sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Luto e uma boa dose de superstição



Tenho quase a mais absoluta certeza de que os leitores deste blog não irão reconhecer de estalo os jogadores desta foto. Mas se os mais veteranos conseguirem, jamais saberão a história do calção preto que o time está utilizando. Pois então vamos lá, primeiro identificando cada um dos craques dessa equipe que disputou o Campeonato Carioca de 1954.

Da esquerda para a direita, de pé, Gérson dos Santos, Gílson Mussi, Nílton dos Santos, Danilo Alvim, Rubens (Ruarinho) Ruaro e Orlando Maia; agachados, na mesma ordem, Garrincha, Dino da Costa, Carlyle Cardoso, Paulo Omena e Luiz Vinícius de Meneses. Em campo o time jogava com Gilson, Orlando Maia, Gérson e Nílton dos Santos; Ruarinho, Danilo e Paulo Omena; Garrincha, Dino e Vinícius. Era um 3-3-4 ousado.

Mas qual a razão do calção negro se a partir de 1948 o Botafogo do meu coração utilizava calções brancos? A resposta é simples: luto pela morte do presidente Getúlio Vargas (1882-1954). E o calção preto continuaria na temporada de 1955, mas como a superstição não vingara, o calção branco voltou em 1956 para se despedir definitivamente a partir de 1957.

Honestamente, não posso garantir que esse troca-troca não tenha tido o dedo de Carlito Rocha (1894-1981), o rei da superstição em General Severiano. O fato é que o calção branco adotado em 1948 dera certo e o Botafogo decidiu usá-lo daí em diante, contrariando os próprios estatutos do clube. Na época, dirigentes e torcedores – cada um mais fanático do que o outro – dava palpites no uniforme, como ocorre agora com as meias cinza.

Infelizmente, após esse Campeonato Carioca de 1954, o Botafogo se desfez de dois de seus melhores jogadores: Dino da Costa (artilheiro da competição) e Luiz Vinícius de Meneses. O primeiro foi negociado com o Roma, o outro com o Nápoles. E o Botafogo, com isso, montou no ano seguinte, com veteranos, um time que cumpriu uma das campanhas mais bisonhas de sua história.

Eu costumo comparar o estilo de Dino da Costa com o de Paulo Valentim (1932-1984), negociado com o Boca Juniors após o Campeonato Sul-Americano de 1959. Dino e Paulo Valentim tinham um drible seco dentro da área que desnorteava os adversários e a bola sobrava à feição para o chute mortal em direção às redes dos adversários. Vocês podem apostar.

Falei em Paulo Valentim e me lembrei de um comentário de Sandro Moreyra (1919-1987) no rádio (não me recordo a emissora), durante uma partida Botafogo x Flamengo. Irritado com o esquema do seu Botafogo, Sandro, a certa altura, disse simplesmente o seguinte:

- O Paulo Valentim está sozinho lá na frente, em meio a um bando de jogadores do Flamengo... Vai acabar sendo assaltado...

Os leitores deste blog têm total liberdade para interpretar o comentário de Sandro Moreyra.

6 comentários:

Guilherme disse...

Desde sempre, o clube da beira da lagoa tem o hábito de assaltar, tanto sua torcida, dirigentes, como seus jogadores.

fogaorondonia disse...

O saudável saudosismo do seu blog é encantador, caro Roberto Porto.

Saudações Alvinegras de Porto Velho - Rondônia.

obs: que bom termos ficado com os calções pretos.

Anônimo disse...

O Bota usou o short branco com o América de Cali na Colômbia e o uniforme ficou muito bonito.

Poderiam variar mais o uso dos dois.

Anônimo disse...

Houve um Flamengo e Botafogo em 1989 no qual o atacante Paulinho Criciúma estava na pequena área entre os zagueiros do Fla e chutou para as redes. Só que dessa vez, quem roubou foi o árbitro, que, quando viu o lance, virou de costas e apontou para o centro do campo, encerrando o jogo. Detalhe: o sujeito era flamenguista.

Anônimo disse...

Já vi o Fogão usando calção branco e achei maneiro. Também acho que pode variar mais os dois.

Fato é que, contra o Flamengo, a frase "foste herói em cada jogo" tem que trocar a palavra herói por Super Herói.

Saudações Alvinegras!

Fernando Lôpo disse...

Também tem a diferença na meia, né? Em 1948 além do calção a meia também era branca. Depois, com o calção preto, a meia também era preta, até que viessem as meias cinza que acabaram sendo usadas até pela seleção campeão do mundo em 1970.

A seleção de 1970 usou meias cinza em dois jogos, sendo um deles contra a Inglaterra, isto é, usávamos meias cinza quando as do adversário eram brancas também. Talvez isso se deva à comissão técnica alvinegra.