quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Duplo adeus: Ávila e Otávio Sérgio

Ainda outro dia, escrevi um blog dizendo que a Seleção Brasileira, que perdeu a Copa do Mundo para o Uruguai, em 1950, já não tinha mais sobreviventes. Por ironia do destino, do lado uruguaio, o único vivo é justamente Alcides Gigghia, autor do gol que nos derrotou, enganando Barbosa na baliza à direita das tribunas do Maracanã. Mas como este blog é alvinegro, lamento informar – embora com atraso – que do time do Botafogo campeão carioca de 1948, só dois estão entre nós: Juvenal Francisco Dias e Nílton dos Santos, que, entre os companheiros, tinha o apelido de ‘Caminhão’.

Dois dos últimos heróis daquela conquista em General Severiano já se foram: Otávio Sérgio de Moraes (1923-2009) e Osvaldo Ávila (1919-2006). Para os veteranos, escalo hoje o time daquele 12 de dezembro de 1948 contra o Vasco: Osvaldo Baliza, Gérson dos Santos e Nílton dos Santos; Rubinho, Osvaldo Ávila (foto) e Juvenal Francisco Dias; Egídio ‘Paraguaio’ Landolfi, Ephigênio ‘Geninho’ de Freitas Bahiense, Silvio Pirillo, Otávio Sérgio e Braguinha. Garoto ainda, não pude ir ao jogo com meu tio Júlio Lopes Fernandes (1898-1973), que me tornou botafoguense.

Inapelavelmente, o tempo passa – e como passa – e do time campeão carioca de 1957, comandado por João Saldanha, todo o ataque também se foi: Garrincha, Didi, Paulo ‘Catimba’ Valentim, Édison ‘Praça Mauá’ Pinto de Assis e Valdir “Quarentinha’ Cardoso Lebrego. Mas admito a vocês todos – jovens e veteranos – que desconhecia a morte de Osvaldo Ávila em 2006. Ele vivia em Resende, Estado do Rio de Janeiro, e, graças a um amigo, que tinha uma banca de jornal, chegou a conversar comigo pelo telefone e tive a rara oportunidade de cumprimentar aquele gaúcho raçudo, tantas vezes campeão pelo Internacional. Mas, já na era do Maracanã e, mesmo antes, em General Severiano, pude vê-lo atuar com a gloriosa alvinegra.

Quanto a Garrincha – morto há 27 anos em janeiro de 1983 – tive a sorte de acompanhar sua carreira. Em companhia de meu tio e de meu irmão Carlos Porto, pudemos assisti-lo participar da primeira rodada do Campeonato Carioca de 1953, enfrentando o São Cristóvão, jogando pelo time de aspirantes. Como Mangaratiba não aproveitou sua chance no jogo entre os titulares, já na rodada seguinte, contra o Bonsucesso, Garrincha foi lançado por Gentil Cardoso como titular da camisa número sete. Daí em diante todos os torcedores do Botafogo conhecem sua trajetória, repleta de glórias e tragédias, tendo morrido aos 49 anos – sofrendo com a artrose e o alcoolismo que o acompanharam pela vida. Igual a Garrincha, nunca mais.

O garoto Jobson, que levava um jeito de herdeiro de Garrincha – vejam que disse que levava um jeito – meteu-se com drogas, aos 21 anos, e foi suspenso por dois anos. Honestamente, espero que o Botafogo – mesmo com sua eterna vocação para o erro – dê apoio ao jovem Jobson para que ele, aos 23 anos, possa voltar a vestir nossa camisa. Mas tudo isso ainda é uma interrogação. E em se tratando do Botafogo, não posso apostar em nada. Apenas torcer para que o jovem Jobson receba apoio do clube e possa, no futuro, mostrar as qualidades que mostrou no último Campeonato Brasileiro, praticamente livrando o Glorioso de cair outra vez para a segunda divisão.

5 comentários:

Eraldo Santos Tag DF. disse...

Roberto Porto, esses antigos atletas que vestiram a camisa do Glorioso merecem ser lembrados sempre. Tenho algumas revistas que contam a história do Botafogo e em todas aquele time campeão de 1948 é lembrado, inclusive com fotos. Também estou torcendo muito para que, quando esta suspensão imposta ao Jóbson terminar, ele volte a jogar vestindo a nossa camisa. Ele é bom de bola. Só precisa melhorar a cabeça. Saudações botafoguenses!!

Camila Augusta disse...

Bom post amigo Porto!
Relembrar grandes craques é sempre bom, ainda mais para aqueles que não os conheceram, como eu.
Quanto ao Jobson, tenho a mesma opinião que você. É hora do Botafogo estar solidário ao menino, para que posso colocar a cabeça no lugar, como afirmou o companheiro acima.
Saudações!

Gil disse...

Mestre Porto,

Espero e torço MUITO para que algum dia seja erguido o nosso museu.
Fico a imaginar o deleite de ver fotos, peças, reportagens dos nossos gênios imortais e feitos. Espero estar vivo para ter esse prazer.

Tenho a mesma opinião quanto ao Jobson e o nosso Botafogo poderia fazer o mesmo que fez com o Renato Silva.

Abs e Sds, BOTAFOGUENSES!!!

Anônimo disse...

Porto,

Por favor, moro fora do RJ e gostaria de fazer-lhe um pedido: quando você for até General Severiano arremesse um paralelepípedo no Fahel pra mim? Há, aproveite para dar um soco (com soco inglês) na boca do Estavam tá?

E 2012 que não chega...

Novas Arenas disse...

É Porto...aquilo foi em 1948...o nosso presente é outro. Hoje foi 6 x 0 Vasco. Vivemos do passado. Acho bonito recordar, resgatar a nossa história. Mas não temos presente nem futuro. O futuro do Botafogo são os livros. A história.
A estátua do Garrincha deve ter chorado hoje. Que homenagem heim !!!