quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Os mortos da ‘Batalha de Berna’

A Hungria, sob o regime comunista, chegou em 1954 ao Mundial da Suiça como favorita absoluta para conquistar o título. Campeões olímpicos de 1952, em Helsinque, Finlândia, os húngaros, no ano seguinte, deram um verdadeiro baile na Inglaterra, em Wembley (6 a 3), diante de 100 mil espectadores.

Na revanche, em Budapeste, foi pior: o time dos craques Ferenc Puskas, Sandor Kocsis, Zoltan Czibor e Jozef Bozsik aplicou nos ingleses a histórica goleada de 7 a 1. Fora os húngaros, como forças secundárias, apareciam na Suiça, que jogava em casa, o Uruguai (campeão mundial em 1950), e o Brasil (campeão Pan-Americano de 1952), sob a direção de Zezé Moreyra (1907-1998).

Dos derrotados pelos uruguaios em 1950, Zezé Moreyra praticamente não levou ninguém entre seus jogadores titulares, formando uma equipe com Carlos Castilho, Djalma Santos, Pinheiro e Nílton Santos; Brandãozinho e José Carlos Bauer (remanescente de 50); Julinho Botelho, Didi, Baltazar, Pinga e Rodrigues, que carregava com ele o apelido de Rodrigues Tatu. A Seleção Brasileira estreou goleando o fraquíssimo México por 5 a 0 e, logo depois, empatou em 1 a 1 com a Iugoslávia da época, não tão dividida em vários países como hoje.

Mas a famosa ‘Batalha de Berna’ acabou definida por sorteio para o terceiro jogo. O clima em Macolin, nas cercanias de Lausanne, foi o pior possível quando todos souberam que iriam enfrentar a Hungria. Ainda garoto de colégio, me recordo de ter ouvido no rádio uma frase histórica de Pinheiro a respeito do sorteio:

- É, agora vai ser difícil...Vamos ter que enfrentar os húngrios (sic)...

Poucos sobraram vivos daquela partida disputada sob tensão no Wankdorf Stadium, em Berna. O Brasil, com a equipe alterada, jogou com Castilho (1927-1987), Djalma Santos (1929), Pinheiro (1932) e Nílton Santos (1925); Brandãozinho (1925-2000) e José Carlos Bauer (1925-2000); Julinho (1929-2003); Didi (1928-2001), Índio (1931), Humberto Tozzi (1934-1980) e Maurinho (1933-1995). A Hungria, que venceu por 4 a 2 e eliminou o Brasil, colocou em campo Gyula Grosics (1926), Jeno Buzansky (1925) e Mihaly Lantos (1928-1989); Gyula Lorant (1923-1981), Jozsef Bozsik (1925-1978) e Jozsef Zakarias (1924-1971); Joszef Toth II (1929), Sandor Kocsis (1929-1979), Nandor Hidegkuti (1922-2002), Mihaly Toth (1926-1990) e Zoltan Czibor (1929-1997).

Pelo Brasil, não jogaram Baltazar (1926-1993), Pinga (1924-1996) e Rodrigues Tatu (1925-1988) e, pela Hungria, Ferenc Puskas (1927-2006) e Laszlo Budai II (1928-1983). Os cronistas da época disseram que Baltazar, Pinga e Rodrigues fugiram da raia, com medo da Hungria.

Correu, inclusive, o boato que na concentração de Macolin eles teriam ingerido tubos de pasta de dentes para alegar diarréia no dia da partida. Puskas não pôde jogar pois foi covardemente atingido no tornozelo pelo alemão Liebrich, nas oitavas-de-final, quando a Hungria venceu por 8 a 3. Mancando e poupando-se, Puskas só voltou para disputar a final, que a Alemanha Ocidental venceu por 3 a 2 e conquistou seu primeiro título mundial. A arbitragem do inglês William Ling foi considerada suspeita, pois anulou um gol legítimo de Puskas, no segundo tempo. Em meio à chamada ‘Guerra Fria’, comentou-se na época que a Hungria, país ‘satélite’ da antiga União Soviética, não poderia jamais ser campeã do mundo, pois premiaria o comunismo, vigente em vários países do Leste Europeu.

Ao final de Hungria x Brasil, houve um tumulto generalizado nos vestiários, um ao lado do outro. O Brasil teve Nílton Santos e Humberto expulsos, enquanto a Hungria teve somente Boszik. Daí vem o apelido de ‘A Batalha de Berna’ Dessa verdadeira guerra campal, pelo Brasil restam quatro vivos: Djalma Santos, Pinheiro, Nílton Santos e Índio. Pela Hungria, só sobraram três, Grosics, Buzansky e Toth II. Ambas as seleções tiveram suicidas: Castilho, pelo Brasil, e Kocsis, pela Hungria.

Após o Mundial, Nélson Rodrigues (1912-1980) gozava seu colega de resenha esportiva Armando Nogueira, que vira na Hungria um time imbatível. Quando queria provocar Armando, Nélson dizia simplesmente ‘A Seleção Húngara do Armando Nogueira’, como que insinuando claramente que não havia equipe tão brilhante assim.

(*) Na foto, perfilados, no dia do jogo, cantando o Hino Nacional, estão, da esquerda para a direita, Índio, Didi, Humberto, Maurinho, Djalma Santos, Brandãozinho, Nílton Santos, Pinheiro, Julinho, Castilho, Bauer e o massagista Mário Américo, verdadeiro ‘papagaio de pirata’ nas fotografias do Brasil.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O Glorioso na reta de fazer 100 anos

Fundado a 12 de agosto de 1904, no Largo dos Leões, o Botafogo Footbal Club esperou 48 longos anos para se fundir com o Club de Regatas Botafogo, criado em primeiro de julho de 1894, na Praia de Botafogo. Segundo João Saldanha (1917-1990), essa demora de quase meio século perdurou porque o Regatas – proprietário da estrela solitária, que não é estrela e sim o planeta Vênus – estava repleto de tricolores. Por fim, a oito de dezembro de 1942, como o Regatas andava mal das pernas (ou dos remos) uniu-se ao Football, originando o Botafogo de Futebol e Regatas de hoje, que agora, em 2010, caminha para completar bem vividos (e sofridos) 68 anos de vida.

Mas e os 100 anos do apelido de O Glorioso, como surgiu?

Surgiu em 1910, quando o Botafogo Footbal Club cumpriu uma campanha excepcional no Campeonato Carioca, conquistando o título depois de golear o Fluminense por 6 a 1, a 25 de setembro daquele ano, faltando ainda uma partida a ser cumprida diante do Hadock Lobo, igualmente fuzilado por 11 a 0. O time campeão de 1910 – que recebeu o apelido de O Glorioso – está aí na foto que ilustra este blog: Coggin (os goleiros só usariam camisas diferentes a partir de 1912), Pullen e Dinorah de Assis; agachados, Rolando, Lulu e Lefèvre; e sentados, Emanoel, Abelardo, Décio, Mimi Sodré e Lauro, que tiveram 10 jogos, nove vitórias e uma única derrota.

Mas fica a pergunta: quem apelidou o Botafogo de O Glorioso?

Para Alceu Mendes de Oliveira Castro, que escreveu a bíblia alvinegra ‘O futebol no Botafogo – 1904/1950’, foi a imprensa esportiva da época. Mas ele não cita um autor. O fato é que na década de 40, o compositor (torcedor do América) Lamartine Babo (1904-1963) incorporou o apelido Glorioso no que é hoje o hino oficial do clube – que me arrepia até hoje quando por acaso o ouço – e que a torcida canta nos jogos.

Mas o Botafogo é assim mesmo, cheio de idas e vindas, muitos erros e alguns acertos e até já freqüentou a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Vocês, que me acompanham neste blog alvinegro talvez não saibam, mas o Botafogo é tão imprevisível – e até chegado à loucuras – que, após a fusão e a adoção do mais belo escudo do mundo (eleito por diversas revistas internacionais) decidiu estrear as novas camisas (já com a estrela solitária) num simples treino coletivo no dia 19 de janeiro de 1943. Pode? Pode. No Botafogo tudo pode. Por isso, Augusto Frederico Schmidt disse a Santhiago Dantas (ambos alvinegros) que o Botafogo teria a vocação do erro.

João Saldanha era mais simples. Dizia que o Botafogo é um campo e duas balizas. Com toda a sua experiência no clube, será que João Sem Medo estava errado?

Vamos agora esperar que, neste ano de 2010 que está chegando, o departamento de marketing do clube faça uma grande promoção dos 100 anos do Glorioso. Mas, por favor, não confundam os 100 anos do Glorioso com a data de fundação do clube, que já ultrapassou em muito essa data, e que a 12 de agosto estará fechando 106 anos.

E tenham todos a mais absoluta e convicta das certezas de que João Saldanha, até morrer, sempre teve certa implicância com o Regatas, apesar da bela estrela solitária, do lindo escudo que foi originado da fusão e do belo nome Botafogo de Futebol e Regatas.

O motivo: já disse acima: ele achava que o Regatas estava cheio de tricolores. E chegava a citá-los, mas não estou autorizado a revelar aqui quem era ou não era torcedor do Fluminense. Que vocês, leitores, principalmente os veteranos, tentem descobrir quem era adepto do mais que famoso Pó de Arroz das Laranjeiras.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Gigghia, o último vivo da façanha de 50

No último dia de outubro ainda deste ano de 2009, publiquei neste blog a foto do time do Brasil que disputou a final do Mundial de 1950, contra o Uruguai, a 16 de julho daquele ano, no Maracanã. Todos, do goleiro Barbosa ao ponteiro-esquerdo Chico já deixaram este mundo. O último deles foi o zagueiro-central Juvenal Amarijo, que faleceu este ano. O time da decisão era Barbosa, Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo e Bigode; Friaça, Zizinho, Ademir, Jair Rosa Pinto e o já citado Chico.

Hoje, graças à preciosa ajuda do amigo uruguaio Carlos Daniel Goyen, passo para o lado dos campeões mundiais e publico seus destinos. Na foto, no Maracanã, estão, da esquerda para a direita, de pé (só valem os uniformizados) Obdúlio Varela, Tejera, Gambetta, Máspoli e Rodriguez Andrade; agachados, na mesma ordem, Gigghia, Júlio Perez, Miguez, Schiaffino e Morán (reserva do titular Vidal).

De todos eles, o único ainda vivo, morando em Montevidéu, é o ponteiro-direito Alcides Gigghia (1926), autor do gol da vitória de 2 a 1 dos uruguaios. Os demais, como seus adversários brasileiros, se foram. A saber, Roque Máspoli (1930-1978), Mathias González (1925-1985), Eusébio Tejera (1922-2002), Schubert Gambetta (1920-1991), Obdúlio Varela (1917-1996), Rodríguez Andrade (1927-1985), Julio Perez (1926-2002), Oscar Miguez (1927-2006), Alberto Schiaffino (1925-2002), Rubén Morán (1930-1978) e o técnico Juan Lopez (1908-1983).

Em poucas e resumidas palavras, quase que por ironia do destino, apenas Alcides Gigghia, que enganou Moacir Barbosa na baliza à direita das tribunas do Maracanã, permanece vivo, como que para relembrar para a história do futebol uruguaio, a maior façanha esportiva de seu país e o bicampeonato mundial (1930-1950) que nossos irmãos do Sul ostentam com maior orgulho e paixão.

Nunca é demais lembrar que poucos meses antes, na Copa Rio Branco, Brasil e Uruguai jogaram três vezes seguidas, uma delas no Pacaembu e as duas outras em São Januário. O Brasil perdeu um jogo e venceu os outros dois com a maior dificuldade. Se o técnico Flávio Costa (1906-1999) não aprendeu a lição, quem sou eu – à época um menino de calças curtas – quem vai discutir o assunto?

*Gigghia, o sobrevivente de 1950, colocou os pés na calçada da fama, do Maracanã

(Créditos SporTV)

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

As várias faces de João Saldanha

João Jobim Alves Saldanha (1917-1990) foi, inegavelmente, um sujeito inteligente. Recentemente, inclusive, virou estátua no Maracanã, com todo merecimento. Mas eu, que convivi com ele na redação do Jornal do Brasil, na Avenida Brasil, 500, nele descobri, somando fatos e conversas particulares, certa incongruência – se é que os leitores deste meu blog me entendem. E essa incongruência o levou a ser demitido da Seleção Brasileira que, nas mãos de Mário Jorge Lobo Zagallo, conquistou o tricampeonato mundial em 1970, no México.

Vejamos dois exemplos típicos – que cheguei a debater com ele na redação. O Botafogo que esmagou o Fluminense por 6 a 2 na final do Campeonato Carioca de 1957, estava teoricamente escalado com Adalberto, Beto, Thomé, Servílio e Nílton Santos; Américo Pampolini e Didi; Garrincha, Édison Praça Mauá, Paulo Catimba Valentim e Quarentinha. Por sinal, Paulo Valentim jogou com a camisa oito porque afirmou que a nove não lhe dava sorte – talvez por isso marcou cinco gols.

Na prática, porém – eu lá estava com meu amigo Roberto Sant’Anna – o time jogou com Adalberto, Beto, Thomé, Servílio e Nílton Santos; Pampolini, Didi, Édison e Quarentinha; Garrincha e Paulo Valentim, ou seja, num 4-4-2 fechadíssimo. E mais: Quarentinha, artilheiro implacável, recebeu a missão de marcar Telê Santana (1931-2006) em cima, não permitindo que o número sete tricolor armasse um único e escasso ataque para Valdo, Escurinho ou Jair Francisco. Estratégia inteligente? Claro. O Fluminense era mais afinado e vencera o Botafogo no turno por 1 a 0, com Didi, de maneira mais do que displicente, chutando um pênalti nas mãos de Carlos Castilho.

Mas e na Seleção Brasileira, tantos anos depois?

João Saldanha escalou o time num 4-2-4. Na foto acima, em 1957, Thomé comanda uma abraço generalizado dos alvinegros na goleada histórica. Na foto abaixo, a cores, estão posados Carlos Alberto Torres, Félix, Djalma Dias, Joel, Wilson Piazza e Rildo; embaixo, agachados, Jairzinho, Gérson, Tostão, Pelé e Edu, ou seja, dois pontas abertos e apenas dois no meio-campo (Piazza e Gérson), às vezes auxiliados por Tostão, que não marcava ninguém. Em poucas e resumidas palavras, como diria Nélson Rodrigues (1912-1980), era um 4-3-3 mais para 4-2-4. Pode?

Em 1970, logo depois da Copa do Mundo, fui ao Chile com a Seleção Brasileira e fiquei temporariamente retido em Buenos Aires à espera de uma escala. Sabem com quem conversei por mais de uma hora? Com o presidente da então CBD João Havelange, também à espera de um avião para Santiago. E Havelange me disse que com aquele esquema de dois pontas abertos (Jair e Edu) e o meio-campo desprotegido o Brasil não iria a lugar nenhum. Daí a demissão de João Saldanha e a chegada de Mário Jorge Lobo Zagallo, com seu tradicional e eficiente (na época) 4-3-3.

O que fez Zagallo? Mudou o time. Montou uma equipe com Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza e Marco Antônio (depois Everaldo); Clodoaldo, Gérson e Rivelino; Jair, Tostão e Pelé. E quando Gérson se machucou, valeu-se da primeira substituição permitida numa Copa do Mundo: colocou Paulo César Lima recuado e avançou um pouco Roberto Rivelino, ou seja, manteve o rígido 4-3-3 que aplicara no Botafogo, com Carlos Roberto, Gérson e Paulo César, mantendo à frente Rogério Ventilador, Jairzinho e Roberto Miranda.

Naquela tarde no Aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, conversando animadamente com João Havelange, me convenci de que o comunismo de João Saldanha nada tivera a ver com sua demissão. E que a chamada ditadura militar não dera qualquer palpite, a não ser o pedido de Emílio Garrastazu Médici (1905-1985) para que desse uma chance a Dadá Maravilha – que, cá entre nós, de Maravilha não tinha nada. A rigor, Dario só fez correr em campo, após a final, tentando carregar a Taça Jules Rimet, infelizmente derretida por bandidos que invadiram a então CBF.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Qual o melhor time?

A equipe da primeira foto, posada em General Severiano, no início do vitorioso Campeonato Carioca de 1962, ou a da segunda, na vitória de 3 a 0 sobre o Flamengo? Na primeira, de acordo com a formação da foto, estão Joel Martins (homônimo do ponteiro rubro-negro campeão do mundo de 1958), Manguinha, Nílton ‘Mestre’ dos Santos, Zé Maria, Ayrton Povil e Rildo; Agachados, Garrincha, Arlindo, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Em campo, no 4-3-3, o time jogava com Manga, Joel, Zé Maria, Nílton Santos e Rildo; Ayrton, Arlindo e Zagallo; Garrincha, Quarentinha e Amarildo. No terceiro jogo, no Maracanã, Didi – torcedor do Fluminense, segundo me declarou em programa da Rádio Globo – voltou ao time mas foi embora para ser treinador do Peru, antes de passagem meteórica pelo São Paulo.

Já a equipe da segunda foto, a da decisão na qual Garrincha literalmente engoliu o Flamengo com Carlinhos, Nelsinho e Gérson Nunes no meio-campo escalado por Flávio Costa, é a campeã carioca, formada com Paulistinha (já falecido), Manguinha, Jadir (ex-Flamengo), Nílton ‘Mestre’ dos Santos, Ayrton Povil e Rildo da Costa Menezes; agachados estão Garrincha, Édison Praça Mauá, Quarentinha Lebrego, Amarildo Silveira e Mário Jorge Lobo Zagallo. No gramado a equipe atuava com Manga, Paulistinha (expulso com Dida, no final), Jadir, Nílton Santos e Rildo; Ayrton, Praça Mauá e Zagallo; Garrincha, Quarentinha e Amarildo.

Particularmente – mas muito particularmente mesmo – acho a primeira equipe melhor do que a segunda. Afinal tinha três titulares, absolutos: Joel Martins, Zé Maria e Arlindo. Mas o Botafogo, que para mim tem a vocação do erro, vendeu Arlindo para o México e Joel e Zé Maria estavam contundidos. Assim, a segunda equipe pode se gabar de, mesmo sem três titulares (além da fuga de Didi) de ser a campeã carioca de 1962, com dois gols de Garrincha e um de Vanderlei, contra. Por sinal, o terceiro gol de Garrincha, logo aos três minutos do segundo tempo, foi uma obra prima.

Chutando para o lado da torcida rubro-negra, à esquerda das tribunas, Ayrton deu um passe a Amarildo (jogando com uma coxeira branca) e este, aproveitando-se que Murilo subia, já que Zagallo atuava recuado, tocou para o próprio Zagallo (torcedor declarado do Flamengo). Zagallo, então, centrou alto para a área. Foi então que Quarentinha, na marca do pênalti, acertou uma acrobática tesoura-voadora. A bola explodiu no peito de Fernando e Mané, sempre atento, só teve o trabalho de empurrá-la para as redes. Pronto: com 3 a 0 o Flamengo estava rigorosamente liquidado.

Nesse dia, um sábado, 15 de dezembro de 1962 (com Armandinho Marques no apito), Flávio Costa dispensou Joel Martins, no ônibus que levava o Flamengo para o Maracanã, justamente na Rua Silveira Martins, onde Joel morava, e preferiu Espanhol. Depois, para equilibrar o meio-campo, escalou Carlinhos, Nelsinho e Gérson, com a missão de vigiar Garrincha. Carlinhos e Nelsinho era o que se chamava de ‘tocadores de violino’ e não marcavam ninguém. E Gérson Nunes está procurando Garrincha até hoje, mesmo atuando como comentarista do garotinho José Carlos Araújo, na Rádio Globo. No ano seguinte, 1963, o Botafogo vendeu Amarildo ao Milan e imediatamente comprou Gérson do Flamengo. Mas em campeonatos cariocas, Gérson só pôde estrear em 1964, pois já tinha atuado pelo Flamengo. Só jogou em amistosos com a camisa alvinegra e na falecida Taça Brasil.

Hasta la próxima...


(*) Detalhe: O Botafogo não está fazendo 100 anos em 2010. O Botafogo Footbal Club é de 12 agosto de 1904. E o Club de Regatas Botafogo é de 1° de julho de 1894. O centenário de 2010 é do título de 1910, que valeu ao então Botafogo Footbal Club o título de ‘O Glorioso’, imortalizado no hino composto pelo torcedor do América Lamartine Babo (1904-1963). Não confundam as coisas, por favor

Dose para dinossauro desmamado

Na saída do jogo Botafogo x Palmeiras, no Engenhão, fui abordado por um torcedor alvinegro e leitor de meu blog – dele não me recordo o nome porque, como diz José Inácio Werneck, meu amigo do peito, minha memória não é de ferro. Se não estou enganado, ele me acusou de reacionarismo em relação à torcida do Flamengo. E me provou, dias depois, publicando no meu computador a coluna (furtada por um site que desconheço), reproduzindo a dita cuja coluna. O tal torcedor, apesar da vitória do alvinegro, estava até um pouco agressivo em suas palavras e mal me cumprimentou. Na hora, saí pela tangente, mas quando veio o e-mail, me desculpei. Não gosto de ofender ninguém, a não ser árbitros e bandeirinhas (Ana Paula e Moutinho) que furtaram o Glorioso em partidas até certo ponto recentes.

Mas eis que me chega às mãos uma foto inacreditável: torcedores rubro-negros, estendem uma faixa dizendo que o clube da beira da Lagoa é ‘équiça’ campeão brasileiro – mesma sequência do São Paulo Futebol Clube, este sim hexacampeão. Fico imaginando, apenas por acaso, se o rubro-negro conquistar o heptacampeonato. Como seus torcedores escreverão uma faixa? ‘Épita’ e, por hipótese – apenas por hipótese, octacampeão. Será que pintarão outra faixa com ‘óquita’?

Percebo que os rapazes da faixa não passaram do velho primário de guerra. Nem meu sobrinho, Lucas, que tem apenas cinco anos, escreveria uma sandice dessas. E olhem, leitores de meu blog, que Lucas – menino inteligente – sabe ler tudo é irônico, e ainda escreve bilhetes para a mãe Paula e o pai, Rafael. E pelo que sei, já é torcedor do ‘Framengo’, aliás Flamengo, contrariando o pai que é cruzmaltino.

Em poucas e resumidas palavras, o botafoguense que me criticou na saída do Engenhão está sem saída. O que vai dizer agora? Que sou reacionário? Que sou arbitrário? Que a torcida do ‘Framengo’, aliás, Flamengo, é alfabetizada? Que os torcedores não brigam entre sí é caem das arquibancadas do Maracanã? Não faz muito tempo, e um torcedor apaixonado do ‘Framengo’, aliás Flamengo, estava estreando uma camisa rubro-negra novinha em folha e foi dela roubado quando caminhava para o lado esquerdo das arquibancadas do Maracanã. Ficou desolado, pois viu seu dinheiro jogado fora. Mas, apesar do roubo, manteve-se rubro-negro.

Venhamos e convenhamos, ‘équiça’ é dose para dinossauro ou mamute desmamado... Primário nessa gente, é o que, de bom coração, eu desejo.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Dois recuerdos del Glorioso

Este blog de hoje – verdadeiro presente de Natal – é para os rigorosamente viciados no Botafogo de Futebol e Regatas. São fotos do século passado, admito, mas tive um prazer enorme em recebê-las do amigo e companheiro eterno Ricardo Baresi, um alvinegro que não sossega atrás das coisas de seu clube.

Para identificar as duas fotos, tive a ajuda do mestre Pedro Varanda, que já foi um competente assessor de imprensa do Glorioso – afastado por Bebeto de Freitas sem uma única, mísera ou escassa explicação. E quem postou o blog foi minha amiga de fé, irmã, camarada, Malu Cabral, que sabe tudo sobre o Botafogo e nos fulmina com seu Blog-Clipping do clube alvinegro, via Internet. Faz tudo por amor ao clube.

Na primeira foto, de agosto de 1966, num empate de zero a zero com aquele Clube da Beira da Lagoa, aparecem de pé Joel (veio do Bangu), Nei Conceição, Manga, Zé Carlos, Dimas e Moreira;

e agachados, na ordem, Jair Ventura Filho, Gérson Nunes, Barcímio Sicupira, Fifi e Waldir (este eu não reconheceria). O Glorioso jogou com Manga, Joel, Zé Carlos, Dimas e Moreira (deslocado para a lateral-esquerda); Nei Conceição, Gérson e Fifi; Jairzinho, Sicupira e Waldir.

No ano seguinte, com alterações, seríamos donos do título do Campeonato Carioca.

Na segunda foto, no pé do blog, outro zero a zero, desta vez contra o Bangu de Moça Bonita, a três de maio de 1970. Lá estão, de pé, Moreira (outro dia foi a General Severiano), Cáo, Moisés Xerife, Nei Conceição (fez aniversário no último dia oito de dezembro), Sebastião Leônidas e Valtencir Senra (já falecido); agachados, na ordem, Zequinha, Carlos Roberto, Ferreti, Betinho e Careca. O time jogou com Cáo, Moreira, Moisés Xerife, Leônidas e Valtencir; Carlos Roberto, Nei Conceição e Betinho; Zequinha, Ferreti e Careca.

Em 1966 e 1970, Baresi, Varanda e Malu não puderam ir ao Maracanã porque eram muito crianças, mas eu, já taludo e jornalista (trabalhava no Jornal do Brasil), estava lá na tribuna dos periodistas, torcendo para meu clube do coração. Aliás, no Jornal do Brasil, em meio à década de 70, conseguimos formar, na sede da Avenida Brasil, 500, 12 torcedores do Botafogo num grupo de cerca de 24 periodistas.

A saber, João Jobim Alves Saldanha, Sandro Luciano Moreyra, Oldemário Vieira Touguinhó, Roberto Porto (o narrador deste blog, lógico), Márcio Guedes, Otávio Name, Eloir Maciel, Mara Bentes Cardoso, Cláudio Dienstman (gaúcho), Otávio Name, Mesquita (diagramador), Luiz Fernando ‘Gauchinho’ Lima e Antônio Maria Filho.

Vez por outra, em dias seguintes às vitórias, adentrava a editoria de esportes a figura de Salim Simão, aos gritos. De Salim guardo a lembrança de uma fita cassete com os gols do Botafogo na conquista de títulos, mas principalmente, com a esmagadora vitória (a maior até hoje em decisões do Campeonato Carioca) sobre o vetusto tricolor das Laranjeiras por 6 a 2.

Embora apenas torcedor, lá estava eu, com meu amigo Roberto Sant’Anna, nas especiais. Detalhe: ficamos juntos do time de water-polo do Fluminense e do dirigente Benício Ferreira Filho. Quando Paulo Catimba Valentim marcou o quarto gol, eles se levantaram para ir embora. Eu os provoquei dizendo que ficassem porque vinha mais. E veio, com Garrincha e Paulo Valentim. No final, Valdo marcou o segundo gol do Fluminense, mas foi apenas para rimar a frase histórica: - Foi seis a dois no pó de arroz...

Feliz Natal para todos.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Um time meio sobre o esquisito

Mal havia terminado a Feira de Livros que o Botafogo promoveu em sua sede, na Avenida Venceslau Braz, surpreendi o companheiro Ricardo Baresi conversando com o Possesso Amarildo, no Salão Nobre. Baresi tentava identificar uma foto do Glorioso, batida num amistoso contra o América, em São Januário (o Botafogo venceu). Metido a saber tudo de Botafogo, me aproximei e comecei a ajudá-los. Baresi e Amarildo trocaram de óculos de aproximação, mas pouco progrediram. No final, Amarildo ia saindo com o par de óculos de Baresi e vice-versa. Por pouco, muito pouco, não trocaram os óculos. Parece que Baresi percebeu a confusão.

Pelo que pude perceber, independente das identificações de Amarildo, o time, posado, era o seguinte: Adhemar, Manguinha, Paulistinha (?), Frazão e Chicão; Neivaldo, Édison Praça Mauá, Bruno, Amarildo e Zagallo. Esse time, pelo que deduzi, ajudado pela enciclopédia que leva o nome de Pedro Varanda, jogou assim: Manguinha, Adhemar, Zé Maria, Paulistinha (?) e Chicão; Frazão, Edison Praça Mauá e Zagallo; Neivaldo, Bruno e Amarildo. Minha dúvida é Paulistinha (já falecido, e, por isso, pedi a ajuda do dentista Ronald Alzuguir, mas não recebi resposta até hoje. Não acredito que a figura seja Paulistinha.

Varanda garante que sim, mas, como veterano alvinegro (mais de 60 anos de torcedor), duvido um pouco.
E para que os leitores mais veteranos tenham um ataque de saudades, publico no pé deste blog, mais uma foto, com meu amigo de fé Ronald Alzuguir. O time posado em General Severiano, de 1958 ou bem no início de 1959, é Ernâni, Thomé, Servílio, Ronald Marreta, Nílton Santos e Cacá; Garrincha, Paulo Catimba Valentim, Didi, Quarentinha e Zagallo. Na prática, a escalação era esta: Ernâni, Cacá, Thomé, Servílio e Nílton Santos; Ronald Marreta Alzuguir, Didi e Zagallo; Garrincha, Paulo Catimba Valentim (despedindo-se para ir para o Boca) e Quarentinha – o artilheiro que não sorria.

São duas fotos sensacionais para os mais viciados torcedores do Botafogo e deles espero resposta para as correta identificações. Mas aquele Paulistinha careca e baixinho da foto ao alto não me convence. Varanda diz que é e ele apura tudo nos jornais da época. Pode ser. Mas o melhor da história veio com Amarildo, que identificou Frazão como Perivaldo, que teria vindo do São Cristóvão. Eu disse a ele que quem veio do São Cristóvão foi Genivaldo e não Perivaldo. Aliás, tenho foto do Genivaldo, que veio do São Cristóvão com a função de substituir Paulo Valentim e acabou não dando certo.

Mas nessa época, ou pouco depois dela, o Botafogo era um time enjoado, com Nílton Santos, Garrincha, Amarildo e Zagallo, todos eles e mais Didi (que retornou da Espanha) bicampeões mundiais no Chile. Por isso, a FIFA colocou o Botafogo como um dos 12 maiores clubes do Século 20. Hoje talvez não seja mais um Clube do Século, mas é proprietário do mais bonito escudo do mundo, após três eleições, a primeira delas feita por uma revista japonesa.

Bota fogo nisso, Maurício Assumpção...


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O meu ser botafogo


Ser botafogo,
é ser o certo perante o errado;é ter uma mania, sem ser superticioso;é ser o maior, entre os mais fortes;é ter uma vida em preto e branco, sem se importar com cores.

Ser botafogo,
é viver o passado, sonhando com o futuro;é olhar pro ceú, e ver que a mais bela estrela brilha em nosso uniforme;é admirar o brilho nos olhos, do mais antigo torcedor; é viver e sentir a paixão, mesmo nos momentos de dor.

Ser botafogo,
é se emocionar com os dribles de Garrincha;é ver a magica do senhor Nilton santos;é vibrar toda vez que vemos o gol do mauricio;e é chorar pelos 21 anos.

Ser botafogo,
é reviver os comentarios do joão sem medo;é querer brincar com o cachorro biriba;é ter como torcedor um apaixonado Armando Nogueira.

Ser botafogo,
é gritar sem ser ouvido;é levar a mão do lado esquerdo do peito pra se emocionar;é olhar pro alto e agradecer por poder ver o alvinegro em campo;é sentir o verdadeiro amor, sem represalia;é poder dizer: Eu Te Amo Botafogo de Futebol e Regatas.


Andrew Torres Fonseca

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Churrasco de Porco no Engenhão

Finalmente, a apaixonada e sofrida torcida do Botafogo teve o presente que merecia, às vésperas do aniversário de fusão do Club de Regatas Botafogo com o Botafogo Football Clube, em 1942.

O Botafogo de Futebol e Regatas, apoiado enlouquecidamente por 40 mil torcedores no Engenhão, obrigou o time a fazer um saboroso churrasco do Porco (Palmeiras), fugindo do temido rebaixamento e evitando que o adversário participasse da Taça Libertadores da América de 2010. Pela primeira vez no Campeonato Brasileiro que terminou, o alvinegro da estrela solitária jogou com uma raça desmedida e um empenho extraordinário. Na tarde de domingo, no lotado Engenhão, o Botafogo foi o Botafogo que eu conheço e acho que mereço.

Todos os jogadores atuaram com um empenho que honrou o nome do clube, mas não posso deixar de destacar as atuações de Leandro Guerreiro (foto) – como sempre – Jefferson, Alessandro e Fahel, este último tão criticado nos últimos tempos.

E mais: O Botafogo terminou com um ponto à frente do Fluminense (que também escapou do rebaixamento), certamente, depois do Flamengo (Fla-Prensa), o clube mais elogiado dos últimos tempos no futebol do Rio de Janeiro. É verdade que o Fluminense, mesmo com o empate, escapou de uma guerra em Curitiba. Mas não é menos verdade que o Botafogo enfrentou o mesmo antagonismo quando encarou o Atlético PR.

A rigor, o Botafogo, no domingo, não fez uma partida elogiável. Superou com garra e muito coração o time titular do Palmeiras, que lutava por uma classificação para Taça Libertadores. O Palmeiras – conhecido como Porco (que mau gosto) por sua torcida – não fez como o Grêmio que jogou sem oito titulares diante do Flamengo, só para atazanar a torcida de seu rival gaúcho Internacional. O velho Verdão chegou ao Rio com sua força máxima e chegou, em determinados momentos, a dominar o Botafogo. Mas a disposição do Botafogo era tão grande, tão imensa, que o Porco acabou merecidamente fritado.

O Botafogo, a bem da verdade, agigantou-se em campo.

Espero agora, como torcedor apaixonado, que os dirigentes não mais façam com que a fiel torcida sofra como sofreu em 2009, beirando o rebaixamento para a série B. Agora há tempo para que a diretoria pense na temporada de 2010 retribua o amor e a paixão dos torcedores que lotaram o Engenhão e estimulou o time o tempo todo.
Posso dizer isso de cadeira pois estive lá (não fiquei no famoso PFC da Globo) e pude verificar in loco o que é ser botafoguense, mesmo às portas de um rebaixamento que, cá entre nós, que ninguém nos ouça, não seria demasiado exagerado. O Botafogo cumpriu uma das piores campanhas dos últimos tempo. Salvou-o a torcida e o empenho de jogadores exemplares como Leandro Guerreiro, um verdadeiro herói.

Como botafoguense, espero que o Botafogo de 2010 – ano de Copa do Mundo – seja digno do Botafogo pelo qual me apaixonei há tantas e tantas décadas. Infelizmente, a já anunciada venda de Jobson ao Cruzeiro já é o primeiro passo equivocado. Jobson não é Garrincha – está longe disso. Mas é um jogador imprevisível, Quem o substituirá no ataque, já enfraquecido do Glorioso?

Com a palavra, a diretoria alvinegra.

(*) E não me venham com a dupla Victor Simões e Reinaldo (que, aliás, domingo, jogou bem enquanto esteve em campo).

(**) Ano que vem, 2010, o Botafogo fará 100 anos do nome que recebeu no hino do clube: ‘O Glorioso’.



quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Bruno Mazzeo sacaneia o Botafogo

Um dos quadros mais curiosos do ‘Fantástico’, da Rede Globo, é sem dúvida o ‘Bola Cheia’ e o ‘Bola Murcha’, apresentado por Tadeu Schmidt. Domingo passado, após a vitória do Botafogo sobre o São Paulo, Schmidt convidou três jurados para definir os vencedores (ou perdedores) do quadro: o jogador Carlos Alberto, a cantora Fernanda Abreu (do conjunto Blitz) e Bruno Mazzeo, todos torcedores do Vasco. Mazzeo, filho de Chico Anísio e da modelo Alcione Mazzeo, estava vestido com a camisa do clube da cruz de malta – exibindo ainda mais a sua preferência clubística.

Seguiram-se as cenas habituais – ruins, pois são filmadas por amadores – Carlos Alberto fez suas escolhas, Fernandinha também, mas quando chegou a vez de Mazzeo, ele extrapolou. Disse que determinado peladeiro deveria servir para jogar no Botafogo.

Ora, bolas: desde quando o supostamente cômico Mazzeo pode ser considerado um ‘expert’ em futebol? E por que citar o Botafogo? Será que ele não sabe que o Vasco vem da segunda divisão do Campeonato Brasileiro? E mais: por que o Botafogo e não o Fluminense, Flamengo ou seu próprio clube, o Vasco? Com sua manifestação idiota, sob todos os aspectos, Mazzeo foi o ‘Bola Murcha’ do domingo.

Quanto ao lançamento de meu livro ‘Botafogo – O Glorioso’, da Editora Leitura, na última segunda-feira, não posso me queixar. Todos os exemplares colocados à venda se esgotaram e só pude deixar a Livraria Saraiva às 23 horas. Muita gente ficou sem o livro – que já está à venda na própria Saraiva – mas o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, está em entendimentos com a Editora Leitura para um segundo lançamento, na renovada e reformada sede de General Severiano, no dia oito de dezembro, mais um aniversário da fusão entre o Botafogo Football Club com o Club de Regatas Botafogo, em 1942, há 67 anos portanto. Daí surgiu o imbatível Botafogo de Futebol e Regatas de hoje, o clube da maravilhosa estrela solitária.

Daqui deste espaço quero agradecer a todos que compareceram ao lançamento, mesmo deixando a Saraiva de mãos abanando por falta de livros. Mas foi um prazer inexcedível rever velhos amigos de tantas batalhas e conhecer novos torcedores do alvinegro de General Severiano. Se realmente houver um relançamento a oito de dezembro, torço para que Bruno Mazzeo compareça, nem que seja para tomar uns corretivos e deixar de menosprezar o imortal Botafogo. Tome coragem e vá lá, Mazzeo. Mas não vá com a camisa do Vasco porque será barrado na porta.








terça-feira, 10 de novembro de 2009

O novo livro está chegando


Finalmente, a Editora Leitura de Belo Horizonte fixou data, hora e local para o lançamento de meu segundo livro sobre o alvinegro da estrela solitária – ‘Botafogo – O Glorioso’. Será na segunda-feira, dia 23 deste mês de novembro, a partir das 19 horas, na Livraria Saraiva do Rio-Sul.

Particularmente, faço absoluta e fechada questão que os torcedores compareçam em massa, dando uma prova da paixão e envolvimento que todos têm com o Botafogo de Futebol e Regatas, principalmente os que me acompanham neste blog – às vezes vibrante, às vezes mal humorado, admito. Agora fiz um livro diferente.

Além das 40 histórias que conto, tenho a presença de José Inácio Werneck escrevendo a orelha do livro, a contracapa do presidente do clube Maurício Assumpção e o prefácio de meu parceiro César Oliveira.
Fora isso, abri o livro para depoimentos de torcedores famosos, como Carlos Porto (meu irmão e autor do projeto do Engenhão), Carlos Eduardo Novaes, Antônio Maria Filho, Maurício Thuswohl, Gabriel Góes Barreira, Luiz Fernando Maia, Bruno Porto (meu sobrinho que, de Xangai, explica porque o escudo do Botafogo foi escolhido como o mais bonito do mundo), Sérgio Augusto, Sylvio Back, Leonel de Jesus (escrevendo de Lisboa), Luiz Carlos Melo, Nélson Paiva Paes Leme, Sérgio Cavalcanti, Maurício Fonseca, Ricardo Baresi, Haroldo Habib, Jorge Aurélio Dominguez, João Ignácio Muller, Marcos Sperli Garcia, Marcello Antony, Beth Carvalho, Rafael Almeida (jovem ator da Rede Globo) e, por fim, Stepan Nercesian.

Vou tentar, por telefone, convidar vários outros torcedores, como Washington Hope, João Pedro Paes Leme, meu filho Roby Porto, Luiz ‘Gauchinho’ Fernando Lima, Malu Cabral, Marcelo Fonseca, todo o pessoal do marketing do Botafogo, além de secretárias da diretoria, como Patrícia e Roberta, como também os funcionários da Fogão Shop e até mesmo os mais aplicados funcionários do clube, como Machado, por exemplo, e os porteiros. Como o Rio-Sul fica diante da sede de Venceslau Brás, quero que na segunda-feira, 23, o Botafogo fique deserto.

Temos, todos, que dar uma demonstração que nosso clube é rigorosamente o único a possuir as mais incríveis histórias desde a sua fundação, a 12 de agosto de 1904 – em plena época da vacinação obrigatória promovida por Osvaldo Cruz (1872-1917) e o bota-abaixo do prefeito Pereira Passos (1836-1913). Isso para não citar também a fusão com o Club de Regatas Botafogo, a oito de dezembro de 1942.

E para os botafoguenses mais apaixonados, uma última informação: o Botafogo de Futebol e Regatas, informal como sempre, usou pela primeira vez o escudo da estrela solitária a 19 de janeiro de 1943, num simples treino em General Severiano. Não é a cara do Botafogo? Claro que é.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Um clube para a história do futebol

O glorioso Botafogo de Futebol e Regatas é realmente um clube surpreendente. Surpreendente até para mim, que o acompanho apaixonadamente há mais de 60 anos, pelos mais diversos estádios do Brasil. Na tarde de domingo, no Engenhão, derrotou o Coritiba por 2 a 0, gols de Renato (foto do site oficial alvinegro) e Lúcio Flávio, e em São João Nepomuceno, graças à iniciativa do fanático botafoguense Marcelo Alves de Mendonça, prestou uma emocionante homenagem aos 50 anos da morte do eterno ídolo Heleno de Freitas. Tão atarefado em coordenar os eventos, Marcelo mal pôde assistir à vitória de seu clube do coração sobre o Coritiba, afastando-se um pouco mais da zona de rebaixamento, já frequentada por clubes de expressão do Brasil.

Às homenagens a Heleno de Freitas (1920-1959) foram prestadas, entre outros, por Luiz Eduardo de Freitas (filho único do craque), Bebeto de Freitas (primo) e ex-jogadores como Maurício, Mendonça, Nílson Dias e uma enorme presença de torcedores alvinegros que vivem na cidade.

Daqui deste espaço de meu blog, quero parabenizar Marcelo Alves de Mendonça pelo êxito obtido nas homenagens e pelo empenho que demonstrou para realizá-las com o maior êxito. Infelizmente, um compromisso cedo no Rio, na manhã de segunda-feira, dia nove, não pude estar presente. Mas guardo comigo, no fundo do coração, o fato de ser um dos raros botafoguenses que viu Heleno em ação em dois jogos do Campeonato de 1947.

Fora isso, no dia sete, à noite, pela ESPN Brasil, tracei um perfil do chamado ‘Craque Galã’, integrante moderado do famoso Clube dos Cafajestes e afilhado de casamento de Edu da Panair, morto prematuramente em 1950 pilotando seu Constellation na chegada a Porto Alegre.

Não há, podem apostar, clube no mundo que tenha as histórias do Botafogo de João Saldanha (1917-1990), Sandro Luciano Moreyra (1919-1987), Oldemário Touguinhó (1934-2002), Vinícius de Moraes (1913-1980), Augusto Frederico Shmidt (1906-1965), Santhiago Dantas (1911-1964) e do grande companheiro da Rádio Globo, Luiz Mendes, que simplesmente narrou a estréia de Heleno pelo Boca Juniors contra o Banfield em Buenos Aires, em 1948.

Eu, modestamente, sem o talento de todos que citei, tento manter a magia do Botafogo – o meu maior amor imaterial. Já escrevi (esgotado) ‘Botafogo – 101 anos de mitos e superstições’ e vou lançar agora, dia 24, na livraria Saraiva do Rio-Sul (só não sei a hora, ‘Botafogo – O Glorioso’, indicado para escrevê-lo pelo próprio presidente do clube, Maurício Assumpção, que escreve a contracapa. Quando souber a hora aviso a vocês todos, pois quero lotar a Saraiva com a torcida mais apaixonada de que se tem notícia.

Entre os que colaboraram no livro, com suas declarações de amor à estrela Solitária, estão Sérgio Augusto, Antônio Maria Filho, Nélson Paiva Paes Leme, Carlos Eduardo Novaes, Carlos Porto (meu irmão e projetista do Engenhão), Marcelo Anthony, Beth Carvalho e muitos outros dos quais, assim em cima da hora, não consigo me recordar.

Parabéns ao time, que soube superar o Coritiba, e a Marcelo Alves de Mendonça, organizador das homenagens a Heleno de Freitas que, amigo de João Saldanha, chegaram a alugar um quarto em cima de uma funerária em Copacabana. Existe um clube assim? Nunca, jamais em tempo algum, inclusive com campeões do mundo como Nílton Santos, Garrincha, Didi, Amarildo, Zagallo, Jairzinho, Roberto Miranda e Paulo César Lima.


(*) Na foto abaixo, em São João Nepomuceno estão, da esquerda para a direita, Bebeto de Freitas, Mendonça, Nílson Dias, Luiz Eduardo de Freitas, Maurício 89 e Marcelo Alves de Mendonça (coordenador)




quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O ‘Botafogo paraguaio’

(Créditos site do Botafogo Oficial)


É óbvio ululante, como diria meu ex-companheiro de redação Nélson Rodrigues (1912-1980), que os leitores deste meu alvinegro blog conhecem as expressões ‘cavalo paraguaio’ e ‘uísque paraguaio’. Mas na calorenta noite da última quarta-feira, em pleno Engenhão, todos ficaram conhecendo o’Botafogo paraguaio’. Faz tempo – não muito, claro – que eu não via um Botafogo tão mequetrefe como o que perdeu de 3 a 1 para o Cerro Portenho, depois de também ser derrotado por 2 a 1 em Assunção e, por consequência, ser bisonhamente eliminado da Copa Sul-Americana.

Agora eu pergunto: quantos de vocês, meus amigos e companheiros botafoguenses, terão coragem e disposição para ir novamente ao Engenhão estimular esse time – à beira de mais um rebaixamento – na partida contra o Coritiba? Eu, como diria o intelectual Kleber Leite, me incluo fora dessa. Não mais suporto ver o Botafogo pagar micos medonhos como o que pagou diante do não mais que modesto Cerro Portenho. E digo mais: logo após os primeiros minutos de jogo, sentado diante da televisão, percebi que o Botafogo não conseguiria vencer, jogando como jogou. Mas tomar um sacode de 3 a 1 foi demais para o meu visual, como costuma dizer o garotinho José Carlos Araújo. Não foi apenas uma derrota: foi um nocaute.

Ao invés de fingir-se de morto, fazendo com que o Cerro gostasse do jogo e abrisse espaços para contra-ataques, o Botafogo partiu para cima dos paraguaios desde o primeiro minuto, cometendo o erro primário de atacar sempre pelo meio, deixando André Lima cercado por pelo menos quatro zagueiros adversários. Não fosse a entrada (tardia) do garoto Jobson, pela extrema-direita, e não faríamos, com André Lima, um único e chorado escasso gol. Mas tomamos dois logo depois.

Eu me recordei do tempo em que Zagallo era jogador e, depois, técnico do time. Zagallo era matreiro, principalmente em jogos contra o Flamengo. O Botafogo ficava atrás, fingindo ser dominado e, de repente, com a massa rubro-negra empurrando o Simpaticíssimo, vinha o contra-ataque mortal, com Garrincha ou sem Garrincha. Não vou listar aqui as partidas a que assisti, diante do ‘Mais Querido’. Mas o Botafogo de Zagallo – jogador ou técnico, repito – não partia desesperadamente para cima do adversário, mesmo precisando da vitória a qualquer custo. É claro que sofreu uma ou duas derrotas, pois futebol não é matemática e nem sempre dois mais dois são quatro.

Mas o Botafogo de quarta-feira, pelo amor de meus netinhos, jogou pedra em santo e só não tomou de mais porque o goleiro Jefferson andou fazendo umas defesas milagrosas nos contra-ataques paraguaios. Agora, depois dos 15 mil pagantes de quarta-feira, fico imaginando como será nossa torcida num jogo de vida e de morte contra o Coritiba. Ninguém suporta tomar tantas porradas (perdoem o termo) seguidas.

Leandro Guerreiro fez falta? Claro que fez. Mas no esquema que o técnico (?) armou, não sei se faria diferença. Agora, confesso, espero pelo pior. E se voltarmos a desabar para a segunda divisão, não teremos, como já tivemos, o Palmeiras para nos ajudar. Com o elenco que tem, o Botafogo está mais perdido do que cego em tiroteio. E por mais que ame esse clube, há mais de seis décadas, meu pequeno otimismo foi para o espaço sideral.

O Botafogo, realmente, merece o apelido de ‘time paraguaio’, aquele que parece verdadeiro mas não é.

sábado, 31 de outubro de 2009

Seleção Brasileira de 50 dá adeus


Com a morte, ontem em Salvador, do zagueiro Juvenal Amarijo, não sobrou ninguém entre os titulares da amaldiçoada Seleção Brasileira que perdeu do Uruguai (2 a 1) a final da Copa do Mundo de 1950, no Maracanã. O time, escolhido pelo técnico-ditador Flávio Costa (1906-1999), que orientava o Vasco da Gama, era Moacir Barbosa (1921-2000), Augusto da Costa (1922-2004), Juvenal Amarijo (1923-2009) e João ‘Bigode’ Ferreira (1922-2003); Danilo Alvim (1921-1996) e José Carlos Bauer (1925-2007); Manoel ‘Maneca’ Marinho (1926-1961) ou Albino Friaça (1924-2008), Thomaz ‘Zizinho’ Soares da Silva (1921-2002), Ademir Menezes (1922-1996), Jair Rosa Pinto (1921-2006) e Francisco (‘Chico’) Aramburu (1923-1997).

Que todos descansem em paz é o que desejo sinceramente.

A foto que ilustra este triste blog mostra, pela ordem, no Maracanã lotado, de pé, da esquerda para a direita, Barbosa, Augusto, Juvenal, Bauer, Danilo, Bigode; agachados, na mesma ordem, Friaça (substituto de Maneca), Zizinho, Ademir, Jair e Chico. De todos eles, guardo na lembrança a figura risonha e sempre alegre de Ademir, que tinha uma coluna no jornal ‘O Dia’. Como não sabia escrever do ponto de vista jornalístico, Ademir contava um de seus casos para o excelente jornalista Hideki Takizawa, que verdadeiramente redigia a coluna – muito lida por sinal.

Eu não trabalhava na Editoria de Esportes de ‘O Dia’, mas me sentava ao lado, como responsável pelo noticiário nacional (política de Brasília) e internacional. E foi assim que fiz amizade com Ademir. O ‘Queixada’ logo percebeu que eu conhecia futebol e quando sua memória falhava, para relatar um fato novo a Hideki, apelava para mim, sem a menor cerimônia mas com uma incomensurável simpatia:

- Roberto, hoje estou com a memória fraca. Me conte uma história vivida por mim...

Nunca fui Vasco nem tampouco Fluminense (clube pela qual Ademir jogou em 1946 e 1947). Mas Ademir era um de meus ídolos pelo futebol e pelos gols que marcava. E muitas vezes o salvei relatando um de seus feitos, sempre afugentando a maldita derrota de 1950. Me recordo de que, certa ocasião, fiz com que Ademir passasse a Hideki uma história na concentração do Vasco, quando ele, de molecagem, encheu o prato de Heleno de Freitas (1920-1959) de cebolas. Heleno detestava cebolas e fez um pequeno escândalo, atirando o prato na parede.
Ademir adorou a lembrança.

Hoje, 59 anos depois da Copa de 1950, percebo que o Brasil jogou sempre errado. Não vou criticar os três zagueiros – Augusto, Juvenal e Bigode – porque era assim que se jogava na época. Mas os homens de meio-campo, Bauer, Danilo, Zizinho e Jair não marcavam rigorosamente ninguém. E tem mais: no esquema do ‘Professor’ Flávio Costa, o Brasil jogava com dois pontas abertos (Maneca ou Friaça) e um centroavante, Ademir, enfiado entre os zagueiros adversários. Resultado: ficava um enorme buraco entre Juvenal e Augusto e Juvenal e Bigode.

E vejam que Flávio Costa teve três oportunidades seguidas de enfrentar o mesmo Uruguai pela Copa Rio Branco. Perdeu o primeiro jogo no Pacaembu por 4 a 3, venceu apertado por 3 a 2 em São Januário e levantou o troféu com a magérrima vitória por 1 a 0, também em São Januário, tudo isso às vésperas da Copa do Mundo, já em 1950. Em poucas e resumidas palavras, Flávio sabia como o Uruguai jogava.

Por tudo isso, num curso que dei na UniverCidade sobre Jornalismo Esportivo, com o já falecido companheiro Fernando Horácio da Matta, custei a entender a frase de Zizinho aos alunos. Usando de rigorosa autenticidade, Zizinho disse o seguinte:

- Naquele 16 de julho de 1950, se eu pudesse escolher um time para jogar, optaria pelo do Uruguai...

Vida que segue. Sob as vistas de Mário Jorge Lobo Zagallo, que, soldado, fazia segurança do Exército nas tribunas do Maracanã, a Seleção Brasileira de 1950 já não mais existe.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Saudades de um grande ídolo


Infelizmente, só conheci Nílton Santos pessoalmente algum tempo depois dele encerrar sua brilhante carreira. Como homem de redação do meu sempre querido Jornal do Brasil, a cobertura do Botafogo pertencia ao repórter Sandro Luciano Moreyra (1910-1987) e, mais tarde, já no time bicampeão carioca (1967-1968) ao também repórter João Areosa Duarte. Ficamos amigos quase que por acaso. Numa resenha da antiga TV-E (hoje TV Brasil), declarei que o melhor jogador do Botafogo que vi jogar era ele, Nílton Santos. Certa vez, num jogo do Botafogo à noite, na saída do Maracanã, alguém me agarrou pelo braço e disse a seguinte frase:

- Agora, você não pode desmentir. Gravei tudo o que disse a meu respeito...

O cidadão que me segurou era simplesmente Nílton Santos.

Daí em diante foi uma festa. Encontramo-nos diversas vezes, dei carona a ele de uma solenidade na prefeitura (época de Luiz Paulo Conde) e chegamos a viajar juntos para São Paulo, onde ele seria entrevistado no programa ‘Bola da Vez’ da ESPN Brasil. Mas a mais emocionante de todas às vezes foi quando o Botafogo me chamou, em plena reunião do Conselho Deliberativo (do qual fiz parte por mais de 15 anos), para homenageá-lo. Veterano de tantas batalhas, com Nílton Santos sentado à minha frente, falei, recordei fatos de sua carreira, suas grandes vitórias no Botafogo e na Seleção Brasileira, mas acabei derrapando: como diria Nélson Rodrigues (1912-1980) chorei lágrimas de esguicho, o mesmo acontecendo com meu eterno ídolo e sua mulher, dona Célia. Foi rigorosamente impossível conter a emoção que me assaltou.

Não tive coragem de ir vê-lo no hospital. Tenho dois medos: a de tornar a me emocionar e a de Nílton Santos não me reconhecer. Por isso, foi com rigorosa surpresa que meu amigo e companheiro de profissão Maurício Thuswol, botafoguense como eu, me mandou a foto que ilustra este blog, de autoria do fotógrafo Rodrigo Queiroz (http://www.rodrigoqueiroz.art.br/) de um Nílton Santos, ainda com muita saúde, à beira de sua casa de praia, em Araruama. E não faz muito tempo que outro dos meus ídolos alvinegros, Otávio Sérgio de Moraes (1923-2009) me revelou que o apelido de Nílton Santos, entre eles, jogadores da época, era simplesmente ‘Caminhão’.

Nílton me contou a briga que teve com Heleno de Freitas (1920-1959), logo no primeiro coletivo do Glorioso, em 1948 (Heleno ainda ficaria uns meses em General Severiano e jogaria pelo menos oito partidas com Nílton Santos). Tudo aconteceu quando Nílton Santos, entre os reservas, deu seu famoso e lindo drible de corpo em Heleno e foi xingado pelo temperamental e fantástico centroavante (morto há 50 anos). Nílton Santos, sempre malandro, respondeu ao xingamento dizendo que quem sabia da vida de Heleno era Zizinho (1921-2002). Por pouco os dois não se atracaram. Quando Zizinho soube da discussão (sempre foi amigo de Nílton Santos), perguntou:

- Mas Nílton, por que você me colocou nessa história infeliz?

E Nílton respondeu de estalo:

- Porque você é meu amigo e foi o primeiro nome que veio à minha cabeça...

Dizer que não tenho gigantesca saudade de Nílton Santos seria uma mentira das grossas. Tenho sim, mais do que podia imaginar. Sinto até saudades do soco que ele deu em Armandinho Marques, em 1971, no Maracanã, trabalhando como supervisor do Botafogo. Nílton Santos atravessou o campo, depois de o Botafogo perder o título para o Atlético Mineiro (tinha que ganhar por três ou quatro a zero) e acertou Armando Marques numa foto feita por José Santos, de O Globo (foi Prêmio Esso).

Nílton Santos, hoje adoentado, pode ter certeza. Não mais precisa me segurar pelo braço nem gravar minha entrevista. Tenho certeza absoluta de que ele foi o maior jogador da história do meu tão amado Botafogo.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Os demolidores de estádios

Como os torcedores do Urubu são indivíduos de pouca leitura – com as raras e honrosas exceções de sempre – imaginam que o Engenhão seja propriedade particular do Botafogo de Futebol e Regatas, e não um bem público cedido ao alvinegro pelo prazo de 20 anos. Assim, desacostumados ao conforto e a instalações modernas, decidem quebrar tudo o que encontram pela frente. Foi assim que essa malta rubro-negra comportou-se no clássico Botafogo x Flamengo no último domingo. Esses bandidos, disfarçados de torcedores do Simpaticíssimo, quebraram tudo o que encontraram pela frente, como banheiros e cadeiras (foto). As latrinas, a que não estão acostumados, também foram quebradas, assim como torneiras e pias.

Pessoalmente – posso estar completamente equivocado – não acho que o Botafogo deveria receber essa súcia (bela palavra, não?) de malfeitores em outra partida no Engenhão. Quando o mando de campo voltar a ser do Botafogo, o clube deveria propor um local neutro, como São Januário ou (quem sabe?) Volta Redonda. Como o Urubu não tem estádio – aliás, tem, mas está caindo aos pedaços – quando tiver o mando de campo, sugiro o Aterro do Flamengo ou a área gramada do Jóquei Clube Brasileiro. Por sinal, o Jóquei não é bem o local indicado pois esses bandidos, que brigam entre si (só por brigar porque dinheiro ninguém tem) não sabem exatamente para que serve o belíssimo Jóquei Clube Brasileiro.

Retido em casa por razões de trabalho, escutei o jogo pela sempre alegre transmissão de José Carlos Araújo. E seus repórteres, todos eles competentes, antes da partida, já chamavam a atenção para o confronto entre as quadrilhas que formam as torcidas organizadas do Flamengo. Impressionada com o quebra-quebra, a repórter Maria Chuteira – inteligente e sensível, além de engraçada – estava disposta a dar uma geral nos banheiros. Alertada por José Carlos, ela disse que entraria nos banheiros masculinos acompanhada por soldados da PM a fim de não ser agredida.

Aliás, não é de hoje que os vândalos agem. Mesmo no Maracanã – outro estádio que pertence ao poder público – eles, os vândalos já chegaram a roubar latrinas para colocá-las em suas ‘mansões’. E, na avalanche que formam à esquerda das tribunas, quebraram a cerca de proteção e muitos caíram lá de cima nas gerais, por coincidência num Botafogo x Flamengo do Campeonato Brasileiro de 1992. Eu mesmo, numa atitude desassombrada, caí na besteira de levar meninos vascaínos e rubro-negros num Flamengo x Vasco no Maracanã. No final da partida, tive que me proteger dos tiros atrás de uma Kombi que vendia cachorros-quentes.

Em poucas e resumidas palavras, em qualquer jogo do Flamengo (contra os demais grandes do Rio) a chapa esquenta. E na saída dos estádios (falo mais do Maracanã), eles, os supostos torcedores, sobem no teto dos ônibus como se estivessem pegando surfe. E não há polícia que dê jeito nessa algazarra que, inúmeras vezes, já terminou com mortos, feridos e aprisionados. É o destino e pouco se pode fazer para impedir depredações, tumultos (entre eles próprios), assaltos, tiros e o diabo a quatro. E vejam vocês, meus leitores deste blog, que já assisti a inúmeros jogos entre Botafogo x Flamengo, em tempos mais remotos. E sempre me lembro de meu pai, rubro-negro decente, após um jogo Botafogo 5 x 0 Flamengo. Na saída do Maracanã, entristecido, meu pai me disse a seguinte frase inesquecível:

- Roberto, o juiz roubou para o Botafogo...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Estou cansado desse Botafogo

( crédito: site Oficial do Botafogo)


Os meus amigos alvinegros haverão de me perdoar. Mas não posso guardar isso em meu coração. Estou cansado de perder para o Flamengo – mas muito cansado mesmo. Domingo, quando Lúcio Flávio perdeu aquele pênalti, diante do idiota microcéfalo do Bruno, quase tive um peripaque. Estou cansado de ver a maior paixão imaterial da minha vida – são mais de seis décadas de amor pelo clube – estar na rabeira do Campeonato Brasileiro, disputando palmo a palmo a sorte de escapar da segunda divisão. Em poucas e resumidas palavras, como diria Hélio Fernandes, dono da Tribuna da Imprensa, onde trabalhei com afinco e dedicação, estou cansado do Botafogo. Sinceramente, hoje me arrependo de ter influenciado tanta gente para torcer pelo Glorioso. Glorioso de quê? De ser saco de pancadas dos medíocres?

Em anos brilhantes, cooptei o hoje saxofonista Mauro Senise (na época meu cunhado), meu filho Roby Porto e meus netos, João Jorge Vargas, meus primos Luiz Eduardo Couto Ribeiro e Maria Carmem Couto Ribeiro, e mais uma dezena de amigos e amigas até porque minha memória não é de ferro e não me recordo de todos eles. O fato, indiscutível é que estou cansado. Estou cansado de tomar goleadas de clubes medíocres, de ter permitido que o Urubu tenha conquistado o pentatri em cima do Botafogo e de sentir a tristeza de companheiros de jornalismo como Sérgio Cavalcanti, Luís Carlos Mello, Washington Rope, Haroldo Habib, Maurício Fonseca, Sérgio Augusto, Carlos Eduardo Novaes, Antônio Maria Filho, João Pedro Paes Leme, Luiz Fernando Lima, Mara Bentes, Eloir Maciel (felizmente este mora na Argentina) e meu amigo de infância, o engenheiro Luís Carlos Albuquerque.

Estou cansado de ver o meu Botafogo perder justamente no estádio (Engenhão) projetado pelo meu irmão Carlos Porto, botafoguense como eu, e de meu outro irmão, Maurício Porto, alvinegro roxo, mas tão roxo que só ouve jogo pelo rádio. Estou cansado de ver a tristeza da amiga Malu Cabral – sempre tão fiel e que coloca meus blogs na Internet – o abatimento de meu eterno companheiro César Oliveira e fico imaginando a sorte de outros que já se foram e já não podem ver esse Botafogo fajuto, como Sandro Moreira, João Saldanha, Otávio Name, Neivaldo Carvalho, Américo Pampolini Filho, Borjallo (o homem que inventou o plim-plim da Globo), Oldemário Vieira Touguinhó e tantos outros que cruzaram minha vida ao longo de tanto tempo.

Estou cansado dessa imitação que se denomina Botafogo.

Isso não quer dizer que vou abandonar o barco. Nada disso. A essa altura do campeonato, se o Botafogo afundar de vez, afundarei com ele. Mas de agora em diante não vou mais ao Engenhão (já que o Maracanã será fechado) e não mais escutarei jogos pelo rádio. Televisão? Nem pensar. Para assistir o quê? As roubalheiras? Os gols perdidos por atacantes que vestem a alvinegra linda? Sem chance. Esse Botafogo que aí está não é o meu Botafogo de outrora, quando Manga, às vésperas de jogos contra o Flamengo, gastava o dinheiro na feira dizendo que adversário era ‘bicho certo’.

Por favor, não me chamem de pessimista. Sou apenas realista. O Botafogo, na minha imaginação fértil, é uma espécie de mulher que amo de montão e que só me dá foras seguidos. Não tenho sangue da barata para viver assim. Serei Botafogo, repito, até o apito final, mas que estou cansado, isso estou. Cansado de montão.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Boa viagem, meu ídolo de infância

Um dos meu maiores ídolos de infância e juventude, Otávio Sérgio de Moraes (1923-2009), morreu ontem, segunda-feira, num hospital do Rio. Pelo que estou informado, tudo começou quando, idade avançada, ele levou um tombo em casa e fraturou o fêmur. Daí em diante seu estado só fez piorar e, por mais que sua família se esforçasse, o capitulo final chegou.

Infelizmente, só pude privar da intimidade dele, artilheiro e campeão de 1948, muito mais tarde, em festas e reuniões em Venceslau Brás. Sempre solícito e falastrão, jamais me escondeu nada. E me parabenizou por ter, em 1998, convencido o presidente Mauro Ney Palmeiro a organizar uma festa para comemorar os 50 anos da histórica conquista sobre o Vasco da Gama, em General Severiano. Paraguaio abriu o escore, Braguinha ampliou e no segundo tempo Otávio colocou 3 a 0 no placar. Numa jogada infeliz, Ávila, que aparece na foto, fixou o escore em 3 a 1. Foi o único título do Botafogo em General Severiano.

Numa entrevista que fiz com ele, ao lado do companheiro César Oliveira, em 2005, revelei que, garoto, desmaiei de emoção quando ele, de bicicleta, aos 37 minutos do segundo tempo, acertou uma bicicleta certeira no canto de Mão de Onça (no gol à direita das sociais), na suada vitória sobre o Bangu, em 1949. Otávio até me consolou. Disse que aquele gol matou do coração um torcedor alvinegro que estava atrás do gol e nem houve tempo para transportá-lo ao Hospital Rocha Maia, alí pertinho, atrás do gol à esquerda das tribunas sociais.

Conversamos dezenas de vezes. Falei até na Seleção Brasileira que, em 1949, conquistou o título do Campeonato Sul-Americano de 1949. Otávio, que era ponta-de-lança, me revelou que Flávio Costa – com seu habitual esquema ditatorial – o escalou de centroavante, posição que ele nunca jogara. O ataque jogava com Tesourinha, Zizinho, Otávio, Jair Rosa Pinto e Simão. Ora bolas, Otávio, com a camisa 10, era o ponta-lança que chegava para bater em gol as jogadas tramadas por Zizinho e Jair não tão criticada Diagonal. Não podia jogar com a camisa nove porque, definitivamente, ficava isolado entre os zagueiros adversários. Acabou barrado e irritado com Flávio Costa, que levou esse esquema furado até a Copa de 50.

Eu garoto, ainda tenho um botão com o nome Otávio, jogando na meia-esquerda, com Heleno avançado entre os zagueiros de meus adversários. E o meu Otávio era um de meus artilheiros, batendo em gol sempre que a bolinha sobrava na entrada da área. Otávio Sérgio foi titular do Botafogo até 1953 e me contou histórias incríveis. Uma delas, conhecida por poucos, era o apelido que eles deram a Nílton Santos: ‘Caminhão’. Outra, depois de Heleno provocar Osvaldo Baliza, que tomou um frango, Heleno virou-se para ele e perguntou na hora da nova saída do Botafogo:

-Tatá, estou de costas...O Baliza ainda está olhando para mim?

A foto que ilustra esta matéria é do Torneio Início de 1949, em Álvaro Chaves, que o Botafogo prestigiou, colocando seu time titular em campo. Lá estão, de pé, da esquerda para a direita, Juvenal Francisco Dias, Gérson dos Santos, Osvaldo Baliza, Nílton (Caminhão) dos Santos, Osvaldo Ávila e Rubinho; agachados, na mesma ordem: Edgídio (Paraguaio) Landolfi, Ephigênio (Geninho) Bahiense, Sílvio Pirillo, Otávio Sérgio de Moraes e Braguinha.

Que você faça boa viagem, Otávio, e que a terra lhe seja mais leve do que nunca.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Os que me ajudaram a escrever o livro

Antes de recomeçar a batalha do blog, faço a mais absoluta questão de agradecer àqueles que deram seu depoimento no meu livro, ‘Botafogo – O Glorioso’. São eles Carlos Porto (meu irmão e autor do projeto do Engenhão), Carlos Eduardo Novaes, Antônio Maria Filho,
Maurício Thuswohl, Bruno Porto (meu sobrinho atualmente em Xangai e analisando o escudo da estrela solitária como o melhor do mundo), Sérgio Augusto, Gabriel Góes Barreira, Luiz Fernando Maia, Sylvio Back, Leonel Ventorim de Jesus (direto de Lisboa), Luiz Carlos Melo, Nélson Paes Leme, Sérgio Cavalcanti, Roberto Sant’Anna, Maurício Fonseca, Ricardo Baresi, Haroldo Habib, Jorge Aurélio Dominguez, João Ignácio Muller, Marcos Penido, Marcos Sperli Garcia, Marcello Antony, Beth Carvalho, Rafael Almeida e Stepan Nercesian. Isso para não falar na orelha do livro, escrita por José Inácio Werneck, e a contracapa, pelo presidente do Botafogo, Maurício Assumpção.

É um excelente time, é ou não é?

O prefácio só podia ser de César (vai com acento) Oliveira, meu parceiro eterno.
São depoimentos emocionantes, podem apostar.

(*) A foto? Bem a foto foi escolhida porque gosto dela e foi após o gol de Roberto, em 1964, eliminando o ‘Mais Querido’ do Campeonato Carioca. Está bem escolhida, não está?

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Finalmente, eis o livro


Passei meses sem escrever um único e escasso blog. Mas tive razão para isso. A Editora Leitura, de Belo Horizonte, me encomendou um novo livro sobre o Botafogo. Foi um trabalhão, escrevendo matérias e colhendo depoimentos dos mais famosos botafoguenses que pude encontrar. O resultado está aí. Quando será lançado, não sei. Mas valeu a pena. Foi uma espécie de reencontro com meu querido clube, que passa por uma fase difícil, juntamente com o Fluminense. Mas haveremos de sair dessa incômoda posição. O Botafogo jamais se deixou abater e não será agora que isso ocorrerá. Por enquanto, faço questão de que os leitores deste blog sintam o que foi o meu trabalho, ajudado, nas entrevistas, pela jovem Camila Justino, aluna da PUC


* clicando em cimada foto, ela ficará ampliada para que possam vê-la melhor.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Este homem faz falta


Sigo batalhando o livro para a editora de BH. Estou concluindo.
Segurem mais um pouco que volto com força total. Mas que tal fazer uma homenagem a João Sem Medo (1917-1990), do sensacional Ique, botafoguense como nós e que ilustrou meu primeiro livro. Ique é sensacional
Roberto Porto

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Pausa para mais um livro

* Meu blog está momentaneamente estacionado – à Rua General Severiano, é claro – pois estou terminando de escrever mais um livro sobre a gloriosa história do Botafogo.

Trata-se de uma encomenda da Editora Leitura, de Belo Horizonte, e segundo de lá me informaram fui indicado pelo presidente alvinegro Maurício Assumpção.

O livro resume os caminhos do Botafogo de 1904 aos dias de hoje e tem depoimento de torcedores famosos, entre atores, escritores e jornalistas consagrados.

Pelo que sei, o livro fará parte de um kit, que terá um livreto infantil e outro chamado ‘Meu clube do coração’. Por isso, para completar o livro principal do Glorioso, voltarei com o blog assim que enviar os originais à editora.

domingo, 12 de julho de 2009

Botafogo e Roberto Carlos


O dia de sábado, pode-se dizer, foi feliz. À tarde-noite, o Botafogo, mesmo sem jogar a bola que todos nós gostamos, derrotou o Avaí e escapou, pelo menos momentaneamente, da lista dos quatro que serão rebaixados em 2010. E à noite, apesar da chuva, Roberto Carlos – não o jogador mas o cantor – empolgou o Maracanã com um belo show em homenagem a seus 50 anos de carreira. Não me considero um fã de Roberto Carlos, mas suas músicas sempre me remetem a tempos mais felizes e de menos responsabilidades. Foi, em sua maioria, o período em que trabalhei em Bloch Editores, trabalhando em diversas revistas e ganhando um dinheiro que me permitiu comprar meu primeiro carro, um Volkswagen.

É verdade que o Botafogo ganhou a partida em jogadas de bola parada e que, no segundo tempo, deixou um buraco na defesa, pelo lado direito, por onde um tal de Roberto deitou em rolou. Não sei como Ney Franco não percebeu a estratégia adversária. Graças a ela, tomamos um gol e não fosse a segura atuação do goleiro uruguaio Castillo, tomaríamos outros.

Particularmente, não gostei da dupla de ataque Victor Simões e André Lima. A rigor, os dois não levaram o menor perigo à defesa adversária. E Reinaldo, que entrou quase no final, não fez rigorosamente nada. É verdade que era sua primeira partida, após muito tempo. Mas está fora de forma.

Falta muito para que o Campeonato Brasileiro termine. Mas confesso que esse Botafogo está muito longe do Botafogo do Campeonato Carioca, mesmo derrotado nos pênaltis pelo Simpaticíssimo. Mas uma vitória – a segunda, apenas – não pode ser contestada.

Vamos ver o que o treinador vai fazer nos próximos jogos, até porque Victor Simões e André Lima não corresponderam como dupla de ataque. Um detalhe: gostei do uniforme preto (detesto o branco), até porque é ele que figura nos estatutos como segunda opção. Ou então o Botafogo cria um novo, cinza, talvez, para não repetir aquele branco medonho que usou no jogo contra o Atlético Mineiro.

Hoje, domingo, vou ficar por aqui. Estou na expectativa de escrever um novo livro sobre o Botafogo e isso tem me preocupado muito.

domingo, 5 de julho de 2009

Stallone está sendo sondado


Assim que soube da possibilidade da volta de Zé Roberto ao Botafogo, um dirigente do clube – não estou autorizado a revelar seu nome – telefonou para Hollywood e mandou chamar nada menos do que Silvester Stallone, o famoso Rambo. Por quê? Numa função remunerada, em reais, Stallone ficaria encarregado de tomar conta de Zé Roberto de manhã à noite.

Não seria uma operação cara, até porque Stallone teria, também, que vigiar Adriano, logicamente adentrando armado até os dentes na Vila Cruzeiro, reduto do famoso imperador daquele clube da Beira da Lagoa. As despesas seriam divididas e Zé Roberto e Adriano ficariam quietinhos.

Parece, porém, que Zé Roberto está fazendo um milhão de exigências. Num clube como o da Gávea, faltar aos treinos – alegando as mais variadas indisposições – não dá em nada. Se isso for verdade, o Simpaticíssimo terá que arcar com todas as despesas de Rambo em sua estada no Rio. Mas que Rambo já foi contatado, isso foi.

E como está um pouco fora de moda, ficou de estudar a proposta, primeiro a do Botafogo, depois a do clube da Gávea. Mas que seria curioso e interessante, isso seria. Imaginem Silvester Stallone, armado até os dentes, no túnel do Botafogo ou do Flamengo?

Outro clube que está interessado em Stallone é o São Paulo. Ronaldo Fenômeno não está suportando o clima de prisão a ele imposto pelo clube paulistano e ninguém se espantará se ele, Ronalducho, não aprontar uma das suas, fugindo da concentração e se instalando na night.

Por sorte, pura sorte, Stallone não pegou Garrincha em plena forma de escapar das concentrações. Pelo que sei, através de depoimentos de seus companheiros, ele só se segurava na Seleção Brasileira. Mesmo assim, conseguiu o feito de fazer um filho numa sueca – o rapaz é a cara dele. No Botafogo, então, era uma festa.

Hoje vou ficar por aqui depois do empate de 1 a 1 com o Galo. O Botafogo até que jogou bem, mas não tem ataque. E sem ataque, tem que contar com as faltas cobradas por Juninho, como aconteceu no Mineirão. Mas o resultado não foi de todo ruim, diante de uma multidão no Mineirão.

Agora, um detalhe: durante todo o jogo – a que assisti pela televisão – toda hora confundia os jogadores do Atlético, com a camisa alvinegra, com os do Botafogo, com um bisonho uniforme branco. Será que vai ser sempre assim? E o uniforme cinza que estava sendo bolado?

O Botafogo tem que ter um terceiro uniforme. Todo de branco confunde seus já sofridos torcedores. Estou ou não com a razão?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Seleção salvou meu final de semana

A essa altura do Campeonato Brasileiro, ocupando o último lugar e com dois jogos fora para fazer, o que eu vou dizer a respeito do outrora glorioso Botafogo de Futebol e Regatas. A surra que o time tomou do Goiás em pleno Engenhão (4 a 1) me colocou a nocaute. O clube, como havia previsto em blogs anteriores, está no fundo do poço e – me parece – sem qualquer chance de reagir.

A segunda divisão está à vista e, dessa vez, pelo que percebo, o Botafogo não terá uma espécie de Palmeiras para ajudá-lo a recuperar sua posição entre os 20 da primeira divisão. Uma lástima.

Prefiro escrever sobre a Seleção Brasileira (foto) que conquistou uma vez mais, agora na África do Sul, o título de campeã da Copa das Confederações. É claro que os Estados Unidos não representam um adversário de respeito e tradição. Mas, em razão do andamento da partida, foi uma vitória heróica.

Perdendo de 2 a 0 no primeiro tempo, chegar aos 3 a 2 foi um feito espetacular. Particularmente, fiquei satisfeito que o gol da vitória foi de Lúcio, o capitão do time, um dos que envergam a camisa verde e amarela com maior empenho, coragem, dedicação e amor.

É verdade que o primeiro gol de Luís Fabiano, antes do primeiro minuto do segundo tempo, ajudou muito. Os americanos tomaram um susto e a partir daí o Brasil tomou conta da partida. Quase ao final, eu já estava esperando pela prorrogação – o que já seria um feito – mas Lúcio, após a cobrança de escanteio, foi preciso na cabeçada fatal.
E vejam que o goleiro americano, para surpresa minha, esteve muito bem o tempo todo, inclusive usando de malandragem na bola que entrou e ele enganou juiz e bandeirinha. Os jornais esportivos do mundo devem estar boquiabertos com o surgimento dos pentacampeões mundiais e tricampeões da Confederação.

A vitória sobre os Estados Unidos, da maneira como ocorreu, salvou meu final de semana, que estava liquidado com a goleada que o Botafogo tomou. E agora, o que fazer? Honestamente, não sei. Fico imaginando o jogo do returno, quando o Botafogo terá que ir ao Serra Dourada, carregando em seu currículo o espancamento que tomou em casa.

E digo a vocês, leitores, que de agora em diante não mais falo do alvinegro no Brasileiro. Não terei o que dizer. Prefiro voltar às minhas histórias de tempos mais gloriosos, que muitos gostam de ler para saber do verdadeiro e autêntico Botafogo – que não é esse que se arrasta na lanterna.

Hoje, especialmente, hoje, em razão das circunstâncias, meu blog é menor. Estou chocado com o placar de 4 a 1. Pode ser – não acredito – que o time reaja, mas acho isso muito difícil. Depois tentam negar a frase de que há coisas que só acontecem ao Botafogo. Mas ela é rigorosamente autêntica.