lobo’ Argentina Atacante 1972
Ferrero Argentina Zagueiro 2008
Gutiérrez Uruguai Atacante 1936
Graham Bell Uruguai Zagueiro 1939
González Argentina Atacante 1942
Laidlaw Argentina Zagueiro 1944
Lugano Argentina Goleiro 1955
Monti* Argentina-Uruguai Zagueiro 1918
Milar Uruguai Atacante 2001
Niño Colômbia Goleiro 1993
Niki Uruguai Atacante 1995
Patesko** Polônia Ponta-esquerda 1934
Papetti Argentina Centro-médio 1944
Pakosdi Hungria Meio-campo 1946
Pereyra Natero Uruguai Goleiro 1956
Ruiz Argentina Atacante 1924
Rogério Lantres Portugal Ponta-esquerda 1947
Raúl Estevez ‘Pipa’ Argentina Atacante 2004
Santamaria Argentina Centro-médio 1941
Spinelli Argentina Centro-médio 1945
Tony Canadá Zagueiro 2000
Vieira Portugal Atacante 1913
Valsecchi Argentina Atacante 1944
Varela Uruguai Atacante 1988
Vlad Iugoslávia Meio-campo 2001
Zárate Argentino Atacante 2008
* Nascido na Argentina e naturalizado no Uruguai ou vice-versa. ** Naturalizado brasileiro.

JOGADORES BRITÂNICOS
JOGADOR PAÍS POSIÇÃO ÉPOCA
E. H. Coggin Inglaterra Goleiro 1907
G. Clapshol Inglaterra Atacante 1916
H. Edgard Pullen Inglaterra Zagueiro 1908
S. M. Edrupt Inglaterra Atacante 1916
H. F. Millar Escócia Ponta-direita 1907
H. W. J. Monk Inglaterra Atacante 1909
P. C. Mason Inglaterra Atacante 1916
W. H. Teague Inglaterra Médio 1916

Os britânicos do Botafogo FC, são todos rapazes da Cia Western Telegraph, ex-jogadores do Rio Cricket A. A.

Fontes: Jornal do Brasil e Jornal dos Sports

Pesquisa de Eduardo Augusto dos Santos e Pedro Varanda

Saudações Botafoguenses