Ademir adorou a lembrança.
sábado, 31 de outubro de 2009
Seleção Brasileira de 50 dá adeus
Ademir adorou a lembrança.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Saudades de um grande ídolo
O cidadão que me segurou era simplesmente Nílton Santos.
Daí em diante foi uma festa. Encontramo-nos diversas vezes, dei carona a ele de uma solenidade na prefeitura (época de Luiz Paulo Conde) e chegamos a viajar juntos para São Paulo, onde ele seria entrevistado no programa ‘Bola da Vez’ da ESPN Brasil. Mas a mais emocionante de todas às vezes foi quando o Botafogo me chamou, em plena reunião do Conselho Deliberativo (do qual fiz parte por mais de 15 anos), para homenageá-lo. Veterano de tantas batalhas, com Nílton Santos sentado à minha frente, falei, recordei fatos de sua carreira, suas grandes vitórias no Botafogo e na Seleção Brasileira, mas acabei derrapando: como diria Nélson Rodrigues (1912-1980) chorei lágrimas de esguicho, o mesmo acontecendo com meu eterno ídolo e sua mulher, dona Célia. Foi rigorosamente impossível conter a emoção que me assaltou.
Não tive coragem de ir vê-lo no hospital. Tenho dois medos: a de tornar a me emocionar e a de Nílton Santos não me reconhecer. Por isso, foi com rigorosa surpresa que meu amigo e companheiro de profissão Maurício Thuswol, botafoguense como eu, me mandou a foto que ilustra este blog, de autoria do fotógrafo Rodrigo Queiroz (http://www.rodrigoqueiroz.art.br/) de um Nílton Santos, ainda com muita saúde, à beira de sua casa de praia, em Araruama. E não faz muito tempo que outro dos meus ídolos alvinegros, Otávio Sérgio de Moraes (1923-2009) me revelou que o apelido de Nílton Santos, entre eles, jogadores da época, era simplesmente ‘Caminhão’.
Nílton me contou a briga que teve com Heleno de Freitas (1920-1959), logo no primeiro coletivo do Glorioso, em 1948 (Heleno ainda ficaria uns meses em General Severiano e jogaria pelo menos oito partidas com Nílton Santos). Tudo aconteceu quando Nílton Santos, entre os reservas, deu seu famoso e lindo drible de corpo em Heleno e foi xingado pelo temperamental e fantástico centroavante (morto há 50 anos). Nílton Santos, sempre malandro, respondeu ao xingamento dizendo que quem sabia da vida de Heleno era Zizinho (1921-2002). Por pouco os dois não se atracaram. Quando Zizinho soube da discussão (sempre foi amigo de Nílton Santos), perguntou:
- Mas Nílton, por que você me colocou nessa história infeliz?
E Nílton respondeu de estalo:
- Porque você é meu amigo e foi o primeiro nome que veio à minha cabeça...
Dizer que não tenho gigantesca saudade de Nílton Santos seria uma mentira das grossas. Tenho sim, mais do que podia imaginar. Sinto até saudades do soco que ele deu em Armandinho Marques, em 1971, no Maracanã, trabalhando como supervisor do Botafogo. Nílton Santos atravessou o campo, depois de o Botafogo perder o título para o Atlético Mineiro (tinha que ganhar por três ou quatro a zero) e acertou Armando Marques numa foto feita por José Santos, de O Globo (foi Prêmio Esso).
Nílton Santos, hoje adoentado, pode ter certeza. Não mais precisa me segurar pelo braço nem gravar minha entrevista. Tenho certeza absoluta de que ele foi o maior jogador da história do meu tão amado Botafogo.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Os demolidores de estádios
Pessoalmente – posso estar completamente equivocado – não acho que o Botafogo deveria receber essa súcia (bela palavra, não?) de malfeitores em outra partida no Engenhão. Quando o mando de campo voltar a ser do Botafogo, o clube deveria propor um local neutro, como São Januário ou (quem sabe?) Volta Redonda. Como o Urubu não tem estádio – aliás, tem, mas está caindo aos pedaços – quando tiver o mando de campo, sugiro o Aterro do Flamengo ou a área gramada do Jóquei Clube Brasileiro. Por sinal, o Jóquei não é bem o local indicado pois esses bandidos, que brigam entre si (só por brigar porque dinheiro ninguém tem) não sabem exatamente para que serve o belíssimo Jóquei Clube Brasileiro.
Retido em casa por razões de trabalho, escutei o jogo pela sempre alegre transmissão de José Carlos Araújo. E seus repórteres, todos eles competentes, antes da partida, já chamavam a atenção para o confronto entre as quadrilhas que formam as torcidas organizadas do Flamengo. Impressionada com o quebra-quebra, a repórter Maria Chuteira – inteligente e sensível, além de engraçada – estava disposta a dar uma geral nos banheiros. Alertada por José Carlos, ela disse que entraria nos banheiros masculinos acompanhada por soldados da PM a fim de não ser agredida.
Aliás, não é de hoje que os vândalos agem. Mesmo no Maracanã – outro estádio que pertence ao poder público – eles, os vândalos já chegaram a roubar latrinas para colocá-las em suas ‘mansões’. E, na avalanche que formam à esquerda das tribunas, quebraram a cerca de proteção e muitos caíram lá de cima nas gerais, por coincidência num Botafogo x Flamengo do Campeonato Brasileiro de 1992. Eu mesmo, numa atitude desassombrada, caí na besteira de levar meninos vascaínos e rubro-negros num Flamengo x Vasco no Maracanã. No final da partida, tive que me proteger dos tiros atrás de uma Kombi que vendia cachorros-quentes.
Em poucas e resumidas palavras, em qualquer jogo do Flamengo (contra os demais grandes do Rio) a chapa esquenta. E na saída dos estádios (falo mais do Maracanã), eles, os supostos torcedores, sobem no teto dos ônibus como se estivessem pegando surfe. E não há polícia que dê jeito nessa algazarra que, inúmeras vezes, já terminou com mortos, feridos e aprisionados. É o destino e pouco se pode fazer para impedir depredações, tumultos (entre eles próprios), assaltos, tiros e o diabo a quatro. E vejam vocês, meus leitores deste blog, que já assisti a inúmeros jogos entre Botafogo x Flamengo, em tempos mais remotos. E sempre me lembro de meu pai, rubro-negro decente, após um jogo Botafogo 5 x 0 Flamengo. Na saída do Maracanã, entristecido, meu pai me disse a seguinte frase inesquecível:
- Roberto, o juiz roubou para o Botafogo...
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Estou cansado desse Botafogo
Os meus amigos alvinegros haverão de me perdoar. Mas não posso guardar isso em meu coração. Estou cansado de perder para o Flamengo – mas muito cansado mesmo. Domingo, quando Lúcio Flávio perdeu aquele pênalti, diante do idiota microcéfalo do Bruno, quase tive um peripaque. Estou cansado de ver a maior paixão imaterial da minha vida – são mais de seis décadas de amor pelo clube – estar na rabeira do Campeonato Brasileiro, disputando palmo a palmo a sorte de escapar da segunda divisão. Em poucas e resumidas palavras, como diria Hélio Fernandes, dono da Tribuna da Imprensa, onde trabalhei com afinco e dedicação, estou cansado do Botafogo. Sinceramente, hoje me arrependo de ter influenciado tanta gente para torcer pelo Glorioso. Glorioso de quê? De ser saco de pancadas dos medíocres?
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Boa viagem, meu ídolo de infância
Infelizmente, só pude privar da intimidade dele, artilheiro e campeão de 1948, muito mais tarde, em festas e reuniões em Venceslau Brás. Sempre solícito e falastrão, jamais me escondeu nada. E me parabenizou por ter, em 1998, convencido o presidente Mauro Ney Palmeiro a organizar uma festa para comemorar os 50 anos da histórica conquista sobre o Vasco da Gama, em General Severiano. Paraguaio abriu o escore, Braguinha ampliou e no segundo tempo Otávio colocou 3 a 0 no placar. Numa jogada infeliz, Ávila, que aparece na foto, fixou o escore em 3 a 1. Foi o único título do Botafogo em General Severiano.
Numa entrevista que fiz com ele, ao lado do companheiro César Oliveira, em 2005, revelei que, garoto, desmaiei de emoção quando ele, de bicicleta, aos 37 minutos do segundo tempo, acertou uma bicicleta certeira no canto de Mão de Onça (no gol à direita das sociais), na suada vitória sobre o Bangu, em 1949. Otávio até me consolou. Disse que aquele gol matou do coração um torcedor alvinegro que estava atrás do gol e nem houve tempo para transportá-lo ao Hospital Rocha Maia, alí pertinho, atrás do gol à esquerda das tribunas sociais.
Conversamos dezenas de vezes. Falei até na Seleção Brasileira que, em 1949, conquistou o título do Campeonato Sul-Americano de 1949. Otávio, que era ponta-de-lança, me revelou que Flávio Costa – com seu habitual esquema ditatorial – o escalou de centroavante, posição que ele nunca jogara. O ataque jogava com Tesourinha, Zizinho, Otávio, Jair Rosa Pinto e Simão. Ora bolas, Otávio, com a camisa 10, era o ponta-lança que chegava para bater em gol as jogadas tramadas por Zizinho e Jair não tão criticada Diagonal. Não podia jogar com a camisa nove porque, definitivamente, ficava isolado entre os zagueiros adversários. Acabou barrado e irritado com Flávio Costa, que levou esse esquema furado até a Copa de 50.
Eu garoto, ainda tenho um botão com o nome Otávio, jogando na meia-esquerda, com Heleno avançado entre os zagueiros de meus adversários. E o meu Otávio era um de meus artilheiros, batendo em gol sempre que a bolinha sobrava na entrada da área. Otávio Sérgio foi titular do Botafogo até 1953 e me contou histórias incríveis. Uma delas, conhecida por poucos, era o apelido que eles deram a Nílton Santos: ‘Caminhão’. Outra, depois de Heleno provocar Osvaldo Baliza, que tomou um frango, Heleno virou-se para ele e perguntou na hora da nova saída do Botafogo:
-Tatá, estou de costas...O Baliza ainda está olhando para mim?
A foto que ilustra esta matéria é do Torneio Início de 1949, em Álvaro Chaves, que o Botafogo prestigiou, colocando seu time titular em campo. Lá estão, de pé, da esquerda para a direita, Juvenal Francisco Dias, Gérson dos Santos, Osvaldo Baliza, Nílton (Caminhão) dos Santos, Osvaldo Ávila e Rubinho; agachados, na mesma ordem: Edgídio (Paraguaio) Landolfi, Ephigênio (Geninho) Bahiense, Sílvio Pirillo, Otávio Sérgio de Moraes e Braguinha.
Que você faça boa viagem, Otávio, e que a terra lhe seja mais leve do que nunca.