Tenho quase a mais absoluta certeza de que os leitores deste blog não irão reconhecer de estalo os jogadores desta foto. Mas se os mais veteranos conseguirem, jamais saberão a história do calção preto que o time está utilizando. Pois então vamos lá, primeiro identificando cada um dos craques dessa equipe que disputou o Campeonato Carioca de 1954.
Da esquerda para a direita, de pé, Gérson dos Santos, Gílson Mussi, Nílton dos Santos, Danilo Alvim, Rubens (Ruarinho) Ruaro e Orlando Maia; agachados, na mesma ordem, Garrincha, Dino da Costa, Carlyle Cardoso, Paulo Omena e Luiz Vinícius de Meneses. Em campo o time jogava com Gilson, Orlando Maia, Gérson e Nílton dos Santos; Ruarinho, Danilo e Paulo Omena; Garrincha, Dino e Vinícius. Era um 3-3-4 ousado.
Mas qual a razão do calção negro se a partir de 1948 o Botafogo do meu coração utilizava calções brancos? A resposta é simples: luto pela morte do presidente Getúlio Vargas (1882-1954). E o calção preto continuaria na temporada de 1955, mas como a superstição não vingara, o calção branco voltou em 1956 para se despedir definitivamente a partir de 1957.
Honestamente, não posso garantir que esse troca-troca não tenha tido o dedo de Carlito Rocha (1894-1981), o rei da superstição em General Severiano. O fato é que o calção branco adotado em 1948 dera certo e o Botafogo decidiu usá-lo daí em diante, contrariando os próprios estatutos do clube. Na época, dirigentes e torcedores – cada um mais fanático do que o outro – dava palpites no uniforme, como ocorre agora com as meias cinza.
Infelizmente, após esse Campeonato Carioca de 1954, o Botafogo se desfez de dois de seus melhores jogadores: Dino da Costa (artilheiro da competição) e Luiz Vinícius de Meneses. O primeiro foi negociado com o Roma, o outro com o Nápoles. E o Botafogo, com isso, montou no ano seguinte, com veteranos, um time que cumpriu uma das campanhas mais bisonhas de sua história.
Eu costumo comparar o estilo de Dino da Costa com o de Paulo Valentim (1932-1984), negociado com o Boca Juniors após o Campeonato Sul-Americano de 1959. Dino e Paulo Valentim tinham um drible seco dentro da área que desnorteava os adversários e a bola sobrava à feição para o chute mortal em direção às redes dos adversários. Vocês podem apostar.
Falei em Paulo Valentim e me lembrei de um comentário de Sandro Moreyra (1919-1987) no rádio (não me recordo a emissora), durante uma partida Botafogo x Flamengo. Irritado com o esquema do seu Botafogo, Sandro, a certa altura, disse simplesmente o seguinte:
- O Paulo Valentim está sozinho lá na frente, em meio a um bando de jogadores do Flamengo... Vai acabar sendo assaltado...
Os leitores deste blog têm total liberdade para interpretar o comentário de Sandro Moreyra.