Os meus amigos alvinegros haverão de me perdoar. Mas não posso guardar isso em meu coração. Estou cansado de perder para o Flamengo – mas muito cansado mesmo. Domingo, quando Lúcio Flávio perdeu aquele pênalti, diante do idiota microcéfalo do Bruno, quase tive um peripaque. Estou cansado de ver a maior paixão imaterial da minha vida – são mais de seis décadas de amor pelo clube – estar na rabeira do Campeonato Brasileiro, disputando palmo a palmo a sorte de escapar da segunda divisão. Em poucas e resumidas palavras, como diria Hélio Fernandes, dono da Tribuna da Imprensa, onde trabalhei com afinco e dedicação, estou cansado do Botafogo. Sinceramente, hoje me arrependo de ter influenciado tanta gente para torcer pelo Glorioso. Glorioso de quê? De ser saco de pancadas dos medíocres?
Em anos brilhantes, cooptei o hoje saxofonista Mauro Senise (na época meu cunhado), meu filho Roby Porto e meus netos, João Jorge Vargas, meus primos Luiz Eduardo Couto Ribeiro e Maria Carmem Couto Ribeiro, e mais uma dezena de amigos e amigas até porque minha memória não é de ferro e não me recordo de todos eles. O fato, indiscutível é que estou cansado. Estou cansado de tomar goleadas de clubes medíocres, de ter permitido que o Urubu tenha conquistado o pentatri em cima do Botafogo e de sentir a tristeza de companheiros de jornalismo como Sérgio Cavalcanti, Luís Carlos Mello, Washington Rope, Haroldo Habib, Maurício Fonseca, Sérgio Augusto, Carlos Eduardo Novaes, Antônio Maria Filho, João Pedro Paes Leme, Luiz Fernando Lima, Mara Bentes, Eloir Maciel (felizmente este mora na Argentina) e meu amigo de infância, o engenheiro Luís Carlos Albuquerque.
Estou cansado de ver o meu Botafogo perder justamente no estádio (Engenhão) projetado pelo meu irmão Carlos Porto, botafoguense como eu, e de meu outro irmão, Maurício Porto, alvinegro roxo, mas tão roxo que só ouve jogo pelo rádio. Estou cansado de ver a tristeza da amiga Malu Cabral – sempre tão fiel e que coloca meus blogs na Internet – o abatimento de meu eterno companheiro César Oliveira e fico imaginando a sorte de outros que já se foram e já não podem ver esse Botafogo fajuto, como Sandro Moreira, João Saldanha, Otávio Name, Neivaldo Carvalho, Américo Pampolini Filho, Borjallo (o homem que inventou o plim-plim da Globo), Oldemário Vieira Touguinhó e tantos outros que cruzaram minha vida ao longo de tanto tempo.
Estou cansado dessa imitação que se denomina Botafogo.
Isso não quer dizer que vou abandonar o barco. Nada disso. A essa altura do campeonato, se o Botafogo afundar de vez, afundarei com ele. Mas de agora em diante não vou mais ao Engenhão (já que o Maracanã será fechado) e não mais escutarei jogos pelo rádio. Televisão? Nem pensar. Para assistir o quê? As roubalheiras? Os gols perdidos por atacantes que vestem a alvinegra linda? Sem chance. Esse Botafogo que aí está não é o meu Botafogo de outrora, quando Manga, às vésperas de jogos contra o Flamengo, gastava o dinheiro na feira dizendo que adversário era ‘bicho certo’.
Por favor, não me chamem de pessimista. Sou apenas realista. O Botafogo, na minha imaginação fértil, é uma espécie de mulher que amo de montão e que só me dá foras seguidos. Não tenho sangue da barata para viver assim. Serei Botafogo, repito, até o apito final, mas que estou cansado, isso estou. Cansado de montão.
18 comentários:
A BATALHA DE ITARARÉ
Itararé ("pedra que o rio cavou"), que fica na divisa de São Paulo com o Paraná, situa-se em uma área conhecida como Campos de São Pedro, que vai do rio Verde até o rio Itararé. Durante a revolução, a batalha de Itararé foi vastamente propagada pela imprensa. Esta batalha ocorreria entre as tropas fiéis a Washington Luís e as da Aliança Liberal que se deslocavam, sob o comando de Getúlio Vargas, do Rio Grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro para tomar o poder. Mas antes que houvesse a batalha "mais sangrenta da América do Sul", fizeram acordos. Uma junta governativa assumia o poder no Rio de Janeiro e não aconteceu nenhum conflito.
Nas últimas semanas o noticiário esportivo carioca, quem sabe o nacional, foi polarizado pela expectativa gerada em torno ao clássico entre Botafogo e Flamengo, o primeiro entre os dois no estádio do Engenhão, pela 32ª rodada do campeonato brasileiro.
Além do aperitivo básico da rivalidade regional o clássico estava recheado de importância pela possibilidade do Flamengo, com vitória na casa do rival, se colocar não só na luta pelo G-4, mas também ao título do BR-09. Também chamava a atenção a situação desesperadora do Botafogo que havia voltado a zona de rebaixamento e que precisava de uma vitória para voltar à respirar sem aparelhos.
Como que anunciando problemas, a massiva presença de torcedores alvinegros e as confusões ocasionadas no jogo contra o Avaí, realizado no dia da criança, colocaram todos, autoridades, dirigentes, público e imprensa em estado de alerta. Afinal, a massa rubro-negra estava em festa e iria ocasionar uma invasão ao estádio do rival, precisando até de ocupar espaços na parte alvinegra. Que talvez, pelo demonstrado pelo jogo contra o Avaí não fosse tanto assim.
Mesmo com um acordo inexplicável entre as diretorias que dividia meio-a-meio, a lotação, feito ainda no primeiro turno com aval da CBF e da FERJ, e com o estatuto do Torcedor que proíbe mudanças de local muito próximo à data do jogo foi uma semana de massacre midiático: que a nação rubro-negra ia invadir, que o Engenhão (sede do PAN 2007) não tem condições de receber clássicos, que o jogo vai (tem de ir) para o Maracanã, além de bravatas de dirigentes rubro-negros (extrapolando a rivalidade e beirando o desrespeito) e a omissão de dirigentes botafoguenses.
Chegou o dia do jogo e o que aconteceu?
Foi mantido o acordo inexplicável. Foi escolhido um juiz carioca (apesar de em todos os outros clássicos regionais terem juízes de fora do estado). Só ocorreu confusão no estádio e nos arredores entre a própria torcida rubro-negra e não ocorreu a propalada invasão da nação - isso apesar dos ingressos para eles terem esgotado dias antes! Aliás o estádio nem encheu!
Assim como na Batalha de Itararé, antes que houvesse a batalha "mais sangrenta do futebol brasileiro", acordos foram feitos. E assim como em Itararé quem perdeu foi o dono da casa.
Você escreveu o que toda nação alvinegra sente ... Agora é esperar para ver talvez uma fuga milagrosa ou um trágico fim.
A gente sempre fala isso. E acaba nunca cumprindo. É mais uma dessas predestinações de todo botafoguense. Sempre repetimos o erro.
E que assim seja.
Bonito e triste texto Roberto.
Mas é como disseste, se é para ir ao fundo a gente vai junto, porque "nós somos o Botafogo" e não os jogadores e dirigentes. E somos homens, e não baratas como os do Clube de Folclore Garfadas.
Leonel de Jesus.
Querido roberto porto, também sofro como todos por essa paixão que a cada dia nos entristece,mas temos que ser fortes o suficicente para dar a volta por cima, e lutar contra os que verdadeiramente nos odeiam, como o comentarista da sportv, paulo césar vasconcelos, que simplismente esculalhambou, escrachou e quase exterminou com botafogo, enaltecendo o tempo todo a mulambada, pareceia estar falando da seleção brasileira de 70 nos seus melhores momentos, o pior é que o cara de pau nem se constrangeu em torcer o tempo todo para o flamengo, pôxa pode torcer pra quem quiser mais têm que ter mais respeito com a gente, isso é muita raiva incubada, caros amigos, a nossa paixão é a nossa força e contra ela ninguém pode, atenciosamente e.elloi.
"Sinceramente, hoje me arrependo de ter influenciado tanta gente para torcer pelo Glorioso. Glorioso de quê? De ser saco de pancadas dos medíocres?"
E o Glorioso que vc aprendeu a amar?
É este que precisa sobreviver à esses jogadores que vestem indignamente a gloriosa camisa alvinegra.
Quem perde para o flamengo não é o Botafogo, é o Lucio Flávio, Juninho, Vitor Simões, Leandro Guerreiro, Fahel e essa diretoria, que contrata notórios incompetentes como Anderson Barros, que rebaixou o Figueirense e, dizem as más línguas, torcem para um certo clube vermelho e preto.
Eles passam, o Botafogo permanece.
Não sei mais o que falar e nesta quarta - feira contra o Náutico é vida ou morte.
Grande botafoguense e figura notoria e folclorica do jornalismo esportivo. Entendo suas palavras mas devo te dizer que se voce cansou e vai largar a barca agora, neste momento que o Botafogo precisa do verdadeiros apaixonados, me desculpe mas voce nao deve realmente mais se-lo e defende-lo.
Esse time eh realmente uma agressao da natureza para com nossas almas, mas nunca o abandonarei.
Saudacoes Alvi-Negras.
Michael Krym
Caro Roberto, esta é a primeira vez que leio seu Blog e nem me surpreendo por suas palavras. É extamente o que sinto. Compartilho deste sentimento, mistura de paixão e dor ao mesmo tempo.
Grandes botafoguenses precisam se mobilizar e fazer a diferença, pois talvez esta seja a única sáida do fundo do poço em que o alvinegro se encontra. Tudo bem que este "fundo" já foi pior, mas a coisa não está nada boa.
Sinceramente torço muito para 2010 chegar logo e que nosso BOTAFOGO ainda esteja na primeira divisão.
Não desisto de torcer, sempre quando falo que não assistirei ao jogo, me pego no estádio ou em frente a tv. Porém, estou cansado também. O QUE ESTÁ AÍ TEM QUE MUDAR.
Não sou influente, mas sou persistente, e participaria de algum tipo de mobilização para reestruturar essa PAIXÃO QUE É O BOTAFOGO.
Boa sorte para nós alvinegros e parabéns pelo seu blog!
Roberto Porto, belo texto. Só acho que você não foi ao cerne do problema: a diretoria atual do Botafogo. Desde os salafrários dirigentes que comandaram o rebaixamento em 2003, o Botafogo nunca teve tantas pessoas despreparadas, idiotas e amadoras na direção do clube. Quem é Maurício Assumpção? Ele está completamente perdido. Montou um elenco ridículo. Esvaziou o Engenhão. Demitiu quando não deveria demitir. Contratou quando não deveria contratar. Não mudou nada. Ou melhor, piorou tudo. E quem estão de volta ao clube? Indivíduos ambiciosos e egoístas, como Rolim e Mauro Ney Palmeiro. Todo o Botafogo está perdido com a atual direção. Não vejo futuro algum com esses fantasmas do passado. Sinceramente, é possível mudar, mas desde que haja as pessoas certas para isso.
"Domingo, quando Lúcio Flávio perdeu aquele pênalti, diante do idiota microcéfalo do Bruno, quase tive um peripaque".
Nunca vi ninguém definir tão sabiamente um jogador framenguista, parabéns.
Faço das suas as minhas palavras.
Abraço
Jeferson
sinceramente vc disse tudo,não dá pra aguentar o time perder pra Vitória e Goiás ou algo assim e pra piorar tinha torcedor vendo esse time na final do carioca contra o Flamengo e com Ney Franco comandando esse elenco vastado de jogadores ruins e alguns refúgos de time bom e que aguentava o time!não dá pra aguentar mais essa situação.
Eu só temo o trabalho do Estevam Soares que está fazendo de tudo na minha opinião pro fogão sair dessa,por ele mesmo e não pelo o elenco(que salvo alguns jogadores)q é fraco.
Sinceramente é doído perder toda hora pro Flamengo e ainda mais assim quando o Flamengo não faz nada no jogo no máximo cria poucas chances,o Botafogo domina o jogo e ve uma defesa daquela pedir autógrafo pro Adriano,machuca mesmo!
Mas uma coisa a gente tem que reconhecer,tirando a defesa do Fogão onde quem só se salva é Jéfferson,o time do Fogão não teve medo do Flamengo,apesar da falta de sorte.Pois na final do Carioca e em outros jogos,o fogão ficava simplesmente com MEDO e isso era uma vergonha até pra a gente ver um time medroso em campo!Há de se ponderar isso desta vez!
o blog tá demais roberto porto,continue assim grande botafoguense!e não vamos jogar a toalha e quem sabe um ano q vem cheio de alegrias,mas isso vai depender da organização do time e da diretoria.Pois pensar em Dodô e Maicossuel e André Luís é um total retrocesso.Tem que se pensar em caras novas.
abraços roberto!
sou Botafoguense como vc,e dá pra sentir a indgnação.Eu estou realmente assim tb.
Não vamos desistir amigo Porto!
Esse time que entrou em campo no último domingo era o retrato de uma diretoria fraca, sem atitudes, que deixa fulanos que se dizem jogadores, como o Lúcio Flávio, bater um penalti e perder cara a cara com o idiota microcéfalo.
O pior é que não temos a quem cobrar...a política do Clube já está rebaixada.
Resta-nos continuar na esperança... Jogar com tudo contra o Náutico e não nos deixarmos afundar!
Minha esperaça não morre, mas faz tempo que ela se encontra na UTI.
Saudações!!!
Tem que dar um jeito nesse cadáver insepulto que anda vestindo a camisa do Botafogo. Que pelo menos invetassem um quinto uniforme, e de outra cor para este time jogar...
Mestre Porto,
Não vou repetir o que todos os amigos escreveram e concordo com todos.
Você é um ícone, ídolo, para nós Botafoguenses! Talvez não percebas, mas é o nosso João Sem Medo Saldanha e o único com credibilidade (permita-me esse pedido) para convocar uma campanha, marcha, ato de protesto, em General Severiano exigindo as mudanças que se fazem necessárias.
Recentemente escutei uma entrevista do vice de futebol, André Silva, e percebi o quanto amadoras, crédulas, são as pessoas que estão no poder. Após essa entrevista consegui entender os discursos de todos que lá estão e que não possuem forças para nos tirar dessa situação. Os jogadores são os reflexos dos seus chefes!
Se esses senhores continuarem não tenho dúvida do rebaixamento que bate a nossa porta e de outros que virão até o final dos seus mandatos.
Abs e Sds, BOTAFOGUENSES!!!
Roberto, faço tuas as minhas palavras. Até quando vamos ter de aturar isso e sermos saco de pancadas?
Parece ser quase um consenso, todas essas opiniões. Também faço minhas a maioria delas. Mas tem uma coisa que eu gostaria de dizer ao nosso Porto: Ao invés de abandonar o Botafogo à sua própria sorte; ao invés de, nesse momento de extrema necessidade, deixá-lo em função da tristeza com esses resultados; ao invés de lamentar a falta de glória atual e, principalmente, dar esse testemunho de que só é BOTAFOGUENSE nas vitórias e sucessos, sugiro, não uma campanha ou um ato de protesto, como sugeriu nosso colega Gil, mas uma ação muito mais ampla e abrangente. Algo como fez o Bebeto de Freitas, que por amor ao Glorioso, se embrenhou numa jornada que, se não foi de total sucesso, foi redentora ao trazer o Botafogo de volta à elite do futebol nacional. Poderia fazer isso, de uma forma melhorada, se lançando nessa luta, mas cercando-se profissionais competentes e, de preferência, botafoguenses, administradores sérios a fim de resgatar a estrutura financeira do clube e, consequentemente, devolver os dias de glória à nossa torcida. Quisera eu ter o alcance e acesso que você tem. Te garanto que o no querido BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS não estaria na situação em que se encontra. Pense nisso!!!
Grande abraço alvinegro,
Juarez Jason
Sobradinho/DF
Meu avô, saudoso botafoguense morador de vila isabel, falecido em 2000, me ensinou a amar o Botafogo. E mesmo de longe, das águas quentes do estado de Alagoas, das praias azuis de maceió eu e meus 2 irmãos sempre acompanhamos o botafogo e torcemos como loucos.
Este ano me mudei para o Rio, vim estudar e acompanhar meu botafogo de perto. Fui nas finais do Estadual, nesse último jogo com o framengo e fui testemunha ocular desse vexame a frente do cerro. Parafraseando Roberto Porto, não aguento mais. A resignação esta estampada no meu rosto, desde março pago o sócio torcedor com muito esforço pois vivo de uma bolsa de mestrado. Faço uma sacrifício enorme para ir ao Engenhão numa quarta-feira ás 21:50 para ver meu time ser humilhado! Não da mais, esse ano não volto ao Engenhão. Sair do estádio com esse sentimento que não sei nem como descrever é muito desagradável. Não aguento mais ver o Lúcio Flavio se arrastando em campo, Fahel, etc... Meu Deus, que estão fazendo com o meu Botafogo?
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