Como os torcedores do Urubu são indivíduos de pouca leitura – com as raras e honrosas exceções de sempre – imaginam que o Engenhão seja propriedade particular do Botafogo de Futebol e Regatas, e não um bem público cedido ao alvinegro pelo prazo de 20 anos. Assim, desacostumados ao conforto e a instalações modernas, decidem quebrar tudo o que encontram pela frente. Foi assim que essa malta rubro-negra comportou-se no clássico Botafogo x Flamengo no último domingo. Esses bandidos, disfarçados de torcedores do Simpaticíssimo, quebraram tudo o que encontraram pela frente, como banheiros e cadeiras (foto). As latrinas, a que não estão acostumados, também foram quebradas, assim como torneiras e pias.
Pessoalmente – posso estar completamente equivocado – não acho que o Botafogo deveria receber essa súcia (bela palavra, não?) de malfeitores em outra partida no Engenhão. Quando o mando de campo voltar a ser do Botafogo, o clube deveria propor um local neutro, como São Januário ou (quem sabe?) Volta Redonda. Como o Urubu não tem estádio – aliás, tem, mas está caindo aos pedaços – quando tiver o mando de campo, sugiro o Aterro do Flamengo ou a área gramada do Jóquei Clube Brasileiro. Por sinal, o Jóquei não é bem o local indicado pois esses bandidos, que brigam entre si (só por brigar porque dinheiro ninguém tem) não sabem exatamente para que serve o belíssimo Jóquei Clube Brasileiro.
Retido em casa por razões de trabalho, escutei o jogo pela sempre alegre transmissão de José Carlos Araújo. E seus repórteres, todos eles competentes, antes da partida, já chamavam a atenção para o confronto entre as quadrilhas que formam as torcidas organizadas do Flamengo. Impressionada com o quebra-quebra, a repórter Maria Chuteira – inteligente e sensível, além de engraçada – estava disposta a dar uma geral nos banheiros. Alertada por José Carlos, ela disse que entraria nos banheiros masculinos acompanhada por soldados da PM a fim de não ser agredida.
Aliás, não é de hoje que os vândalos agem. Mesmo no Maracanã – outro estádio que pertence ao poder público – eles, os vândalos já chegaram a roubar latrinas para colocá-las em suas ‘mansões’. E, na avalanche que formam à esquerda das tribunas, quebraram a cerca de proteção e muitos caíram lá de cima nas gerais, por coincidência num Botafogo x Flamengo do Campeonato Brasileiro de 1992. Eu mesmo, numa atitude desassombrada, caí na besteira de levar meninos vascaínos e rubro-negros num Flamengo x Vasco no Maracanã. No final da partida, tive que me proteger dos tiros atrás de uma Kombi que vendia cachorros-quentes.
Em poucas e resumidas palavras, em qualquer jogo do Flamengo (contra os demais grandes do Rio) a chapa esquenta. E na saída dos estádios (falo mais do Maracanã), eles, os supostos torcedores, sobem no teto dos ônibus como se estivessem pegando surfe. E não há polícia que dê jeito nessa algazarra que, inúmeras vezes, já terminou com mortos, feridos e aprisionados. É o destino e pouco se pode fazer para impedir depredações, tumultos (entre eles próprios), assaltos, tiros e o diabo a quatro. E vejam vocês, meus leitores deste blog, que já assisti a inúmeros jogos entre Botafogo x Flamengo, em tempos mais remotos. E sempre me lembro de meu pai, rubro-negro decente, após um jogo Botafogo 5 x 0 Flamengo. Na saída do Maracanã, entristecido, meu pai me disse a seguinte frase inesquecível:
- Roberto, o juiz roubou para o Botafogo...
3 comentários:
É sempre assim Roberto, quem não tem estádio, por dor de cotolevo e raiva destroe o dos outros.
Vandalismo só poderia vir da flavelada.
Abraço
Jeferson
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Caro Porto,
Também tenho uma palavra bonita para qualificar quem destrói patrimônio público:
SACRIPANTA
Gloriosas Saudações Alvinegras
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Essa é apenas uma das facetas. Após comparecer a duas finais contra os mulambos, sem contar a fatídica final do brasileiro de 92, desisti de prestigiar esse outrora grande clássico carioca. Em 2007 eu e meu primo fomos atacados por vândalos do Simpaticíssimo e ainda testemunhamos crianças sendo agredidas por marmanjos covardes. Em 2009 fui agredido na rua após ser hostilizado. Não esperava outra reação dos mulambos no Engenhão.
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