sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Um time que sabia o que fazer


Minha máquina do tempo é infalível. E é a bordo dela que desembarco no Maracanã (145 mil pagantes), na tarde de 15 de dezembro de 1962, para assistir à final do Campeonato Carioca daquele ano entre Botafogo e Flamengo. Para os mais jovens, que não têm a obrigação de conhecer todos os jogadores do Glorioso – que precisava da vitória pois estava um ponto atrás do clube da beira da Lagoa – vamos à tradicional identificação, explicando, entretanto, que o Botafogo, nessa tarde, tinha três desfalques.

Então vamos lá: da esquerda para a direita, de pé, Paulistinha (no lugar do titular Joel Martins), Manguinha, Jadir (no lugar de Zé Maria), Nílton dos Santos, Aírton Povil e Rildo da Costa Menezes; agachados, na mesma ordem, Manoel (Garrincha) dos Santos, Edson (Praça Mauá) de Assis Pinto (nos lugares de Didi ou Arlindo), Valdir (Quarentinha) Cardoso Lebrego, Amarildo Tavares da Silveira e Mário Jorge Lobo Zagallo.

Apenas para começar nosso aquecimento, diria que esse era um time que sabia o que fazer para matar a pau seus adversários – principalmente o Flamengo.

Como jogava essa equipe, mesmo desfalcada de jogadores como Joel Martins (lateral direito), Zé Maria e Didi ou Arlindo? Em campo, o técnico Marinho Rodrigues, que não inventava e que anos atrás fora um dos campeões de 1948, escalava Manguinha, Paulistinha, Jadir, Nílton dos Santos e Rildo (um verdadeiro carrapato); Aírton, Édson e Zagallo; Garrincha, Quarentinha e Amarildo.

Em minha opinião, faço questão de dizer, nesse dia 15 de dezembro de 1962, Garrincha fez sua última exibição extraordinária, marcando dois gols e provocando o terceiro dos 3 a 0.

A estratégia de jogo era simples e foi aplicada inúmeras vezes. O Botafogo começava a atacar pela esquerda, trocando bolas entre Zagallo, Nílton Santos e Amarildo quando, de repente, invertia o jogo para o pivô Aírton. Este, sempre de meias arriadas, invertia o ataque para a direita, pegando Garrincha com um único e escasso marcador, no caso Jordan, ou Gérson Nunes.

Aí, amigos, era o caos completo e absoluto. Mané engolia os dois, fez um gol logo de saída, obrigou Vanderlei a meter o nariz na bola e fazer o segundo e fechou o caixão rubro-negro no segundo tempo.

A jogada do terceiro gol foi fascinante. Como sempre atacando pela esquerda, Zagallo tocou para Amarildo (que estava atuando sem condições físicas, com início de distensão) e recebeu de volta.

Fugindo às suas características, Zagallo foi até a linha de fundo e cruzou alto sobre a área, na altura da marca do pênalti. Foi aí que Quarentinha aplicou uma tesoura voadora avassaladora, fazendo a bola estourar no peito do goleiro Fernando. E aí, Garrincha, livre, quase em cima da linha do gol, só fez empurrar a bola para as redes. Botafogo bicampeão carioca de futebol.

E para os aficcionados, aí vão detalhes da partida: Botafogo – Manga, Paulistinha (já falecido), Jadir, Nílton Santos e Rildo; Aírton, Édson e Zagallo; Garrincha, Quarentinha e Amarildo; Flamengo – Fernando, Joubert, Vanderlei, Décio Crespo e Jordan; Carlinhos, Nelsinho e Gérson; Espanhol, Dida e Henrique. Juiz: Armandinho Marques, que expulsou de campo, no finalzinho, Paulistinha e Dida.

9 comentários:

Anônimo disse...

Porto,
Sou de 1956, e este jogo foi pelo Rádio de casa, neste jogo a paixão pelo Botafogo se consolidou, e a repulsa ao flamengo se tronou eterna.
Aproveito para dizer que comprei pela internet e recebi a Camisa 6 do mestre NILTON DOS SANTOS, comprei mais para ajudar o Nilton.
Todo Botafoguense deveria fazer isso para ajudar o Mestre dos Mestres.

Anônimo disse...

Salve, João!

Parabéns! O Nilton precisa e muito!
Beijo no coração
Malu

Hewerton disse...

Obrigado Porto, por mais uma aula sobre o Botafogo.

P.S. Tmb vou comprar a camisa do Mestre Nilton.

Anônimo disse...

Caro Roberto;Essa foi a minha primeira decisão ao vivo.Fui com meu padrinho(rubronegro como seu pai e já falecido).fazia um calor senegalesco e os caras com camisa de manga cumprida!!! Devo dizer que foi um dos maiores bailes que eu vi na minha vida.Apesar de no final do jogo os molambos terem colocado uma bola na nossa trave.Esse jogo foi a causa principal(graças a Deus) do Gerson ter saido da beira da lagoa e desfilar o seu futebol de mestre em General Severiano.
Amo o Botafogo mais que tudo!!

Gil disse...

Mestre Porto,

Fecho com a Malu e o João, todos os BOTAFOGUENSES deviam comprar o MANTO SAGRADO N°6.
É tripla felicidade:
1ª TER O MANTO BOTAFOGUENSE.
2ª TER O MANTO, DA ÉPOCA, DA ENCICLOPÉDIA DO FUTEBOL. Maior lateral esquerdo de todos os tempos, segundo a FIFA.
3ª AJUDAR A UM DOS ÍDOLOS QUE FEZ A ESTRELA SOLITÁRIA CONHECIDO NO MUNDO.

Mestre Porto, desculpa o plágio, mas a cada passagem pelo seu blog "CREIO QUE SOU MAIS BOTAFOGO DO QUE NUNCA".

Fico na torcida para que a nova diretoria, do nosso BOTAFOGO, lhe traga "de volta" ao site oficial do Clube.
Para mim e a grande maioria BOTAFOGUENSE, ninguém possui mais conhecimento sobre o clube que mais cedeu jogadores para a seleção brasileira. Sobre o único clube, do mundo, a possuir três jogadores na seleção da FIFA de todos os tempos como você.
Imagino uma reformulação no site, com fotos dos jogadores que tanto nos honraram e as suas histórias. Os fatos que marcaram a vida do nosso querido GLORIOSO contadas por ti.

Se não for pedir muito e quando for possível conte-nos a história do jogo do senta.

Abs e Sds, BOTAFOGUENSES!!!

Antonio Oswaldo Cruz disse...

Caro Roberto Porto, faço-te uma pergunta: porque o Édson era Praça Mauá?

Botafogo disse...

O melhor carnaval começa hoje... :) Saudações daqui de Stella Maris/Salvador/Bahia/Brasil.

Rafael M. F. disse...

A Kappa, a Estilo Carioca ou a Liga Retrô poderiam lançar uma réplica dessa camisa da final de 62...

Anônimo disse...

vendo essa camisa aí, sem propaganda, acho que não é só o escudo que é o mais bonito do mundo, mas a camisa também, que foi inspirada no juventus da itália

saudações botafoguenses