quinta-feira, 27 de maio de 2010

Mané, Gérson e Didi juntos


No blog abaixo, postado pela alvinegra Malu Cabral, mostrei aos torcedores do Glorioso que Garrincha e Gérson haviam jogado juntos no Botafogo. Desta vez, vou mais além e, de meu arquivo, demonstro que não apenas Garrincha e Gérson atuaram juntos como Didi esteve com os dois, numa excursão ao Peru em 1964. Na foto, meio estranha, admito (Manga está esquisito), aparecem de pé Ademar, Élton, Manga, Zé Carlos, Paulistinha e Rildo (Nílton Santos já estava prestes a parar); e agachados, Garrincha, Gérson, Didi, Jairzinho e Roberto, nosso guerreiro na época.

Na prática, o time jogava com Manga, Ademar (improvisado), Zé Carlos, Paulistinha e Rildo; Élton, Gérson e Didi; Garrincha, Jairzinho e Roberto. Foi uma das últimas apresentações de Didi com a camisa da estrela solitária, pois logo depois ele se transferiria para o Peru (foi técnico da Seleção Peruana na Copa de 1970). Em suas andanças por tantos clubes, Mestre Didi – o homem da folha seca – esteve no Real Madri, voltou ao Botafogo, chegou a fazer alguns jogos em 1962, foi para Lima, retornou ao Botafogo e, por fim, fixou-se em definitivo na capital peruana.

Contratado ao Flamengo em fins de 1963, com o dinheiro da venda do passe de Amarildo ao Milan (Cr$ 150 milhões), Gérson só pôde disputar o Campeonato Carioca de 1964 pelo Botafogo, pois já havia atuado pelo Clube da Beira da Lagoa em 1963, sendo, inclusive, um dos campeões cariocas pelo Tinhoso. Mas foi uma pena. Garrincha estava com os joelhos em pandarecos (perdoem o termo), Didi só queria trocar de clube e restaram, como grandes revelações, Jairzinho e Roberto. O ataque bicampeão de 1967-1968, inclusive, era formado por Rogério Ventilador, Jairzinho e Roberto, com Carlos Roberto, Gérson e Paulo César no meio-campo.

Depois dessa viagem no tempo – que gosto de fazer para mostrar aos jovens por que o Botafogo é o líder em convocações (46) para as seleções brasileiras – volto aos dias de hoje para discordar totalmente de Papai Joel, que disse que o Botafogo fez, contra o Cruzeiro, no Mineirão, uma de suas melhores exibições. Sei que jogamos sem Herrera e Caio (dois bobos trocando empurrões e entrando para o folclore do clube), mas, francamente, Renato Cajá e Edno nada fizeram. Renato Cajá, inclusive, cobrou um pênalti lamentável, no momento em que o Botafogo poderia empatar o jogo, no finalzinho do primeiro tempo. Em resumo. O clube não tem elenco à altura.

De todos, sinceramente, só gostei de Somália, que O Globo, injustamente, deu nota cinco. E, para não dizer que me omiti, o garoto Alex mostrou qualidades. Os demais, fora Cajá e Edno, jogaram o feijão-com-arroz. Falta de sorte, mesmo, teve Alessandro, que teve o empate nos pés, já nos acréscimos, e chutou o empate para fora. Mas temos que reconhecer que o Cruzeiro tem um bom toque de bola e chegou a dominar o Botafogo por um bom tempo. Só não criou chances de gol, a não ser a que significou a nossa derrota, ainda no primeiro tempo. Estávamos invictos há oito jogos e perdemos uma boa marca e nosso lugar entre os quatro primeiros. De bom, mesmo, só a notícia de que Adriano da Chatuba vai deixar o Tinhoso para fazer suas farras em Roma. Nem o Urubu, que é uma bagunça geral, aturou um jogador como ele.

Que vá para sempre, Adriano...

Um Botafogo da pesada


Muitos torcedores do Botafogo me perguntam se Garrincha e Gérson chegaram a jogar juntos. E aí, nesta foto, tomada no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, está uma prova. O time é o de 64 – antes da despedida de Nílton e da venda de Garrincha ao Corinthians – e está assim formado: de pé, Joel Martins, Élton, Manga, Nílton Santos, Paulistinha e Rildo; agachados, Garrincha, Gérson (de cabeça abaixada e flâmula na mão), Barcímio Sicupira, Jairzinho e Zagallo.

Na prática, em campo, a equipe, que venceu o River Plate por 4 a 3, jogava com Manga, Joel Martins, Paulistinha (improvisado), Nílton Santos e Rildo; Élton, Gérson e Zagallo; Garrincha, Sicupira e Jairzinho. E Gérson, hoje consagrado comentarista da Rádio Globo, também atuou com Didi, quando este retornou de sua aventura no Real Madri, de Di Stéfano, em 1962, pouco antes do Mundial do Chile. Didi, por sinal, estava louco para enfrentar o argentino naturalizado espanhol, no Brasil x Espanha, mas, só teve o gostinho de derrotar o húngaro Ferenc Puskas, também naturalizado.

Puskas, por sinal, era um sujeito boa praça. Tive a rara oportunidade de conversar com ele, em Madri, em 1965, à porta do hotel onde estavam hospedadas as jogadoras de basquete do Brasil, que enfrentariam as da então Tchecoslováquia, numa exibição para os membros do Comitê Olímpico Internacional. Quem participou do bate-papo foi o ex-jogador do Clube da Beira da Lagoa, Espanhol, chamado de Ufarte, na Espanha. É óbvio que não pude deixar de falar com Espanhol sobre a final Botafogo 3 x 0 Flamengo, no Campeonato Carioca de 1962. Espanhol substituiu Joel.

Mas não há dúvida de que este time do Botafogo, mesmo com Paulistinha jogando de zagueiro-central, era forte, tanto que superou o River Plate. De estranho apenas a presença de Sicupira no ataque, num lugar que, no mesmo ano, no Campeonato Carioca de 1964, foi ocupado por Roberto, um verdadeiro guerreiro.

O ano de 1964, além de marcar a despedida de Nílton Santos do Maracanã, marcou também um fato na época corriqueiro. No jogo do returno, o Botafogo venceu o Urubu por 1 a 0 – gol de cabeça de Roberto, após um passe do lateral-direito Mura – e deixou o título para ser decidido apenas por Fluminense e Bangu. O Botafogo, por sinal, como fez agora em 2010, já havia evitado o desejado tetracampeonato do Clube da Beira da Lagoa, em 1956, vencendo no turno por 5 a 0 e, no returno, por 1 a 0, entregando de mão beijada o título máximo ao Vasco da Gama.

Na época, por sinal, Botafogo e Vasco estavam de relações rompidas, oficialmente, porque os dirigentes do alvinegro desconfiaram seriamente de que alguns jogadores do Glorioso fizeram corpo mole. Sei muito bem quais foram eles, mas não tenho provas. Sei apenas que foi feita uma tremenda injustiça com Bob (Robert James Neil), afastado do clube para sempre por Renato Estelita.

Bob, já falecido, me confessou certa vez, na redação do Jornal dos Sports, que foi acusado de ter sido subornado pelo então ator botafoguense Raul Roulien. E Estelita acreditou. Mas creiam, os leitores deste blog, que Bob era inocente. Os verdadeiros culpados (e sei seus nomes) nunca foram punidos. O Botafogo perdeu de 3 a 2.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Império do Mal ataca na Itália


Parece que, finalmente, o futebol brasileiro ficará livre de Adriano, um dos integrantes do ‘urubules-manhosus’, nome científico descoberto pelo leitor Zatônio, que me dá a hora de seguir meu alvinegro blog. Particularmente, acho que ainda há no Clube da Beira da Lagoa outros elementos que deveriam ser defenestrados porque não querem nada com a hora do Brasil. Resta saber se Adriano – quase tão gordo como Ronalducho, do Corinthians, levará com ele sua ‘namorada’ Joana Machado (tinha que ser loura) para a Itália (foto dos dois aí no alto). Joana Machado é aquela ‘senhorita’ que Adriano mandou amarrar numa árvore na favela da Chatuba, porque, aos gritos e apedrejamentos, estava chamando a polícia contra os traficantes da área.

O Clube da Beira da Lagoa, que adotou o uniforme do ‘Tabajara Futebol Clube’, do programa da Globo ‘Casseta & Planeta’, está tentando levantar a cabeça depois de perder o tetra para o Botafogo de Futebol e Regatas, a 18 de abril, e ser eliminado em Santiago da Taça Libertadores pelo modesto Universidade do Chile. Aliás, uma observação: o comentarista Júnior, ao tentar justificar a derrota do CBL para o Botafogo, disse em alto e bom som que o time do Tabajara estava focado apenas na Taça Libertadores. E agora, sem Adriano, qual será o foco do urubules-manhosus?

Bruno Microcéfalo já deixou claro que quer largar o clube. Outro que acha que deveria abandonar a UPP da Gávea é o índio sioux Leonardo Moura. Mas deve haver outros que querem dar no pé da bagunça que está atormentando a bem intencionada Patrícia Amorim, presidente do crube. No jogo do crube contra um time do qual não me recordo o nome, pelo Campeonato Brasileiro, os poucos esforçados que foram ao Maracanã queriam mesmo é apedrejar o time. O que fazer de agora em diante, sem a folclórica figura do Imperador do Mal? Vágner Love já está na lista negra, depois que foi flagrado num baile funk na Rocinha, protegido pelos fuzis dos traficantes. A solução, ao que me parece, é a reformulação total do elenco após os fracassos.

Mas o que mais me impressionou nos últimos tempos – sou obrigado a confessar – foi a medonha camisa amarela e azul que o CBL usou outro dia. Quem terá tido essa idéia? Pelo que me consta, o CBL, desde que foi fundado, sempre usou a famosa camisa de encruzilhada nas competições de remo – no início do Século 20. Depois, com a chegada dos nove tricolores e a criação do departamento de futebol, veio a camisa cobra coral, com uma fina faixa branca para não misturar com o remo. Mas amarelo e azul, juro, nunca tinha visto. E as meias? Quem será o culpado? Tenho a mais absoluta certeza de que os próprios torcedores do urubules-manhosus ficaram assustados. Aliás, o escudo do remo, bonito por sinal, é vermelho e preto.

Bem, já o CBL não está mais focado na Taça Libertadores, vou parar por aqui. Admito que é um esforço descomunal falar nas mazelas do velho crube da Praia do Pinto. Mas não poderia deixar passar em branco a saída do Imperador do Mal, supostamente para a Itália. Será que lá, em Roma, provavelmente, haverá favelas para que o Imperador se abrigue quando não estiver disposto a treinar? Já estive por lá, várias vezes, e nunca vi uma. Pode ser que o Imperador alugue uma casa velha no bairro de Trastevere – onde calçadas não existem – e se esconda por lá. Quem sabe? E será que a loura vai topar essa pobreza? Só o futuro nos dirá.

domingo, 23 de maio de 2010

Uma leitora mais do que especial


Recebi de Manoela Pagotto, bela jovem e sorridente leitora capixaba (na foto com o pai e o irmão), um texto caprichado relembrando o dia de seu aniversário (apenas 23 anos). Botafoguense fanática e supersticiosa, não posso deixar de publicá-lo, até porque prova que o alvinegro de General Severiano é querido e amado por esse Brasil imenso. Ela conta a felicidade conquistada a 18 de abril, dia em que o Glorioso se sagrou campeão de 2010. Alegria imensa para ela e para toda a sua família que, vez por outra, vem ao Rio apenas para assistir aos jogos do Botafogo. Embora atrasado, dou a Manu (apelido carinhoso que ela incorporou) os meus parabéns. A ela e toda a patota que integra a família Pagotto, de Vitória, Espírito Santo.

Mas não posso deixar de passar em branco o triste espetáculo proporcionado pelo argentino Herrera e pelo também jovem Caio Talismã na partida contra o Goiás, no Engenhão, supostamente a casa do Botafogo. E agora? Se os dois forem suspensos (e nós alvinegros não podemos reclamar), como será formado nosso ataque, já que Loco Abreu já se apresentou à Seleção do Uruguai? Será que teremos que convocar Amarildo e Donizete, que já abandonaram o futebol? Será que vamos tomar o caminho ladeira abaixo – como já aconteceu tantas e tantas vezes?

Eu acho, querida Manu, que o Botafogo não sabe conviver com o sucesso. As vitórias e as conquistas parecem que deixam o Glorioso meio idiotizado (talvez mascarado) e o triste espetáculo diante do modesto Goiás é uma prova disso. Não conheci Augusto Frederico Schmidt, mas ele, certa vez, disse que o Botafogo tinha a vocação do erro. Mas trabalhei ao lado de João Saldanha, que conhecendo o alvinegro na palma da mão, confessou um dia, no Jornal do Brasil, que o Botafogo era apenas um campo e duas balizas. Será, Manu, será? Eu que conheço o meu amado clube muitos anos antes de você nascer, temo, sinceramente, que os dois estejam certos.

Mas não baixe a cabeça. Certamente, com sua paixão e superstição, você, Manu, talvez consiga mudar o rumo desse barco chamado Botafogo de Futebol e Regatas. Você e sua família não merecem esse Glorioso meio doido, incapaz de conviver com vitórias consecutivas. E olhe, jovem capixaba, que não foi a primeira vez que isso aconteceu. Num passado distante, na década de 50, justamente na estréia de Quarentinha – nosso maior artilheiro – o centroavante Carlyle, do Glorioso, foi expulso de campo porque xingou Garrincha. E sabe quanto foi o jogo? Botafogo 5 x 1 São Paulo. É ou não é um absurdo? É por isso que dizem por aí que há coisas que só acontecem ao Botafogo. Luto contra isso, mas o Botafogo não colabora, certo?

Abaixo vai o belo texto que você (com jeitão de jornalista) escreveu sobre o dia de seu aniversário. Tomara que ao publicá-lo, consiga sorte para nosso clube.

O tal 18 de abril de 2010...

O dia do aniversário nunca é um dia comum. Mesmo que não faça uma festa ou algum tipo de comemoração, você acorda diferente. É como se aquele dia fosse o “seu dia”.

Nasci no dia 18 de abril e todos os anos, ao longo dos meus poucos 23, o dia 18 de abril é por mim comemorado e vivido como um dia especial. Mas foi apenas no dia 18 de abril de 2010 que tive a exata noção do que é um verdadeiro “dia especial”.

Se há uma paixão que nunca passa em minha vida, digo, sem medo de errar, ela se chama Botafogo. Digo paixão mesmo, pois é arrebatadora, intensa e cheia de fortes emoções. Não esfria, não cansa, nunca cai na rotina. É incondicional e intransferível, algo realmente especial.

No dia 10 de abril de 2010 o Botafogo entrava em campo para disputar sua segunda semifinal do ano contra o Fluminense. Jogo sofrido, amarrado, difícil, mas vencido com muita garra e dedicação: 3 a 2. Estávamos lá. O Botafogo acabava de carimbar sua passagem para a final da Taça Rio, e mais: uma simples vitória no próximo jogo daria ao clube o título de Campeão Carioca.

A família fez festa, gritou, comemorou. Tudo indicava que seria contra eles, pela quarta vez, após uma sucessão de maus resultados nos últimos três anos. Sim , o Flamengo confirmou o favoritismo e se classificou para a disputa final com o Botafogo. Tensão no ar. Eles mais uma vez. Passava um filme na minha cabeça de todo o sofrimento dos anos anteriores, me volto para aquela época, aqueles jogos, aqueles gols...até que subitamente sou interrompida com um comentário feito por minha mãe: “Vai ser no dia do seu aniversário...”

Sim, de fato. O grande dia, a nossa chance de redenção, o dia mais especial da minha vida seria naquele dia que para mim já é especial: o dia do meu aniversário. As palavras da minha mãe penetraram na minha alma e eu só conseguia pensar em uma coisa: “vai ser nesse dia”. Para mim, como toda boa botafoguense supersticiosa, era coincidência demais as duas coisas acontecerem ao mesmo tempo, isso jamais acontecera antes...tinha que ser, só podia ser...seria o meu maior presente, a maior alegria, seria o tal 18 de abril de 2010...

E foi. Indescritível, indecifrável. A palavra especial em toda a sua plenitude de sentidos. Não me lembro como foram todos os meus aniversários até hoje, mas, com toda a certeza, o dia 18 de abril de 2010 jamais será esquecido. De forma indiscutível o time que até então era considerado a quarta força do Rio, encerrava um campeonato que, normalmente, teria ainda mais dois jogos finais. O Botafogo foi o Botafogo. Eu fui o Botafogo. E todo torcedor naquele dia foi o Botafogo. Talvez você não saiba o que isso significa. Pois é, meu amigo, só quem nasceu com uma estrela ostentada no peito sabe a “dor e a delícia” de ser botafoguense.

Manoela Pagotto.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Tinhoso se acostuma ao chororô


Confesso a vocês, leitores deste meu alvinegro blog, que, a princípio, estava disposto a torcer pelo Tinhoso na partida de Santiago. Mas antes de a partida começar, me lembrei que tenho no Chile uma amiga da amiga de minha tia que vive no país Andino. Aí não houve jeito: dei pulos de alegria quando o jogo terminou e o Tinhoso foi eliminado (ou abatido a tiros) da Taça Libertadores, mesmo vencendo o time da Universidade do Chile por 2 a 1. Não tive a menor pena do mascarado Bruno (também conhecido por microcéfalo), Adriano da Chatuba, Vágner da Rocinha, Juanito das Candongas e todos os demais jogadores, técnicos, dirigentes e torcedores do clube da camisa de encruzilhada. Pela segunda vez, o Tinhoso chorou. Que bom.

A amiga da amiga de minha tia – que vive no Chile mas é alvinegra – deve ter ficado feliz com o resultado do jogo. Para ser sincero, o Tinhoso não fez uma má exibição. Jogou o que sabe jogar e suou a medonha camisa de encruzilhada. Mas aí é que está a alegria insuperável de seus adversários, principalmente os integrantes da torcida do Glorioso. Mesmo vencendo, perdeu. E foi fuzilado por um time bisonho, que não soube aproveitar o fator campo para dar uma surra no adversário. Que alegria ao ver o São Paulo, o Internacional, o Universidade e Chivas Reagal, do México, nas semifinais da Taça Libertadores. E a pretensão do Tinhoso foi por água abaixo.

O Tinhoso (ou Clube da Beira da Lagoa, como quiserem) mal tinha se recuperado da derrota para o Glorioso – que impediu uma vez mais o seu tetracampeonato carioca – e voltou a chorar lágrimas de esguicho, como diria o tricolor Nélson Rodrigues, só que dessa vez na capital chilena. E agora, diante do ocorrido, não há mais desculpas para que a polícia não instale uma unidade de UPP na Gávea. Afinal de contas, Adriano da Chatuba e Vágner da Rocinha, com suas trancinhas ridículas, vão seguir com suas operações secretas, amarrando jovens nas árvores ou freqüentando bailes funks protegidos por traficantes. Só Patrícia Amorim não merecia esse martírio.

Na Argentina, ali ao lado, o Internacional marcou seu gol salvador, no finalzinho da partida, graças à histérica torcida local. Quando o jogo estava acabando, os portenhos, sempre mascarados, começaram a jogar foguetes de fumaça dentro de campo, para comemorar a classificação do Estudiantes de La Plata. Mas foram tão pouco inteligentes que formaram uma cortina de fumaça justamente onde estava o goleiro de seu clube. Pronto: naquela penumbra, quando não se enxergava nada, o Inter marcou o gol de sua classificação, deixando os torcedores locais sem saber o que fazer. Foram comemorar antes do tempo e a fumaça se encarregou de liquidá-los.

Com os resultados da rodada da Libertadores, é certo que um clube brasileiro – felizmente não será o Tinhoso – estará na decisão do Mundial de Clubes. Por quê? Porque o Chivas Reagal é do México e não pertence à Conmebol. Assim, Inter ou São Paulo estarão em Tóquio disputando o título mundial contra o vencedor de Bayern de Munique e Internazionale de Milão. Aí, sim, sem o Tinhoso chorão, vou torcer pelo Brasil, seja São Paulo ou Inter de Porto Alegre. O que tinha de ser feito já foi feito: ou seja, em poucas e resumidas palavras, a eliminação do Tinhoso no Chile.

Que alegria...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Um momento inesquecível


Confesso a vocês que não marquei nenhum gol (nem contra nem a favor), não bati uma falta ou pênalti, não cobrei um escanteio e nem fui o autor intelectual de um único e escasso gol a favor do Botafogo de Futebol e Regatas, minha maior e inexcedível paixão imaterial. Mas graças a um convite do presidente do clube Maurício Assumpção e a gentileza da jovem fotógrafa Maria Júlia Cancella – do departamento de marketing alvinegro – consegui esta extraordinária foto que me dá, ao menos, um pouco da sensação de campeão carioca de 2010, juntando as Taças Guanabara e Rio. Fiz o que pude. Nos estádios, nas televisões ou mesmo nas rádios, torcendo fervorosamente por esse clube extraordinário que conheci aos três anos.

Claro que, como jornalista, lutei à minha maneira, escrevendo livros (três ao todo), postando blogs com a ajuda da botafoguense Malu Cabral, e defendendo, sempre que pude, o meu Botafogo nos programas da ESPN Brasil. Sei que é pouco, mas era o que estava a meu alcance. Num passado distante, recusei um convite do célebre Neném Prancha para jogar de zagueiro-central pelo Glorioso. Mas não tinha tempo. Por mais que amasse o Botafogo, a Faculdade Nacional de Direito, primeiro, e o Jornalismo, depois, consumiram minha juventude e a oportunidade de vestir a mais linda camisa do mundo. Mas são coisas da vida, embora dessa chance me arrependa.

A rigor, confesso, larguei o Direito e me dediquei ao Jornalismo por causa do Botafogo. Era uma maneira, na Editoria de Esportes do Jornal do Brasil, de estar mais perto dele, Botafogo, escrevendo sobre ele, e indo aos jogos com Sandro Moreyra, João Saldanha e Salim Simão (que mal aparece) na bela caricatura do botafoguense Ique no alto do blog. E, muitas vezes, sob o comando do também alvinegro Oldemário Touguinhó, tive a honra de cobrir o clube para o JB nas folgas de Sandro. Consegui, assim, me aproximar do clube que amo. E mais: fiz de meu filho, Roby, e de meu neto, Rafael, meus sucessores na execrável hora de tirar meu time de campo.

Por tudo isso, mesmo sem o merecimento devido, solicitei que Maria Júlia fizesse a foto que ilustra este meu blog. Queria, de qualquer jeito, chegar perto dos troféus conquistados por Papai Joel e os jogadores, numa final inesquecível contra o Flamengo (ou Clube da Beira da Lagoa, como costumo denominá-lo). E ainda mais: sou supersticioso mas não tenho religião. Minha religião está em General Severiano. Mas sou chegado a premonições. E achava que 2010 era o nosso ano, para honrar aqueles campeões de 1910, que fizeram Lamartine Babo, em 1949, dar ao Botafogo o título de Glorioso. E falei sobre isso no programa do qual faço parte na ESPN.

Em poucas e resumidas palavras, o ano de 2010 me deixou realizado. E detalhe: ainda ganhei a faixa de campeão que aparece na foto. Imerecida? Talvez. Muitos e muitos botafoguenses a mereciam mais do que eu. Meus irmãos Carlos e Maurício, por exemplo, meu filho, Roby, ou meus sobrinhos Pedro e Bruno, todos Porto como eu. Bruno, por acaso, é professor de design em Xangai e lá fundou a Xangai-Fogo. Disse-me, não sei se é verdade, que a torcida fundada por ele já tem três milhões de adeptos. Mas Bruno é exagerado. Mas que a bandeira da estrela solitária tremula num mastro diante de sua casa, na China, é ponto pacífico. Se os chineses entendem, não sei. Mas que ele vai acabar convencendo um bom número de vizinhos, isso vai.

Para terminar por hoje, só por hoje, como dizia Hélio Fernandes na Tribuna da Imprensa, peço desculpas aos que me acompanham aqui neste blog. Mas não resisti. Pela primeira vez em tanto tempo decidi colocar minha foto com as taças. Obrigado, Maurício, obrigado meu velho amigo Márcio Tavares e obrigado à linda jovem Maria Júlia. Prometo que não peço mais nada a vocês. Estou realizado.

Botafogo para sempre...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Obrigado, Nílton dos Santos


Nílton dos Santos completou 85 anos no último dia 16, enquanto o Botafogo derrotava o São Paulo no Morumbi. Muitos de seus antigos companheiros foram visitá-lo na clínica onde ele está internado. Eu podia, perfeitamente, publicar uma foto do Nílton atual. Mas prefiro esta, tomada a bordo do Comte Grande, na travessia do Atlântico, da Itália para o Brasil, em 1955. Por quê? Porque para mim Nílton será sempre assim, campeão do mundo e campeão pelo meu Botafogo do coração. Infelizmente, só pude privar da intimidade de meu ídolo depois que ele abandonou o futebol e, nos treinos em General Severiano, fazia competição de domínio de bola com Marinho Chagas, no início da década de 70. Mas valeu a pena. Tanto vê-lo jogar como tê-lo como amigo, me contando histórias de seu tempo no Glorioso alvinegro.

Pessoalmente, acho que ele começou tarde sua carreira (22 anos), em 1948. E, curiosamente, foi campeão invicto. Na única derrota do time, na estréia contra o São Cristóvão, ele jogou entre os reservas. E jogou de má vontade porque, segundo me disse, sua vocação era ser ponteiro-esquerdo. Mas Carlito Rocha não deixou ou teve uma premonição. Disse a Nílton que ele seria o melhor do mundo como lateral. E estava certo. A FIFA o escalou no mais fantástico time do Século 20 – o Botafogo foi o 12º colocado. A rigor, pelo que conversamos durante anos, ele só teve bronca de dois indivíduos: Heleno de Freitas e Armando Marques. E teve suas razões.

Entre as melhores histórias de Nílton está a amizade que fez com Didi, quando este ainda era do Fluminense. Nílton, iniciando a carreira, não tinha carro e estava subindo a pé a Rua Cândido Mendes, em direção, digamos assim, a uma famosa ‘casa de saliências’. Foi quando Didi passou de automóvel e lhe deu uma carona. Didi também era chegado às ‘saliências’. Em 1954, na Suíça, Zezé Moreyra não permitiu que Didi desse um pulo a Lausanne para encontrar Guiomar. Com raiva, fez greve de fome. Mas Nílton, sabendo do valor de Didi para o time, levava comida escondida para o quarto do amigo. Quando Didi foi para o Botafogo, em 56, a amizade cresceu.

A história dessa foto na murada do Comte Grande é curiosa. Quando o Botafogo jogou em Turim, um débil mental levou os jogadores para a catedral, na torre da qual o avião do Torino se espatifou, matando todo o time. Os jogadores do Botafogo, Nílton à frente (sempre teve pavor de avião) foram ao chefe da delegação, Sandro Moreyra, e pediram que a volta ao Rio fosse de navio. Sandro disse que se o time vencesse os dois últimos jogos, na Tchecoslováquia, o negócio estaria fechado. Daí a pose de Nílton, solitário, olhando para o mar, que o lembrava a Ilha do Governador.

Certa vez, por volta de 2002, viajamos juntos para São Paulo, onde ele seria entrevistado no programa ‘Bola da Vez, da ESPN Brasil. Fui um dos convidados para a entrevista. Mas, no avião, pouco pude aproveitar de uma conversa com Nílton. Ele colocou uma medalhinha de santa na boca e falava pouco. E o pouco que falava não dava para entender direito. Brinquei com ele, disse que o vôo estava tranquilo mas nada adiantou. Enquanto o avião não chegou, ele não tirou a medalhinha da boca. Mas fiz o possível e o impossível para que ele ficasse calmo – e acho que consegui em parte. Por tudo isso, pelo que assisti de Nílton em campo e de sua amizade fora dele, não gosto de vê-lo envelhecido e bastante ausente. E daqui deste modesto espaço mando-lhe os parabéns pelos 85 anos. Eu, posso dizer, tive a sorte de vê-lo jogar e dar seu famoso drible de corpo. E só posso dizer, obrigado, Nílton dos Santos.

(*) O número 62 na foto não tem nada a ver com nada.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Botafogo segue na frente


Graças à colaboração do leitor Sérgio Motta, que me enviou este relatório completo, o glorioso Botafogo de Futebol e Regatas segue sendo o clube que mais cedeu jogadores para uma Copa do Mundo. A convocação, recente, do técnico Dunga, alterou algumas posições no ranking, mas não a do Glorioso, que é seguido pelo São Paulo. É mais uma prova da força do Botafogo em quase todos os campeonatos mundiais e sua importância para o futebol brasileiro, desde 1930.

A foto que ilustra esta matéria é da Copa do Mundo de 1962, quando o Botafogo, a partir do terceiro jogo e com a contusão de Pelé, passou a ter nada menos do que cinco titulares na equipe que levantou a Taça Jules Rimet pela segunda vez seguida: Nílton Santos, Garrincha, Didi, Amarildo e Zagallo. Por mais que a imprensa – parte dela, é bom que se ressalte – não fale com justiça do Botafogo, os números estão aí – e os números, amigos, não mentem jamais.

Vamos aos números e observações:

1 - O São Paulo, segundo clube que mais cedeu jogadores à seleção em Copas, não teve ninguém chamado, o que não acontecia desde 1938. É isso mesmo. De 1950 até 2006, o clube paulista sempre teve atletas convocados para os Mundiais, o que não acontece agora.

2 - Com a convocação de Robinho, o Santos quebra um imenso jejum. Desde Marinho Peres e Edu, em 1974, que o clube não tinha jogadores chamados para representar a seleção em Copas. O Peixe desempatou com o Corinthians e agora está com o mesmo número do Palmeiras.

3 - Com a convocação de Kléberson, o Flamengo desempatou com o Vasco, assumindo o terceiro lugar de maneira isolada. O Vasco agora é o quarto.

4 - Para apimentar ainda mais a rivalidade Cruzeiro x Atlético-MG, o Cruzeiro, com Gilberto, desempatou e agora está na frente do Galo.

5 - O Grêmio bem que poderia ter empatado com o Inter, mas como o goleiro Victor não foi convocado, continua atrás.


O novo ranking dos clubes que mais cederam jogadores à seleção em Copas:


1º BOTAFOGO - 46 jogadores: 30: Benedicto, Pamplona, Nilo, Carvalho Leite; 34: Pedrosa, Germano, Octacílio, Canalli, Ariel, Waldyr, Martim Silveira, Carvalho Leite, Áttila; 38: Nariz, Zezé Procópio, Martim Silveira, Perácio, Patesko; 50: Nílton Santos; 54: Nílton Santos; 58: Nílton Santos, Didi, Garrincha; 62: Nílton Santos, Didi, Garrincha, Amarildo, Zagallo; 66: Manga, Rildo, Gérson, Jairzinho; 70: Paulo Cézar, Jairzinho, Roberto; 74: Marinho Chagas, Dirceu, Jairzinho; 78: Rodrigues Neto, Gil; 82: Paulo Sérgio; 86: Josimar, Alemão; 90: Mauro Galvão; 98: Gonçalves, Bebeto

2º SÃO PAULO - 42 jogadores: 50: Bauer, Rui, Noronha, Friaça; 54: Mauro, Alfredo, Bauer, Maurinho; 58: De Sordi, Mauro, Dino Sani; 62: Bellini, Jurandir; 66: Bellini, Paraná; 70: Gérson; 74: Valdir Peres, Mirandinha; 78: Valdir Peres, Chicão, Zé Sérgio; 82: Valdir Peres, Oscar, Serginho, Renato; 86: Oscar, Falcão, Müller, Careca, Silas; 90: Ricardo Rocha; 94: Müller, Cafu, Zetti, Leonardo; 98: Zé Carlos, Denílson; 02: Rogério Ceni, Belletti, Kaká; 06: Rogério Ceni, Mineiro

3º FLAMENGO - 33 jogadores: 30: Benevenuto, Moderato; 38: Walter, Domingos da Guia, Leônidas da Silva; 50: Juvenal, Bigode; 54: Dequinha, Rubens, Índio; 58: Moacir, Zagallo, Joel, Dida; 66: Paulo Henrique, Silva; 70: Brito; 74: Renato, Paulo César; 78: Toninho, Zico; 82: Leandro, Júnior, Zico; 86: Zico, Sócrates; 90: Zé Carlos, Renato Gaúcho; 94: Gilmar; 98: Zé Roberto, Júnior Baiano; 02: Juninho Paulista; 10: Kléberson

4º VASCO - 32 jogadores: 30: Brilhante, Itália, Fausto, Russinho; 38: Niginho; 50: Barbosa, Augusto, Danilo, Ely, Ademir, Chico, Alfredo, Maneca; 54: Paulinho de Almeida, Ely, Pinga; 58: Bellini, Orlando, Vavá; 66: Brito; 78: Abel, Dirceu, Roberto Dinamite; 82: Pedrinho, Roberto Dinamite; 90: Acácio, Mazinho, Bismarck, Bebeto, Tita; 94: Ricardo Rocha; 98: Carlos Germano

5º FLUMINENSE - 30 jogadores: 30: Velloso, Ivan Mariz, Fortes, Fernando Giudicelli, Preguinho; 38: Batatais, Machado, Romeu, Hércules, Tim; 50: Castilho; 54: Castilho, Veludo, Pinheiro, Didi; 58: Castilho; 62: Castilho, Jair Marinho, Altair; 66: Altair, Denílson; 70: Félix, Marco Antônio; 74: Marco Antônio; 78: Edinho, Rivellino; 82: Edinho; 86: Paulo Vítor, Branco; 94: Branco

6º PALMEIRAS - 24 jogadores: 38: Luizinho; 50: Jair, Rodrigues; 54: Rodrigues, Humberto; 58: Mazzolla; 62: Djalma Santos, Zequinha, Vavá; 66: Djalma Santos; 70: Leão, Baldocchi; 74: Leão, Luís Pereira, Alfredo, Ademir da Guia, Leivinha, César; 78: Leão, Jorge Mendonça; 86: Leão; 94: Mazinho, Zinho; 02: Marcos

6º SANTOS - 24 jogadores: 58: Zito, Pelé, Pepe; 62: Gilmar, Mauro, Zito, Mengálvio, Coutinho, Pelé, Pepe; 66: Gilmar, Orlando, Zito, Lima, Pelé, Edu; 70: Carlos Alberto, Joel, Clodoaldo, Pelé, Edu; 74: Marinho Peres, Edu; 10: Robinho

8º CORINTHIANS - 23 jogadores: 38: Jaú, Brandão, Lopes; 50: Baltazar; 54: Cabeção, Baltazar; 58: Gilmar, Oreco; 66: Garrincha; 70: Ado, Rivellino; 74: Zé Maria, Rivellino; 78: Amaral; 82: Sócrates; 86: Carlos, Édson, Casagrande; 94: Viola; 02: Dida, Vampeta, Ricardinho; 06: Ricardinho

9º CRUZEIRO - 11 jogadores: 66: Tostão; 70: Wilson Piazza, Fontana, Tostão; 74: Nelinho, Wilson Piazza; 78: Nelinho; 94: Ronaldo; 98: Dida; 02: Edílson; 10: Gilberto

10º ATLÉTICO-MG - 10 jogadores: 70: Dario; 78: Toninho Cerezo, Reinaldo; 82: Luizinho, Toninho Cerezo, Éder; 86: Edivaldo, Elzo; 98: Taffarel; 02: Gilberto Silva

11º INTER-RS - 8 jogadores: 50: Nena, Adãozinho; 74: Carpegiani, Valdomiro; 78: Batista; 82: Edevaldo; 86: Mauro Galvão; 90: Taffarel

12º GRÊMIO - 7 jogadores: 66: Alcindo; 70: Everaldo; 82: Paulo Isidoro, Batista; 86: Valdo; 02: Ânderson Polga, Luizão

13º PORTUGUESA - 6 jogadores: 54: Djalma Santos, Brandãozinho, Julinho; 58: Djalma Santos; 62: Jair da Costa; 70: Zé Maria

14º PONTE PRETA - 5 jogadores: 78: Carlos, Oscar, Polozzi; 82: Juninho, Carlos

14º SÃO CRISTÓVÃO - 5 jogadores: 30: Zé Luiz, Teóphilo, Doca; 38: Afonsinho, Roberto

16º BANGU - 4 jogadores: 50: Zizinho; 58: Zózimo; 62: Zózimo; 66: Fidélis

17º AMÉRICA-RJ - 3 jogadores: 30: Joel, Hermógenes; 38: Britto

18º YPIRANGA - 2 jogadores: 30: Oscarino, Manoelzinho

19º AMERICANO - 1 jogador: 30: Poly

19º ATLÉTICO-PR - 1 jogador: 02: Kléberson

19º GUARANI - 1 jogador: 86: Júlio César

19º PORTUGUESA SANTISTA - 1 jogador: 38: Argemiro

quarta-feira, 12 de maio de 2010

As mais belas camisas


Toda vez que o Botafogo anuncia novas camisas, tremo de medo. Não sei qual a razão, mas me recordo de um uniforme alvinegro que o Glorioso lançou no início da década de 70, com umas listras exageradamente largas. Na falta de outra, fui obrigado a colocar na capa da revista Grandes Clubes Brasileiros (da então Rio Gráfica, hoje Editora Globo) uma foto de Jairzinho, com a tal camisa, junto a Fischer, com um uniforme normal. Na época, trabalhando na Editora Bloch, fiz para a Rio Gráfica três revistas: Botafogo, Santos e Palmeiras, tudo na base do free-lancer. A que me deu mais trabalho foi a do Palmeiras, que me obrigou a viajar a São Paulo para colher fotos de arquivo, da época em que o Palmeiras era o Palestra Itália.

Mas as camisas boladas pela Fila (foto Globo Esporte) são bonitas e bem representativas. Felizmente, a camisa estilo pierrô parece ter sido devidamente deletada. Mas para meu gosto, as mais belas camisas do Botafogo foram as de 1947 (tenho foto de Heleno usando uma delas), ao estilo das que o River Plate usava na época. Mas como tinham botões (pareciam camisas esporte) foram abandonadas em 1948, no mesmo ano em que Carlito Rocha exigiu que o time usasse calções brancos. Os calções negros, oficiais, só voltaram em 1957 e tanto em 1948 como em 1957 o número 12 no final dos dois anos aparece como símbolo de uma nova superstição.

Sobre a goleada de 6 a 2 imposta ao Fluminense na decisão de 1957, há uma história curiosa que acho que já contei aqui. Quando Telê Santana assumiu a Seleção Brasileira, que disputou as copas do mundo de 1982 e 1986, ficamos amigos e diariamente corríamos no calçadão do Leme e, depois, dávamos um mergulho no mar. Numa dessas vezes, perguntei a ele por que ele tinha trocado pontapés com Didi, no centro do campo, em 57, sem que o árbitro Gama Malcher tomasse conhecimento.

Ele me contou que logo após o Botafogo ter marcado o quarto gol, colocando 4 a 1 no placar, já no segundo tempo, ele chamou Nílton Santos e Didi e disse o seguinte:

- Olha, parabéns a vocês...Já são campeões e estão jogando uma partida excepcional. Mas peço um favor: chamem o Garrincha e peçam a ele que pare com o baile que ele está dando no Altair e no Clóvis... É desmoralizante...

Se Nílton e Didi disseram algo a Garrincha, de nada adiantou. Garrincha seguiu dando seu baile, marcou o quinto gol, cara a cara com Castilho, e deu o passe para Paulo Valentim fazer o sexto. Àquela altura o placar marcava 6 a 1. Telê, então, discutiu com Didi e os dois trocaram pontapés. No final do jogo, Valdo diminuiu para 6 a 2, quase que para rimar ‘foi 6 a 2 no pó-de-arroz’ (maior goleada numa final de Campeonato Carioca). É claro que depois Telê e Didi voltaram a ser amigos.

Mas ficou uma dúvida no ar: será que Nílton e Didi chegaram a falar alguma coisa com Garrincha? Ninguém sabe. E se falaram, Garrincha não tomou conhecimento da advertência e foi em frente, incluindo até Pinheiro em seus dribles.

Conto essa historinha porque passei a admirar a figura de Telê Santana, que se tornou meu amigo. Eu brincava muito com ele porque, ainda juvenil, vindo de Minas, começou a carreira no Botafogo, mas logo tomou o rumo das Laranjeiras. Por acidente de destino, ele, Telê, e Ademir Menezes, morreram do mesmo mal: entupimento de uma das carótidas. Por coincidência, também fiquei amigo de Ademir (figuraça) quando trabalhei em O Dia. Ele lá tinha uma coluna mas nunca se lembrava de nada e me pedia para contar uma história dele (a redação era do competente Hideki Takisawa). Numa das vezes, mandei que ele contasse a história de colocar cebolas no prato de Heleno de Freitas na concentração do Vasco. Ele vibrou. Não preciso dizer que Heleno pegou o prato e o atirou na parede.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Um presente à nossa torcida


Em primeiro lugar, quero agradecer aos leitores deste alvinegro blog o fato de me ajudarem a ultrapassar a marca de 100 mil acessos, número que jamais imaginei a que pudesse chegar, escrevendo apenas nas poucas horas de folga que consigo. Mas, sem qualquer sombra de dúvida, o que mais pesou nessa marca fantástica foi a incrível conquista do Campeonato Carioca de 2010 pelo nosso glorioso Botafogo de Futebol e Regatas. Superstições e numerologias à parte, confesso que não esperava um presente tão significativo este ano, depois de tantas roubalheiras que sofremos nos três últimos anos, diante do medonho Clube da Beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, onde num passado distante havia a vergonhosa e perigosa favela do Pinto, afinal removida.

A quem dedicar essa incrível conquista? À nossa torcida, claro, que, num determinado momento chegou a desanimar depois de tantos furtos acintosos no gramado do Maracanã, principalmente diante do já citado Urubu agourento. E mais: não foi apenas a vitória na partida decisiva. Uma vez mais, nós, botafoguenses, conseguimos impedir que o Clube da Beira da Lagoa chegasse ao seu tão desejado tetracampeonato carioca, feito que só nós conquistamos em 32-33-34-35. Ainda adolescente, nas arquibancadas do Maracanã, assisti em 1956 a um episódio parecido. Por quê? Por que se vencesse o Botafogo, naquela tarde, o Urubu ainda poderia lutar pelo tetra. Mas vencemos e demos, de bandeja, o título ao Vasco da Gama.

É verdade que já neste Século 21 (olha o 21 aí, gente), já havíamos conquistado o título do Carioca de 2006. Mas faltava este de 2010, quando eliminamos Fluminense, Vasco e o Urubu. Foi um belíssimo presente para a torcida, para os jovens botafoguenses que, num futuro próximo, irão me substituir nesse amor incontido pelo alvinegro de General Severiano. Derrotamos nossos inimigos permanentes, como a Fla-Prensa, e podemos comemorar, com elegância e respeito, a homenagem aos campeões de 1910 que entraram para nosso hino. E foi justamente 100 anos depois que conquistamos essa glória, mais uma em nossa iluminada estrada dos louros.

Confesso a vocês todos – principalmente aos que me acompanham neste modesto mas apaixonado blog – que minha ficha ainda não caiu. Mas cairá, claro que cairá cada vez que ouvir o hino do Botafogo ou a cantoria do ‘Ninguém Cala Esse Nosso Amor’. Há muitos anos, quando fui a um jogo com meu filho Roby, ouvi o hino ainda nos corredores do estádio. Comecei a ficar emocionado e ele, de temperamento mais frio, ameaçou me levar de volta para casa. É óbvio que me controlei e fui adiante, torcer pelo maior amor imaterial de minha vida. Hoje, junto a meus irmãos Carlos e Maurício, só posso agradecer a meu falecido tio Júlio Lopes Fernandes o fato de me conduzir ao brilho da estrela solitária, desde que éramos meninos de calças curtas.

E nunca vou esquecer que meu querido tio, pouco antes de morrer, pediu a mim que intercedesse junto ao Botafogo para que dele cobrasse a mensalidade devida (era apenas sócio contribuinte desde o Botafogo Football Club). Infelizmente, não deu tempo. Ele morreu inadimplente. Mas foi um botafoguense de coração, desde o Pará, onde nasceu no final do Século 19. Não sei onde ele foi sepultado ou se já removeram sua sepultura. Mas juro que tinha vontade de cobrir o seu jazigo com a nossa bandeira gloriosa e agradecer a ele – certamente em lágrimas – o presente que nos deu, a mim e meus irmãos, de torcer por esse inacreditável Botafogo de Futebol e Regatas.

Você também é campeão de 2010, meu tio Júlio..

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Botafogo supersticioso? Quem disse?


Estimulado pelos leitores Stene Nílton e Ygor, eu, que sou supersticioso ao extremo mas não sou adepto da numerologia, vou hoje atacar com os números 12 e 21, que entraram para o já gigantesco folclore do Botafogo desde a vitória sobre o Flamengo, em 1989. Então vamos lá: o Botafogo Football Clube foi fundado por jovens rapazes a 12 de agosto (mês do desgosto) de 1904. Mas levou o nome de Electro Club durante mais de um mês. A 18 de setembro, dona Chiquitota, avó de Flávio Ramos, obrigou a garotada a mudar o nome para Botafogo. Quantos meses faltavam para o final do ano de 1904? Três (outubro, novembro e dezembro). Somem 18 com três e resulta em 21. Estou certo ou errado? Os números 12 e 21 já começaram a dar o sinal de sua graça e, pelo que Stene e Ygor dizem, são mágicos.

Mas seguimos adiante: em 1910, ano em que o Botafogo foi campeão, a companhia britânica White Star (estrela branca) lançou ao mar o ‘insubmergível’ Titanic. O transatlântico afundou, perto do Canadá, após colidir com um iceberg em 1912, outro ano de título alvinegro numa liga especial. O tempo passou e, no mesmo ano de 1912, o Botafogo – mal de finanças – recebeu por aforamento o terreno de General Severiano. Mas voltando um pouco ao passado, no dia 12 de agosto de 1904, o quartel de bombeiros do Humaitá (está lá até hoje) recebeu o aviso de um incêndio justamente na Rua General Severiano. Uma guarnição foi até lá e verificou que o alarme tinha sido falso. Não tão falso, a meu ver, porque em 1912 haveria um Botafogo por lá. E no Rio, naquele dia 12 de agosto de 1904, circulavam pela cidade, de 800 mil habitantes, apenas 12 automóveis. Mas vamos adiante.

No dia 12 de dezembro (mês 12) de 1948 (oito mais quatro) o Botafogo, em seu estadinho (capacidade de 12 mil espectadores) derrotou o poderoso Vasco da Gama, que havia conquistado no Chile, no mesmo ano de 1948, o título de campeão dos campeões sul-americanos. Por causa de Carlito Rocha, o Botafogo trocou seu calção negro por um branco, que vigorou até 1957 (sete mais cinco é igual a 12). E derrotou o Fluminense, já de calções negros, na final por 6 a 2. O dia da goleada? 22 de dezembro (12), um domingo. Mas anos antes, a oito de dezembro (12) de 1942, o Botafogo se uniu ao Club de Regatas Botafogo, formando o Botafogo de Futebol e Regatas. E adotou a estrela branca (que não é estrela, é Vênus) em seu escudo.

O tempo passou e veio o Botafogo x Flamengo de 1989, com uma enxurrada de números 12 e 21 (vai virar livro, dia 21 de junho, escrito por Casé e Paulo Marcelo). Foi então que a FIFA, em eleição interna, apontou o Botafogo como um dos 12 maiores clubes do Século 20 (o Botafogo chegou a usar um escudeto mas a FIFA proibiu). Até que 21 anos depois, o Botafogo fez contra o Flamengo uma nova final, desde 1989, e vence por 2 a 1 (21), conquistando o título de 2010 (olha o 21 aí disfarçado). Como curiosidade, o Glorioso aproveitou dois pênaltis e o Flamengo perdeu um (21 outra vez). E detalhe: havia 12 anos que um clube não vencia os dois turnos. Coincidência? Sei lá. Para terminar, uma previsão dos Maias descoberta por Stene assistindo a um programa do History Channel, a estrela Vênus (é planeta, por favor) mandou avisar que o mundo acabará a 12 de dezembro de 1912.

(*) Quais foram os melhores números sete do Botafogo? Garrincha, Jairzinho e Túlio Maravilha, totalizando 21. E se Túlio marcar o milésimo gol em 2012 (se o mundo não acabar, claro, pela previsão dos Maias?) Aí, sinceramente, tiro meu time de campo e vou estudar numerologia e predestinações. Logo eu que nasci num dia 22 do 2, tenho dois filhos, dois netos e meu primeiro carro tinha a placa 11-00-22.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Botafogo coloca a mão na taça de 2010

                                      Créditos Globo.com

Finalmente, depois de tanto tempo, o Botafogo pôde colocar as mãos na taça de campeão carioca de 2010, numa solenidade à noite, depois de jogadores e dirigentes serem recebidos pela manhã no Palácio Guanabara pelo governador Sérgio Cabral Filho, vascaíno como o pai, meu colega de profissão. Infelizmente, em minha mais do que modesta opinião, a entrega do troféu não pôde ser presenciada pela torcida alvinegra, que só pôde comemorar no Maracanã a entrega das taças Guanabara e Rio após vencer o Clube da Beira da Lagoa na partida final. Agora é preparar o time para o difícil e gigantesco Campeonato Brasileiro, com viagens por nosso imenso país.

Como havia prometido, coloquei no ar, no quadro que apresento no programa ‘Loucos por Futebol’, da ESPN Brasil, a homenagem, numerológica apenas, que o time de 2010 prestou aos inesquecíveis campeões de 1910, que de tanto heroísmo entraram para o hino do clube, composto em 1949 pelo compositor e torcedor do América Lamartine Babo. E já acertei com a ESPN Brasil que, no próximo programa, dia 15 de maio (horário noturno), vou abordar os grandes duelos entre Santos e Botafogo, no final da década de 50 e durante toda a década de 60. Foi uma época que vivi intensamente, quando Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo enfrentavam Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Foram jogos inesquecíveis.

Eu me recordo de uma noite de três de janeiro de 1962, quando Botafogo e Santos fizeram no Maracanã o jogo da entrega das faixas de campeões de 1961. Pelo Santos, Mengálvio não pôde jogar e foi substituído por Lima. Pelo Glorioso, marcou a volta, após mais de ano, do artilheiro Quarentinha, contundido em 1960 numa excursão da Seleção Brasileira à Europa. Mesmo assim, Quarentinha só jogou o primeiro tempo, sendo substituído depois por China. Diante de uma multidão no Maracanã, o Botafogo venceu por 3 a 0 e Garrincha, por ter sido o melhor jogador do Campeonato Carioca de 1961, ganhou de presente um carro Simca Chambord.

O jogo foi numa noite de quarta-feira e saí de paletó e gravata do escritório de advocacia de meu pai (estava de férias da Faculdade Nacional de Direito) e fui de ônibus direto para o estádio. Pelo que me recordo, foi uma terrível dificuldade para pegar uma condução de volta para Laranjeiras, onde morava. Mas a alegria pela vitória sobre o esquadrão santista foi demais. Muitos anos depois, já como jornalista, fui obrigado a assistir pela televisão à decisão do Campeonato Brasileiro de 1995, já que era domingo e eu era editor-chefe da Tribuna da Imprensa. Os jogadores do Santos, certos da conquista do troféu, pintaram os cabelos de vermelho, mas o empate de 1 a 1 (gol de Túlio Maravilha) nos garantiu o título inédito na história do clube.

Na volta ao Rio, num avião da TAM – segundo me relatou Carlos Augusto Montenegro – veio gente até em pé. E o jato da TAM, por uma questão de segurança do comandante, parou no final da pista do Santos Dumont, tamanho era o número de torcedores aguardando a delegação. Mas a torcida estava tão eufórica que invadiu a pista e chegou a subir nas asas do jato, querendo ver os jogadores de qualquer maneira. Felizmente, tudo terminou bem e, como dizem por aí, entre mortos e feridos todos se salvaram. Na segunda-feira, a Tribuna da Imprensa publicou na primeira página uma charge de um peixe embrulhado numa folha de jornal. Uma glória.

(*) As coincidências numerológicas do leitor Stene Nílton (algumas impressionantes) virão no próximo blog. Uma delas, só para dar um toque sutil, fala do afundamento do Titanic, em 1912 (olha o 12 aí), que pertencia à companhia inglesa White Star (estrela branca). E em 1912 o Botafogo conquistou um título carioca por uma outra federação. Coincidências? Não sei. É muita coisa junta.

domingo, 2 de maio de 2010

Mitos e superstições em torno de um clube


Confesso aos leitores deste blog – que se aproxima de 100 mil visitas, o que é um grande orgulho para mim – que não sou chegado a crenças, descrenças, numerologias, horóscopos e outras coisas mais. O fato concreto, porém, é que o imortal Glorioso muitas vezes nos prega peças inexplicáveis, daí o ditado que diz que ‘há coisas que só acontecem ao Botafogo’. Eu acrescentaria que há muitas coisas ruins e outras tantas boas ou ótimas, como esta última decisão diante do Clube da Beira da Lagoa. Exatamente 21 anos depois daquela final contra o mesmíssimo Urubu, voltamos ao Maracanã para enfrentá-lo uma vez mais. E aí o tal do 21 aparece uma vez mais.

Confesso, também, que tenho lá minhas superstições – mas não as revelo nem sob tortura. Mas no dia da decisão, meu irmão Maurício Porto (botafoguense como eu) me ligou para dizer que aquele era o jogo de número cinco mil do Glorioso (hoje já estamos com 5002). E Maurício, que adora números, afirmou que o número cinco mil não era bom para nós. Explicou que cinco é um número não mais do que intermediário, com tendência para subir ou descer. E isso não era legal para o Botafogo do nosso coração. Não liguei muito para o fato, até porque como os árabes inventaram o zero, o cinco está mais para cima do que para baixo. E fui em frente.

E só ontem à noite, graças a um e-mail do médico Marcus Vinícius Minucci, me dei conta de que nossa vitória por 2 a 1 (olha o 21 aí outra vez) sobre o Urubu, com aquele gol incrível de Loco Abreu e a defesa de Jefferson, estava completando 21 anos da partida de 1989 sobre o mesmíssimo Urubu Medonho, apelido que o botafoguense Tarzã (Otacílio Batista do Nascimento), já falecido, deu ao rubro-negro ainda na década de 50. E a torcida do Beira da Lagoa, sem opções, acabou adotando como mascote, através do cartunista Henfil (também falecido), nas páginas do outrora famoso Jornal dos Sports (que me deve dinheiro há anos) e hoje troca de donos.

Por isso, por uma questão de justiça – e de bom gosto, também – publico hoje, em meu blog, a crônica que ele escreveu e que faz questão de que seu filho, de sete anos, possa ler e guardar. Eu, particularmente, e revelo isso ao doutor Marcus, também tive o imenso prazer (olha a letra do hino aí...) de saber que meu neto, Rafael Porto, que caminha para completar 11 anos, também estava lá nas arquibancadas, acompanhado de meu filho Roby Porto (Sportv). E Rafael já havia assistido à conquistas de outros troféus (taças Guanabara e Rio) mas não vira ainda a conquista de um título como este de 2010. Fiquei muito feliz por isso. Mas muito mesmo.

E aí, com todas as letras, vai a crônica de Marcus Vinicius. Aproveitem todos. Mas não se esqueçam de que não acredito nos chamados ‘deuses do futebol’ e estou certo, mas absolutamente convencido e repito que há realmente coisas que só acontecem ao meu querido Botafogo. Mas volto a acrescentar: há coisas más, mas há também muito boas, como esta de agora, inesquecível sobre nosso mais feroz inimigo no futebol.


21 depois de 21

Marcus Vinicius Minucci


 No dia 21 de Junho de 1989 o Botafogo foi campeão, após uma peregrinação que parecia interminável. Cresci ouvindo dos mais velhos que o Botafogo ia acabar, ia fechar as portas porque não ganhava nada há 21 anos. Mas o amor pelo Botafogo era o legado de meu pai, que, ao mesmo tempo, me contava as glórias de Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagalo. E eu, embalado por essas histórias de heróis do passado, resisti, e vi meu amor por esta singular Instituição crescer na vicissitude.

Passaram-se 21 anos do dia em que eu não estava lá, pois na época era estudante de Medicina e no dia seguinte iniciaria uma sucessão de provas de final de período.

Na tarde ensolarada 21 anos depois, enfim, comemorei meu titulo de menino. No dia seguinte, também haveria uma sucessão de provas, mas agora como professor da Faculdade de Medicina.

Estive presente nas três decisões anteriores contra o Flamengo. Eu, eu meu filho Mateus, de 7 anos, e meu amigo Humberto. Na ultima decisão, quando o Flamengo começou a massacrar o Botafogo, chamei meu filho e saímos mais cedo. Na saída, ao passarmos pela Avenida Radial Oeste, fomos xingados e aviltados pelos flamenguistas. Então olhei para meu filho, que, assustado, ameaçava chorar, e prometi que um dia estaríamos saindo felizes do Maracanã. Ressalto que Mateus, de apenas 7 anos, já havia presenciado todas as duas derrotas anteriores do Botafogo para o mesmo Flamengo. Fomos a uma pizzaria, e, novamente, flamenguistas por todos os lados...

Passou o tempo, que tudo corrige e torna ao seu lugar, e, face a perspectiva concreta de um titulo naquela tarde, voltamos ao Maracanã. Ao chegar ao “maior do mundo”, primeira surpresa: Estávamos dividindo o estádio com a torcida do Flamengo! Algo diferente pairava no ar... sentíamos, todos nós, e até os flamenguistas, que estávamos escrevendo a história naquela tarde.

E vieram os gols e a festa incrível da torcida, até que aos 33 minutos um pênalti para o Flamengo... Olhei para meu filho e, confesso, as lagrimas, desta vez, vieram aos meus olhos. Eu não acreditava que aquela historia de derrotas fosse se repetir pela quarta vez consecutiva, e, pior, que eu estava expondo meu próprio filho a tudo aquilo outra vez. Foram segundos intermináveis da tênue fronteira que separa o pranto do riso, a dor da alegria, as trevas da luz, numa fusão quase metafísica de tudo que simboliza o Botafogo....Mas, veio a defesa de uma bola que não podia encontrar as redes, e finalmente a explosão em lagrimas pelo feito de nosso herói...

Os minutos finais foram extraídos de uma Epopéia Grega, como são as grandes decisões envolvendo o místico Botafogo. Não conseguíamos mais gritar. Estávamos, eu e Mateus, de mãos dadas, e nos olhávamos a cada ataque do Flamengo que parecia nos sentenciar novamente ao sofrimento. E o jogo não acabava, e as bolas pareciam ter se multiplicado no gramado, todas chegando perto de nosso goleiro-herói.

E eis que, num ínfimo gesto, o juiz se aproxima da bola e ergue seus braços, um gesto quase ritual que nós, membros dessa imensa torcida, repetimos, atônitos, aliviados, exultantes. Terminava o jogo, e meu filho me abraçou forte, chorando, assim como eu e nosso amigo Humberto. Nada poderá delinear o que vimos e sentimos naquele ínfimo instante que saímos da dor para a mais intensa alegria. Meu filho soluçava, a torcida exultava, e eu, enfim, vi, junto de meu menino, meu sonho de menino se realizar.

sábado, 1 de maio de 2010

Um clube de intelectuais e muitos torcedores


Em primeiro lugar, por um equívoco de minha parte, deixei de creditar a sensacional caricatura do Time-Cabeça do Botafogo (abaixo publicada) ao excelente Aroeira. É óbvio ululante, como diria Nélson Rodrigues, que o Botafogo-Cabeça é muito maior do que ele escolheu. Mas não haveria espaço para tanta gente. Do time escalado por ele, tive a honra de conhecer e trabalhar com João Saldanha, Sandro Moreyra, Armando Nogueira, Oto Lara Resende e Vinícius de Moraes. Com Fernando Sabino, tive um rápido contato quando ele representava o país na Embaixada em Londres, nos anos 70. Com os outros, infelizmente não. Principalmente Olavo Bilac, que é homem do início do Século 20.

Sobre o amistoso, contra o Coritiba, no Paraná, só posso dizer que estranhei a escolha de Caio para cobrar aquele pênalti fraquinho, fraquinho. Felizmente, ele compensou o erro sofrendo o pênalti que nos deu o empate. Mas o nosso Talismã, dessa vez, não teve a sorte de sempre. Perdeu, inclusive, um gol cara a cara com o goleiro adversário. Aquela bola era para dar um toque à Loco Abreu e ficar assistindo a rede balançar. Mas tudo bem. Vamos agora pensar no Santos, no próximo sábado, e torcer para a volta de Maicosuel e, quem sabe, a do porra-louca Jóbson, que teve a pena diminuída. Graças a ele, não se esqueçam, estamos na primeira divisão.

Quanto a Coritiba x Botafogo (foto acima) não teve lá muita graça, com tantas substituições. Só não poderíamos sair do Couto Pereira com uma derrota. Afinal de contas somos os grandes campeões do Rio de 2010, justamente sobre o maldito Urubu. E mais: evitamos que eles, os urubus, comemorassem um tetracampeonato mais uma vez, como fizemos em 1956, com o gol de Cañete. E mais um detalhe: em 1964, com um gol de Roberto Miranda de cabeça, impedimos que o Urubu disputasse um supercampeonato com Fluminense e Bangu. Vendo o filme do jogo, aproveito para consertar um erro: achei que Mura cobrara uma falta sobre a área. Não foi assim: ele, Mura, veio pela lateral, à direita das tribunas, e centrou para Roberto.

O jogo, como dizem muitos autores alvinegros, não marcou a despedida do ídolo de Nílton Santos. Marcou, sim, o último jogo de Nílton pelo Glorioso no Maracanã. Mas ele ainda atuaria pela última vez num amistoso em Salvador (tenho foto do time formado e a publicarei oportunamente). Nílton jogou na Bahia por uma questão de contrato. Depois, tornou-se supervisor do clube. E em 1971 – todos se recordam – aplicou um nocaute em Armandinho Marque (a foto de José Santos foi Prêmio Esso), após um Botafogo x Atlético no Maracanã. O Botafogo, para ser campeão brasileiro precisava derrotar os mineiros por goleada. Foi à frente e perdeu de 1 a 0.

Ainda sobre Nílton Santos, espero que ninguém se esqueça de seu 85º aniversário, que será agora dia 16 de maio. E mais um detalhe que soube pelo ex-artilheiro Otávio Sérgio de Moraes (já falecido): o apelido de Nílton no Botafogo, quando ele lá começou, em 1948, era ‘Caminhão’. Pode? O de Ronald não era ‘Marreta’? O de Thomé não era ‘Boçal’? E Garrincha não era o ‘Torto’? Então pode.