Em primeiríssimo lugar, devo desculpas a meus leitores pela rápida porém sentida ausência de meu blog. Mas confesso que aquele empate com o Flamengo, aos 48 minutos, ainda está atravessado em minha garganta. Não consigo entender como um time que está vencendo uma partida, não toque a bola e esfrie o adversário. Resultado: uma vez mais, a torcida do tão odiado Simpaticíssimo saiu do Maracanã dando pulos de alegria, enquanto a nossa teve que suportar gozações as mais torpes, bem ao estilo deles.
Mas deixa para lá. Prefiro contar a história do Glorioso como ela deve ser contada, entro na minha já conhecida máquina do tempo e desembarco em General Severiano, precisamente em 1955, em jogo do Campeonato Carioca. Duvido que meus jovens leitores identifiquem as figuras posadas antes da partida.
Mas vamos lá: de pé, da esquerda para a direita, Antônio Corrêa Thomé, Nílton dos Santos, Orlando Maia, Juvenal Francisco Dias, Robert (Bob) James Neil e Lugano (goleiro de los hermanitos).
Agachados, na mesma ordem, Manoel dos Santos (o Francisco é invenção daqueles que não têm o que fazer), Gato, Paulo Omena, Casnock e João Carlos (ex-ídolo do querido Ameriquinha).
Por que esse arremedo de equipe? É fácil.
O Botafogo, com os cofres vazios (para variar), cometeu o verdadeiro suicídio futebolístico ao vender para o futebol italiano de uma só tacada, seus dois maiores artilheiros: Dino da Costa (Roma) e Luiz Vinícius de Menezes (Nápoles). O resultado, imediato, é que o querido Glorioso não participou do terceiro turno do Carioca, conquistado por “eles”. É mole?
Como jogava esse arremedo de equipe com dois craques inexcedíveis, Nílton dos Santos e Manoel dos Santos? É fácil (pelo menos para este escriba alvinegro da cabeça aos sapatos): Lugano (que morreu tuberculoso ainda no Rio), Orlando Maia, Thomé e Nílton Santos; Bob, Juvenal e Paulo Omena; Garrincha, Gato, Casnock e João Carlos. Quando a coisa ficava preta, João Carlos recuava e o alvinegro jogava num 4-4-2 rígido.
É óbvio de que João Jobim Alves Saldanha (1917-1990) ficou fulo da vida com esse Botafogo meio de araque. E em 1956 simplesmente comprou Didi ao Fluminense por um milhão e meio de cruzeiros (não me perguntem o que essa quantia seria hoje porque não sou economista). E mais: Nílton dos Santos (gosto sempre de escrever o nome completo dele) tentou que Adhemar Bebiano comprasse o passe de Zizinho, que estava dando sopa. Bebiano, bem ao estilo alvinegro, só lhe deu uma resposta:
- Zizinho jamais vestirá a camisa do Botafogo. Ele tentou chutar o Biriba aqui em General Severiano num Botafogo x Flamengo...
Menos mal porque em 1956, na primeira temporada de Didi no alvinegro do meu coração, o Botafogo simplesmente colocou uma pedra de cal na aspiração rubro-negra de chegar ao tetra.
Ganhamos de 5 a 0 no turno (com 10 jogadores no segundo tempo porque Thomé quebrara o braço) e fechamos o caixão deles no returno, vencendo por 1 a 0, gol do paraguaio Cañete.
Esse resultado deu ao Vasco o título de campeão carioca por antecipação.
Esse resultado deu ao Vasco o título de campeão carioca por antecipação.
O Flamengo?
Ah, o Flamengo desatou num chororô de dar pena. Não para mim, mas para meu pai, Nélson Porto (1909-1994), sujeito democrata que viu três de seus quatro filhos homens vestirem a gloriosa camisa alvinegra.
Valeu, pai. Valeu pelo espírito democrático que nos ensinou e que não sigo com meu filho e meus netos. Veja se me entende....
5 comentários:
Porto, quando você demora mais de três dias para atualizar o blog, isto já me causa apreensão. rsrsrs
Entretanto, eu não consigo entender o porque de hoje em dia o Fogão não dar mais passeios na Flanela. Afinal, isto foi tão comum antigamente. O Glorioso sempre superior. Já vi o Carlos Roberto dizer que o "bicho" já era certo antes mesmo do jogo começar.
Este ano essa história hei de voltar a ser escrita como deve ser.
Avante Fogão!
Mestre Porto,
Compartilho com o Christiano; como é difícil ficar sem os seus comentários, histórias e “causos” do nosso querido GLORIOSO BOTAFOGO.
Permita-me dizer que o Sr. Nélson, onde estiver, entende perfeitamente.
Abs e Sds, BOTAFOGUENSES!!!
Amigo Roberto Porto, soube que o Vasco perdeu no Tapetão e não irá às semifinais. Posso estar exagerando mas, acho que esse time ridículo que pensa que é o melhor do Rio já está se movimentando para vencer o 1º turno. O adversário não poderia ser mais fácil, do jeito que eles queriam - e nós deixamos - para conquistar a taça GB. Se ninguém falar nada, eles levam "molinho molinho" este caneco. Nós iremos deixar isto acontecer, de novo? Saudações botafoguenses.
Porto,
Contarei uma passagem pessoal que eu adoro e que tem muito em comum com o seu Pai.
Numa conversa com meu Pai, recentemente, onde ele via minha apreensão com o futuro do Botafogo, meu Pai me disse:
Filho, a nossa diferença é que eu nunca saberei quem foi o FDP que me fez ser Botafoguense, mas Vc nunca terá dúvidas de quem te fez ser Botafoguense.
Obrigado Pai.
Eu adoro ser Botafoguense, assim como Vc.
Mais ainda, adoro odiar o flamengo.
Amigo Porto, com certeza desconheço os jogadores da foto, ainda bem que você disse que são eles! ehehe
Na minha casa também rola o espírito democrático e meu pai me liberou desse fardo (mas minha mãe exigiu que eu fosse alvinegra)!
Saudações!
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