Recebi de Manoela Pagotto, bela jovem e sorridente leitora capixaba (na foto com o pai e o irmão), um texto caprichado relembrando o dia de seu aniversário (apenas 23 anos). Botafoguense fanática e supersticiosa, não posso deixar de publicá-lo, até porque prova que o alvinegro de General Severiano é querido e amado por esse Brasil imenso. Ela conta a felicidade conquistada a 18 de abril, dia em que o Glorioso se sagrou campeão de 2010. Alegria imensa para ela e para toda a sua família que, vez por outra, vem ao Rio apenas para assistir aos jogos do Botafogo. Embora atrasado, dou a Manu (apelido carinhoso que ela incorporou) os meus parabéns. A ela e toda a patota que integra a família Pagotto, de Vitória, Espírito Santo.
Mas não posso deixar de passar em branco o triste espetáculo proporcionado pelo argentino Herrera e pelo também jovem Caio Talismã na partida contra o Goiás, no Engenhão, supostamente a casa do Botafogo. E agora? Se os dois forem suspensos (e nós alvinegros não podemos reclamar), como será formado nosso ataque, já que Loco Abreu já se apresentou à Seleção do Uruguai? Será que teremos que convocar Amarildo e Donizete, que já abandonaram o futebol? Será que vamos tomar o caminho ladeira abaixo – como já aconteceu tantas e tantas vezes?
Eu acho, querida Manu, que o Botafogo não sabe conviver com o sucesso. As vitórias e as conquistas parecem que deixam o Glorioso meio idiotizado (talvez mascarado) e o triste espetáculo diante do modesto Goiás é uma prova disso. Não conheci Augusto Frederico Schmidt, mas ele, certa vez, disse que o Botafogo tinha a vocação do erro. Mas trabalhei ao lado de João Saldanha, que conhecendo o alvinegro na palma da mão, confessou um dia, no Jornal do Brasil, que o Botafogo era apenas um campo e duas balizas. Será, Manu, será? Eu que conheço o meu amado clube muitos anos antes de você nascer, temo, sinceramente, que os dois estejam certos.
Mas não baixe a cabeça. Certamente, com sua paixão e superstição, você, Manu, talvez consiga mudar o rumo desse barco chamado Botafogo de Futebol e Regatas. Você e sua família não merecem esse Glorioso meio doido, incapaz de conviver com vitórias consecutivas. E olhe, jovem capixaba, que não foi a primeira vez que isso aconteceu. Num passado distante, na década de 50, justamente na estréia de Quarentinha – nosso maior artilheiro – o centroavante Carlyle, do Glorioso, foi expulso de campo porque xingou Garrincha. E sabe quanto foi o jogo? Botafogo 5 x 1 São Paulo. É ou não é um absurdo? É por isso que dizem por aí que há coisas que só acontecem ao Botafogo. Luto contra isso, mas o Botafogo não colabora, certo?
Abaixo vai o belo texto que você (com jeitão de jornalista) escreveu sobre o dia de seu aniversário. Tomara que ao publicá-lo, consiga sorte para nosso clube.
O tal 18 de abril de 2010...
O dia do aniversário nunca é um dia comum. Mesmo que não faça uma festa ou algum tipo de comemoração, você acorda diferente. É como se aquele dia fosse o “seu dia”.
Nasci no dia 18 de abril e todos os anos, ao longo dos meus poucos 23, o dia 18 de abril é por mim comemorado e vivido como um dia especial. Mas foi apenas no dia 18 de abril de 2010 que tive a exata noção do que é um verdadeiro “dia especial”.
Se há uma paixão que nunca passa em minha vida, digo, sem medo de errar, ela se chama Botafogo. Digo paixão mesmo, pois é arrebatadora, intensa e cheia de fortes emoções. Não esfria, não cansa, nunca cai na rotina. É incondicional e intransferível, algo realmente especial.
No dia 10 de abril de 2010 o Botafogo entrava em campo para disputar sua segunda semifinal do ano contra o Fluminense. Jogo sofrido, amarrado, difícil, mas vencido com muita garra e dedicação: 3 a 2. Estávamos lá. O Botafogo acabava de carimbar sua passagem para a final da Taça Rio, e mais: uma simples vitória no próximo jogo daria ao clube o título de Campeão Carioca.
A família fez festa, gritou, comemorou. Tudo indicava que seria contra eles, pela quarta vez, após uma sucessão de maus resultados nos últimos três anos. Sim , o Flamengo confirmou o favoritismo e se classificou para a disputa final com o Botafogo. Tensão no ar. Eles mais uma vez. Passava um filme na minha cabeça de todo o sofrimento dos anos anteriores, me volto para aquela época, aqueles jogos, aqueles gols...até que subitamente sou interrompida com um comentário feito por minha mãe: “Vai ser no dia do seu aniversário...”
Sim, de fato. O grande dia, a nossa chance de redenção, o dia mais especial da minha vida seria naquele dia que para mim já é especial: o dia do meu aniversário. As palavras da minha mãe penetraram na minha alma e eu só conseguia pensar em uma coisa: “vai ser nesse dia”. Para mim, como toda boa botafoguense supersticiosa, era coincidência demais as duas coisas acontecerem ao mesmo tempo, isso jamais acontecera antes...tinha que ser, só podia ser...seria o meu maior presente, a maior alegria, seria o tal 18 de abril de 2010...
E foi. Indescritível, indecifrável. A palavra especial em toda a sua plenitude de sentidos. Não me lembro como foram todos os meus aniversários até hoje, mas, com toda a certeza, o dia 18 de abril de 2010 jamais será esquecido. De forma indiscutível o time que até então era considerado a quarta força do Rio, encerrava um campeonato que, normalmente, teria ainda mais dois jogos finais. O Botafogo foi o Botafogo. Eu fui o Botafogo. E todo torcedor naquele dia foi o Botafogo. Talvez você não saiba o que isso significa. Pois é, meu amigo, só quem nasceu com uma estrela ostentada no peito sabe a “dor e a delícia” de ser botafoguense.
Manoela Pagotto.
5 comentários:
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FORÇA FOGÃO!
Sem atacantes, Renato Cajá neles!
:o(
Gloriosas Saudações Alvinegras.
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Belo texto, amiga botafoguense!
Olá pessoal. Postei sobre isso no blog em que comenta a galera que participa dos fóruns nas notícias de futebol de O Globo eletrônico. O dia 18 foi mesmo especial, e coloquei lá na matéria do título, sobre ser este campeonado de 2010, um título centenário. Quem quiser conferir, o endereço é...http://botafogofr-paret.blogspot.com/ E a nossa alvinegra foi brindada pelo Glorioso com um título e uma lavada no adversário. Não venceram uma este ano e devem agora pagar o pato pelos obscuros 2007, 2008 e 2009.
A Manu é minha irmã!
E eu bem sei dessa paixão pelo alvinegro...
E que dia foi esse! Se, não muito me engano, se o Flam... vencesse seria o segundo clube a ser tetra carioca (apenas nós somos, e justamente nós quebramos a séria do "Expresso da Vitória" vascaíno em 1948). Estive justo nesta última semana no Rio. Como em outra vez fui visitar a (muito linda) sede de Gal. Severiano. Para azar meu, fechava às 17 hs, e cheguei ás 17:05. Porém me deixaram levar minha namorada para conhecer o restante do clube. De diferente da última vez as considerações, para melhor: pelo menos agora tem horário para visita, pois da última vez (2009) não pude conhecer a sala de troféus pois "o pessoal estava no Engenhão para o (grande - grifo meu hehehe)jogo com o Duque de Caxias e não havia ningém para me mostar. A loja da Fila, muito melhor abastecida que a da Kappa é a segunda melhora, além de umas reformas. De ruim, fato que não mudou nada, apenas a antipatia dos porteiros, que desanima você até de cumprimentá-los. Fico receoso de querer conhecer o Mourisco Mar ou o Sacopã e nem ter chances de visitar. Sou de Porto Alegre, e embora sempre que posso vou a esta cidade realmente maravilhosa, não é sempre que há tempo para tudo. Bom, e se serve de consolo, aqui no Sul, Inter e Grêmio também não facilitam em nada as coisas para os visitantes (muitos depoimentos, o último de um amigo do Recife, isso mesmo, aqui do lado, que não conseguiu conhecer nem o Olímpico nem o Gigante da Beira Rio). De qualquer forma o Glorioso é sempre o glorioso. Depois de ler um livro do dono do blog, Roberto, terminei de ler o "Nunca Houve um Homem como Heleno", biografia fantástica, rica em detalhes e muito bem escrita, que me deixou ainda mais encantado com o Botafogo e com o próprio genial Heleno. É um prazer torcer para um clube desses. Foi um prazer ter ido ao Rio esta semana para jogar um torneio de tênis e ainda ser agraciado com a desclassificação do Gremio na copinha, a classificação majestosa do Internacional e a eliminação do nosso querido Urubu, que a fla-prensa considerou que jogou com raça e claro, deveria ter passado pelos modestos chilenos. Alegria nossa, não deu. Que semana maravilhosa, que culminou no 3 x 0 no lindo Engenhãoe que esperamos, como você disse Roberto, o Botafogo não se perca no momentâneo sucesso de bons resultados. Avante e para sempre maior Glorioso do Brasil!!
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