segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Fevereiro, mês de Heleno de Freitas
Hoje, tantos anos passados, verifico que meu pai, Nélson Porto (1909-1994), foi realmente um sujeito extremamente democrata. Torcedor apaixonado pelo Flamengo, permitiu, sem uma única e escassa palavra de desaprovação, que três dos seus quatro filhos homens torcessem pelo glorioso Botafogo de Futebol e Regatas. Por quê? Simplesmente porque meu tio Júlio Lopes Fernandes (1898-1983), casado com a irmã de minha mãe, arrebatou os sobrinhos para as atraentes camisas alvinegras. Valeu, tio...
Pelo fato de meu pai ser sócio do Fluminense e Botafogo, pude assistir, ainda menino de calças curtas, a duas partidas disputadas por Heleno, em 1947. O craque nasceu a 12 de fevereiro de 1920 – há 89 anos portanto. A primeira contra o Fluminense, em Álvaro Chaves, que o Botafogo venceu por 2 a l, gols de Geninho e Teixeirinha. A segunda, em General Severiano, diante do América, quando o Botafogo ganhou por 3 a 2, gols de Heleno.
Sobre o jogo em Laranjeiras – bairro onde morava minha família – tenho poucas recordações, a não ser o gol de Teixeirinha, de cabeça, diante do goleiro Robertinho. Foi depois dessa vitória que Heleno provocou a torcida tricolor, quase originando uma briga generalizada. Por fim, contra o América, tenho na lembrança o último gol de Heleno, de cabeça, na baliza à esquerda das sociais. E me surpreendi com os jogadores alvinegros, após o apito final, carregarem Heleno em triunfo em razão de seus três gols.
Depois, o Botafogo vendeu seu passe ao Boca Juniors, de Buenos Aires, no início de 1948, e só voltei a ouvir falar de Heleno quando ele atuou pelo Vasco da Gama, campeão invicto de 1949. Por fim, já na era da televisão, pude assistir à sua única apresentação pelo América, em 1951, contra o São Cristóvão, já no Maracanã. Com os nervos abalados, Heleno de Freitas foi expulso de campo ainda no primeiro tempo. Sua carreira no Brasil terminou.
A foto que ilustra o blog de hoje me foi cedida por um leitor, é da época do Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais e mostra o ataque carioca com Djalma, Zizinho, Heleno, Ademir e Nívio. Djalma, que jogou no Vasco antes de tomar o caminho do Bangu, morreu de maneira trágica num carnaval. Esqueceu a chave de casa e tentou pular da área de serviço do prédio para o interior do seu apartamento. Errou o salto e caiu.
Curiosamente, Nílton Santos, tornou-se inimigo de Heleno desde os primeiros treinos em General Severiano. Nílton jogava pelos reservas e deu seu famoso drible de corpo sobre Heleno, que ainda pertencia ao clube alvinegro. Daí em diante, não mais se falaram. Heleno xingou Nílton, recebeu na mesma moeda e a rivalidade só não prosseguiu porque Heleno viajou para a Argentina. Aliás, pelo que conversei com antigos jogadores do Botafogo, Heleno só respeitava Geninho, por ser uma espécie de dono do time, e Osvaldo Baliza, pelo tamanho e porte do goleiro.
Heleno morreu em 1959, há 50 anos, quando ainda não completara 40 anos. Mas, sem dúvida, deixou sua passagem marcada pelo Botafogo, sua grande paixão. E eu não poderia deixar fevereiro passar sem nele falar.
Até porque, também, fevereiro é o meu mês de aniversário.
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4 comentários:
Porto, me permita chamá-lo assim, você é também sem dúvida alguma mais uma enciclopédia do futebol, assim como o Nilton Santos que só amou e atuou por um clube em sua carreira.
Confesso-te que por influência de meu tio também me tornei alvinegro, porém meu pai, graças a deus, não é flamenguista.
Saudações alvinegras!
Caro roberto;
Só uma pergunta:Na foto não seria o Ademir Queixada em vez do Jair da Rosa pinto?
Um abraço
Paulo Cesar
Querido Amigo Porto,
eu também me tornei alvinegra com pai sendo flamenguista. Ainda bem que a maior influência foi da mamãe, que desde pequena sempre foi louca pelo glorioso.
Viva o Heleno de fevereiro!
E o Porto também (rs)... Lógio que em pelna folia e euforia, lembrarei do amigo.
Saudações!!!
Roberto,
Cultuar o Heleno é cultuar o Botafogo.
Nasci em 56, e menino aos 4 anos comecei a ouvir falar de Heleno.
Meu Pai, contava-me histórias do Botafogo, sempre citava Heleno.
Nunca vi Heleno jogar.
Li tudo que saiu de Heleno na mídia. Alguns livros se preocuparam em analisar o louco, outro se preocupou em analisar seu amor pelo Botafogo.
Acho que cada Botafoguense carrega um pouco de Heleno. Somos loucos e apaixonados por este Botafogo.
Heleno Nunca Morreu ele esta vivo dentro de cada um de nós. Em cada Gol, em cada atitude irresponsável em defesa deste nosso Botafogo.
No México eles dizem VIVA ZAPATA, para mim, a cada dia após alguma derrota, lembro-me de uma frase de um livro do Carlos Rangel - "O Homem que Sonhou com a Copa do Mundo"
"em um asilo em Barabacena, num campinho de terra Heleno corria, gordo e sem dentes, imaginando-se num jogo imaginário, onde ele com a camisa do Botafogo fazia o gol do campeonato. Saía comemorando como um criança. Para ele era realidade." " poucos dias antes de morrer Heleno tira do bolso um amassado pedaço de jornal, onde dizia que o Botafogo precisava do Heleno. Louco, Doente e quase moribundo ele dizia eu preciso salvar o Botafogo".
VIVA HELENO !
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