Quando o glorioso Botafogo venceu o Clube da Beira da Lagoa (2 a 1), classificando-se para enfrentar o Vasco na final da Taça Guanabara de 2010, tive uma certeza: o Alvinegro será campeão e me presenteará com um bicampeonato na véspera de meu aniversário (22 de fevereiro). Por quê? Simplesmente porque o Botafogo sempre derrota o Vasco em decisões de título. Pode até perder durante a disputa da competição – como ocorre com certa regularidade – mas na final a vitória é mais do que certa. Foi exatamente isso o que aconteceu no Maracanã, domingo, diante de 80 mil pessoas (nem todas pagantes) e o meu amado e querido Botafogo está classificado para decidir mais um título do Campeonato Estadual do Rio.
Dizem, não sei se é verdade, que Roberto Dinamite (botafoguense na infância) sabe disso e vai inaugurar uma placa em São Januário com os seguintes dizeres: ‘É proibido chegar a uma decisão de título contra o Botafogo’.
E Dinamite, que enfrentou a ditadura de Eurico Miranda por anos a fio, depois que virou a casaca está absolutamente correto. A rigor, o Vasco entra de cabeça baixa no momento de decidir títulos contra o clube de General Severiano. Vejam os torcedores o caso de Dodô, se é que ele entrou em campo domingo. Não jogou nada e mal pegou na bola.
Cheio de marra, invicto na Taça Guanabara, tendo goleado o próprio Botafogo durante a competição, o Vasco da Gama entrou de cabeça baixa para enfrentar o Glorioso. Por quê? Porque alguém, na concentração do time de São Januário deve ter alertado os jogadores cruzmaltinos: ‘Em matéria de decisões, perdemos sempre’. O resultado foi o que se viu: Botafogo bicampeão da Taça Guanabara, mesmo tendo um elenco de jogadores que precisa ser reforçado agora para a Taça Rio. Se o adversário fosse o Clube da Beira da Lagoa ou o Tricolor, não teria tanta certeza.
Mas o Vasco, que me perdoem os adeptos da cruz de malta, é mesmo freguês de caderno em finais.
Para mim, que carrego nas costas mais de quatro décadas de jornalismo esportivo, o grande responsável pela vitória de 2 a 0 foi simplesmente Papai Joel Santana, que armou um Botafogo imbatível, desde a partida contra o Urubu de Juanito das Candongas.
Destaques individuais no Botafogo? Poucos. Arriscaria dizer que apenas o goleiro Jefferson e o uruguaio Loco Abreu chamaram a atenção dos torcedores alvinegros. Mas todos os demais, sem uma única e escassa exceção, jogaram com o coração, honrando a camisa da estrela solitária que vestiram. E, agora, as bandeiras do Uruguai (Loco Abreu) e da Argentina (Herrera) integraram-se a mais bela bandeira de um clube de futebol, a do imortal Botafogo de Futebol e Regatas.
Daqui deste espaço que ocupo e que é postado carinhosamente pela amiga Malu Cabral, faço a mais fechada e absoluta questão de agradecer ao Botafogo o antecipado – um dia apenas – presente de aniversário que me deu e que ficará para sempre em minhas lembranças. Agradeço também ao presidente do clube, Maurício Assumpção, pela redenção da instituição que carrega o nome de Botafogo de Futebol e Regatas.
Agora, com o título da Taça Guanabara nas mãos, Maurício poderá botar banca na hora de transacionar com novos patrocinadores e investidores. E (quem sabe?) trazer para o segundo turno reforços para o elenco de Papai Joel Santana. O Botafogo não pode iludir-se com um título conquistado sobre um freguês em decisões.
O Botafogo é imortal e precisa, como nunca, manter suas tradições. E haverá de mantê-las.
Para terminar, aquele abraço a Fábio Ferreira e Loco Abreu pelo antecipado presente que me deram. Eu não poderia curtir um 22 de fevereiro mais feliz.
Obrigado, Botafogo, minha maior e inexcedível paixão imaterial.
(*) Recado de meu irmão Maurício Porto, alvinegro como eu, para o comentarista Jorge Nunes, da Rádio Tupi: “O Botafogo não é um clube cartesiano. Não dê palpites errados...”