terça-feira, 31 de março de 2009

Botafogo 24 x 0 Mangueira


Minha amiga, irmã, camarada, Camila Augusta da Silva, botafoguense da mais alta estirpe – de um Carlito Rocha, certamente – só tem um único e escasso defeito: é noiva de um cruzmaltino. Mas como ninguém é perfeito, nem eu, que tenho uma filha que torce para aquele clube da Beira da Lagoa, vamos deixar para lá. Pois Camila foi ao Museu do Futebol, no Pacaembu, em São Paulo, e fez questão absoluta de posar ao lado do cartaz que indica a maior goleada da história do futebol brasileiro: Botafogo 24 x 0 Mangueira.
E como ainda é uma menina, me pergunta o que sei sobre esse jogo, disputado exatamente a 30 de maio de 1909, no campo do então Botafogo Football Club. Na preliminar o Botafogo foi mais modesto: venceu apenas por 12 a 1. Mas os 24 a 0 estão no Museu do Futebol. Não sei muito, Camila, mas vamos lá se consigo liquidar com sua curiosidade.

Para começo de conversa, Camila, é preciso esclarecer que a partida foi realizada antes que o escritor Euclides da Cunha (1866-1909), invadisse a casa dos militares Dilermando Cândido de Assis (1889-1952) e Dinorah Cândido de Assis (1890-1921), em Piedade, por causa da traição de sua mulher Ana de Assis (1875-1951).

Na manhã de 15 de agosto de 1909, Euclides saiu atirando, atingindo seu rival, Dilermando, mas ferindo na nuca quem nada tinha a ver com o caso, o zagueiro alvinegro Dinorah. Assim, pois, foi em plena forma física e técnica que Dinorah participou da goleada que entrou para a história do futebol brasileiro, tendo marcado um gol. Não havia tomado o tiro.

Naquela mais do gloriosa tarde, o Botafogo – ainda sem a inacreditável estrela solitária ao peito, o que só ocorreria em 1942 – jogou com Coggin, Pullen e Dinorah; Rolando, Lulú e Pullen; Henrique, Flávio Ramos, Monk, Gilbert e Emanuel Sodré Viveiros de Castro. Os gols, Camila? Pois bem: Gilbert (9), Flávio (7), Monk (2), Lulu (2), Raul (1), Dinorah (1) e Henrique e Emanuel (1 cada). Que tal? Coisas que só acontecem ao Glorioso.

O que ocorre, Camila, é que no dia 15 de agosto Dinorah levou o tal tiro de Euclides – morto de ciúmes. Mas nosso heróico zagueiro, tão esquecido pelo Botafogo de hoje – devia ter um busto em General Severiano – mesmo com a bala encravada no pescoço, entrou em campo para enfrentar o Fluminense, no dia 22 de agosto de 1909.
Com os movimentos prejudicados, não foi o zagueiro categórico de sempre e perdemos por 2 a 1. Mas assim mesmo, Dinorah, amando o nosso imortal Botafogo, seguiu jogando e sagrou-se campeão de 1910, fazendo com que nosso time ganhasse para sempre o apelido de ‘O Glorioso’.

Mas a bala de Euclides foi fazendo efeito e Dinorah ficou paraplégico. Triste, acabrunhado, suicidou-se nas águas do Rio Guaíba, em Porto Alegre, mas foi enterrado no Rio. Ele é um símbolo, Camila. Um símbolo da maior goleada que o futebol brasileiro registra em mais de 100 anos de história. Sou fã de Dinorah, Camila, e Maurício Assumpção também deveria ser. Nosso herói merece as maiores homenagens do Botafogo de Futebol e Regatas, legítimo sucessor do
Botafogo Football Club, certo?

(*) Um último detalhe: o escudo com a estrela solitária, apontado como o mais belo do mundo pelos japoneses, fez sua estréia num simples treino coletivo, em General Severiano, a 19 de janeiro de 1943. O autor do desenho? Basílio Viana Júnior. É mole ou quer mais, Camila?

domingo, 29 de março de 2009

Uma emissora 100% tricolor


Por absoluta falta de sorte, fui obrigado a acompanhar a partida Botafogo x Fluminense, disputada no Maracanã, exclusivamente pela Rádio Globo. À exceção do Garotinho José Carlos Araújo, que é tricolor, mas narra o jogo com a mais irresoluta e absoluta isenção, seus comentaristas Gérson Nunes e Felipe Cardoso parecem que vão ao estádio com a camisa do Fluminense e só falam, durante os 90 minutos, no que deve ou não deve fazer o time dirigido pelo hoje aposentado Carlos Alberto Parreira. Faço idéia do que a dupla de tricolas não deve perpetrar em outras partidas.

Não quero justificar com isso a pífia atuação do Botafogo, que tomou um vareio do Vasco, empatou com o Americano e agora conseguiu perder do não mais que mediano time do Fluminense no último minuto, depois de estar vencendo de 1 a 0 até os 35 minutos do segundo tempo. De nada adiantaram as palestras da psicóloga em General Severiano – deve ser tricolor, também – tentando motivar os jogadores. E, Francamente. Victor Simões ser expulso de campo contra o Americano é dose para mamute desmamado. Caso não tenha levado uma advertência da diretoria, é erro.

Honestamente, tinha dado um tempo para meu blog depois do empate contra o Americano. Mas depois da derrota para o Fru-Fru, coisa que não ocorria há anos, fiquei revoltado. O Botafogo, como aconteceu nos dois últimos anos, caminha celeremente para fazer o papelão que cumpriu diante daquele time da Beira da Lagoa. Só se fizer agora, o Simpaticíssimo será tricampeão uma vez mais. E se cair diante de Vasco e Fluminense será uma vergonha que não tem mais tamanho.

Hoje, pedi a Malu Cabral para colocar a foto do blog algo que significasse o que estou sentindo. É uma espécie de luto que demonstro pela queda vertiginosa do alvinegro. Aliás, estou exausto desse tipo de descalabro. E não há diretoria que resolva o problema. De volta à Globo – sempre com respeito à Zé Carlos, tricolor mais do que moderado, Gérson só falta entrar em campo para cobrar a faltas próximas à área e Felipe, por incrível que pareça, chega a superar Nélson Rodrigues (1912-1980) na sua angústia pelo seu time.

Eu, que fui aluno de Zé Carlos, na Nacional, que me ensinou o pouco que sei de rádio, fico puto com comentários tão parciais. Não vou deixar de ouvir meu mestre, que é o melhor na latinha. Mas Gérson, que obteve suas maiores glórias no alvinegro, deveria ter um pouco mais de carinho com o clube que o projetou para a Seleção Brasileira. Até porque foi banido do Simpaticíssimo e já chegou ao tricola às vias da aposentadoria.
Fui.

segunda-feira, 23 de março de 2009

De passagem pelo Duque


Como diria Theóphilo de Vasconcellos, espetacular narrador de turfe da Rádio Jornal do Brasil, o Botafogo passou de passagem pelo Duque das Caixas, aliás Duque de Caxias, metendo quatro balaços no gol adversário. Foi uma vitória clara e límpida mas creio que o Glorioso, pelo menos no primeiro tempo, andou um pouco mascarado. Mas depois que encontrou seu melhor jogo sobrou em campo, podendo ter chegado aos 5 a 0 não fosse o inacreditável gol perdido por Victor Simões embaixo da baliza.

A Taça GB, numa promoção da administração de Maurício Assumpção, foi exibida aos torcedores (foto), que fizeram questão de registrar em fotografia sua passagem pelo Engenhão. Só que o menino da foto humilhou: além de posar ao lado da taça, ainda desfraldou a mais bonita bandeira de que se tem notícia em matéria de clubes de futebol. Um dia, quem sabe, se me esforçar muito neste blog, ganho uma do meu clube querido? É esperar para ver. E em matéria de Botafogo sempre tenho a maior paciência.

Mas meu assunto hoje é outro. Quero falar de Donizete, o Pantera, que Victor Simões está sempre homenageando. E deixo no ar a pergunta para meus leitores, que sabem mais de Botafogo do que eu: o Donizete foi mais importante no Botafogo ou no Vasco?

Fiz o questionamento porque às vésperas de Botafogo x Vasco, Donizete declarou que iria torcer por um empate de 3 a 3. Como ele foi um dos heróis (ao lado de Túlio Maravilha) na partida decisiva contra os cabelos vermelhos do Santos, em 95, pensei que ele, Pantera, tivesse um carinho mais especial pelo Botafogo.

Eu me recordo de que, segundo me relatou Carlos Augusto Montenegro, o Pantera jogou à meia bomba, com um princípio de estiramento muscular na coxa. E chegou a fazer teste no corredor do hotel onde o Botafogo estava concentrado. Mesmo assim, sem render o que podia – e sempre foi dono de uma explosão fantástica – meteu uma bola no travessão quase ao final da partida no Pacaembu. Agora, fico sabendo que ele é meio vascaíno, ao contrário de Maurício e Gonçalves, que aderiram ao alvinegro. Será que alguém pode torcer para dois clubes?

É uma coisa fantástica ou não?

Mudando de assunto, volto a elogiar a seriedade e postura de Leandro Guerreiro em mais uma partida. Aliás, Juninho também. Juninho fez a besteira de ir para o São Paulo, amargou a cerca, e está de volta ao clube de onde nunca deveria ter saído. E vamos para um novo compromisso no Campeonato Estadual porque o Vasco, depois de abater o Flamengo como se abate um belo urubu, vem aí com a corda toda. Vamos que vamos...

sexta-feira, 20 de março de 2009

A história do broche estarrado


Dizem os inimigos do Glorioso alvinegro de General Severiano, que há coisas que só acontecem ao Botafogo.

Meu amigo e professor Luiz Mendes – o comentarista da palavra fácil – me revelou, certa vez, que, num passado distante, a frase incluía também o Vasco da Gama. Mas o clube de São Januário, pelos títulos invictos que conquistou na década de 40 (45,47 e 49), teve seu nome abolido da frase-ditado. Ficou apenas o do Botafogo.

E, venhamos e convenhamos, nós todos que somos botafoguenses não podemos negar que quando o broche presidencial desaparece da lapela do ex-presidente Bebeto de Freitas, os adversários alvinegros têm razão.

Como é que uma jóia que passava de presidente para presidente pode desaparecer sem deixar pistas?

Se vivo fosse, o escritor inglês Conan Doyle diria que esse seria um caso para Sherlock Holmes desvendar. E eu, que trabalhei por pouco tempo no marketing do Botafogo, sou obrigado a concordar com a fábula. Por que Maurício Assumpção não recebeu o broche que, supostamente, só poderia estar de posse de Bebeto de Freitas.

É óbvio ululante, como diria o tricolor Nélson Rodrigues (1912-1980) que o broche, por valioso que seja, não irá atrapalhar em nada a campanha do Botafogo no Campeonato Estadual de 2009.
O Botafogo, inclusive, já está classificado para decidir o título, pois conquistou de maneira insofismável a Taça Guanabara, abatendo o Resende (que fulminara o Simpaticíssimo).

Mas que é uma vergonha sem limites, isso é.

Tentei ficar afastado da discussão, mas infelizmente sou obrigado a registrá-la.

O curioso disso tudo é que certa vez, por puro gesto de elegância, passei em General Severiano e presenteei Bebeto de Freitas com o mascotinho alvinegro que está à venda na própria Fogão-Shop.

Para minha surpresa e decepção, Bebeto nem tirou o mascotinho da embalagem. Mandou chamar o advogado do clube, fora de sua sala, e entregou meu presente a ele com a ordem de verificar se a empresa tinha direito de fabricar aquele mascotinho.

De certa forma, embora decepcionado, entendi. Bebeto queria saber de tudo, da licença ou não, para comercializar o produto.

No fundo, no fundo, me pareceu um gesto de quem cuidava da imagem do eterno e amado Botafogo.

terça-feira, 17 de março de 2009

Cabofriense abatido a tiros


Depois de abater o Cabofriense com quatro tiros, em Cabo Frio, parece que o Botafogo
reencontrou seu melhor jogo, embora os 4 a 1 sofridos diante do Vasco ainda não tenham descido em minha garganta. Sei muito bem que a debandada de antigos jogadores alvinegros não pôde ser evitada pelo novo presidente Maurício Assumpção. Pelo contrário, Maurício fez das tripas coração e construiu um novo Botafogo, com jogadores com Juninho, Leandro Guerreiro, Maicosuel, Reinaldo e o novo pantera Victor Simões.

Mas como sou conservador, principalmente em se tratando do nosso Botafogo, ainda sinto a falta de jogadores como Túlio, Lúcio Flávio, Zé Roberto e uns poucos outros. Com o gigantesco calendário que o Glorioso tem pela frente, o atual time sentirá muito na hora de variar. Por sorte, ou por manter um certo padrão, já estamos classificados para decidir o título. Mas será que até lá o Botafogo conseguirá se manter? E vejam que ainda teremos o Fluminense pela frente, cheio de moral com a vinda de Fred.

Mas vamos adiante que atrás sempre vem gente.

O botafoguense Rodrigo Federman, numa gentileza, me remeteu a foto que tirou ao lado de Nílton Santos, ‘A Enciclopédia do Futebol Alvinegro. Rodrigo ficou emocionado com a visita que fez, agendado por dona Célia, mulher do craque de todas as épocas. Aliás, faz tempo, Otávio Sérgio (campeão de 48) me revelou que o apelido de Nílton Santos: ele era chamado pelos companheiros de ‘Caminhão.’

Seja como for, ‘Caminhão’ ou não, sou um sujeito de sorte. Vi Nílton Santos em toda sua carreira no Botafogo e na Seleção, jogando de lateral-esquerdo,em 62, posição que já abandonara.

Tive, também, o privilégio de viajar com ele para São Paulo, onde alguns periodistas (eu, inclusive) colocariam o craque em evidência no programa ‘Bola da Vez’, da ESPN Brasil. Durante a viagem na ponte-aérea, Nílton, que tem pavor de avião, ficou com uma medalhinha (creio que de Santa Teresinha) na boca. Tentei dissuadi-lo, mas foi rigorosamente em vão.

Outro privilégio (este me levou às lágrimas) foi ter sido escolhido marketing do Botafogo para saudá-lo numa reunião do conselho deliberativo. E falei de sua despedida, em 1964, num jogo contra o Simpaticíssimo no Maracanã. Ao derrotar o adversário por 1 a 0, gol de Roberto Miranda, de cabeça, num centro de Mura, o Botafogo do meu coração matou o Flamengo, que tentava o título. Aliás, a vitória naquele ano ficou entre Fluminense e Bangu. O Fluminense conquistou o troféu.

Hoje fico por aqui, mas vou refazendo o blog sempre que minhas demais obrigações não me impeçam.
O Botafogo, amigos, tem histórias que não acabam mais...

sexta-feira, 13 de março de 2009

O campeão não pode apanhar assim


Como diria o meu amigo tricolor Nélson Rodrigues (1912-1980), é óbvio ululante que o meu querido Botafogo de Futebol e Regatas já sofreu derrotas mais amplas e também doloridas goleadas no Maracanã, pelo Campeonato Carioca. Segundo a Enciclopédia Alvinegra Pedro Varanda – por quem tenho o maior respeito – a primeira das ultimas saraivadas de gols que tomamos ocorreu no dia de 29 de abril de 1994, diante do Fluminense, por 7 a 1.
Confesso que fui a nocaute técnico diante desse desastre.

Mas os medonhos feitos cumpridos pelo querido alvinegro não terminaram aí. O último e terrível fracasso ocorreu diante do Vasco, a 29 de abril de 2001 (olhem repetição do maldito dia). O chamado clube da colina meteu 7 a 0 no Glorioso diante da estupefata torcida alvinegra. Recordo-me que o placar foi tão alarmante e fora de propósito que o próprio Romário, nosso eterno algoz, deixou o gramado lamentando a goleada sofrida por um clube tão tradicional quanto o Botafogo de Futebol e Regatas.

É por isso que sinto na carne os 4 a 1 da noite de quinta-feira, principalmente porque foi construído por um jogador, Carlos Alberto, que acabara de abandonar a camisa do Botafogo – como fizeram Túlio, Jorge Henrique, Wellington Paulista, Zé Roberto, Lúcio Flávio, Diguinho e mais os dois zagueiros dos quais nem quero guardar os nomes. Um campeão, como foi o Botafogo na Taça Guanabara, não pode se deixar abater desse jeito, diante de um Vasco que não o derrotava há sete anos.

Creio eu que, agora, a conquista da Taça Rio – e o título de campeão carioca de 2009 – ficaram ligeiramente mais difíceis. Tomara que eu esteja errado e que o Glorioso tome a goleada sofrida como uma lição e parta para uma reação fulminante. Mas pelo que conheço do Botafogo, através da máquina do tempo que costumo utilizar, o efeito será devastador. Os jogadores vão achar que já estão classificados para a decisão e (é apenas uma questão de opinião) irão deixar o barco correr. Espero que não. Mas...

O fato, inconteste, é que, a essa altura do campeonato, os adversários do Botafogo vão achar dois motivos para deslustrar nosso êxito na Taça Guanabara: a derrota do Flamengo para o Resende e a perda de seis pontos por parte do Vasco.

E eu, aqui do Recreio dos Bandeirantes, meio isolado, não terei meios de refutar essas dúvidas. Perder é conseqüência natural numa competição de futebol. Mas ser goleado, tenham a mais santa das paciências. Principalmente para um time meio mal-ajambrado como o do Vasco, que andou tropeçando até mesmo em seu estádio, em São Januário.

Fica aqui, pois, a minha advertência: o Flamengo está lutando por mais um tricampeonato e o Botafogo, quer queira ou não, terá a dura missão de impedir essa conquista. De minha parte, abatido a tiros, vou tentar retornar à minha máquina do tempo e contar as histórias do meu Botafogo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Camisas lindas & dúvidas


Depois de abatermos os Tigres com três tiros certeiros, pela Taça Rio, retorno hoje a uma coluna (post) que escrevi há pouco tempo e que ainda provoca inútil polêmica entre meus leitores. Trata-se da foto que me chegou da Hungria, através do botafoguense István, com o inacreditável ataque formado por Garrincha (1933-1983), Gérson Canhota de Ouro, Didi (1928-2001), Jairzinho e Roberto. Alguns alvinegros acham que a foto é uma montagem, pois Gérson e Didi – segundo eles – jamais jogaram juntos.

Pois do alto da minha documentação a respeito do Glorioso, garanto a vocês que Gérson e Didi atuaram juntos, sim, de 23 de agosto de 1964 a 24 de fevereiro de 1965, totalizando 21 partidas. Sei que são poucos jogos e que a memória às vezes é traiçoeira. Mas o ataque da foto e outros, com Quarentinha, Amarildo e Zagallo, além da presença de Nílton Santos na defesa, entraram para a história do Botafogo velho de guerra, o clube que mais jogadores cedeu para a Seleção Brasileira que chegou ao tri mundial.

Esclarecida a dúvida dos leitores, vamos a outro assunto.

Vocês repararam na beleza de camisa que três jogadores do Botafogo estão usando em General Severiano? Pois trata-se da luxuosa (poderia ser outra coisa?) camisa que Carlito Rocha (1894-1981) mandou confeccionar para o Campeonato Carioca de 1947 e chegou a ser utilizada no início de 1948 (já com calções brancos) numa excursão do Botafogo à Bolívia, quando Nílton Santos, aos 22 anos, já integrava o quadro de profissionais.

Infelizmente (pois que a camisa é linda), ela foi criada por Carlito Rocha, inspirado na camisa do River Plate de Buenos Aires, mas teve que ser abandonada porque rasgava à toa, perdia botões e sempre estava para fora dos calções dos jogadores. Na foto, os três alvinegros são Teixeirinha (ponta-esquerda), Santo Cristo (ponta-direita) e Osvaldo Ávila (centro-médio). Particularmente, para disputar com essa beleza de camisa, só a listrada de mangas compridas (da foto tão questionada), sem patrocínios.

Para os mais velhos (ou mais fanáticos) vou escalar o time que mais vezes atuou envergando esse maravilhoso uniforme: Ary Nogueira César, Gérson dos Santos e Francisco José Sarno; Nílton Senra, Osvaldo Ávila e Juvenal Francisco Dias; Válter (Santo Cristo) Silveira, Efigênio (Geninho) Bahiense), Heleno de Freitas (1920-1959), Otávio Sérgio de Moraes e Nildo (Teixeirinha) Teixeira de Mello.


Por sorte, ainda muito garoto, pude ver esse Botafogo de 1947 ao vivo, levado às Laranjeiras e General Severiano pelas mãos de meu saudoso pai Nélson Porto (1909-1994), ironicamente torcedor do Flamengo, mas democrata para permitir que três de seus quatro filhos homens torcessem pelo incrível Botafogo de Futebol e Regatas.

sexta-feira, 6 de março de 2009

O húngaro botafoguense e família


Vocês todos, leitores de meu blog, têm todo o direito de pensar que imagino torcedores pelo mundo. Mas sabem, também, que botafoguenses não mentem. A primeira história começou há anos, quando meu filho Roby Porto vivia em Nova York e ainda não trabalhava na ESPN Internacional, em Bristol, Connecticut. Roby, sempre que podia, vestia a gloriosa na hora de ir para o trabalho. Certo dia foi abordado no metrô por um chinês que, reconhecendo a alvinegra, perguntou se era mesmo a do Botafogo. Esse chinês era nada menos do Chang Xin-Pow, que veio à posse de Rolim.

Depois foram aparecendo outros, dos mais distintos locais. Surgiu um cidadão, Fedor Kurepin, que se dizia chefe da Casaquifogo no Casaquistão, antiga república da extinta União Soviética. Mais recentemente, eis que me envia uma bela foto o húngaro István, acompanhado da esposa e filha numa visita a Praga, capital da República Tcheca. István foi quem me enviou a foto do Botafogo com aquele ataque inacreditável de Garrincha, Gérson, Didi, Jairzinho e Roberto Miranda. E eu pergunto: pode uma coisa dessas?

Eu e István nos correspondemo-nos em inglês (perdoem mas yo soy poliglota, ou seja, hablo castelhano, inglês e francês) graças aos duros ensinamentos do meu querido Instituto São Fernando (hoje não mais existe). Mas, como ia dizendo, István me pede fotos, eu envio, me solicita algumas identificações de time inacreditáveis do Botafogo, eu mato as charadas e ele fica feliz da vida. Agora mesmo, quando o Glorioso conquistou a Taça Guanabara, remeti, de imediato, uma foto do time posado no Maracanã.

Ele foi à loucura...

E foi por isso, depois de elogiar a foto de meus alvinegros netos na decisão, que ele me enviou sua foto. Em poucas e resumidas palavras, mato a cobra e mostro o pau (evidentemente no bom sentido), como já havia feito anteriormente com Chang (que odiava aquele clube da beira da Lagoa) e de Fedor Kurepin. Fora isso, meu sobrinho Bruno Porto (filho do meu irmão Carlos, que projetou o Engenhão) fundou na China, onde está trabalhando, a Xangai-Fogo que, segundo ele, conta com milhares de adeptos, que varam a noite (o horário não ajuda) para acompanhar os jogos do querido Botafogo.

Recentemente, publiquei aqui no blog uma foto de uma flâmula do Glorioso no museu do Barcelona. Haveria outras flâmulas? Nunca, jamais em tempo algum. Nem um plastiquinho? Também não. Este, portanto, é o Botafogo de Futebol e Regatas, camisa inspirada na do Juventus de Turim, por idéia de Itamar Tavares, um dos sócios fundadores de nossa paixão.

Por fim, uma explicação que muitos sabem, outros não. A estrela solitária não é uma estrela. É o belo planeta Vênus. Quando os remadores do Club de Regatas Botafogo saíam para treinar, lá estava Vênus, brilhando. E ele, Vênus, como uma estrela, foi parar na camisa negra dos remadores e, hoje, faz parte do mais bonito escudo de futebol do mundo, segundo pesquisa de uma revista japonesa nos últimos meses do ano passado.

Querem mais?

No próximo blog eu ataco outra vez, falando de minha eterna paixão.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Que Botafogo é esse, sô?


(ao estilo de Minas Gerais)

Vamos esquecer um pouco a nossa conquista da Taça Guanabara e a irritação de Cuca? Então vamos, e que os nossos inimigos de sempre tomem o xarope bromo-cereja (vocês se recordam?) que é bom para a tosse.


Então vamos lá porque atrás vem sempre gente rubro-negra, claro.
Que Botafogo é esse gente, juntando Gérson e Didi, Garrincha, Jairzinho e Roberto? Isso não é um time, é um escrete de futebol, ou não?


Imaginem os leitores deste apaixonado blog alvinegro que esta foto me veio parar em mãos vinda da Hungria, de um torcedor, um tal István, botafoguense apaixonado. Como ele descolou essa preciosidade não sei, mas que é um timaço, isso é. Nele, é claro, percebe-se que faltam as presenças de Joel Martins, Nílton dos Santos, Mário Jorge Lobo Zagalo e Quarentinha, certo? Mas a verdade é que já surgem Jair e Roberto.


O ano, haverão de perguntar os leitores? O ano certamente é o de 1964, quando mestre Valdir Pereira (1928-2001) desistiu de encarar o Real Madri sob o boicote de Di Stéfano e retornou a General Severiano. Aliás, com Didi e Gérson, com a inacreditável camisa de mangas compridas, é quase o ataque que Nílton dos Santos sonhou, com Didi e Zizinho (1921-2002). Mas Adhemar Bebiano implicou, disse que Zizinho tentou chutar o Biriba e o sonho de Nílton se foi. Mas esse time que o húngaro achou é demais.


Na foto, pela ordem, da esquerda para a direita, de pé, estão Adevaldo, Élton, Manguinha, Zé Carlos, Paulistinha (já falecido) e Rildo; agachados, na mesma ordem, vejam o tiroteio: Garrincha, Gérson Canhota, Didi, Jair Ventura Filho e Roberto Miranda. Como jogava esse time? Fácil: Manga, Adevaldo, Zé Carlos, Paulistinha e Rildo; Élton, Gérson e Didi; Garrincha, Jairzinho e Roberto. Com todo o respeito pelos ausentes, era um timaço.


O interessante, na foto do húngaro (que só pode ser tarado e ainda comemora a Taça Guanabara) é a junção de duas gerações: a de Manga, Joel (ausente), Nílton Santos (ausente) e Garrincha (presente) com os jovens Gérson, Jairzinho, Zé Carlos e Roberto, todos eles campeões pelo clube anos mais tarde.


Quanto a Adevaldo, fazia parte dos excelentes reservas, como ele mesmo e mais Paulistinha, Ronald Alzuguir, Neivaldo, Rossi, Arlindo, Édson Praça Mauá e tantos outros que me fizeram ir mais cedo ao Maracanã só para vê-los na preliminar. E já ia me esquecendo de Quarentinha, o maior artilheiro da história do clube, e daquele que sempre tenho na lembrança, pela garra, faro e coragem, Paulo Catimba Valentim.


Mas vamos apoiar os que aí estão e esquecer os que deram no pé. Os de hoje são campeões outra vez e pela quarta vez irão decidir o título. Tomara que seja contra eles. Eles quem? Vocês sabem. Vamos fazer mistério.

terça-feira, 3 de março de 2009

Haja superstição



Quando bolei o título de meu livro (esgotado, infelizmente) – ‘Botafogo, 101 anos de histórias, mitos e superstições’ – acho, modestamente, que estava inspirado. Vejam, por exemplo, o que o leitor Stene Nílton me revelou. O Botafogo, no dia do 444º aniversário do Rio, conquistou o direito de disputar a quarta final consecutiva do Campeonato Estadual. E diz ele: 3 x 4 = 12, invertido, 21. E completa: estamos apenas no início do Século XXI. Depois, ninguém sabe exatamente qual a razão de os botafoguenses serem tão supersticiosos. E eu me incluo na lista, só não revelo a macumba.


Hoje, fugindo um pouco a meus hábitos, publico a foto de meus netos no Maracanã, no dia da vitória sobre o Resende. Rafael e Gaia Porto seguem a paixão do pai e do avô por esse indescritível clube denominado Botafogo de Futebol e Regatas. O Glorioso, por sinal, deu um espetáculo de fervor de sua torcida, colocando 75 mil pessoas no Maracanã. O número, curiosamente, não me assustou. E me recordo de 1999, quando colocamos mais de 100 mil botafoguenses contra o Juventude, antes de o Maracanã ser reformado e ganhar as cadeiras coloridas que tem agora.


No dia da partida, dei uma entrevista à Rádio CBN – emissora de grande categoria e elegância – e disse que não sabia como esse novo Botafogo iria se comportar numa decisão. E é óbvio: um time que perdeu Túlio, Diguinho, Lúcio Flávio, Wellington Paulista, Jorge Henrique e mais os dois zagueiros centrais – dos quais não guardei e nem quero guardar os nomes – poderia estranhar a disputa pelo título de finalista do Campeonato Estadual.


Mas, mesmo levando-se em conta a fragilidade do adversário, o time do Botafogo jogou uma bola mais do que redonda. Gostei demais de Leandro Guerreiro, Juninho, Fael, Maicosuel e Reinaldo e também do lateral Alessandro, dono de um fôlego de fazer inveja.


Quem sabe, e agora é o meu palpite, aqueles que foram embora é que não traziam sorte ao Botafogo? E Cuca não tem que ficar aborrecido com os gritos da torcida. Aliás, nem vice o Flamengo foi, pois discute com o Fluminense onde vão disputar o terceiro e o quarto lugares. Já sugeri o Aterro. Mas há gente contra.


Felizes são meus netos, que além de prorrogar a saga alvinegra da família, só foram ao Maracanã quatro vezes para ver o Botafogo ganhar. Eu, na idade deles, 9 e 8 anos, já estava começando a sofrer. Mas meu querido tio Júlio (1888-1983) não deixou que eu e meus irmãos, Carlos e Maurício, esmorecêssemos. E hoje é a vez das novas gerações.

domingo, 1 de março de 2009

We are the champions



Mais uma vez somos campeões da Taça Guanabara e, pela quarta vez seguida, estamos na decisão do Campeonato Carioca.
Quero deixar aqui o agradecimento de todos vocês, meus leitores, mas estou muito emocionado para escrever mais. Vou ficar devendo.

Pessoalmente, não posso deixar de cumprimentar um verdadeiro herói da partida decisiva, o leal, honesto e grande jogador Leandro Guerreiro.
Todos, porém, jogaram muito e a torcida formidável que colocou mais de 70 mil torcedores no Maracanã. E que belo escore: 3 a 0.

We are the champions...