terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Que camisa maldita é esta?

Graças a um ato de agradecimento e benevolência (exagerada) do então diretor de futebol Djalma Nogueira, ganhei imerecidamente um título de sócio-proprietário do Botafogo de Futebol e Regatas. Fiquei muito sem jeito porque me comparei, na época, a meu saudoso tio Júlio Lopes Fernandes (1898-1983), que até morrer, apaixonado como era, não passou de sócio contribuinte. De proprietário passei a conselheiro, prejudicadíssimo pelo confronto entre os horários das reuniões do Conselho Deliberativo e de meus compromissos com os jornais nos quais trabalhava.

Na gestão de Emil Pinheiro, numa reunião no Mourisco – o clube não recuperara ainda a sede de General Severiano – fui gratuitamente agredido, verbalmente – por um tal Maurício Porto (não parente, felizmente) por causa de um inventado incidente com o grande presidente Carlito Rocha. Alcoolizado, Maurício Porto foi retirado da reunião por Althemar Dutra de Castilho, que saiu em minha defesa. Na verdade, Carlito Rocha foi maltratado na redação de um outro jornal. Quando esteve no JB, onde eu trabalhava, tratei-o com o respeito que ele mais do que merecia.

Fiz esta introdução para dizer que, a partir dessa gratuita baixaria, me decepcionei com as reuniões do conselho. Mas o ponto final só viria mais tarde, quando o indivíduo Marcos Portella fez circular entre os conselheiros um manifesto contra minha mais do que modesta pessoa (apenas um apaixonado pelo alvinegro).

A partir daí, perdoem o termo, tirei meu time de campo. De tal modo, admito, que meu título deve ter sido merecidamente cassado por completa inadimplência. Preferi entrar no Botafogo apenas com minha carteira de jornalista, hoje com 46 anos de validade.

Em poucas e resumidas palavras, como diria mestre Hélio Fernandes, da aguerrida Tribuna da Imprensa, da Rua do Lavradio, preferi regressar, digamos assim, ao amadorismo. Se pessoas do Botafogo não me queriam, como Maurício Porto e Marcos Portella, por que não ser apenas o que era antes, um apaixonado torcedor?

Hoje, reconheço, com um blog na Internet – postado pela minha querida amiga Malu Cabral – escrevo o que quero, critico ou elogio o que quiser e Marcos Portella (já que Maurício Porto se foi) não mais poderá liderar manifestos contra mim.

E mais: tive o enorme prazer de escrever dois livros sobre minha maior paixão imaterial, um deles em 2005, outro agora, no final do ano de 2009. Pena que o primeiro esgotou-se.

Mas no espaço de tempo em que fui conselheiro – muito orgulhosamente até – aprendi algumas coisas com meus dois amigos do peito: Luiz Fernando Maia e Jorge Aurélio Dominguez. Uma delas a de que no uniforme do Botafogo não se mexe, contrariando os estatutos.
A camisa alvinegra é a oficial; a preta é a segunda opção e a branca (da qual não gosto) surgiu também oficialmente diante da necessidade de enfrentar clubes que usem o negro, como, por exemplo, o Vasco da Gama, que acabou de nos esmagar em pleno Engenhão. Mas essa que apareceu na catástrofe do último domingo é contrária aos estatutos.

Deve ser jogada de marketing da loja que vende produtos do clube, baseada em idéia (infeliz) do atual diretor de marketing. Como camisa esporte, para ser usada por torcedores, não tenho nada contra. Mas o time do Botafogo não pode usá-la, por indevida, e até após sua desastrosa estréia.

Particularmente, cada vez mais renovo minha credibilidade em duas pessoas: Augusto Frederico Schmidt e mestre João Saldanha. Schmidt disse a Santhiago Dantas que o Botafogo tem a vocação do erro (e tem mesmo). E João Sem Medo, certa vez, querendo demonstrar que o alvinegro era sempre uma nau sem rumo disse apenas o seguinte:

- O Botafogo é um campo e duas balizas...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

‘Botafogo – O Vergonhoso’

Justamente no ano em que completa 100 anos da sensacional conquista do Campeonato Carioca de 1910 e que recebeu da imprensa o apelido de ‘O Glorioso’, o Botafogo tomou do Vasco uma surra homérica.

Vestidos com uma camisa ridícula, os jogadores alvinegros foram mais ridículos ainda. E o técnico, à beira do gramado do Engenhão – campo do Botafogo – nada fez para impedir o grotesco espetáculo. E a diretoria, pelo que se soube após a surra, pretende manter esse mesmo grupo que está levando o antigo Glorioso à bancarrota.

Não vou dizer que desisto, que tiro meu time de campo, porque sou profissional do jornalismo. Mas que me dá vontade, isso dá.

A partir de domingo, renegando histórias de heroísmo – como a do zagueiro Dinorah, campeão de 1910 com uma bala no pescoço – vou tratar o clube como ‘Botafogo – O Vergonhoso’. Já perdemos do Vasco por 7 a 0 em 2001, do Flamengo, duas vezes, por 6 a 0 e 6 a 1, e do Fluminense, se a memória não me falha, por 7 a 1 ou 7 a 2.

O que falta para maltratar ainda mais nossa apaixonada torcida?

Nada, rigorosamente nada.

Por isso, meu blog de hoje termina aqui, sem foto, de luto e sem esperanças de dias melhores.

Peço desculpas a todos botafoguenses.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Duplo adeus: Ávila e Otávio Sérgio

Ainda outro dia, escrevi um blog dizendo que a Seleção Brasileira, que perdeu a Copa do Mundo para o Uruguai, em 1950, já não tinha mais sobreviventes. Por ironia do destino, do lado uruguaio, o único vivo é justamente Alcides Gigghia, autor do gol que nos derrotou, enganando Barbosa na baliza à direita das tribunas do Maracanã. Mas como este blog é alvinegro, lamento informar – embora com atraso – que do time do Botafogo campeão carioca de 1948, só dois estão entre nós: Juvenal Francisco Dias e Nílton dos Santos, que, entre os companheiros, tinha o apelido de ‘Caminhão’.

Dois dos últimos heróis daquela conquista em General Severiano já se foram: Otávio Sérgio de Moraes (1923-2009) e Osvaldo Ávila (1919-2006). Para os veteranos, escalo hoje o time daquele 12 de dezembro de 1948 contra o Vasco: Osvaldo Baliza, Gérson dos Santos e Nílton dos Santos; Rubinho, Osvaldo Ávila (foto) e Juvenal Francisco Dias; Egídio ‘Paraguaio’ Landolfi, Ephigênio ‘Geninho’ de Freitas Bahiense, Silvio Pirillo, Otávio Sérgio e Braguinha. Garoto ainda, não pude ir ao jogo com meu tio Júlio Lopes Fernandes (1898-1973), que me tornou botafoguense.

Inapelavelmente, o tempo passa – e como passa – e do time campeão carioca de 1957, comandado por João Saldanha, todo o ataque também se foi: Garrincha, Didi, Paulo ‘Catimba’ Valentim, Édison ‘Praça Mauá’ Pinto de Assis e Valdir “Quarentinha’ Cardoso Lebrego. Mas admito a vocês todos – jovens e veteranos – que desconhecia a morte de Osvaldo Ávila em 2006. Ele vivia em Resende, Estado do Rio de Janeiro, e, graças a um amigo, que tinha uma banca de jornal, chegou a conversar comigo pelo telefone e tive a rara oportunidade de cumprimentar aquele gaúcho raçudo, tantas vezes campeão pelo Internacional. Mas, já na era do Maracanã e, mesmo antes, em General Severiano, pude vê-lo atuar com a gloriosa alvinegra.

Quanto a Garrincha – morto há 27 anos em janeiro de 1983 – tive a sorte de acompanhar sua carreira. Em companhia de meu tio e de meu irmão Carlos Porto, pudemos assisti-lo participar da primeira rodada do Campeonato Carioca de 1953, enfrentando o São Cristóvão, jogando pelo time de aspirantes. Como Mangaratiba não aproveitou sua chance no jogo entre os titulares, já na rodada seguinte, contra o Bonsucesso, Garrincha foi lançado por Gentil Cardoso como titular da camisa número sete. Daí em diante todos os torcedores do Botafogo conhecem sua trajetória, repleta de glórias e tragédias, tendo morrido aos 49 anos – sofrendo com a artrose e o alcoolismo que o acompanharam pela vida. Igual a Garrincha, nunca mais.

O garoto Jobson, que levava um jeito de herdeiro de Garrincha – vejam que disse que levava um jeito – meteu-se com drogas, aos 21 anos, e foi suspenso por dois anos. Honestamente, espero que o Botafogo – mesmo com sua eterna vocação para o erro – dê apoio ao jovem Jobson para que ele, aos 23 anos, possa voltar a vestir nossa camisa. Mas tudo isso ainda é uma interrogação. E em se tratando do Botafogo, não posso apostar em nada. Apenas torcer para que o jovem Jobson receba apoio do clube e possa, no futuro, mostrar as qualidades que mostrou no último Campeonato Brasileiro, praticamente livrando o Glorioso de cair outra vez para a segunda divisão.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Atenção: não falem mal do Botafogo

Faço a mais absoluta e fechada questão de esclarecer um ponto aos eventuais leitores do meu blog – que, pouco a pouco vai chegando a 60 mil consultas. Todos sabem que sou botafoguense há mais de 60 anos e que gosto de contar histórias a respeito de meu clube do coração. De 1904 a 1950 (inclusive) conto com a inestimável ajuda do escritor alvinegro Alceu Mendes de Oliveira Castro, com seu extraordinário livro ‘O Futebol no Botafogo – 1904-1950’ (esgotadíssimo).

Daí em diante, quando quero uma informação precisa, peço ajuda da verdadeira enciclopédia do Glorioso, o meu amigo (sempre prestativo) Pedro Varanda, a quem chamo de ‘Marechal’ por tantos conhecimentos acumulados através dos anos sobre o Botafogo.
Deixo passar muita coisa na imprensa – toda ela rubro-negra – mas sacanear o Botafogo, sem uma resposta minha, não dá. Não dá e não dará enquanto este blog existir. Por isso, apenas por isso, com a preciosa ajuda do Varanda, publiquei a enorme lista de vitórias do Botafogo que fizeram o Urubu chorar.
Muitas delas eu estava lá, no Maracanã, misturado à torcida, embora tenha até hoje lugar privativo na tribuna de imprensa do estádio. Outras, não. Era muito garoto para ter tido o prazer inenarrável de ver os jogadores do Urubu sentados em campo, um recurso abjeto e que entrou para a história do futebol carioca como ‘O Jogo do Senta’.

Mas não suporto – repito – que sacaneiem o Botafogo no rádio, na imprensa e na televisão. Daí o último e gigantesco blog que a Malu Cabral (amiga do peito) teve a paciência de postar sobre a vitórias conquistadas sobre o Urubu. Comigo é assim: bateu, levou. E não reservo minhas reações apenas para o Urubu – que vive de comida podre.
Sou assim com todos, Vasco e Fluminense. Outro dia mesmo dei uma porrada no tal Bruno Mazzeo, que fez pouco do Botafogo na televisão, vestindo a camisa cruzmaltina. E é importante dizer que não recebo um único e mísero tostão do Botafogo para fazer o que faço. Em relação ao Fluminense, pelo menos por enquanto, não tenho o que falar (pelo menos por enquanto). Mas, quem sabe? Pode ser.

Por isso estou dando estas explicações aos meus seguidores. Se me alonguei, pelo menos aumentei o arquivo de cada um com a ajuda do Varanda. Mas saibam todos quantos este blog virem que podem até falar mal de mim. Do Botafogo, nunca.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Urubu também chora – e como chora

Um canal de televisão do Rio – com o claro intuito de menosprezar o Botafogo – editou, em sem programa esportivo deste sábado (antes do início do Campeonato Carioca de 2010) um programa em que um ridículo Charles Chaplin (Carlitos) dizia que o prazer do Urubu era fazer o Botafogo chorar. E colocou a cena no ar duas vezes, como se ela, a cena, fosse ‘engraçadíssima’.

Graças à verdadeira enciclopédia do Botafogo que é Pedro Varanda – meu amigo e companheiro – faço absoluta questão de listar as inúmeras (não todas) derrotas que o Botafogo fez o Urubu chorar lágrimas de esguicho e (reparem só) até mesmo sentar em campo esperando o final da partida, proporcionando um espetáculo grotesco e inesquecível do Campeonato Carioca.

O ‘Jogo do Senta’ foi comandado do banco onde estavam os dirigentes da ave de rapina, apelido que o botafoguense Tarzã aplicou no adversário em 1953.

Graças a Pedro Varanda, aí vai a enorme lista do choro do Urubu. Na foto. O ponteiro paraguaio Cañete tira as chuteiras depois de fazer o gol que liquidou as pretensões urubulinas de conquistar o tetracampeonato carioca.

Aí vai a e infindável lista:
BOTAFOGO 6 x 2 FLAMENGO*
Data: 08 / 03 / 1944
Local: São Januário, Rio de Janeiro
Árbitro: Mário Gonçalves Vianna
Competição: Torneio Relâmpago
Gols: Afonsinho (2), aos 2’ e 42’, Reginaldo (2), aos 3’ e 18’, Heleno (2),aos 8’ e 11’ (1° tempo); Zizinho, aos 25’ e Tião, aos 27’ (2° tempo)
Botafogo: Osvaldo Baliza, Hernandez e Lusitano; Zarcy, Santamaria eNegrinhão; Afonsinho, Octávio (Tovar), Heleno, Limoeiro e Reginaldo
Flamengo: Luiz Borracha (Doly), Artigas e Newton; Quirino (Guálter), Bria (Tião) e Jayme; Nilo, Zizinho, Djalma, Jacir e Vevé

*BOTAFOGO 5 x 2 FLAMENGO*
Data: 10 / 09 / 1944
Local: General Severiano, Rio de Janeiro
Árbitro: Aristides Figueira “Mossoró”
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Heleno, aos 20’, Jayme, aos 30’ e Valsecchi, aos 44’ (1° tempo);Walter, aos 23’, Heleno, aos 25’, Jarbas, aos 28’ e Geninho, aos 31’ (2°tempo)
Botafogo: Ary, Laranjeira e Laidlaw; Ivan, Papetti e Negrinhão; Lula, Geninho, Heleno, Valsecchi e Walter
Flamengo: Jurandyr, Newton e Quirino; Biguá, Bria e Jayme; Nilo, Zizinho, Pirillo, Sanz e Jarbas

*Obs: Jogo encerrado aos 31’ do 2° tempo, por causa dos protestos dosjogadores do Flamengo pelo quinto gol do Botafogo. Os jogadores rubro-negrossentaram em campo – “Jogo do Senta”*

*BOTAFOGO 1 x 0 FLAMENGO
Data: 28 / 03 / 1945
Local: Laranjeiras, Rio de Janeiro
Árbitro: Antônio da Costa Campos
Competição: Torneio Relâmpago
Gol: Franquito, aos 43’ (1° tempo)
Botafogo: Osvaldo Baliza, Laranjeira e Zarcy; Ivan, Papetti e Negrinhão;Lula, Limoeiro (Tovar), Octávio, Tim e Franquito. Técnico: Ítalo Fratezzi“Bengala”
Flamengo: Doly, Aralton e Coletta (Quirino); Paulo Amaral, Bria e De Teran;Nico, Jacyr (Djalma), Pirillo, Tião e Jarbas. Técnico: Flávio Costa

*Obs: 1) Paulo Lima Amaral, defensor rubro-negro, nosso futuro preparadorfísico e técnico, enfrentou o Botafogo; 2) Bria e Tim foram expulsos aos 77 minutos*

*BOTAFOGO 2 x 1 FLAMENGO*
Data: 14 / 12 / 1946
Local: São Januário, Rio de Janeiro
Árbitro: Mário Gonçalves Vianna
Competição: Campeonato Carioca*
Gols: Adílson e Heleno (1° tempo); Heleno (2° tempo)
Botafogo: Osvaldo Baliza, Gérson e Belacosa; Ivan, Negrinhão e Juvenal;Braguinha, Tovar, Heleno, Geninho e Izaltino. Técnico: Martim Silveira
Flamengo: Luiz Borracha, Newton e Quirino; Biguá, Bria e Jayme; Adílson,Tião, Pirillo, Perácio e Vevé. Técnico: Flávio Costa

*Obs: 1) Pirillo e Perácio foram expulsos; 2) O Flamengo abandonou o campo;3) Resultado mantido pela Federação Metropolitana de Futebol (FMF).*

*BOTAFOGO 5 x 3 FLAMENGO*
Data: 28 / 11 / 1948
Local: General Severiano, Rio de Janeiro
Árbitro: Mr. Devine
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Durval e Gringo (1° tempo); Ávila, Gringo, Octávio, Braguinha, Pirilloe Paraguaio (2° tempo)
Botafogo: Osvaldo Baliza, Gérson e Nílton Santos; Rubinho, Ávila e Juvenal;Paraguaio, Geninho, Pirillo, Octávio e Braguinha. Técnico: Zezé Moreira
Flamengo: Luiz Borracha, Newton e Norival; Biguá, Bria e Jayme; Luizinho,Zizinho, Gringo, Jair e Durval. Técnico: Togo Renan Soares “Kanela”

*Obs: **1) A partida foi paralisada por três vezes para que Biriba, mascotealvinegro, fosse retirado de campo, por decisão do árbitro)

*BOTAFOGO 1 x 0 FLAMENGO*
Data: 15 / 10 / 1950
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Mário Gonçalves Vianna
Competição: Campeonato Carioca
Gol: Neca, aos 30’ (1° tempo)
Botafogo: Osvaldo Baliza, Basso e Rubem; Rubinho, Ávila e Carlito; Zezinho,Neca, Ariosto, Octávio e Braguinha. Técnico: Carvalho Leite
Flamengo: Cláudio, Oswaldo e Juvenal; Válter, Nélio e Bigode; Aloysio,Hermes, Beto, Durval e Esquerdinha. Técnico: Cândido de Oliveira

*Obs: 1) Ávila e Nélio foram expulsos; 2) Primeira vitória sobre o CRFlamengo no Maracanã, não se computando o Torneio Início, que não tinha os90 minutos regulamentares*

*BOTAFOGO 3 x 0 FLAMENGO*
Data: 07 / 09 / 1953
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Alberto da Gama Malcher
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Vinícius, *Garrincha *(no rebote do pênalti cobrado por ele) e Dino
Botafogo: Gílson, Gérson e Nílton Santos; Araty, Bob e Juvenal; *Garrincha*,Geninho, Carlyle, Dino e Vinícius. Técnico: Gentil Cardoso
Flamengo: Garcia, Leone e Pavão; Marinho, Dequinha e Jordan; Joel, Rubens,Índio, Benitez e Zagallo. Técnico: Fleitas Solich

Obs: 1° jogo de *Garrincha* contra o C. R. Flamengo

*BOTAFOGO 5 x 0 FLAMENGO*
Data: 29 / 09 / 1956
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Mário Gonçalves Vianna
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Paulinho Valentim (2), aos 28’ (1° tempo) e aos 38’ (2° tempo),Alarcón (2), aos 2’ e 17’ (2° tempo), e Didi (de pênalti), aos 20’ (2°tempo)
Botafogo: Amaury, Orlando Maia, Thomé e Nílton Santos; Bob e Bauer;Garrincha, Didi, Paulinho Valentim, Alarcón e Hélio. Técnico: Geninho
Flamengo: Chamorro, Tomires, Pavão e Jordan; Mílton Copolillo e Jadir;Paulinho, Duca, Índio, Evaristo e Zagallo. Técnico: Fleitas Solich

*Obs: Thomé abandonou o campo, aos 15 minutos do 2° tempo, por ter fraturadoo braço esquerdo*

*BOTAFOGO 1 x 0 FLAMENGO*
Data: 16 / 12 / 1956
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Alberto da Gama Malcher
Competição: Campeonato Carioca
Gol: Cañete, aos 43’ do 1° tempo
Botafogo: Amaury, Bob, Orlando Maia e Nílton Santos; Pampolini e Juvenal;Neyvaldo, Didi, Paulinho Valentim, Garrincha e Cañete. Técnico: Geninho
Flamengo: Ary, Tomires, Pavão e Jordan; Mílton Copolillo e Dequinha; Joel,Paulinho, Índio, Evaristo e Zagallo. Técnico: Fleitas Solich

*Obs: 1) Sensacional vitória do Glorioso Botafogo; 2) Eliminamos o CRFlamengo do tetracampeonato*

*BOTAFOGO 1 x 0 FLAMENGO*
Data: 14 / 03 / 1962
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Público: 41.670
Árbitro: Wilson Lopes de Souza
Competição: Torneio Rio-São Paulo
Gol: Amarildo, aos 28’ (1° tempo)
Botafogo: Manga, Joel, Zé Maria, Paulistinha e Rildo; Ayrton e Didi;Garrincha, Quarentinha (Neyvaldo), Amarildo e Zagallo. Técnico: MarinhoRodrigues
Flamengo: Fernando, Vanderlei, Jadir, Bolero e Jordan; Carlinhos e Nelsinho;Joel (Adílson), Henrique, Dida e Germano. Técnico: Flávio Costa

*BOTAFOGO 3 x 1 FLAMENGO*
Data: 23 / 09 / 1962
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Aírton Vieira de Moraes
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Henrique, aos 3’ e Garrincha, aos 4’ (1° tempo); Arlindo, aos 21’ e Amarildo, aos 30’ (2° tempo)**
Botafogo: Manga, Joel, Zé Maria, Nílton Santos e Rildo; Ayrton e Arlindo;Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues
Flamengo: Mauro, Joubert, Décio Crespo, Vanderlei e Jordan; Carlinhos eGérson; Joel, Henrique, Dida e Miranda. Técnico: Flávio Costa

*BOTAFOGO 3 x 0 FLAMENGO*
Data: 15 / 12 / 1962
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Renda: Cr$ 22.093.570,00
Público: 158.994 (147.043 pagantes)
Árbitro: Armando Marques
Competição: Campeonato Carioca* *(decisão)
Gols: Garrincha, 10’ e Vanderlei (contra), 35’ (1° tempo); Garrincha, 2’ (2°tempo)
Botafogo: Manga, Paulistinha, Jadir, Nílton Santos e Rildo; Ayrton e Édison;Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. Técnico: Marinho Rodrigues
Flamengo: Fernando, Joubert, Vanderlei, Décio Crespo e Jordan; Carlinhos eNelsinho; Espanhol, Henrique, Dida e Gérson. Técnico: Flávio Costa

Obs: Paulistinha e Dida foram expulsos.

Nota: Botafogo, bicampeão carioca (1961-1962).

*BOTAFOGO 1 x 0 FLAMENGO*
Data: 13 / 12 / 1964
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Público: 88.628 pagantes
Árbitro: Eunápio Gouveia de Queiroz
Competição: Campeonato Carioca
Gol: Roberto, no 2° tempo
Botafogo: Manga, Mura, Zé Carlos, Nílton Santos e Rildo; Élton e Gérson;Jairzinho, Roberto, Arlindo e Humberto. Técnico: Geninho
Flamengo: Marcial, Murilo, Ditão, Joubert e Paulo Henrique; Carlinhos eNélson: Amauri, Aírton, Paulo Alves e Oswaldo II. Técnico: Flávio Costa

*BOTAFOGO 1 x 0 FLAMENGO*
Data: 22 / 08 / 1965
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Cláudio Magalhães
Competição: Taça Guanabara
Gol: Garrincha, aos 20’ (2° tempo)
Botafogo: Manga, Joel, Zé Carlos, Paulistinha e Rildo; Ayrton e Gérson; *Garrincha*, Sicupira, Jairzinho e Roberto. Técnico: Daniel Pinto
Flamengo: Marco Aurélio, Murilo, Ditão, Jayme e Paulo Henrique; Jarbas eFefeu; Amaury, Silva Batuta, Evaristo e Paulo Alves. Técnico: ArmandoRenganeschi

*BOTAFOGO 1 x 0 FLAMENGO*
Data: 19 / 12 / 1965
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Armando Marques
Competição: Campeonato Carioca
Gol: Gérson, aos 36’ do 2° tempo
Botafogo: Manga, Joel, Zé Carlos, Paulistinha e Rildo; Marcos e Gérson;Jairzinho, Bianchini, Sicupira e Roberto. Técnico: Daniel Pinto
Flamengo: Valdomiro, Murilo, Ditão, Jayme e Paulo Henrique; Carlinhos eNelsinho; Neves, Almir, Silva Batuta e Rodrigues. Técnico: ArmandoRenganeschi

*BOTAFOGO 2 x 1 FLAMENGO*
Data: 22 / 10 / 1967
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Cláudio Magalhães
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Rogério, aos 17’ (1° tempo); Carlos Roberto, aos 34’ e João Daniel,aos 43’ (2° tempo)
Botafogo: Manga, Moreira, Zé Carlos, Leônidas e Waltencir; Carlos Roberto eGérson; Rogério, Roberto, Ferretti e Paulo Cézar. Técnico: Zagallo
Flamengo: Marco Aurélio, Murilo, Ditão, Itamar e Paulo Henrique; Carlinhos eAmorim; Zequinha, João Daniel, Ademar Pantera e Luís Henrique. Técnico:Aymoré Moreira

*BOTAFOGO 1 x 0 FLAMENGO*
Data: 14 / 04 / 1968
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Antônio Viug
Competição: Campeonato Carioca
Gol: Jairzinho, de cabeça, 40’ (2° tempo)
Botafogo: Manga, Moreira, Zé Carlos, Leônidas e Waltencir; Afonsinho eGérson; Rogério, Roberto, Jairzinho e Paulo Cézar. Técnico: Zagallo
Flamengo: Ubirajara Alcântara, Murilo, Manicera, Onça e Paulo Henrique;Carlinhos e Reyes; Luís Carlos, César “Maluco” Lemos, Silva Batuta eNéviton. Técnico: Válter Miraglia

*BOTAFOGO 4 x 1 FLAMENGO*
Data: 18 / 09 / 1968
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Renda: NCr$ 331.583,25
Público: 94.535 pagantes
Árbitro: Armando Marques

Competição: Taça Guanabara (decisão)
Gols: Gérson, 9’ (1° tempo); Dionísio, 16’, Zequinha, 20’, Gérson, depênalti, 29’ e Roberto, 36’ (2° tempo)
Botafogo: Cao (Wendell), Moreira, Zé Carlos, Leônidas (Dimas) e Waltencir;Carlos Roberto e Gérson; Zequinha, Roberto, Jairzinho e Paulo Cézar.Técnico: Zagallo
Flamengo: Ubirajara Alcântara, Murilo, Onça (Jorge Andrade), Guilherme ePaulo Henrique; Carlinhos, Nelsinho (Dionísio), Liminha e Rodrigues Neto;Silva Batuta e Fio Maravilha. Técnico: Válter Miraglia

Obs: 1) O Flamengo jogou de branco; 2) Gérson cobrou dois pênaltis, oprimeiro aos 49’, Ubirajara Alcântara defendeu, o segundo ele converteu aos74’

Nota: Botafogo, bicampeão da Taça Guanabara (1967-1968)

*BOTAFOGO 2 x 0 FLAMENGO*
Data: 14 / 03 / 1971
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Público: 142.892
Árbitro: José Aldo Pereira**
Competição: Campeonato Carioca (Troféu Embaixador Negrão de Lima)
Gols: Jairzinho, aos 30’ (1° tempo) e Paulo Cézar, aos 13’ (2° tempo)
Botafogo: Ubirajara Motta, Carlos Alberto Torres, Brito, Leônidas e PauloHenrique; Carlos Roberto e Nei Conceição; Zequinha, Careca (Didinho),Jairzinho e Paulo Cézar. Técnico: Egídio Landolfi “Paraguaio”
Flamengo: Ubirajara Alcântara, Murilo, Onça, Reyes e Tinteiro; Chiquinho(Tinho) e Zanata; Buião, Caio Cambalhota, Fio Maravilha e Caldeira. Técnico:Dorival Knippel “Yustrich”

*Obs: Estrearam Carlos Alberto Torres, Hércules Brito Ruas e PauloHenriqueSouza de Oliveira.*

*BOTAFOGO 6 x 0 FLAMENGO*
Data: 15 / 11 / 1972
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Público: 46.279
Árbitro: José de Assis Aragão
Competição: Campeonato Brasileiro
Gols: Jairzinho, aos l5’, Fischer, aos 35’ e 41’ do l° tempo; Jairzinho, aos23’ e 38’ (*de letra*), e Ferretti, aos 42’ do 2° tempo
Botafogo: Cao, Mauro Cruz, Waltencir, Osmar e Marinho Chagas; CarlosRoberto, Nei Conceição e Ademir Vicente (Marcos Aurélio); Zequinha, Fischer(Ferretti) e Jairzinho. Técnico: Sebastião Leônidas
Flamengo: Renato, Moreira, Chiquinho Pastor, Tinho e Rodrigues Neto;Liminha, Zanata (Mineiro) e Paulo Cézar Caju; Rogério (Caio), Humberto e FioMaravilha. Técnico: Zagallo

*Obs: 1) O CR Flamengo, em seu aniversário, ganhou um presente de grego.

*BOTAFOGO 2 x 0 FLAMENGO***Data: 20 / 05 / 1973
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Público: 56.229
Árbitro: Arnaldo Cézar Coelho
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Roberto, aos 5’ e Ferretti, aos 44’ (ambos no 2° tempo)
Botafogo: Wendell, Waltencir, Brito, Osmar e Marinho Chagas; Nei Conceição,Carlos Roberto e Dirceu; Zequinha, Fischer e Roberto (Ferretti). Técnico:Sebastião Leônidas
Flamengo: Renato, Moreira, Chiquinho Pastor, Fred e Rodrigues Neto; Liminha,Paulo Cézar e Arílson; Vicentinho (Sérgio), Dario e Doval.Técnico: Zagallo
*Obs: 1) Wendell defendeu um pênalti, aos 15’ do 1° tempo, cobrado por PauloCézar; 2) Despedida de Roberto Lopes de Miranda, um dos nossos maioresartilheiros, campeão carioca (1962-1967-1968), campeão do Torneio Rio-SP(1966), bicampeão da Taça Guanabara (1967-1968) e campeão da Taça Brasil(1968). *

*BOTAFOGO 2 x 0 FLAMENGO*
Data: 11 / 08 / 1973
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Renda: Cr$ 177.632,00 / Público: 24.308
Árbitro: Arnaldo Cézar Coelho
Assistentes: José Teixeira de Carvalho e Ronald Monassa
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Marcos Aurélio, aos 20’ (1° tempo) e Jairzinho, aos 41’ (2° tempo)
Botafogo: Wendell, Miranda, Brito, Osmar e Marinho Chagas; Carlos Roberto,Marcos Aurélio (Nei Conceição) e Dirceu; Zequinha, Fischer e Jairzinho.Técnico: Paraguaio
Flamengo: Renato, Moreira, Fred, Tinho e Rodrigues Neto; Liminha, Zé Mário(Sérgio) e Zico; Rogério (Vicentinho), Dario e Vítor. Técnico: Zagallo

*Obs: O último gol de Jairzinho pelo Botafogo contra o CR Flamengo*

*BOTAFOGO 1 x 0 FLAMENGO*
Data: 06 / 04 / 1975
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Renda: Cr$ 1.269.147,50
Público: 92.212
Árbitro: Valquir Pimentel
Competição: Campeonato Carioca
Gol: Marinho Chagas, aos 21’ (1° tempo), em cobrança de falta
Botafogo: Wendell, Miranda, Chiquinho Pastor, Mauro Cruz e Marinho Chagas;Carbone, Carlos Roberto e Dirceu; Cremílson, Puruca (Fischer) e Nílson Dias.Técnico: Zagallo
Flamengo: Cantarelli, Júnior (Vanderlei Luxemburgo), Rondinelli, Jayme eRodrigues Neto; Liminha, Geraldo e Zico; Paulinho, Doval e Édson (Julinho).Técnico: Joubert

*BOTAFOGO 2 x 0 FLAMENGO*
Data: 11 / 07 / 1976
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Público: 114.136
Árbitro: José Roberto Wright
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Nílson Dias, aos 35’ (1° tempo) e Mário Sérgio, aos 33’ (2° tempo)
Botafogo: Ubirajara Alcântara, Miranda, Osmar, Nílson Andrade e China(Dodô); Rubens Paraná (Luizinho Rangel), Admir Vicente e Mário Sérgio;Cremílson, Marcos Aurélio e Nílson Dias. Técnico: Paulo Amaral
Flamengo: Roberto, Toninho, Rondinelli (Dequinha), Jayme e VanderleiLuxemburgo; Merica, Tadeu e Zico; Paulinho (Geraldo), Luizinho Lemos “Tombo”e Zé Roberto. Técnico: Carlos Frôner

*BOTAFOGO 1 x 0 FLAMENGO*
Data: 03 / 06 / 1979
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Público: 139.098
Árbitro: José Roberto Wright
Competição: Campeonato Carioca
Gol: Renato Sá, aos 9’ do 1° tempo
Botafogo: Borrachinha, Perivaldo, Nílson Andrade, Renê e China; Ruço(Romero), Mendonça e Renato Sá; Gil, Marcelo e Ziza (Chiquinho). Técnico:Joel Martins da Fonseca
Flamengo: Cantarelle, Toninho, Manguito, Rondinelli e Júnior; Carpegiani,Adílio (Luizinho) e Zico; Reinaldo, Cláudio Adão e Júlio César (CarlosHenrique). Técnico: Cláudio Coutinho

*Obs: 1) Perivaldo foi expulso; 2) O Botafogo acabou com a invencibilidadede 52 jogos do CR Flamengo*

*BOTAFOGO 3 x 1 FLAMENGO*
Data: 19 / 04 / 1981
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Público: 135.487
Árbitro: José Roberto Wright
Competição: Campeonato Brasileiro
Gols: Zico, aos 4’ e Mendonça, aos 44’ (1° tempo); Jérson, aos 40’ eMendonça, aos 43’ (2° tempo)
Botafogo: Paulo Sérgio, Perivaldo, Gaúcho, Zé Eduardo e Gaúcho Lima; Rocha,Ademir Lobo e Mendonça; Ziza (Édson), Marcelo (Mirandinha) e Jérson.Técnico: Paulinho de Almeida
Flamengo: Raul, Carlos Alberto, Luís Pereira, Marinho e Júnior; Vítor,Andrade (Carpegiani) e Zico; Tita, Peu (Anselmo) e Adílio. Técnico: DinoSani

*Obs: 1) O Botafogo eliminou o Flamengo.

*BOTAFOGO 2 x 1 FLAMENGO*
Data: 26 / 09 / 1981
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Luís Carlos Félix
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Marcelo, aos 4’ (1° tempo); Nunes, aos 9’ e Ademir Lobo, aos 25’ (2°tempo)
Botafogo: Paulo Sérgio, Gilmar (Jorge Luiz), Gaúcho, Oswaldo e Gaúcho Lima;Rocha, Mendonça e Ademir Lobo; Ziza (Édson Carpegiani), Marcelo e Jérson.Técnico: Paulinho de Almeida
Flamengo: Raul, Nei Dias (Peu), Figueiredo, Mozer e Júnior; Andrade, Adílioe Zico; Reinaldo, Nunes e Baroninho (Carlinhos). Técnico: Paulo CésarCarpegiani

*Obs: Édson Luiz Carpegiani (irmão de Paulo César Carpegiani, técnico dorubro-negro) substituiu Ziza*

*BOTAFOGO 3 x 0 FLAMENGO*
Data: 14 / 08 / 1983
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Público: 71.305
Árbitro: José Roberto Wright
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Marinho (contra), Geraldo e Berg
Botafogo: Paulo Sérgio, Josimar, Abel, Oswaldo (Christiano) e Marco Antônio;Ademir Fonseca, Demétrio e Berg (Lupercínio); Geraldo, Nunes e Jérson.Técnico: Sebastião Leônidas
Flamengo: Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Andrade, Adílio e GilmarPopoca (Carlos Alberto); Robertinho, Élder (Baltazar) e Lico. Técnico:Carlos Alberto Torres

*BOTAFOGO 2 x 1 FLAMENGO*
Data: 11 / 05 / 1986
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Renda: Cr$ 692.235,00
Público: 25.870
Árbitro: Cláudio Garcia
Assistentes: Adauto Cunha e Vânder de Carvalho
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Bebeto, aos 41’ (1° tempo); Berg, aos 32’ e Helinho, aos 43’ (2°tempo)
Botafogo: Luiz Carlos, Gilberto, Marinho, Leiz e Mânica; Oswaldo, AdemirFonseca e Berg; Helinho, Silvinho e Antônio Carlos. Técnico: Carbone
Flamengo: Zé Carlos, Aílton, Guto, Aldair e Adalberto; Andrade, Valtinho eAdílio; Carlinhos (Chiquinho / Vinícius), Bebeto e Júlio César. Técnico:Sebastião Lazaroni

*Obs: 1) Bebeto foi expulso;

*BOTAFOGO 3 x 3 FLAMENGO*
Data: 07 / 05 / 1989
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Pedro Carlos Bregalda
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Zico, aos 18’ e Maurício, aos 37’ (1° tempo); Renato Carioca, aos 11’,Alcindo, aos 22’, Gonçalves (contra), aos 36’ e Vítor, aos 42’ (2° tempo)
Botafogo: Ricardo Cruz, Josimar (Vítor), Wilson Gottardo, Mauro Galvão eMarquinhos; Carlos Alberto Santos, Luisinho e Paulinho Criciúma; Maurício,Mílton Cruz (Mazolinha) e Gustavo. Técnico: Valdyr Espinosa
Flamengo: Zé Carlos, Jorginho, Gonçalves, Rogério e Leonardo; Aílton, RenatoCarioca e Zico (Marquinhos); Alcindo, Bebeto e Zinho. Técnico: Telê Santana

*Obs: Perdíamos de 3 a 1 e empatamos de 3 a 3.

*BOTAFOGO 1 x 0 FLAMENGO*
Data: 21 / 06 / 1989
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Renda: NCz$ 302.592,00
Público: 68.671 (56.412 pagantes)
Árbitro: Válter de Paula Senra
Competição: Campeonato Carioca / Estadual (2° jogo da decisão)
Gol: Maurício, 12’ (2° tempo)
Botafogo: Ricardo Cruz, Josimar, Wilson Gottardo, Mauro Galvão e Marquinhos;Carlos Alberto Santos, Luisinho e Vítor; Maurício, Paulinho Criciúma eGustavo (Mazolinha). Técnico: Valdyr Espinosa
Flamengo: Zé Carlos, Jorginho, Aldair, Zé Carlos Nascimento e Leonardo;Aílton, Renato Carioca e Zico (Marquinhos); Alcindo (Sérgio Araújo), Bebetoe Zinho. Técnico: Telê Santana

Obs: Botafogo, campeão Carioca (Estadual) invicto (1989)

*BOTAFOGO 2 x 1 FLAMENGO*
Data: 11 / 03 / 1990
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Pedro Carlos Bregalda
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Fernando, aos 37’ e Donizete, aos 42’ (1° tempo); C A. Dias, aos 44’(2° tempo)**
Botafogo: Ricardo Cruz, Paulo Roberto, Jocimar, Mauro Galvão e Gonçalves;Carlos Alberto Santos, Luisinho e Paulinho Criciúma; Donizete, Washington(Carlos Alberto Dias) e Valdeir. Técnico: Eduardo Antunes Coimbra (Edu)
Flamengo: Zé Carlos, Uidemar (Luís Carlos), Fernando, André Cruz e Piá;Aílton, Júnior e Djalminha; Renato Gaúcho, Gaúcho (Bujica) e Zinho. Técnico:Valdyr Espinosa

*BOTAFOGO 2 x 0 FLAMENGO*
Data: 28 / 04 / 1990
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Cláudio Vinícius Cerdeira
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Paulo Roberto, de pênalti, aos 4’ e Carlos Alberto Santos, aos 16’ (2°tempo)
Botafogo: Ricardo Cruz, Paulo Roberto, Wilson Gottardo, Mauro Galvão eRenato Martins; Carlos Alberto Santos, Luisinho e Djair; Carlos AlbertoSantos, Valdeir e Gustavo. Técnico: Eduardo Antunes Coimbra (Edu)
Flamengo: Zé Carlos, Uidemar, Fernando, André Cruz e Leonardo; Aílton,Júnior e Marcelinho (Bujica); Renato Gaúcho, Gaúcho e Luís Carlos (Alcindo).Técnico: Valdyr Espinosa

*BOTA*F*OGO 2 x 1 FLAMENGO*
Data: 08 / 11 / 1992
Local: Caio Martins, Niterói
Árbitro: Sérgio Cristiano Nascimento
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Bujica (2), aos 48’ e 73’, e Júnior, aos 76’
Botafogo: Marcelo Lourenço, Odemílson, André Santos, Rogério Pinheiro eAndré Duarte; Pingo, Djair e Macalé; Vivinho (Gilmar Popoca), Bujica eJéferson Gaúcho (Nélson). Técnico: Edinho
Flamengo: Gilmar, Fabinho, Júnior Baiano, Rogério e Pia; Uidemar, Júnior,Djalminha e Luís Antônio; Paulo Nunes (Nélio) e Gaúcho (Júlio César).Técnico: Carlinhos

*Obs: 1) O Maracanã estava interditado para obras, por isso a partida foi noCaio Martins; 2) Marcelo Ribeiro “Bujica”, ex-Flamengo, “detonou” o cluberubro-negro*

*BOTAFOGO 3 x 1 FLAMENGO*
Data: 24 / 09 / 1995
Local: Castelão, Fortaleza
Público: 74.114
Árbitro: Francisco Dacildo Mourão
Competição: Campeonato Brasileiro
Gols: Túlio, aos 22’ (1° tempo); Gonçalves, aos 14’, Edmundo, aos 41’ eMarcelo Alves, aos 44’ (2° tempo)**
Botafogo: Wagner, Wilson Goiano, Wilson Gottardo, Gonçalves e André Silva;Leandro Ávila (Marcelo Alves), Jamir, Beto (Márcio Theodoro) e SérgioManoel; Donizete (Narcízio) e Túlio. Técnico: Paulo Autuori
Flamengo: Paulo César, Agnaldo, Cláudio (Róbson), Ronaldão e Leonardo Inácio(Rodrigo Mendes); Márcio Costa (Uéslei), Pingo e Nélio; Edmundo, Romário eSávio. Técnico: Washington Rodrigues**

*BOTAFOGO 1 x 0 FLAMENGO*
Data: 26 / 03 / 1997
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Ubiraci Damásio de Oliveira
Competição: Campeonato Carioca
Gol: Renato Carioca, aos 25’ do 1° tempo
Botafogo: Alex Guimarães, Bruno Carvalho (Arcelino), Grotto, Marcelo Augustoe Alexandre Seixas; Alemão, França, Renato Carioca e Zé Carlos (Sidicley);Róbson (Clayton) e Serginho. Técnico: Joel Santana
Flamengo: Fábio Noronha, Fábio Baiano, Júnior Baiano, Fabiano e Athirson(Leonardo Inácio); Mancuso, Bruno Quadros, Lúcio (Maurinho) e Iranildo(Marcos Aurélio); Sávio e Romário. Técnico:

*Obs: 1) Renato Carioca e Mancuso foram expulsos; 2) O Botafogo atuou comseus reservas.

*BOTAFOGO 3 x 1 FLAMENGO*
Data: 07 / 10 / 2000
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Renda: R$ 319.200,00
Público: 36.533
Árbitro: Carlos Jorge Lopes Moreira
Assistentes: Aristeu Leonardo Tavares e Manoel do Couto Ferreira Pires
Competição: Campeonato Brasileiro
Gols: Donizete, aos 10’ e Dênis, aos 36’ (1° tempo); Sandro, aos 16’ ePetkovic, de pênalti, aos 29’ (2° tempo)
Botafogo: Wagner, Vítor, Sandro, Dênis e Misso; Marcelinho Paulista,Reidner, Rodrigo e Alexandre Gaúcho; Donizete (Magrão) e Zé Carlos (Tinga).Técnico: Antônio Clemente
Flamengo: Júlio César (Clêmer), Bruno Carvalho, Ronaldo, Fernando eAthirson; Leandro Ávila, Mozart, Petkovic e Alex (Reinaldo); Edílson eDenílson. Técnico: Carlinhos

*BOTAFOGO 3 x 1 FLAMENGO*
Data: 18 / 03 / 2002
Local: Estádio Municipal, Angra dos Reis
Árbitro: Jorge Fernando Rabello
Competição: Campeonato Carioca
Gols: Ademílson, aos 5’, Daniel, aos 16’, Carlinhos, aos 18’ e Daniel, aos35’ (2° tempo)
Botafogo: Lázaro, Sídnei, Gilmar, Tavares e Renatinho; Thiago Xavier, TiagoCoelho (Afonso), Fabinho e Márcio Gomes; Daniel (William) e Ânderson(Hernande). Técnico: Paulo Zagallo. Dé, o Aranha, técnico do Botafogo noCaixão estava suspenso
Flamengo: Diego, Isael, André Bahia, Valnei e Gaúcho; Fábio Tenório, Fabiano Cabral, Andrezinho e Carlinhos; Vítor e Edmílson (Igor). Técnico: JoãoCarlos da Silva Costa

*BOTAFOGO 1 x 0 FLAMENGO*
Data: 14 / 03 / 2004
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Ubiraci Damásio de Oliveira
Competição: Campeonato Carioca
Gol: Alex Alves, *de calcanhar*, aos 4’ do 2° tempo
Botafogo: Jefferson, Márcio Gomes (Daniel), João Carlos, Sandro e JorginhoPaulista; Fernando, Túlio, Valdo e Camacho (Carlos Alberto); Almir (Dill) eAlex Alves. Técnico: Levir Culpi
Flamengo: Júlio César, Rafael, Henrique, Fabiano Eller e Roger (Flávio); DaSilva, Íbson (Jônatas), Zinho e Felipe; Jean e Diogo (Rafael Gaúcho).Técnico: Abel Braga
*Obs: 1) Felipe foi expulso; 2) O CR Flamengo outra vez na história leva umgol de calcanhar, ou de letra, como queira, você escolhe. Golaço de AlexAlves!*

*BOTAFOGO 3 x 2 FLAMENGO*
Data: 16 / 03 / 2008
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Árbitro: Marcelo de Souza Pinto
Assistentes: Beival do Nascimento Souza e Vilmar Raul
Competição: Campeonato Carioca / Estadual (Taça Rio de Janeiro)
Gols: Wellington Paulista, 22’, Leonardo Moura, de pênalti, 38’ e Zé Carlos,de pênalti, 46’ (1° tempo); Jorge Henrique, de cabeça, 7’ e Thiago Sales, decabeça, 22’ (2° tempo)
Botafogo: Castillo, Alessandro, Renato Silva, André Luís e Triguinho(Adriano Felício); Túlio (Eduardo), Diguinho, Lúcio Flávio e Zé Carlos(Wellington Júnior); Jorge Henrique e Wellington Paulista. Técnico: Cuca
Flamengo: Bruno, Leonardo Moura, Leonardo, Thiago Sales e Egídio; Jaílton(Marcinho), Gavilán (Léo Medeiros), Jônatas e Toró; Renato Augusto (Maxi) eObina. Técnico: Joel Santana

Obs: Jônatas, aos 42’ e Obina, aos 45’ (ambos no 2° tempo) foram expulsos
*BOTAFOGO 3 x 0 FLAMENGO*
Data: 13 / 04 / 2008
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Renda: R$ 916.218,50
Público: 47.400 (43.385 pagantes)
Árbitro: Péricles Bassols Pegado Cortez
Assistentes: Wagner de Almeida Santos e Jackson Lourenço Massara dos Santos
Competição: Campeonato Carioca / Estadual (Taça Rio de Janeiro)
Gols: Wellington Paulista, de cabeça, 39’ (1° tempo); Alessandro, 15’ eLúcio Flávio, de pênalti, 27’ (2° tempo)
Botafogo: Castillo, Alessandro (Túlio Souza), Renato Silva, André Luís eTriguinho; Túlio, Diguinho, Lúcio Flávio (Fábio) e Zé Carlos; Jorge Henriquee Wellington Paulista (Leandro Guerreiro). Técnico: Cuca
Flamengo: Bruno, Leonardo Moura, Fábio Luciano, Ronaldo Angelim e Juan;Cristian (Obina), Kléberson, Íbson e Toró; Renato Augusto (Diego Tardelli) eSouza (Marcinho). Técnico: Joel Santana

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Renato Sá, El Vingador

Em junho de 1979, há quase 31 anos, o Botafogo, em jogos oficiais e amistosos, conseguiu atingir a marca de 51 jogos sem perder. Para um clube, como o Glorioso, que havia perdido na época a sua histórica sede de General Severiano, remetido a Marechal Hermes, os tais 51 jogos invictos soavam praticamente como um título conquistado a duríssimas penas. Mas quis o destino – ou uma tabela proposital – que o Botafogo tivesse pela frente, na próxima rodada do Campeonato Carioca, nada menos do que o Simpaticíssimo clube da beira da Lagoa Rodrigo de Freitas.

Repleto de craques consagrados, como Paulo César Carpeggiani, Adílio, Zico e Cláudio Adão – para citar apenas estes quatro – o Simpaticíssimo, pouco tempo antes, havia superado a marca do Botafogo, com 52 partidas sem perder. Não preciso dizer que foi uma festa na Gávea. Todos, do porteiro ao faxineiro mais modesto, tinham a mais absoluta e irretorquível certeza de que o Simpaticíssimo derrotaria o Botafogo e estabeleceria a marca recorde de 53 jogos invicto. O supervisor Domingo Bosco foi rigorosamente à loucura. E mandou cunhar medalhas de recordistas para os jogadores.

O Botafogo – presidido por Charles Borer – havia investido em jogadores como Ziza, Marcelo e Renato Sá, mas o restante do time, à exceção de Mendonça, era o mesmo que se arrastava pelos campos do Rio, tentando melhor sorte no Campeonato Carioca – o que demoraria mais 10 duros anos para acontecer. O time foi a campo com Borrachinha, Perivaldo, Nílson Andrade, Renê e China; Russo (Romero), Mendonça e Renato Sá; Marcelo e Ziza (Chiquinho). O Simpaticíssimo entrou com seu ‘escrete’, ou seja, Cantarelli, Toninho, Rondinelli, Manguito e Júnior Capacete; Carpeggiani, Adílio (Luisinho das Arábias) e Zico; Reinaldo, Cláudio Adão e Júlio (‘Uri Geller’) César (Carlos Henrique). O juiz foi José Roberto Wright e o público, acreditem ou não, foi de 139 mil 098 pagantes – impossível nos dias de hoje.

Mas estava escrito que o Simpaticíssimo não concretizaria seu sonho. Aos 11 minutos do primeiro tempo, Renato Sá (vibrando na foto), da meia-lua, driblou dois adversários e fuzilou Cantarelli no gol à esquerda das tribunas, bem abaixo da torcida adversária. E resistiu heroicamente a todas as pressões sofridas e deixou o Maracanã com o recorde igualado de 52 jogos sem perder.
Não preciso dizer que foi um dia de luto na Gávea, não apenas para os jogadores – acostumados a vencer – mas principalmente para o supervisor Domingo Bosco. Até hoje, tantos anos depois, não se sabe com certeza o que Domingo Bosco fez com as medalhas (e escrevo isso sem segundas intenções).

Para uns, ele as teria atirado nas águas da Lagoa Rodrigo de Freitas, que só agora deixaram de ser poluídas. Para outros, Domingo Bosco as teria enterrado num canto do gramado do Flamengo, como o macumbeiro Arubinha fez com um sapo vivo num passado distantérrimo, depois que seu clube, o Andaraí, perdeu de 12 a 0 para o Vasco no gramado do Fluminense. Infelizmente, Domingo Bosco se foi e jamais revelou o destino das medalhas do recorde que não ocorreu. Dizem – não posso apostar – que há um prêmio para o funcionário da Gávea que descobrir as medalhas.
Mas 31 anos depois, a tarefa parece impossível. Particularmente, acho que Domingo Bosco as atirou mesmo na Lagoa Rodrigo de Freitas, matando, de estalo, todos os peixinhos que estavam por perto. Para mim, é a mais viável das variadas hipóteses.

Resultado: o placar do recorde segue até hoje – 52 a 52, sem apelação.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Alguns gringos do Botafogo

Como minha memória não é de ferro – como costuma dizer sabiamente meu amigo José Inácio Werneck – o primeiro estrangeiro que me vem à cabeça quando escrevo sobre o Botafogo é o do português Rogério Lantres, que jogou com Heleno de Freitas em 1947. Mas Heleno era tão mal humorado em campo que disparava sobre o humilde Rogério toda a sua tradicional raiva após uma jogada errada. E Rogério, agindo com sabedoria, tirou seu time de campo e voltou a Portugal assim que a temporada terminou. Era difícil suportar a doentia ira de Heleno de Freitas.

Pouco depois, chegou ao Botafogo – também por apenas a temporada de 1950 – o zagueiro-central argentino Oscar Basso, apontado por Nílton dos Santos como o melhor companheiro de zaga com quem jogou. Pode ser que Nílton esteja fazendo injustiça com o mineiro Gérson dos Santos (1922-2002), que foi com ele, Nílton, campeão de 1948. Mas a opinião é de Nílton e não pretendo discuti-la.

Pouco depois, em 1952, desembarcou no Rio o hermano Rubem Bravo (meio careca) que tentou dar um mínimo de organização no meio-campo alvinegro mas logo desistiu. Veio então o goleiro argentino Hector Lugano (1955) que não era lá essas coisas. Lugano, por sinal, foi encontrado como mendigo, morando nas pedras da Urca, pelo companheiro Antônio Maria Filho. Levado a um hospital, com tuberculose avançada, Lugano logo morreu (tenho foto dele no time do Botafogo da época).

O próximo gringo a vestir a Gloriosa foi o paraguaio Juan León Cañete, ponteiro-esquerdo, em 1956-1957. Cañete entrou para a história do Botafogo em 1956, ao marcar, contra o Simpaticíssimo, o gol da vitória (1 a 0) que deu por antecipação o título carioca ao Vasco e matou a pretensão do Flamengo de ser tetracampeão carioca.
Curiosamente, Botafogo e Vasco estavam de relações cortadas, por suspeita, por parte do Botafogo, de suborno a jogadores alvinegros na derrota por 3 a 2, pouco antes da partida citada. O injustamente punido foi Robert James Neil, o Bob, interrogado pelo dirigente-policial Brandão Filho, com um revólver em cima de sua mesa.

Depois de Cañete, pelo que me recordo, o próximo gringo foi o argentino Rodolfo Fischer, de 72 a 76. Fischer participou da goleada de 6 a 0 sobre o Flamengo, em 72, mas, segundo fontes seguras de General Severiano, garantiram-me que ele não se dava com Jairzinho, cheio de máscara depois da conquista do tricampeonato mundial do Brasil no México.
Fischer fez as malas e foi mostrar sua categoria de atacante no Vitória da Bahia. Sem contar, recentemente, já no período do Engenhão, a vinda dos bolas murchas Escalada (um cara mais gordo que o Ronalducho) e Zárate, ambos argentinos, que nada jogaram por pouco tempo – mas endoidaram a torcida.

Ia me esquecendo do goleiro uruguaio Castillo, que enganou enquanto pôde.

Agora, sob as bênçãos de Mário Jorge Lobo Zagallo, chegou (foto) o uruguaio El Loco Abreu, outro cismado com a camisa 13, e, logo depois, outro hermano, Gustavo Herrera. Pessoalmente, nada tenho contra uruguaios e argentinos, desde, é óbvio, que estejam vestindo a mais bela camisa do mundo. E vou torcer muito por eles.
Só espero que o boato da vinda de Ronaldinho Gaúcho, em meio à temporada, não se concretize. Ronaldinho hoje não quer nada com a bola e sim se exibir para os espanhóis. Além, é claro, do salário que vai pedir para jogar pelo Glorioso. Vai dar crise com os outros.

(*) Uma historinha para os curiosos. Em 1938, o Vasco (não é só o Botafogo que faz algumas besteiras, contratou o gringo Bernardo Gandulla. Como Gandulla não jogava nunca, ganhou dos torcedores cruzmaltinos o apelido de gandula. Daí a origem do nome dos garotos e rapazes que ficam à margem do campo devolvendo as bolas.
(**) (**) O leitor Eduardo (não colocou sobrenome) fez uma colocação que me parece procedente em relação ao apelido de gandulas, para os apanhadores de bola que saem de campo. Fui atrás de confirmação e fiquei sabendo que o argentino Bernardo Gandulla (1916-1999) jogou como titular na meia-esquerda do Vasco da Gama, no Campeonato Carioca de 1939 (conquistado pelo Flamengo). É possível, e aí entra a tese de Eduardo, que Gandulla tivesse, digamos assim, uma espécie de fair play e fosse sempre buscar as bolas que saíssem de campo. Daí o apelido.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Vitória Inesquecível sobre “O Mais Querido”

Não é de hoje que o Botafogo de Futebol e Regatas me proporciona as mais incríveis e inesperadas surpresas. Faz tempo – século passado para que vocês tenham uma idéia – mas no domingo, 28 de novembro de 1948, meu pai, rubro-negro da cabeça aos sapatos, aproveitou a passagem de meu avô pelo Rio, vindo de Pernambuco – origem da família – para convidá-lo para um almoço em nosso apartamento em Laranjeiras.

O coronel Porto, da Guarda Nacional de Pernambuco, era uma figura imponente. Tinha uma voz tonitruante e chegava a me assustar. Não preciso dizer que o velho coronel que se foi deste mundo em 1953, também torcia pelo Sport Club Recife e, logicamente, pelo Mais Querido no Rio. E cá entre nós, o pai de meu pai era para mim, àquela altura do campeonato, um ser quase extraterreno.

Como criança, almocei mais cedo e liguei o rádio para escutar Botafogo x Simpaticíssimo em General Severiano. O primeiro tempo foi um desastre para o Botafogo, que começou perdendo de 2 a 0. Quando meu pai e meu avô almoçavam, souberam e passaram a me provocar. Mas fui capaz de resistir estoicamente à chegada do segundo tempo e vibrei, mesmo na frente deles, quando Osvaldo Ávila diminuiu para 2 a 1.

Quando faltavam apenas 20 minutos e as visitas já estavam na sala de estar, eis que Oswaldo Baliza recolocou a bola em jogo e retornou de costas para sua meta. Gringo pegou de primeira e colocou o rubro-negro em vantagem por 3 a 1. Um frangaço, daqueles de integrar com brilho qualquer pegadinha de TV.

Aí, meus amigos, não suportei mais as gozações, desliguei o rádio – um enorme e potente rádio, por sinal – e tirei literalmente o time de campo. Abri a porta do elevador e, rigorosamente sozinho, fui brincar (não me perguntem de quê) no jardim do prédio.
Quando subi já estava escuro e eu, amargurado, já não encontrei mais ninguém em casa – ainda bem. Foi quando a campainha da porta tocou e fui abrir. Para minha surpresa, lá estava meu querido e inesquecível tio Júlio Lopes Fernandes – o responsável único pela paixão que sinto até hoje pelo Botafogo.

Como ele era antes de tudo um esportista – costumava aplaudir os adversários quando entravam em campo, coisa que não faço – não estranhei o sorriso dele. Só fiquei abestalhado quando ele me chamou: – Venha de lá com um abraço...Vencemos por 5 a 3...

Foi então que ele me relatou que o Botafogo, depois dos 3 a 1 adversos, reagiu de uma maneira ferrenha e determinada e, através de Otávio Sérgio, Braguinha, Sílvio Pirilo e Paraguaio (na foto – gentilmente cedida por meu amigo e companheiro de escola, o jornalista Sergio Cavalcanti –, com a gloriosa camisa 7), mostrando que nada impediria que o Glorioso se sagraria campeão daquele ano.

Hoje, quase 62 anos depois, cheguei à conclusão de que foi ótimo não ter escutado a narração dos restantes quatro gols do Botafogo. Admito que seria capaz de quebrar alguma coisa de valor e, depois, teria que me haver com minha mãe, que se foi - Daura Porto (1912-2006).

Minha mãe, por sinal, nunca teve time. Disse que foi Flamengo, Vasco e Fluminense. Mas, apesar de ter três dos quatro filhos botafoguenses, jamais torceu pelo alvinegro, nem na época de Heleno ou de Garrincha. Sempre pareceu incólume à paixão dos três filhos.

Mas como sou insistente, enquanto ela ainda estava em forma, meti uma conversa de cerca lourenço nela e forcei a barra:

– Mãe, afinal de contas, depois de tantos anos, gostaria de saber por qual clube você torce?

Ela me olhou séria e respondeu na lata:
– Por nenhum...

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A última vez que vi Garrincha

Fazia um calor dos diabos no Rio naquela noite de novembro de 1981, quando me sentei na confortável poltrona do Electra II da Varig que me levaria a São Paulo. Eu acabara de deixar O Globo por causa de uma discussão despropositada – envolvendo a morte acidental de Cláudio Coutinho (1939-1981) – com o então todo-poderoso diretor de redação Evandro Carlos de Andrade (1932-2001) e tinha um encontro profissional marcado na capital paulista com o velho companheiro Mauro Ivã Pereira de Mello. O comandante, mesmo com os motores da aeronave à meia bomba, ligara o ar-condicionado com força total para refrescar os passageiros.

Instantes depois, num mal ajambrado paletó, acompanhado por dois sujeitos que eu desconhecia, Garrincha passou por mim em direção à salinha que o velho avião tinha nos fundos. Quando Mané passou por mim, dei-lhe um tapinha amistoso no braço e recebi o cumprimento que ele dispensava a todos os fãs:

– Fala, gente boa...

Instantes depois, talvez embalado pelo friozinho agradável, acabei pegando no sono. Creio que fiquei desligado por uns bons 30 minutos. Quando despertei, me senti perdido. O Electra II seguia parado e perguntei ao passageiro a meu lado se já havíamos chegado a Congonhas. A resposta do cidadão me assustou:

– Olha, amigo, nem mesmo decolamos...

Perguntei a razão e ele me explicou o por quê:

– O comandante alertou pelo alto-falante que a bordo há um elemento alcoolizado e assim ele não levantará vôo. Por isso, chamou a polícia para retirá-lo.

Entrei em pânico. Garrincha, certamente, estaria aprontando lá atrás com seus estranhíssimos amigos. E pior: eu teria que presenciar a inédita expulsão do avião de meu ídolo alvinegro, àquela altura já sofrendo com o alcoolismo. Foi então que dois seguranças do aeroporto entraram no Electra II, passaram por mim e retiraram à força um senhor de cabelos brancos que mal se sustentava em pé. Foi uma áfrica retirar o bêbado. Ele se agarrou às poltronas, teve o paletó rasgado e ainda perdeu um sapato antes de ser colocado para fora aos gritos.

Um espetáculo deprimente.

Do meu lugar, aliviado, fiquei feliz em saber que Garrincha embarcara sóbrio. Quando por fim desembarcamos em Congonhas, em meio a tantos passageiros, já não mais vi Garrincha. Mas sua imagem alegre ficou em minha lembrança. Garrincha, é certo, fazia poucas e boas mesmo fora de campo, mas mesmo em sua simplicidade não cometeria o desatino de embarcar bêbado.

Saudades, gente boa...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Presente de grego para o Urubu

Naquele feriado nacional de quarta-feira, 15 de novembro de 1972, o Mais Querido, aniversariante do dia, era o favorito absoluto para a partida daquela tarde, no Maracanã, contra o rival Botafogo, pelo então Campeonato Nacional.

Campeão carioca sob a orientação de Mário Jorge Lobo Zagallo, o time da Gávea contava com quatro ex-jogadores alvinegros, todos eles da mais absoluta confiança do treinador: o lateral-direito Moreira, o ponteiro-direito Rogério, o meia-armador Humberto Redes e, estrela das estrelas, o campeão do mundo Paulo César Lima.

O Botafogo, por seu lado, tinha uma equipe forte, principalmente o ataque, mas o técnico Sebastião Leônidas não conseguira, ainda, que a equipe mostrasse conjunto. O time era tão cheio de altos e baixos que ganhou da imprensa o apelido A Alegria do Nordeste, de tanto perder por lá.

Os times jogaram assim: Botafogo – Cao, Mauro Cruz, Valtencir, Osmar Guarnelli e Marinho Chagas; Nei Conceição, Carlos Roberto e Ademir Vicente (Marco Aurélio); Zequinha, Rodolfo Fischer (Ferreti) e Jairzinho. Flamengo – Renato, Moreira, Chiquinho Pastor, Tinho e Rodrigues Neto; Liminha, Zanata (Mineiro) e Paulo César; Rogério (Caio Cambalhota), Fio e Humberto Redes, este último escalado na frente para tabelar com Fio e permitir a penetração de Paulo César pela esquerda da retaguarda do Botafogo.

Para uma partida que não era decisiva, as bilheterias do Maracanã trabalharam muito, pois venderam 46 mil 279 ingressos, a maioria para torcedores rubro-negros.

Apesar do favoritismo do Mais Querido, o Botafogo estava num dia inspirado. E curiosamente, naquele 15 de novembro, o Furacão da Copa Jairzinho e o argentino Rodolfo Fischer, embora não se falassem, entenderam-se às mil maravilhas. Os dois, por sinal, enlouqueceram a defesa rubro-negra em apenas meio-tempo: Jairzinho abriu o escore aos 15 minutos, Fischer fez 2 a 0 aos 35 e 3 a 0 aos 41. O escore já era alarmante para um clássico da envergadura de um Botafogo x Flamengo, mas quem conhecia as artimanhas de Zagallo sabia que, apesar da diferença, muita coisa poderia mudar na segunda etapa. Não para uma reviravolta no placar, mas, pelo menos, para a conquista de um honroso empate.

Mas para o Flamengo o segundo tempo foi catastrófico. Jairzinho aumentou para 4 a 0 aos 23, o mesmo Jairzinho, de letra, fez o quinto gol e finalmente, Ferreti, que substituiu Fischer, colocou 6 a 0 no placar. A torcida do Flamengo ficou chocada. Como o campeão carioca poderia perder de 6 a 0? O que acontecera em campo?

Até hoje, com 37 anos passados, ninguém sabe o que ocorreu.

Mas o sorriso de Jair, com sua cabeleira afro (a foto que ilustra o blog de hoje é exatamente do dia da goleada), levou os torcedores alvinegros a cantarem:

Nós gostamos de vo...6!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O guerreiro-artilheiro Paulo Catimba Valentim

Quim Valentim - pai de Paulo Valentim (1932-1984) - não suportou mais as aventuras e desventuras do filho, Paulo Valentim, na zona boêmia de Barra de Piraí e decidiu mudar-se de armas e bagagens para Belo Horizonte. Quim tinha recursos, pois era o todo-poderoso dono da banca de jogo de bicho da cidade e, mais que isso, carregava a fama de ter jogado noAtlético Mineiro, pelo qual fora campeão em 1936, formando um trio final como goleiro Kafunga e o zagueiro Florindo.

Paulo Valentim não queria trocar de cidade mas acabou fazendo sucesso numa partida em Juiz de Fora, atuando pela equipe de Barra de Piraí. Tupi, Sport e Tupinambás fizeram propostas àquele centroavante arisco e corajoso.Mas o clube que finalmente levou o atacante foi mesmo o Atlético Mineiro, noqual Paulo Valentim, em pouco tempo, transformou-se no demolidor das defesas do Vila Nova, Cruzeiro e América. Em Belo Horizonte, Paulo Valentim dormia sob as arquibancadas do velho Estádio de Lourdes, hoje o Diamond Mall. Mas a solidão da concentração empurrou o jovem Paulo Valentim para a boêmia mineira.

Num piscar de olhos, o jovem de Barra do Piraí começou a ficar conhecido na Rua do Comércio (hoje Guaicurus), na Boate Almanara e no ponto efervescente da cidade chamado de Pólo Norte. Foi quando surgiu na vida de Paulo Valentim a figura de uma prostituta pernambucana, baixinha, rechonchuda e que tinha fama de enlouquecer os homens.

Quando Paulo Valentim conheceu Hilda, a mulher que carregava o apelido de Furacão - logicamente pelo seu desempenho sexual - não mais a largou. A juventude e o preparo físico de Paulo Valentim não prejudicavam o seu rendimento nos gramados, masa diretoria do Atlético não se conformava com as noitadas de seu centroavante.

O alvinegro de Belo Horizonte foi campeão de 1955 com Paulo Valentim,mas em 1956, mesmo com todos os gols que marcava, o clube decidiu negociar seu passe com o Botafogo. O dirigente mineiro José Ramos, em entendimento com João Saldanha, conseguiu vender o passe de Paulo Valentim por Cr$ 1milhão, quantia altíssima para um jogador inteiramente desconhecido no futebol carioca.

Em 1955, depois de cometer a loucura de vender os passes de Dino da Costa e Vinícius ao futebol italiano, o Botafogo foi superado pelo Bonsucesso e não pôde disputar o terceiro turno do Campeonato Carioca. No início de 1956, revoltado com o vexame, João Saldanha saiu em campo e decidiu - com autorização do presidente Paulo Azeredo - reestruturar o departamento de futebol do clube.
Além de Didi e Paulo Valentim, João Saldanha negociou as contratações de José Carlos Bauer, do centroavante argentino Alarcón e do ponteiro paraguaio Cañete. Só não pôde promover a volta de Quarentinha (1938-1996) que ainda ficou um ano emprestado ao Bonsucesso.

Mas o Botafogo de 1956, mesmo não sendo campeão, voltou a trilhar o caminho das vitórias e foi o responsável direto pelo tiro de misericórdia no sonho do tetra campeonato do Mais Querido.
No turno, derrotou o rubro-negropor 5 a 0 e, no returno, venceu por 1 a 0, gol de Cañete, dando por antecipação o título da cidade ao Vasco. E Paulo Valentim conquistou aposição de titular para o Campeonato Carioca de 1957.

A partir de sua chegada ao Botafogo, Paulo Valentim passou a viver dias de sucesso. Em 1957 foi o herói da conquista do título alvinegro, marcando nada menos do que cinco gols na vitória de 6 a 2 sobre o Fluminense, diante de 130 mil torcedores que pagaram ingresso. Curiosamente, no time campeão, os artilheiros Paulo Valentim e Quarentinha (que retornara ao Botafogo) mal se falavam e em campo não trocavam passes.

No ano seguinte, mesmo perdendo o super-super campeonato para o Vasco, o Botafogo fez boa figura e Paulo Valentim - que recebera de Garrincha (1933-1983) o apelido de Macaco Sueco -acabou convocado para a Seleção Brasileira que disputaria em Buenos Aires, em 1959, o Campeonato Sul-Americano. E foi na capital argentina que ele transformou-se em herói nacional ao botar os uruguaios para correr e ainda marcar os três gols da vitória brasileira por 3 a 1.
Os argentinos ficaram encantados com a bravura de Paulo Valentim e não sossegaram enquanto o Boca Juniors não comprou seu passe, no início datemporada de 1960.
Antes de seguir para Buenos Aires, Paulo Valentim anunciou aos companheiros de Botafogo que, daquele momento em diante, sua companheira Hilda Furacão seria a senhora Hilda Valentim. Entre os padrinhos do casamento estavam João Saldanha e o mineiro Américo Pampolini, que também se sagrara campeão de 1957.

Dizem que, no sermão ao casal, o padre teria feito referências pouco elogiosas ao passado de Hilda e que Paulo Valentim, irritado, pensara em agredi-lo.

O que é certo é que João Saldanha, ateu de carteirinha, conseguiu acalmar os ânimos e a cerimônia pôde prosseguir. E lá se foi Paulo Valentim para Buenos Aires, casado com Hilda Furacão (foto deles, no apartamento de Buenos Aires), para defender o Boca Juniors, o clube de maior torcida na Argentina.
Lá, Paulo Valentim e Hilda moraram no mesmo prédio de Orlando Peçanha, campeão mundial pelo Brasil em 1958 e preterido para a campanha de 1962 no Chile. E o Boca, de jogadores famosos como Ubaldo Rattin, Marzolini, Orlando Peçanha e Sanfilippo, entre outros, sagrou-se campeão em duas temporadas: 1962 e 1964.

Por que Paulo Valentim, artilheiro dos campeonatos argentinos de 1961, 1962 e 1964, ídolo da torcida do Boca Juniors, veio parar no São Paulo na temporada de 1965? Segundo o repórter Paulo Vinícius Coelho, da ESPN Brasil, Paulo Valentim esteve inscrito pelo tricolor paulista em três temporadas: 1965, 1966 e 1967.

Nos registros do clube do Morumbi seu nome, porém, é apenas uma anotação sem qualquer comentário. De São Paulo, Paulo Valentim – sempre acompanhado de Hilda Furacão – viajou para Toluca, no México, onde os brasileiros passaram a ter enorme cartaz após a conquista da Copa do Mundo de 1970.

Mas beirando os 40 anos, sem fôlego e tresnoitado pelas mesas de pôquer, só lhe restou a opção de trabalhar no cais do porto. Vendo o estado de saúde do marido piorar, consta que Hilda Furacão teria lhe dito que voltaria à velha profissão – a mais antiga do mundo – para que ambos sobrevivessem. Paulo Valentim vetou a pretensão da companheira e eles voltaram ao Brasil.

Parece que Neivaldo Carvalho (1933-2006), eficiente ex-jogador do Botafogo, foi o último contato de Paulo Valentim no Brasil. Pouco antes da Copa do Mundo de 1978, na Argentina, Neivaldo, Cacá, Pampolini, Vavá e muitos ex-jogadores, como Nilton Santos, costumavam bater bola no Caxinguelê, um clube no Horto Florestal do Rio, perto do prédio da Rede Globo.

Por incrível que pareça, dessas peladas participava Ermelindo Matarazzo, que jogou nos aspirantes do Botafogo no final da década de 40. Ao final de uma manhã de muita diversão, Pampolini deu um recado a Neivaldo:

– Tem um cara atrás do gol que quer falar com você...

Neivaldo foi até lá e custou a reconhecer o cidadão. Era Paulo Valentim, que o próprio Pampolini, padrinho do casamento com Hilda Furacão, não reconhecera. Paulo Valentim queria dinheiro para comprar duas passagens para Buenos Aires. Neivaldo apelou então para o milionário Ermelindo Matarazzo. O ex-goleiro fez uma exigência:

– Dinheiro eu não dou. Dou a você, Neivaldo, que fica encarregado de comprar as passagens e entregá-las em mãos, está combinado?

Neivaldo comprou as passagens e as passou a Paulo Valentim, hospedado numa pensão barata no Flamengo. Quando esteve na pensão, Neivaldo não viu Hilda Furacão, mas ficou assustado com a quantidade de malas que tomavam conta do quarto. E ouviu a última frase do velho companheiro de Botafogo:

– Vou morar com a Hilda num apartamento de paredes aveludadas que temos em Buenos Aires...

Seis anos depois, Paulo Valentim estava morto.