quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Uma goleada histórica



Acompanhei o Campeonato Carioca de 1957 como um louco desvairado. E pelo que me recordo, lendo e revendo livros sobre a campanha do Glorioso, creio que não perdi uma única e escassa partida. Confesso que fiquei decepcionado duas vezes: na primeira, quando o Botafogo perdeu do Fluminense por 1 a 0 e Didi (1928-2001) jogou um pênalti na mão de Carlos Castilho (1927-1987); na segunda, quando o Vasco nos derrotou por 3 a 0, já no returno. Quando Almir (1937-1973) saltou para cabecear a marcar o último gol, eu me levantei e, solitário, comecei a deixar o Maracanã.

O Botafogo chegou à decisão contra o Fluminense com oito pontos perdidos, tendo que ganhar para ser campeão, pois o Tricolor tinha apenas sete. Mas eis que ocorreu uma surpresa: um dirigente do Fluminense, extremamente confiante na conquista do título, desdenhou de Vasco e Flamengo, dizendo que, para atrair torcida, os dois clubes deveriam sortear geladeiras e televisores na partida que ainda tinham para jogar.

Resultado: no dia 22 de dezembro daquele ano, a torcida do Botafogo (eu estava lá e vi) contou com o reforço dos rubro-negros, com a Charanga de Jaime de Carvalho, e a presença do vascaíno Ramalho, soprando seu imenso talo de mamão. O resultado da partida não deixa qualquer margem de dúvida: 6 a 2 – 3 a 0 no primeiro tempo e 3 a 2 no segundo. O herói do jogo, não preciso ressaltar, foi Paulo ‘Catimba’ Valentim, que marcou cinco gols, um deles, o terceiro na etapa inicial, de bicicleta.

A foto que ilustra este blogspot é curiosa. Quem bateu a foto foi Arthur Parahyba Dias, tricolor apaixonado e meu saudoso companheiro das redações do Jornal do Brasil e Tribuna da Imprensa. E se o leitor prestar atenção verá que Paulo Valentim (agachado) está com a camisa oito às costas. Ele dizia que a nove lhe dava má sorte. Como Didi não estava nem aí para essas coisas, cedeu a oito para o artilheiro alvinegro. É preciso ressaltar que a goleada é recorde em decisões de campeonatos cariocas.

Falei no chefe da Charanga Rubro-Negra, Jaime de Carvalho (1911-1976), e me lembrei de uma história que Sandro Moreyra (1919-1987) me contou certa vez. Corria o ano de 1954 e Jaime de Carvalho foi escolhido para representar a torcida brasileira na Copa do Mundo de 1954, na Suíça. E Jaime caprichou. Levou bandeiras, apitos, tambores e – para espanto e terror dos suíços – uma centena de foguetes que saudavam o time brasileiro quando entrava em campo. Jaime quase foi preso pela gendarmeria suíça.

De volta ao Brasil, Sandro, moleque como só ele, chamou Jaime à parte e perguntou, forçando um erro de concordância verbal:

- E aí, Jaime? O pessoal ‘gostaram’?

Jaime parou um pouco e Sandro imaginou que ele teria percebido a molecagem. Mas não houve tempo. Jaime respondeu assim:

- Você pergunta se o pessoal ‘gostaram’? Olha, o pessoal ‘endoidaram’...


2 comentários:

Luiz Rogério disse...

Roberto,

Essa foto do esquadrão campeão de 1957 é muito interessante, assim como a ´curiosidade sobre a troca de camisas entre o Mestre Didi e o Paulinho Valentim.

Um abraço.

Saudações Alvinegras!

Luiz Rogério

Vinícius Barros disse...

Porto, além desse time ser o que comandou a maior goleada em finais de carioca, essa conquista foi responsável pela identificação do 'Manequinho' com o Fogão!

S.A.!