segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A rotina de derrotar o Vasco da Gama

Quando o glorioso Botafogo venceu o Clube da Beira da Lagoa (2 a 1), classificando-se para enfrentar o Vasco na final da Taça Guanabara de 2010, tive uma certeza: o Alvinegro será campeão e me presenteará com um bicampeonato na véspera de meu aniversário (22 de fevereiro). Por quê? Simplesmente porque o Botafogo sempre derrota o Vasco em decisões de título. Pode até perder durante a disputa da competição – como ocorre com certa regularidade – mas na final a vitória é mais do que certa. Foi exatamente isso o que aconteceu no Maracanã, domingo, diante de 80 mil pessoas (nem todas pagantes) e o meu amado e querido Botafogo está classificado para decidir mais um título do Campeonato Estadual do Rio.

Dizem, não sei se é verdade, que Roberto Dinamite (botafoguense na infância) sabe disso e vai inaugurar uma placa em São Januário com os seguintes dizeres: ‘É proibido chegar a uma decisão de título contra o Botafogo’.

E Dinamite, que enfrentou a ditadura de Eurico Miranda por anos a fio, depois que virou a casaca está absolutamente correto. A rigor, o Vasco entra de cabeça baixa no momento de decidir títulos contra o clube de General Severiano. Vejam os torcedores o caso de Dodô, se é que ele entrou em campo domingo. Não jogou nada e mal pegou na bola.

Cheio de marra, invicto na Taça Guanabara, tendo goleado o próprio Botafogo durante a competição, o Vasco da Gama entrou de cabeça baixa para enfrentar o Glorioso. Por quê? Porque alguém, na concentração do time de São Januário deve ter alertado os jogadores cruzmaltinos: ‘Em matéria de decisões, perdemos sempre’. O resultado foi o que se viu: Botafogo bicampeão da Taça Guanabara, mesmo tendo um elenco de jogadores que precisa ser reforçado agora para a Taça Rio. Se o adversário fosse o Clube da Beira da Lagoa ou o Tricolor, não teria tanta certeza.

Mas o Vasco, que me perdoem os adeptos da cruz de malta, é mesmo freguês de caderno em finais.

Para mim, que carrego nas costas mais de quatro décadas de jornalismo esportivo, o grande responsável pela vitória de 2 a 0 foi simplesmente Papai Joel Santana, que armou um Botafogo imbatível, desde a partida contra o Urubu de Juanito das Candongas.

Destaques individuais no Botafogo? Poucos. Arriscaria dizer que apenas o goleiro Jefferson e o uruguaio Loco Abreu chamaram a atenção dos torcedores alvinegros. Mas todos os demais, sem uma única e escassa exceção, jogaram com o coração, honrando a camisa da estrela solitária que vestiram. E, agora, as bandeiras do Uruguai (Loco Abreu) e da Argentina (Herrera) integraram-se a mais bela bandeira de um clube de futebol, a do imortal Botafogo de Futebol e Regatas.

Daqui deste espaço que ocupo e que é postado carinhosamente pela amiga Malu Cabral, faço a mais fechada e absoluta questão de agradecer ao Botafogo o antecipado – um dia apenas – presente de aniversário que me deu e que ficará para sempre em minhas lembranças. Agradeço também ao presidente do clube, Maurício Assumpção, pela redenção da instituição que carrega o nome de Botafogo de Futebol e Regatas.

Agora, com o título da Taça Guanabara nas mãos, Maurício poderá botar banca na hora de transacionar com novos patrocinadores e investidores. E (quem sabe?) trazer para o segundo turno reforços para o elenco de Papai Joel Santana. O Botafogo não pode iludir-se com um título conquistado sobre um freguês em decisões.

O Botafogo é imortal e precisa, como nunca, manter suas tradições. E haverá de mantê-las.

Para terminar, aquele abraço a Fábio Ferreira e Loco Abreu pelo antecipado presente que me deram. Eu não poderia curtir um 22 de fevereiro mais feliz.

Obrigado, Botafogo, minha maior e inexcedível paixão imaterial.

(*) Recado de meu irmão Maurício Porto, alvinegro como eu, para o comentarista Jorge Nunes, da Rádio Tupi: “O Botafogo não é um clube cartesiano. Não dê palpites errados...”

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Pegamos de porrada o malandro analfabeto

Foto UOL
Há exatamente dois anos (ou 10 partidas consecutivas) que eu estava esperando que o malandro rubro-negro passasse pela esquina onde moro. Marrento, analfabeto (redundância, no caso), o indivíduo escapava da porrada que eu queria lhe dar como nos velhos tempos. Na quarta-feira de cinzas veio a oportunidade.

Com Marcelo Cordeiro (foto UOL) e Caio, além da dupla Mercosul (Loco Abreu e Herrera) ele gingou, tocou pandeiro, falou errado, como sempre, mas não escapou. E o microcéfalo Bruno teve que buscar a bola duas vezes no fundo de suas redes e deve ter chorado ‘a píncaros’, como dizia o repórter radiofônico Zildo Dantas no barraco onde o clube da beira da Lagoa se concentrava. A vingança tarda mas jamais falha.

Agora, o rubro-negro terá que suar a camisa para conquistar seu primeiro tetracampeonato carioca – só o Glorioso o possui – depois de falhar quatro vezes, uma delas para o modestíssimo Serrano de Petrópolis em 1980.

Ou o rubro-negro vence a Taça Rio (que eu duvido) ou vai fracassar pela quinta vez, mesmo com a ajuda dos moutinhos da vida, bandeirinha que roubou um título alvinegro. A máscara do rubro estava pesada demais. Tão pesada que até o sérvio Petkovic se deu ao luxo de desfilar numa escola de samba, todo sorrisos, falando aquele português bisonho e arrastado. Foi a vitória da vingança e da coragem.

Quero ver agora o que a Fla-Prensa vai dizer. Qual será a desculpa? Os jornalistas rubro-negros achavam que o Botafogo era pão-ganho? Quebraram a cara.

Pessoalmente, não me surpreendi. Temia apenas que o ‘crube’ levasse o jogo para os pênaltis para ter uma mísera chance de superar o alvinegro. Mas Caio, o garoto que joga abençoado pelos deuses do futebol, encarregou-se de deixar o microcéfalo goleiro Bruno sem ação.

A chamada ‘Dupla do Amor’, Adriano e Vágner ‘ridículo’ Love (acho que ele gostaria de ser mulher, com aquelas trancinhas) bem que tentaram. Mas foram barrados pelas heróicas defesas de Jefferson e de seus companheiros de defesa. Tanto que até Marcelo Cordeiro acabou fazendo um gol.

Parabéns a Papai Joel, que armou um Botafogo como nos velhos tempos, mesmo sem ter o elenco ideal. E da lateral, jamais descansou, dando instruções até irritadas para Herrera e Loco Abreu. Joel queria Herrera caído pela direita e só o substituiu porque o argentino sentiu câimbras.

Parabéns, também, a Maurício Assumpção pela escolha acertada do técnico. Maurício sabe muito bem que está à frente de uma instituição imortal e vitoriosa, ‘que não pode perder, perder para ninguém’. Aliás, daqui deste espaço de meu blog, peço desculpas a Maurício – se é que ele se ofendeu com um dos meus escritos. Não fiz menção a ele. Fiz menção à imobilidade do Botafogo, mal assessorado por gente que até torce pelo rubro-negro-preto.

Agora, vamos ao Vasco, contra o qual não temos o hábito de perder decisões.


(*) Recado para Juanito das Candongas: você não joga porra nenhuma.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Homenagem simples aos 90 anos de Heleno

De maneira modesta – mas saudosa – faço hoje uma homenagem a Heleno de Freitas, que completaria 90 anos neste dia 12 de fevereiro. Nascido em São João Nepomuceno (MG), em 1920, Heleno, o ‘craque-galã’, morreria aos 39 anos em Barbacena (MG), de sífilis, em 1959.

Tive a sorte de vê-lo jogar duas vezes: uma contra o América, em General Severiano, em 1947, quando ele marcou os três gols alvinegros na vitória por 3 a 2. E mais uma vez, no mesmo ano, em Álvaro Chaves, quando o Glorioso derrotou o Fluminense por 2 a 1 (gols de Geninho e Teixeirinha, de cabeça, na saída do goleiro Robertinho).

Eu era apenas um menino de calças curtas.

Por ter sido a grande figura do jogo, Heleno foi carregado em triunfo pelos torcedores do Botafogo, que o levaram para a frente da social do Tricolor. Heleno, com seu espírito moleque, fingiu que colocava pó-de-arroz no rosto. Os adeptos do Fluminense o provocaram, chamando-o de Gilda (filme americano da época com Rita Hayworth). Foi então que o doutor de Freitas colocou a mão direita entre as pernas e fez uma nova saudação aos que o xingavam. Houve tumulto e meu pai achou melhor me retirar do estadinho.

Foi uma pena. Naquele dia fui testemunha ocular da história do futebol do Rio.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Quero distância do Botafogo

Faço a mais absoluta e fechada questão de justificar minha ausência ao encontro dos jornalistas alvinegros com o presidente Maurício Assumpção (foto) na sede de General Severiano. Embora autor de três livros sobre o clube – ‘Didi, Treino é Treino, Jogo é Jogo’; ‘Botafogo – 101 Anos de Histórias, Mitos e Superstições’, e, por fim, ‘Botafogo – O Glorioso’ – não vejo razão de lá estar presente. Num passado mais recente, fui deletado do site do clube pela trinca formada por Bebeto de Freitas, Jefferson Mello e, acreditem ou não, pela tricolor de carteirinha Mariúcha Moneró (dizem que ela era ‘peixinho’ do presidente do alvinegro da estrela solitária).

Num passado mais distante, no Mourisco, fui verbalmente agredido pelo alcoolizado Maurício Porto (já falecido e sem qualquer parentesco comigo) e, mais tarde, em General Severiano, vítima de panfletos contrários à minha pessoa, panfletos esses mandados distribuir pelo indivíduo que carrega o nome de Marcos Portella – na ocasião, pelo que me consta, chefe do hipongo ‘Movimento Carlito Rocha’, que era (não sei se continua) contra tudo e contra todos que apareciam no clube, como sócios, proprietários e conselheiros em geral – e a mim, muito particularmente.

Por fim, já no início da administração de Maurício Assumpção, fui convocado para uma reunião na Confeitaria Colombo, no Centro, com o próprio Assumpção, levando comigo simplesmente meu irmão, o arquiteto Carlos Porto, autor do projeto do Engenhão – que, muito particularmente, acho o mais bonito do Brasil. Tomamos um café amistoso, nada mais do que isso, mas do que foi conversado e praticamente acertado nada, rigorosamente nada, foi colocado em prática. Tudo ficou como dantes no quartel da abrantes. Ou melhor, daquele café em diante tudo piorou.

Em poucas e resumidas palavras – como diria o jornalista Hélio Fernandes – não dou mais palpites sobre o Botafogo de Futebol e Regatas, minha maior e inexcedível paixão imaterial.

Prefiro reverter à categoria de torcedor, pelo rádio, televisão, Engenhão ou Maracanã, honrando a herança que recebi de meu querido tio Júlio Lopes Fernandes (1898-1983), que me tornou botafoguense e foi, a vida inteira, nada mais do que sócio contribuinte, daqueles que não deixava de pagar uma única e escassa mensalidade.

Do Botafogo material, dirigentes e conselheiros, quero a mais absoluta distância. Que me perdoem os jornalistas alvinegros que me convidaram.

Na lista de outros presidentes, faço questão de enumerar os que foram meus amigos, como Carlos Augusto Montenegro (raspou o bigode sem minha autorização), Mauro Ney Palmeiro, Charles de Macedo Borer, José Luiz Rolim e, por mais incrível que pareça, Emil Pinheiro, que sempre me recebeu no Mourisco com a maior educação e carinho.

Em 1992, por sugestão minha, Emil chegou a barrar Renato Gaúcho do segundo jogo contra o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro. Não que Renato Gaúcho estivesse sob suspeita – os suspeitos de suborno eram dois outros – mas a torcida queria simplesmente dar uma surra em Renato Gaúcho, por causa de uma foto tirada com Gaúcho, do Flamengo, após a primeira derrota alvinegra por 3 a 0 – um dia depois de a torcida do chamado ‘Mais Querido’ desabar das arquibancadas do Maracanã, provocando mortes e feridos e assustando todo o estádio.

Assim, do Botafogo oficial, com dirigentes e afins, quero distância...

(*) Esclareço que tenho um irmão apaixonado pelo Botafogo, cujo nome é José Maurício Porto, mas é chamado de Maurício Porto.