quinta-feira, 30 de abril de 2009

O famoso Jogo do Senta


Meu tio Júlio Lopes Fernandes (1898-1983) detestava o Mais Querido e eu custei a saber a razão. Esportista – aplaudia os adversários quando entravam em campo – não vaiava os jogadores do Botafogo e apenas ficava cabisbaixo nas derrotas. Militar, não podia admitir que um clube não soubesse perder.

Até que um dia – faz tempo isso – me relatou o verdadeiro mico que o Simpaticíssimo pagou em General Severiano, com seus jogadores sentando em campo aos 31 minutos do segundo tempo, para espanto e estupor (termo que aproveitei de um cruzmaltino) de jogadores, dirigentes e torcedores do Glorioso alvinegro.

Mas, afinal de contas, o que teria acontecido de tão marcante há tantos anos – mais de seis décadas – precisamente na tarde ensolarada de um domingo, 10 de setembro de 1944?

Em sua inexorável marcha para a conquista de seu primeiro tricampeonato, após o discutido gol de Valido, na Gávea, na decisão contra o Vasco, o Mais Querido, até aquele dia, que entrou para o folclore do futebol carioca, perdera apenas dois jogos: o primeiro, diante do América, e o do final do turno, para o Vasco. Mas, na segunda rodada do returno, a tabela marcara um Botafogo x Flamengo para General Severiano.

Para os alvinegros, seria a oportunidade de vingança dos 4 a 1 que sofrera na Gávea, no turno. Para os rubro-negros, a confiança era absoluta. O otimismo em relação à conquista do terceiro título seguido. E General Severiano pegou um público extraordinário.

Com arbitragem de Aristides Figueira – o popular Mossoró – os times entraram assim em campo:

Simpaticíssimo – Jurandir, Newton e Quirino; Biguá, Bria e Jaime de Almeida; Nilo, Zizinho, Pirillo, Sanz e Jarbas;

Botafogo – Ari, Laranjeira e Ladislau; Ivan, Papeti e Negrinhão; Lula, Geninho, Heleno de Freitas, Valsecchi e Valter.

O primeiro tempo foi duro e terminou com vantagem de 2 a 1 para o Botafogo, gols de Heleno e Valsecchi. Na etapa final, animado por sua torcida, o Botafogo chegou a colocar 4 a 1 (Valter e Heleno), o Flamengo diminuiu para 4 a 2 (Jarbas) mas, aos 31 minutos, Geninho fez o quinto gol.

Começaram então as reclamações de jogadores e dirigentes rubro-negros. Para o “Esporte Ilustrado”, a bola chutada por Geninho batera na parte inferior do travessão e quicara dentro do gol para depois sair. Para Mossoró, também.

Já os jogadores do Mais Querido, Jurandir à frente, garantiam que a bola se chocara contra o travessão e voltara ao gramado. Por incrível que pareça, para muitos torcedores do Botafogo, atrás da baliza à direita das sociais, onde mais tarde surgiriam a Avenida Pasteur e o Túnel do Pasmado, a bola explodira dentro do gol mas batera no ferro que sustentava a rede.

Formado o tumulto – com os alvinegros batendo bola à espera do reinício da partida – os jogadores do Simpaticíssimo, obedecendo ordens vindas do banco e dos dirigentes Marino Machado e Francisco Abreu, simplesmente sentaram-se em campo.

Quando o tempo se escoou, levantaram-se e retiraram-se para os vestiários. Na súmula, Mossoró anotou o gol de Geninho, exatamente aos 31 minutos, e o resultado da partida foi homologado pela federação como 5 a 2 para o Botafogo.

Durante a semana, a reclamação dos responsáveis pelo departamento de futebol do Flamengo prosseguiu. E os jornais, ironicamente, passaram a chamar a partida de O Jogo do Senta.

É claro que com os recursos da televisão de hoje a dúvida seria tirada momentos após o chute de Geninho. Mas, na época, nem mesmo as mais velozes máquinas fotográficas captaram o lance.
O resultado é que durante muito tempo o debate seguiu acalorado.

Para o Mais Querido, porém, foi apenas um tropeço – inesperado, obviamente – na rota para o tricampeonato. Para os torcedores botafoguenses, porém, apesar da vitória de 5 a 2, ficou um travo amargo na garganta. Numa época romântica e cavalheiresca como aquela, era imperdoável o adversário não aceitar uma derrota, principalmente por tantos gols de diferença.

Talvez esteja aí a origem da rivalidade que atravessa gerações.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Botafogo 2 x 2 Flapito


Antes de comentar a partida que terminou com um 2 a 2 , no Maracanã, faço a mais absoluta e fechada questão de registrar a covardia e a canalhice do torcedores do Clube da Beira da Lagoa – refiro-me somente aos semi-alfabetizados – que, na falta do que fazer, escrevem comentários sobre meu blog, escondendo-se, escrotamente, sob nomes falsos ou anonimatos. Com raríssimas e honrosíssimas exceções – royalties para Helio Fernandes, da Tribuna da Imprensa – eles inventam pseudônimos e não colocam seus e-mails. Por quê? Por que têm medo de minhas respostas à altura? Pode ser.

Todos ironizam o Botafogo e a mim, valendo-se, quase sempre, de palavras de baixo calão, parecendo integrar um grupo que meu irmão Maurício Porto chama de patota de maria-vai-com-as-outras. Escrevem num português de pré-primário, cometendo erros ridículos, dignos de reprovação na pior das piores escolas públicas da cidade, se é que as frequentam. Querem um exemplo: outro dia um imbecil escreveu ‘esplicar’e seria reprovado de estalo no programa ‘Soletrando’ apresentado na Rede Globo no programa de Luciano Hulk. Em resumo, além de canalhas são burros.

Bem, vamos ao jogo apitado por Djalma Beltrami, aliás Rodrigo Sá, mais um soprador de apito escalado para dirigir um clássico decisivo do Campeonato Estadual do Rio. Beltrami, alías Rodrigo Sá, inventou um pênalti de Alessandro em Juan e deixou de marcar dois, ainda na primeira etapa, sobre Reinaldo e Maicosuel. E mais: não expulsou o marginalzinho Juan, que depois de levar um drible desmoralizante de Maicosuel ainda o ameaçou como provou a televisão e a foto publicada por O Globo, como se isso não fosse motivo de expulsão sumária. A atitude do lateral do Clube da Beira da Lagoa quase provoca um tumulto generalizado entre os jogadores.

Se Reinaldo e Maicosuel não tivessem sido tão perseguidos em campo, o Botafogo, de domingo, teria demolido o Clube da Beira da Lagoa. O que fez Beltrami, aliás, Rodrigo Sá? Nada, rigorosamente nada. Inventou dezenas de faltas cometidas por jogadores do Botafogo e ignorou todas as perpetradas (os leitores rubro-negros não conhecem o verbo perpetrar) pelos jogadores do Clube da Beira da Lagoa. Daqui deste espaço, adverti Maurício Assumpção sobre o que ocorreria no jogo. Se ele tomou providências, não posso dizer. Sei apenas que está tudo armado para que o Clube da Beira da Lagoa – onde ficava uma favela perigosa – para que o rubro-negro conquiste uma vez mais o título do Rio, roubando o Botafogo.

Se jogar completo – o que hoje parece impossível, de tanto que apanharam Reinaldo e Maicosuel – o Botafogo atropelará o Simpaticíssimo. Mas, desfalcado, tenho sérias dúvidas. De uma coisa tenho certeza: os comentários a respeito de meu blogspot continuaram com os nomes falsos e anônimos – com receio de que eu os responda e minha amiga e irmã Malu Cabral não consiga censurar. Quem sabe se Beltrami e Moutinho não se escondem por trás desses anonimatos? E, agora, estarão reforçados pelo soprador de apito Rodrigo Sá. Quem se protege atrás de anonimatos é no mínimo um baita de um calhorda, covarde e quase um bandido.

(*) O colunista de O Globo, Fernando Calazans, rubro-negro de quatro costados, foi, pelo menos até agora, o único que duvidou do suposto pênalti de Alessandro no cafajeste Juan, que gosta de ofender que está caído em campo.

sábado, 25 de abril de 2009

Roberto executa o Mais Querido

Naquele distante domingo, 13 de dezembro de 1964, o Botafogo, embora dono de um excelente elenco, pouco ou nada tinha que fazer diante do Mais Querido, campeão carioca do ano anterior. O Glorioso, a rigor, o mais que podia era derrotar o adversário e deixar o título para ser decidido apenas entre Bangu e Fluminense numa melhor de três. Havia, porém, um motivo sentimental à parte: Nílton Santos decidira que aquela seria sua última partida oficial pelo Botafogo no Maracanã, já que havia uma outra, amistosa, para cumprir na Bahia, por força contratual. Aos 39 anos, Nílton, atuando como quarto zagueiro, já não sentia motivação para seguir em sua jornada.

Antes do início da partida, o Simpaticíssimo ofereceu uma salva de prata a Nílton Santos, como homenagem à sua vitoriosa carreira, iniciada em 1948, como lateral-esquerdo de um time que entrou para a história do Botafogo. O encarregado de entregar a salva de prata a Nílton Santos foi o jornalista-empresário Drault Ernani Filho, rubro-negro mais do que ferrenho. Drault, inclusive, foi de uma infelicidade à toda prova no momento em que ele e Nílton saíam juntos do gramado, pois o jogador iria entregar o troféu no túnel alvinegro. E, sabendo que o jogo seria decisivo para as pretensões de seu clube, disse uma frase que Nílton Santos considerou ofensiva:

— Veja lá o que você vai fazer em campo hoje, Nílton...

Nílton Santos foi curto e grosso em sua resposta:

— Vá lá para a tribuna que você vai ver...

O jogo, é bom que se diga, foi duro, com oportunidades de parte a parte. O Mais Querido – que ainda não tinha os 33 supostos milhões de torcedores que Zico hoje apregoa – lutava para ter possibilidades de conseguir o bi. O Botafogo, para variar em seus confrontos com o rubro-negro, apenas para arruinar a festa. Aos 23 minutos do segundo tempo, na baliza à direita das tribunas, houve uma falta na lateral-direita do ataque alvinegro. Mura apresentou-se para cobrar e levantou um centro alto sobre a área. Roberto Miranda, ao lado de Jairzinho, tocou de cabeça no cantinho direito de Marcial, sem chance de defesa. Botafogo 1 a 0.

Estava feita a maldade. O Mais Querido foi pro espaço.

Naquele lance, que provocou uma alegria incontida de dois então jovens atacantes – Roberto e Jairzinho (foto) – acabara definitivamente o sonho do bicampeonato. Se o Mais Querido ganhasse, seria campeão; se empatasse, iria para uma melhor de três, com Fluminense e Bandi. O título carioca ficou com o Fluminense, que contava, entre seus artilheiros, com José Amoroso Filho, cria do Botafogo e campeão carioca de 1961 pelo clube.

Mas a história não terminou aí, pelo menos para Nílton Santos, apesar de sua vitoriosa despedida. Carlito Rocha (1894-1981) deixou de falar com seu jogador preferido. Anos mais tarde, a bordo de um avião a caminho de São Paulo, Nílton me confessou o seguinte:

— Estou convencido de que seu Carlito parou de falar comigo só porque não avisei a ele que iria parar de jogar naquele dia. Não há outra explicação possível. Fiquei magoado, mas depois que ele morreu, sempre defendendo o seu Botafogo – referia-se à perda de General Severiano para a Vale do Rio Doce – consegui entender sua frustração. Afinal, se joguei 17 anos com a camisa alvinegra, ele foi o principal responsável.

Em 1965, já com o Mais Querido campeão carioca, o Glorioso tornou a pregar uma peça em seu adversário preferido. Venceu por 1 a 0 e, como dizem os torcedores, botou água no chope das comemorações. Mas essa história fica para um próximo blog, OK?

quinta-feira, 23 de abril de 2009

No caminho das Índias


Em 1972, em razão de impedimento de força maior do eterno amigo Marcos Alexandre de Souza Aranha Mello Matos de Castro, fui chamado pela Rio Gráfica Editora – hoje Editora Globo, na Rua Itapiru – para concluir o projeto ‘Grandes Clubes Brasileiros’. Quis o destino que eu já pegasse andando o meu Botafogo do coração, na época com Xisto Toniato como vice-presidente de futebol. Tive muita ajuda dele e de dona Madalena, secretária do clube desde fevereiro de 1942, antes, portanto da fusão entre o Club de Regatas Botafogo (1894) e o Botafogo Football Club (1904).

Você não vale nada mas eu gosto de você...’

Na época, por razões que não precisam ser explicadas, além de uma lista com todos os jogos no exterior feitos pelo Botafogo, decidi incluir o retrospecto de Botafogo e Flamengo. Na ocasião, mesmo distante do título desde 1968 – foram cinco, com duas Taças Guanabara e dois Campeonatos Cariocas, além de uma Taça Brasil – o Botafogo ainda tinha vantagem de 10 vitórias sobre o Clube da Beira da Lagoa, conhecido como Flamengo.

‘Você não vale nada mas eu gosto de você’

Os leitores deste blogspot sabem, por acaso como anda a estatística? Não? Pois segurem a pemba: Em 327 jogos, desde 1913 (que o Botafogo ganhou por 1 a 0), o Flamengo tem 119 vitórias contra 103 empates e 105 êxitos do Glorioso, ou seja, o Clube da Beira da Lagoa – cujo futebol surgiu de uma briga entre jogadores e dirigentes do Fluminense – não apenas ultrapassou o Botafogo como tem hoje 16 vitórias de vantagem.

‘Você não vale nada mas eu gosto de você’

Em poucas e resumidas palavras, o Botafogo faz tempo que não pode chamar o Flamengo de freguês de caderno. Pior, nas últimas sete decisões, a partir da cabeçada de Gaúcho, no Campeonato Carioca de 1991, o Botafogo não ganhou uma decisão contra o Flamengo. E agora, a partir de domingo, vai para a sua oitava tentativa após jogar pela janela a Taça Rio, com aquele gol contra do Emerson.

‘Você não vale nada mas eu gosto de você’

Muitos – creio que a maioria – dos leitores de meu blogspot acham que sou pessimista. Tudo bem, não discuto. Mas talvez eles não saibam fazer a diferença entre pessimismo e realismo. E o real é que o Botafogo do meu coração não entrou em campo domingo passado, deixando-se dominar totalmente pelo adversário, até surgir o gol acidental que nos derrotou. Se o Botafogo não voltar a campo com garra, coragem e disposição, não apenas sofrerá nova derrota como aproximará o Clube da Beira da Lagoa de seu quinto tricampeonato na Era do Profissionalismo, o que será de amargar.

‘Você não vale nada mas eu gosto de você’

Há muitos anos, no século passado, o Botafogo impediu que o Flamengo conquistasse o seu tetracampeonato. No jogo do turno, mesmo com 10 homens (Thomé quebrou o braço), o Glorioso meteu 5 a 0. E no returno, quando o Flamengo precisava ganhar, nosso ponteiro-esquerdo paraguaio, Cañete, fixou o placar em 1 a 0 e deu de presente o título ao Vasco, cujos dirigentes comemoraram o título nas cadeiras especiais.

‘Você não vale nada mas eu gosto de você’

Mas hoje é hoje. E se Maicosuel, Reinaldo e Victor Simões repetirem a bisonha atuação de domingo passado, e Ney Franco não encontrar uma solução para o apático Botafogo, serei obrigado, uma vez mais, a cantar a música engraçada da novela ‘Caminho das Índias’, que retrata a excelente Norminha (Dira Paes), que não vale nada mas o guarda Abel a adora, tanto quanto eu ao Botafogo imortal da estrela solitária.

Estou certo ou não? Deixo as respostas para meus agradáveis leitores.

‘Você não vale nada mas eu gosto de você’

terça-feira, 21 de abril de 2009

Esse Botafogo tinha pelo menos raça


Vocês, meus leitores habituais – como a jovem radialista Thayssa Roberta, da Rádio Globo, certamente não conhecem esse time do Botafogo de 1955. Apesar das presenças de Nílton Santos e Garrincha, foi uma das piores equipes que o Glorioso armou em muitos anos. Basta dizer que não se classificou para o terceiro turno, sendo superado pelo modesto Bonsucesso.

Mas vamos às identificações do grupo.

De pé, da esquerda para a direita, estão Thomé, Nílton Santos, Orlando Maia, Juvenal, Bob (Robert James Neil) e Lugano.

Agachados, na mesma ordem: Garrincha, Gato, Paulo Omena, Casnock e João Carlos (que foi um astro no América).

Como jogava esse time? Lugano, Orlando Maia, Antônio Correia Thomé e Nílton dos Santos (seu verdadeiro nome); Bob, Juvenal e Paulo Omena; João Carlos, Gato e Casnock. Pois bem. Tenho a mais absoluta e concreta das certezas de que esse projeto de time – depois que o clube vendeu Dino e Vinícius para a Itália – teria um comportamento mais profissional e corajoso daquele bando que perdeu a Taça Rio, para o Flamengo, assistindo ao Clube da Beira da Lagoa dar uma exibição de gala.

O time, repito, era ruim, sem entrosamento, mas seus jogadores botavam a alma pela boca em defesa da camisa da estrela solitária, como faziam Juvenal Francisco Dias e o já citado Bob – banido do Botafogo de maneira escrota e que não permitiu que o atleta se defendesse, na temporada de 1956. Digo isso porque conversei longamente com Bob, na redação do Jornal dos Sports – um jornal inadimplente com seus inúmeros ex-funcionários, como eu, por exemplo. Mas isso não vem ao caso. O JS está fecha-não-fecha e já sei que minha indenização foi para o espaço sideral.

Mas nunca esse time – que acompanhei com meu saudoso tio Júlio Lopes Fernandes (1898-1983) – foi covarde diante de qualquer adversário. Jamais medrou para Flamengo, Vasco, Fluminense ou América. Perdia, claro, mas seus jogadores deixavam o gramado orgulhosos da luta que demonstravam na partida. Foi o que o Botafogo de Ney Franco fez domingo. Assistiu de maneira privilegiada – pois que estavam em campo – ao passeio que o Flamengo deu, mesmo levando-se em conta o gol contra.

Sei muito bem que sou considerado pessimista. Mas vejo futebol há mais de seis décadas e sei quando um time entrega o ouro ao bandido. Foi o que o Botafogo fez. Não jogou rigorosamente nada e nem demonstrou vontade de jogar. Como sou mordido de cobra, nem penso em pintar no Maracanã – Maurício Assumpção que me desculpe. Mas para ver uma equipe covarde, amedrontada, assustada com os gritos da torcida do Clube da Beira da Lagoa, eu não vou.

Não vou para não ficar mais puto (perdoem a expressão, mas é a que cabe) com esse Botafogo covarde e sem personalidade. Estou pensando seriamente em dar um tempo ao Botafogo.
E fazer como meu amigo Luiz Carlos Albuquerque, apaixonado com eu, torcer para o Botafogo não disputar mais finais. A última vitoriosa vai completar 20 anos. Mas aquele time era um time de machos. Não um time de frouxos – exceção que faço a um único jogador: Leandro Guerreiro.
Seja o que os deuses do futebol quiserem. Assim espero.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Que decepção, Botafogo do meu coração...

Que decepção, Botafogo do meu coração...

Quero esclarecer aos leitores deste blogspot – gentilmente postado pela minha irmã-camarada Malu Cabral – que não sou infalível. São mais de 60 anos de Botafogo na cabeça (meu maior e inexcedível amor imaterial) e, vez por outra, recorro a meu amigo do peito Pedro Varanda, demitido arbitrariamente do Glorioso pelo senhor (?) Bebeto de Freitas. Pedro Varanda é o sucessor de Alceu Mendes de Oliveira Castro, autor do livro raro ‘O Futebol no Botafogo – 1904-1950’. Por pura sorte, tenho um exemplar deste livro que está cotado no mercado paralelo a R$ 4 mil.

Assim, depois do vexame de domingo, recorri a Varanda para saber quando foi a última vitória do Botafogo sobre o Flamengo em partidas decisivas. E ele, para minha decepção, informou-me que foi a 21 de junho de 1989, com o mais que famoso gol de Maurício. Em poucas e resumidas palavras, o Botafogo não vence aquele Clube da Beira da Lagoa há quase 20 anos, (1989-2009)
ao longo de sete inexoráveis anos de decisões.

Como diria meu amigo tricolor Nélson Rodrigues (1912-1980), é caso de sentar no meio-fio e chorar lágrimas de esguicho. E haja esguicho para chorar por 20 anos.

Não vou listar os desastres porque não sou sofredor de nascença.

Seja com a ajuda dos árbitros – não foi falta aquela sobre Juan que terminou com o gol contra de Emerson – ou não, o fato é que viramos o que a gentalha chama de fregueses de caderno. E domingo que vem, podem esperar. A torcida do Botafogo não vai ao Maracanã. Seremos espremidos como ocorreu em 1992, depois que o Clube da Beira da Lagoa nos meteu 3 a 0 no primeiro jogo decisivo do Campeonato Brasileiro. Foi um vexame. Fui ao jogo e fiquei num cantinho da arquibancada porque a massa rubro-negra tomou, literalmente todo o estádio. Uma vergonha daquelas.

O que mais me emocionou nessa derrota foi saber que meu neto, Rafael Porto (que ainda vai fazer 10 anos) perguntava a toda hora ao pai, Roby Porto, se ainda havia tempo de empatar ou virar o jogo. Este Botafogo que aí está decepcionou meu neto querido (tem uma irmã menor que não foi, felizmente). Este Botafogo, desarrumado e sem um mínimo de garra, conseguiu o feito de entristecer meu neto para sempre. Isso eu não perdôo. Vá ser desmotivado assim (perdoem a expressão) na puta que o pariu.

À noite, meu amigo de infância, o engenheiro Luiz Carlos Albuquerque, me fez uma confissão triste. Disse ele que não quer mais que o Glorioso vá à decisões. Que fique pelo caminho, fazendo número, vencendo o Resende e o Canto do Rio. Até porque já perdeu para Americano, Boavista, Volta Redonda e outros que apaguei da memória. Bonsucesso, Madureira e São Cristóvão nem se fala, tantas decepções provocou em sua torcida.

Por isso, sem querer ser pessimista – ao contrário da amiga Malu Cabral – não tenho a menor vontade de assistir a esse time desmotivado, sem garra, molenga e que ainda faz gol contra. Estou sendo pessimista? Estou, sim. O Botafogo mobilizou o Brasil inteiro – até um iugoslavo e um húngaro, que amam o Botafogo. Mas eles amam o Botafogo de Garrincha, Nílton Santos, Didi, Quarentinha, Zagallo, Amarildo Possesso e outros craques do Glorioso.

Juro que estou envergonhado com esse timeco do Ney Franco.

domingo, 19 de abril de 2009

Botafogo jogou pedra em santo


É possível que os verdadeiros botafoguenses que acompanham meu blog – carinhosamente postado pela amiga do peito Malu Cabral – parem de ler o que escrevo. Mas quero alertar a todos que não minto nunca. O Botafogo de domingo, contra o Flamengo, jogou o que em minha época se chamava de ‘pedra em santo’ – ou seja, porra nenhuma. No primeiro tempo, ainda teve oportunidade de marcar com Victor Simões (nulo em campo) e com Maicosuel que acertou a trave direita de Bruno. Mas, na etapa final, foi literalmente engolido pelo Clube da Beira da Lagoa.

O gol contra de Emerson, naquela confusão dentro da área, foi apenas um acidente de percurso. O Flamengo, para minha decepção, deu um verdadeiro baile no Botafogo, assim como o Americano fizera no Engenhão na quarta-feira à noite. O Botafogo de Ney Franco não conseguiu acertar um único e mísero passe e o êxito do Flamengo na Taça Rio foi mais do que merecido – ressalto que apesar do gol contra. O Botafogo, infelizmente, está no caminho exato para permitir mais um tricampeonato do Clube da Beira da Lagoa, pois não percebi no time nenhuma vontade de vencer.

O Flamengo, apesar de minhas advertências, que assisti a Flamengo x Fluminense, deu um passeio em campo, sem que nosso meio-campo acertasse um mísero contra-ataque mortal. Pelo que assisti ontem, pela Rede Globo – não tenho mais coração para ir ao Maracanã – o Clube de Beira da Lagoa não tomou conhecimento do Botafogo e tampouco de seus famosos três tenores – Maicosuel, Victor Simões e Reinaldo. Para variar, um único que jogou com alma e desejo de vencer foi o já manjado Leandro Guerreiro. O resto foi o resto e ainda tivemos um jogador importante expulso.

Como não minto – repito – e não falseio a verdade, espero que os rubro-negros que me escrevam coloquem seus e-mail para que eu os responda. Estou cansado de ver comentários anônimos, inclusive de um ‘adevogado’, que trabalha num escritório do tamanho do Maracanã e que tem a intenção de me processar. Processe, meu querido ‘adevogado’, o Renato Gaúcho que tem uma entrevista incrível ao Sportv. Quanto aos outros anônimos, tomem vergonha na cara e coloquem seu e-mail e não o covarde ‘anônimo’. Não disse aqui que o jogo foi roubado, falei que o Flamengo deu um banho do Botafogo e não ofendi ninguém. Então, tomem coragem.

E parabéns ao Flamengo pela conquista da Taça Rio. Mas lembrem-se todos que há mais dois jogos para definir o campeão de 2009. E o Botafogo não está morto, apesar da derrota medonha que sofreu

É isso aí. Vamos que vamos.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Surpresa apenas para os incautos


Vocês, torcedores do Botafogo como eu, estranharam as suspensões de Juninho e Alessandro para a decisão do título contra aquele clube da Beira da Lagoa? Eu, não. Vocês estranharam também a escalação de Djalma Beltrami para apitar o jogo Botafogo x Americano? Eu, não.
O esquema de há muito está montado para que o Simpaticíssimo conquiste o tricampeonato carioca e o STJD-RJ tem parte nisso, assim como esse Beltrami, de triste passado. Minha única e escassa surpresa foi que o bandeira Wilson Moutinho – que chega de carro ao Maracanã vestido com a camisa rubro-negra, tenha escapado desse sorteio fajuto feito pela Federação.

A verdade é que o Botafogo, graças à pífia arbitragem de Djalma Beltrami, não jogou rigorosamente nada e o Americano – com todas as suas deficiências – botou a alma pela boca para derrotar o alvinegro nos pênaltis.
Ironia do destino foi Maicosuel marcar o gol da vitória, aos 47 minutos do segundo tempo, e, depois, tentar aquela cobrança maldita com uma paradinha da qual sou contra, chutou na trave e o Glorioso foi eliminado da Copa do Brasil, perdendo por 5 a 4.
O goleiro Renan – revelação do Botafogo nos últimos tempos, não teve chance nas cobranças do Americano.

Em pouca e resumidas palavras, o circo está armado para que aquele clube da Beira da Lagoa – que ficou a semana em repouso – chegue a mais um tricampeonato. Não há dúvida de que o Botafogo, com a derrota para um time de segunda categoria – mesmo nos pênaltis – chegará domingo ao Maracanã de cabeça baixa pela eliminação que podia tê-lo levado à Taça Libertadores da América.
Mas como há coisas que só acontecem ao Botafogo, quem sabe se a equipe poderá se recuperar do vexame que passou? A verdade, verdadeira, foi que nas duas partidas o Americano jogou com alma e o Botafogo desprezou o adversário. Azar o nosso.

O que me espanta é que o novo presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, não tenha impedido o larápio Beltrami de sequer pisar as dependências do Engenhão. E olha que passei e-mails para Assumpção, alertando-o de esquemas armados – e bem armados – para desmotivar o Botafogo e, uma vez mais, motivar o adversário da final da Taça Rio.
E os advogados do Botafogo? Permitiram que Juninho e Alessandro fossem punidos por causa de um jogo contra o Fluminense, sem terem sido expulsos de campo? Também não posso culpá-los de todo. Esse STJD é venal.

Preocupa-me, também, a contusão de Reinaldo, que deixou o gramado do Engenhão sentindo uma contusão. Ou seja, além de perder Juninho e Alexandro – por obra e graça desse STJD – o Glorioso pode ficar sem um de seus três tenores – Reinaldo, Maicosuel e Victor Simões.
Mas deixar Beltrami pisar o Engenhão foi de uma burrice incorrigível. Ele era capaz até de marcar um gol a favor do Americano, de tanta raiva que tem do Botafogo e amor pelo clube da Beira da Lagoa. Essa eu não vou engolir jamais.

Mas como a esperança é a última que morre, vamos que vamos. Pelo menos não teremos Moutinho e Beltrami em campo. Eles fazem parte da Raça Rubro-Negra e estarão nas arquibancadas torcendo.

Há coisas...bem, é melhor não dizer porra nenhuma...

domingo, 12 de abril de 2009

Estranhas reações à goleada de sábado


O futebol tem realmente coisas extremamente curiosas e inexplicáveis. Na tarde de sábado, a partir do momento em que o Botafogo começou a despachar o Vasco, com um verdadeiro chocolate de Páscoa, passei a receber, em meu computador, uma série de ameaças, ofensas e xingamentos vindos de torcedores do Flamengo. Confesso que não entendi bulhufas. Teria o simpaticíssimo clube da Beira da Lagoa receio de enfrentar o Glorioso na decisão da Taça Rio?

Estariam os rubro-negros preferindo medir forças com o Vasco e ficaram revoltados com a goleada alvinegra?

Volto a confessar que não compreendi nada. Até porque, na tarde de domingo, com o Maracanã novamente lotado, O simpaticíssimo deu um verdadeiro baile no Fluminense, cumprindo uma atuação rigorosamente irrepreensível, do início do fim. E só não conseguiu um placar mais elevado por uma questão de sorte do Tricolor. A vitória do Flamengo sobre o Fluminense – candidatando-se ao tricampeonato estadual – foi de uma clareza única e insofismável.

Assim, se o clube da Beira da Lagoa está tão preparado, como demonstrou, por que as ofensas contra o Botafogo?

Agora, pelo terceiro ano consecutivo, o Botafogo terá a dura missão de superar o Flamengo e evitar as duas partidas decisivas da competição. Uma vez mais, Vasco e Fluminense foram remetidos ao limbo do esquecimento. E mais: a facilidade com que o clube da Beira da Lagoa dominou o Fluminense me deixou um ponto de interrogação: que time foi esse que o simpático e sempre afável Carlos Alberto Parreira armou para chegar aonde chegou? Thiago Neves, Conca e Fred não viram a cor da bola. E se fosse no turfe, eu diria que o Flamengo venceu com vários corpos de vantagem.

Quanto ao Glorioso, não tenho dúvidas. Cumpriu, contra o Vasco, a sua melhor atuação desde a conquistada Taça Guanabara, devolvendo, com juros baixos – determinação do Banco Central – a goleada que sofrera por 4 a 1. Os 4 a 0, admito, foram inesperados para mim. O Botafogo vinha de uma atuação bisonha diante do Americano, em Campos, e, de repente, os já chamados três tenores – Maicosuel, Reinaldo e Victor Simões – atropelaram o Vasco da Gama, que vinha de uma excelente campanha na Taça Rio. Mas o Vasco, ao contrário do Tricolor, não foi uma decepção. Lutou como pôde.

Se sábado, num Botafogo x Vasco, meu computador quase estourou de xingamentos – e vejam que o Fla-Flu não tinha se realizado – fico imaginando o que vem agora. Um torcedor rubro-negro, dizendo-se advogado, quer me levar à justiça para esclarecer o suposto suborno praticado por alguém do Flamengo na decisão do Brasileiro de 1992. Ora, bolas, eu sou a pessoa menos indicada para isso. E só toquei no assunto porque Renato Gaúcho, em longa e simpática entrevista ao Sportv, revelou que algo de estranho ocorreu em General Severiano naquele domingo.

Se Renato Gaúcho, que participou dos 3 a 0 que o Botafogo tomou, disse na televisão que houve coisas estranhas no clube, às vésperas da decisão, então ele que confirme ou desminta o que disse. O outro personagem que me revelou a história no Mourisco, Emil Pinheiro, já não está entre nós. E eu, modestamente, nunca fui dirigente do meu clube.

sábado, 11 de abril de 2009

Obrigado, Botafogo!


Nós temos que agradecer ao Botafogo, minha eterna, gigantesca e insuperável paixão imaterial.

Esses 4 x 0 foram demais! Confesso que me nocautearam de emoção.
É muito chocolate para uma Páscoa só....


Saudações Botafoguenses
Roberto Porto

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Esse era o meu Botafogo inesquecível


Eu já devia estar mais do que acostumado com as peças e peripécias do meu Botafogo do coração. Mas a partida contra o modesto Madureira, no Engenhão foi dura de roer. Hoje, depois do título da Taça Guanabara, apesar da derrota para o Volta Redonda, estou convencido de que o Glorioso amadureceu antes do tempo. Ou seja, no momento, é claramente o pior dos quatro grandes que lutam pelo título de 2009. O Botafogo vibrante daqueles momentos sumiu na poeira deste Campeonato Estadual do Rio de Janeiro.

E agora, através do Blog-Clipping da amiga Malu Cabral fico sabendo que Victor Simões pode pegar um gancho deslumbrante por causa da sua expulsão idiota contra o Americano. Se já jogando pedras com o time completo, imagino o que não jogará sem a presença de Victor Simões? Que os leitores deste meu blogspot me perdoem, mas já estou ficando pessimista, depois de um curto período de alegria com a conquista da Taça Guanabara. Por isso, hoje, mudo de assunto e escrevo sobre um período de alegrias.

A foto de hoje, com dedicatória, veio do ponteiro-direito Rogério Hetmanek, também conhecido como Rogério Ventilador, pelo movimento que fazia com os braços quando iniciava seus dribles. A foto é histórica. Foi tirada momentos antes de o Botafogo golear o Vasco por 4 a 0 na final do Campeonato Carioca de 1968 (eu estava lá na arquibancada). O ataque era, pela ordem, Rogério Hetmanek, Gérson Nunes, Roberto Miranda, Jair Ventura Filho e Paulo César Lima. Que ataque deslumbrante, heim?

Infelizmente, de acordo com o ditado que diz que há coisas que só acontecem ao Botafogo, o clube, em 1969, não conseguiu chegar ao tricampeonato, jogando fora uma oportunidade de ouro, já que tinha conquistado o bi da Taça Guanabara e o bi nesse jogo diante do Vasco. Sei de muitas coisas ocorridas em General Severiano em 1969, mas prefiro deixar para outra ocasião. A derrota para o Flamengo no famoso ‘Jogo do Urubu’ (2 a 1) é uma das histórias tristes daquele ano em que o tri sumiu.

Por acaso, naquela época, eu estava me recuperando de um rompimento dos ligamentos do tornozelo direito e o doutor Lídio Toledo, numa gentileza fora do comum, me permitiu fazer tratamento médico ao lado dos jogadores, em General Severiano. O detalhe é que, apaixonado pelo clube, arranquei a bota de gesso na véspera do ´Jogo do Urubu’, e fui ao Maracanã acompanhado do meu amigo botafoguense Luiz Carlos Mello. Quando deixei o estádio, meu tornozelo havia virado uma bola de tão inchado – tão inchado como estava minha cabeça após a derrota. Voltei para casa com o pé direito no acelerador – para isso dava – mas fazia os outros movimentos com o pé esquerdo, que não me servia nem para subir num lotação da época.
Mas um dia, prometo, vou falar dessa partida que, literalmente, tirou nossas esperanças no tricampeonato. Mas guardem a foto que é boa. E agradeço a Rogério Ventilador tê-la me enviado de São Paulo com uma dedicatória carinhosa. Valeu, garoto. Já está escaneada e guardada.